Dificilmente o liberalismo será uma ideologia de massas. É a sina de quem, em vez de prometer utopias, impõe limites —ao gasto, ao poder dos governantes, à vontade da maioria.
Joel Pinheiro da Fonseca, na Folha de hoje.
Dificilmente o liberalismo será uma ideologia de massas. É a sina de quem, em vez de prometer utopias, impõe limites —ao gasto, ao poder dos governantes, à vontade da maioria.
Joel Pinheiro da Fonseca, na Folha de hoje.
Não vi em meus 69 anos, palavra mais feia na língua portuguesa. Nada mais justo para definir a obscenidade - segundo The Guardian - ou então o deboche - segundo a Gleisi Hoffmann! - que foi o passeio promovido pelo moleque que, por obra e graça das idiossincrasias da nossa democracia, é Presidente da República. Aconteceu aqui no domingo passado. Passei por trecho do trajeto na minha caminhada dominical, bem mais cedo e ainda não havia sinais dela.
Pode parecer opinião de playboy da Zona Sul - não tenho physique du role tampouco mind-set para tanto! - mas o bolsonarista de passeata preocupa. Já passei por um esquenta de um evento deles na praia e havia um pessoal fortão vestido de preto, agressivo, que parecia fazer parte do grupo organizador e que assustava. Depois passei por um grupo de motoqueiros que dirigiam-se para o local. Todos de preto, lembravam os Hell Angels. Muita agressividade e testosterona no ar.
...ícone da geração anos 60, faz 80 anos hoje. Pensávamos que mudaríamos o mundo. Deu no que deu.
Aqui num show com Joan Baez - She is great! - no Starlight Ballroom, Belleview Hotel, Clearwater, Florida em 1976.
... ouvindo Sam Cooke - o rei do soul. Nasci em 51, as canções fizeram sucesso no final da década e na primeira metade dos anos 60 quando saia da infância para a adolescência. Não lembro de tê-lo ouvido - até porque estava no seminário - mas não sei por qual razão elas me trazem uma leveza de alma, um desejo de sair dançando por aí. Talvez associação com as músicas do final dos anos 60 e início dos 70 que são as primeiras que guardo na memória. Enfim... lembranças de um tempo que se foi, uma vida na sua primavera.
As imagens de What a wonderful world e A change is gonna come representam bem aqueles tempos. A letra de A change is gonna come então... Chain' gang tem uma versão do Tim Maia que acho está melhor do que a original.
...é nosso combate à corrupção. Multiplicam-se as decisões na Justiça livrando a turma do colarinho branco de denúncias protocoladas contra eles.
Ontem um juiz federal de Brasília - o mesmo que já absolvera Michel Temer em março de ter recebido vantagens para beneficiar empresas no porto de Santos - absolveu sumariamente a turma do quadrilhão do MDB acusada pelo MPF de ser uma organização criminosa que arrecadava propina por meio de órgãos públicos como Petrobras e CEF além da Câmara de Deputados e ministérios do governo federal. Olha só quem figurava na turma: Michel Temer, Eduardo Cunha, Geddel Viana, Moreira Franco, Eliseu Padilha... só para citar os mais ilustres. De menor nomeada havia o homem da mala... o Rocha Loures.
Muitas pedras do dominó ainda cairão após a derrocada da LavaJato. Infelizmente somos uma República de Ladrões. Naturalizamos a corrupção que tornou-se assunto entediante. É nosso way of life. Incorporou-se a nossos usos e costumes; levar algum do Erário faz parte do currículo da boa parte da nossa classe política e como a LavaJato provou de boa parte de nossa classe empresarial. Até porque, sempre haverá no Judiciário alguém que matará no peito a denúncia.
Por essas terras, combate à corrupção é visto depreciativamente como moralismo, lavajatismo, preocupação da direita conservadora. De acordo com nosso Farol de Alexandria em jurisprudência, doublé de juiz do STF e empresário da educação, Gilmar Mendes: O moralismo é a pátria da imoralidade.
Por essas e outras estamos condenados à mediocridade; somos o país do futuro ad aeternum. É desalentador mas os fatos comprovam que por mais tentativas que se faça para fechar a porteira dos crimes da turma do andar de cima, a boiada continua passando.
...já tinha tratado do tema quando afirmou que quando se deixa de acreditar em Deus, passa-se a acreditar em qualquer coisa: história, ciência, em si mesmo. Em si mesmo é ótimo. Dá a dimensão real da extravagância.
J. P. Coutinho no seu artigo de hoje na Folha, comenta que o crescente abandono das crenças tradicionais e a concomitante adoção de novas, não tornou o mundo melhor, além de colocar em cheque a tese iluminista de que livres das trevas da religiosa Idade Média, o mundo teria pela frente os dias claros da autossuficiente razão. Não foi o que aconteceu; os fatos posteriores mostram que o homem não é apenas um animal racional de acordo com os filósofos gregos, também é um animal religioso.
Abstraindo a questão da fé, as tradicionais religiões monoteístas embasadas em uma divindade transcendente - mesmo com todas guerras e crimes cometidos na história - dão ainda melhores respostas à questão crucial do sentido da vida do que as religiões seculares fundadas em verdades imanentes e as novas espiritualidades surgidas a partir do século XX.
Já devo ter postado este Adagio do Concerto em Dó menor BWV974 de Bach no passado, embora em outra interpretação . A delicadeza e a melancolia das notas do Adagio que o intérprete soube muito bem traduzir para o piano, são um contraponto para os tempos repletos de ruídos em que vivemos.