terça-feira, 28 de fevereiro de 2023
domingo, 26 de fevereiro de 2023
...embora eu acredite que por aqui ocorra com maior frequência
Pegando um gancho de um post anterior, vejam o que esta influencer brasileira aprontou em terras lusitanas.
Como se não bastasse pô-lo em prática por aqui, com mais frequência do que em outros países, resolvemos exportar o viés hobbesiano que temos em demasia.
Faz bem aos ouvidos e prá alma brasileira
Prá lá do som dos pancadões, funkeiros e sertanejos universitários da moda...
Há mais, muito mais miséria musical ... mas foi do que lembrei no momento.
sábado, 25 de fevereiro de 2023
A lama de um país (II)
Viralizou na Internet o vídeo de um jornalista da Globo aos prantos, ao dar a notícia de que presenciara a venda de um litro de água por R$93,00 em S. Sebastião -SP na área atingida pelas fortes chuvas do final de semana. Não foi a primeira vez, não será a última e nem será apenas no Brasil (embora eu acredite que por aqui ocorra com maior frequência...) Vai acontecer sempre que houver um desbalanceio entre o oferta e a demanda. Ela vai permitir a manifestação daquele viés que Hobbes já descobrira no ser humano ainda no distante século XVII (nada de novo, sob o céu de fevereiro!): o homem, lobo do próprio homem. Todos nós o possuimos - gostemos ou não! - e a depender da nossa formação e das circunstâncias, o colocamos prá funcionar.
Divirto-me com as manifestações de indignação com o fato. Primeiro aquelas de ordem ético-pessoal. Desconfio da maior parte delas. São os bons moços; acreditam na bondade intrínseca do ser humano como propôs Rousseau que na vida como ela é, não reconheceu os três filhos que plantou neste mundo. Pois é... É fácil teorizar defendendo essa visão de mundo. Rende muitos pontos socialmente, particularmente no campo progressista. Gostaria de colocar todos esses bons moços naquelas circunstâncias e ver como se comportariam. Provavelmente boa parte deles iria subir os preços. Talvez não exagerassem tanto no valor...
(com o catolicismo aprendi que somos seres pecadores, limitados e que a tentação está em cada esquina. Basta dar um mole e ela se assenhora. Não é por nada que a avareza é um dos 7 pecados capitais.)
...mas ruim de verdade, foi a indignação de cunho político-ideológico, a maior parte indigente intelectualmente. Choveram críticas à perversidade do capitalismo; até a Faria Lima - a Geni dos progressistas - entrou na roda como no blog da colunista - esportiva, em tese! - Milly Lacombe para a Uol. Das muitas pérolas de um texto repleto de acusações ao capitalismo e de apelos ao bom-mocismo, destaco :
- Infelizmente as coisas não funcionam dessa forma.
Então tá... Eu penso que - acho que o Nelson Rodrigues também ... :
- São assim que as coisas funcionam
...muito antes do capitalismo ou da Faria Lima.
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P.S. Antes que os progressistas me atribuam a pecha de capitalista desalmado, quero dizer que desaprovo o que aconteceu e que se apliquem os rigores da lei contra os abusos. Elas existem, até em demasia; sua aplicação, entretanto, depende, de uma série de fatores.... Enumerá-los aqui, tornaria o post infindável. Asseguro, porém, são eles em boa parte que tornam impossível o cumprimento de um dos princípios básicos da democracia: o tratamente igual a todo o ser humano.
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023
A lama de um país
Bastou a leitura de três matérias sobre a tragédia que as chuvas intensas provocaram no litoral norte de S. Paulo ( 400mm em menos de 6 horas em pontos de Bertioga e S. Sebastião segundo a Metsul) para se chegar às entranhas nada saudáveis de Pindorama.
Na primeira delas Madeleine Lackso fala da tragédia anunciada e cita reportagens pretéritas, a primeira de 1996 que já alertavam para a ocupação desordenada das encostas da região que só fez aumentar nos anos seguintes, turbinada por pessoas que tinham como ocupação, cuidar dos condomínios e casas de luxo da área mais infensa aos desabamentos - na planície - uma vez que a região havia sido descoberta pelos bacanas da Pauliceia desvairada que dela passaram a usufruir nas suas férias e feriadões.
Depois é a vez de um desses bacanas - um jornalista que com outros 7 amigos alugou uma dessas casas - contar o terror que viveu - coitadinho! E está lá a história do caseiro que teve sua casa parcialmente destruida por um deslizamento de terra. Pois é...
(era uma matéria que estava na página da UOL. Não consegui resgatar o link)
...e tem o depoimento de uma roteirista que também desceu a Serra para fugir do stress da cidade pantagruélica, que manifestou sua revolta por ver helicópteros recolherem alguns desses bacanas - quem pode, pode! - enquanto a turma dos desabrigados das encostas continuava penando por auxílio público. Pois é...
Entreviste esse pessoal. Certamente falarão que a desigualdade é uma chaga que precisa ser extirpada do país. Problema é que justo eles, estão contribuindo para que isso não aconteça. Olhassem para o próprio umbigo...
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Ao ver as imagens dos destroços na TV onde misturavam-se carros importados e SUV´s de luxo a árvores e lama de deslizamento, tive o meu momento Mutley - a tragédia cobrara seu preço dos bacanas também. Certamente o fardo lhes será leve. De qualquer maneira não serão apenas os pobres que pagarão a conta.
Ser intolerante com os intolerantes.
A eleição do Lula parece ter dado carta branca para a esquerda militante colocar as manguinhas de fora. É extremamente preocupante porque são atitudes, no mais das vezes carregadas de agressividade, divisivas, que estimulam reações iguais e opostas de quem está no extremo oposto, que sabemos não está aí para brincadeira. Os episódios de 8/1 comprovam, apesar de excessiva importância dada a eles - prá mim, a maior operação Tabajara da história brasileira.
Alguns fatos que mostram os caminhos perigosos que algumas minorias estridentes do campo progressista teimam em seguir:
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A tentativa promovida pelo Diretório Acadêmico da Faculdade de Direito da USP de impedir a volta à cátedra da ex-deputada Janaína Paschoal. A íntegra da nota que acompanha o abaixo-assinado obtive apenas de um blog progressista de um jornalista gaúcho, um texto mais lamentável que a própria nota. Mas enfim...
Abaixo o último parágrafo da nota que assusta pelo primarismo - defende a democracia e ao mesmo tempo, além de atentar contra a pluralidade de pensamento, tenta impedir exercício da profissão de pessoa aprovada em concurso público. E quanto a Faculdade ser de negros e pobres? :
Hoje a Faculdade de Direito da USP é dos alunos negros e pobres. Hoje a universidade pertence aos defensores da democracia, não aos seus detratores. É exatamente por isso que você não cabe mais aqui. As nossas salas de aula se tornaram grandes demais para você.
Foi um ex-diretor da Escola escrever uma nota defendendo o reingresso da professora para ser rebatido pelos representantes do diretório que resolveram colocar mais lenha na fogueira com pérolas do tipo:
É preciso ser intolerante com os intolerantes.
Com democratas dessa qualidade não são necessários muitos neurônios para concluir que nossa democracia - uma plantinha ainda raquítica! - pode ser abatida a qualquer momento.
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Na empresa em que trabalhei por 42 anos, ocorreu episódio similar. O gerente-geral da Exploração da companhia era nome forte para ser indicado para Diretor Geral de Exploração e Produção. Foi vetado sob a justificativa de que ele - até a esposa foi incluida no imbróglio (ele nega!) - teria emitido opiniões simpáticas ao bolsonarismo e também desabonadoras a técnicos ligados ao PT e às políticas para o petróleo implementadas pelo partido nos seus 14 anos de governo. Isso me lembra os Processos de Moscou que marcaram os grandes expurgos da era stalinista. Vai que a moda pegue!
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... e passemos para a área dos costumes onde a guerra cultural está comendo solta. Jerônimo Rodrigues, governador - petista, per supuesto! - da Bahia, publicou nas redes sociais uma listinha de fantasias proibidas aos baianos: fantasias de indígenas, de pessoas pretas, de travestis. Vestir-se de Nega Maluca, nem pensar... conforme artigo de Miguel de Almeida para O Globo.
Eduardo Affonso em O Globo escreve que para além das fantasias existe o patrulhamento das letras das marchinhas já consagradas do carnaval.Tem muita gente boa que não escapou do tacão da censura do identitarismo e do politicamente correto: Assis Valente, Lamartine Babo, Braguinha, Ary Barroso...só pra começar...
Em breve teremos um index progressista que fará inveja ao da Inquisição.
E pensar que essa gente vive se vitimizando em função da intolerância alheia.
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...e o que dizer da linguagem neutra? Segundo pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina de Botucatu, 1,2% de população brasileira é não binária, entretanto, há uma batalha que já chegou ao STF para aprovação do uso dessa linguagem nas escolas. Se você ousa se opor, logo será classificado como reacionário. É incrível a capacidade que minorias barulhentas tem para impor suas pautas. É claro, contam quase sempre com a inestimável ajuda da midia mainstream.
Eu sugeriria que sempre que isso acontecer , que se faça um plebiscito para ouvir a todos, em especial aquela parte da população que vive à margem da agitação cultural dos grandes centros urbanos e que é chamada comumente de maioria silenciosa. Certamente os arrufos dessas minorias seriam colocados no seu devido lugar. O Chile com a votação da nova Constituição nos deixou um ótimo exemplo.
terça-feira, 7 de fevereiro de 2023
Fascista!
Cansado de ouvir essa palavra sempre que a opinião/atitude de alguém desagrada a algumas pessoas progressistas do meu círculo de relacionamentos resolví pesquisar o significado do termo. Fui logo ao Dicionário de Política do Norberto Bobbio e outros da Editora Universidade de Brasília (1983), 2a edição.
Em geral, se entende por Fascismo um sistema autoritário de dominação que é caracterizado pela monopolização da representação política por parte de um partido único de massa, hierarquicamente organizado; por uma ideologia fundada no culto de um chefe, na exaltação da coletividade nacional, no desprezo dos valores do individualismo liberal e no ideal da colaboração de classes, em oposição frontal ao socialismo e ao comunismo, dentro de um sistema de tipo corporativo; por objetivos de expansão imperialista, a alcançar em nome da luta das nações pobres contra as potências plutocráticas; pela mobilização das massas e pelo seu enquadramento em organizações tendentes a uma socialização política planificada, funcional ao regime; pelo aniquilamento das oposições, mediante o uso da violência e do terror; por um aparelho de propaganda baseado no controle de massa; por um crescente dirigismo estatal no âmbito de uma economia que continua a ser, fundamentalmente, de tipo privado; pela tentativa de integrar nas estruturas de controle do partido ou do Estado, de aordo com uma lógica totalitária, a totalidade das relações econômicas, sociais, políticas e culturais.
Importante salientar que o texto foi extraído do ítem Problemas de Definição do verbete em que os autores deixam claro que o conceito recebe definições diversas e muitas vezes até contraditórias. Distinguem três significados principais e adotam para a definição aquela do Fascismo histórico, referente aos acontecimentos ocorridos na Europa no período de 1919/1945.
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Umberto Eco em Fascismo Eterno publicado pela Record em 2020 deixa de lado o aspecto histórico e traz o problema para a atualidade, fixando-se mais nas atitudes que poderiam ser qualificadas como fascistas em uma pessoa, daí o termo fascismo eterno ou Ur-Fascismo.
- Culto à tradição, embora o tradicionalismo seja mais velho que o fascismo.
- Recusa da modernidade. O Iluminismo e a Idade da Razão são vistos como o início da depravação moderna.
- O culto da ação pela ação; há suspeita em relação ao mundo intelectual.
- Aversão ao espírito crítico.
- O medo da diferença.
- É fruto de frustração individual ou social. Tem forte apelo a classes médias frustradas.
- É nacionalista e porisso xenófobo.
- Sentimento de humiliação diante da riqueza ostensiva e força do inimigo.
- A vida é uma luta permanente. Não há luta pela vida mas antes vida para a luta.
- É elitista e aristocrático, consequentemente despreza os fracos.
- Culto ao heroísmo e à morte.
- Machista.
- Baseia-se em um populismo qualitativo; os indivíduos não tem direitos, o povo é concebido como uma qualidade, uma entidade monolítica que exprime a vontade comum.
Ele também salienta que o termo adapta-se a tudo, pois mesmo você eliminando alguns dos aspectos citados de um regime assim mesmo ele será considerado fascista, o que não ocorre com o nazismo. Só há um nazismo.
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De fato muitas das características elencadas por Eco você vai encontrar entre os militantes bolsonaristas radicais, mas eles estão restritos a 15/20% da população.
Chamou minha atenção na definição histórica do Dicionário uma caracteristica de regime fascista que se alinha muito bem com as propostas do lulo-petismo: crescente dirigismo estatal no âmbito de uma economia que continua a ser, fundamentalmente, de tipo privado.