Apenas gatos pingados nas ruas, nas feiras, nos supermercados. Tenho saído praticamente todos os dias prá horror dos puristas que não põem sequer o nariz prá fora da porta. Puristas - classe média prá cima - mas poderia chamá-los de paranóicos, egoístas. Nenhum deles admitirá; na verdade, apavorados com a morte.
Minha funcionária - e povão no geral - é desassombrada. Evangélica acredita que se tiver que ser será e entrega tudo nas mãos de Deus. É muita irresponsabilidade. Serei obrigado a interditá-la até que o número de casos estabilize. Estarei me protegendo e a ela também.
No outro lado do espectro, colegas que não põem o pé fora de casa e que terceirizam o risco para subalternos, vizinhos ou mesmo colegas abnegados. Egoístas, nada mais. Querem risco zero. Ele não existe.
Ora divirto-me, ora irrito-me com os argumentos que ambos apresentam para justificar-se. Embora primitivos os argumentos da funcionária revelam uma empatia maior com a humanidade do que a retórica flibusteira dos colegas, que não passa de um dissimulado quero o meu.