quinta-feira, 25 de setembro de 2025

La Cardinale.

Povoou meu imaginário, até pelo menos os 40 anos. Bela, talentosa e sensual - como lí por aí -  sem nunca ter se despido diante das câmaras. Para happy few!

Em O Leopardo, com Alain Delon formou certamente um dos mais belos casais da história do cinema...e dirigida por  Luchino Visconti! Querem mais? O filme recebeu a Palma de Ouro em Cannes em  1963. E prá terminar...  é considerado um clássico na história do cinema. Chiquerésima!

O Leopardo (1963)

La Cardinale devia habitar também o imaginário de Caetano Veloso, que antes de se tornar celebridade nacional como cantor, brincava de crítico de cinema em jornais baianos e a cantou em Alegria, Alegria, no histórico festival de 1968:

O sol se reparte em crimes
Espaçonaves, guerrilhas
em Cardinales bonitas
......
bomba e Brigitte Bardot

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Mais  uma a se ir. Estou cada vez mais só.


O bruxo/mago de Bangu

O chamavam de bruxo do sons, porque os extraia de qualquer objeto que lhe caisse às mãos. Prefiro chamá-lo de  bruxo/mago - estrábico, albino, com aquele cabelão desgrenhado! - de Bangu, um bairro perdido da Zona Oeste, no fundão do município do Rio de Janeiro.  Em sua própria casa no Jabour, funcionou (não sei se ainda está em atividade...) a Escola Jabour de música, totalmente fora dos padrões de ensino da matéria. Foi seu quartel-general  e de lá não saiu até sua morte ocorrida no dia 13 deste mês. Ficou longe do badalado circuito da Zona Sul, mesmo  considerado um músico popular de primeiríssima  grandeza urbi et orbi. No festival de Montreux de 1969 recebeu uma ovação destinada a poucos que por lá se apresentaram. Miles Davis disse de Hermeto: 

- O músico mais impressionante do mundo.

Nunca recebeu a atenção que realmente merecia por aqui. Menos mal que no Rio deram seu nome para uma  Areninha Cultural na Praça Primeiro de Maio em Bangu. Entretanto, era respeitadíssimo no exterior tendo sido agraciado com o título de Doutor honoris causa pela prestigiosa Juilliard School de Nova Iorque. 

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Apesar desse alagoano de Olho D'Água ser uma usina sonora, segue um forró arretado de ortodoxo desse músico autodidata que fez o mundo sem nunca ter abandonado  Bangu:


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Outro grande personagem do meu mundo que se vai.


domingo, 14 de setembro de 2025

Ferraris, Lamborguinis, Rolex, imóveis em condomínios de luxo...

Traduzem o brazilian way of life de traficantes/milicianos/golpistas/influencers  a julgar pelas apreensões da Polícia Federal nas suas operações contra o crime organizado, ou não, da nossa Pindorama em tempos recentes. Até réplica de carro de Fórmula 1 apreenderam!

Não sei qual o sentimento do  crème de la crème do nosso andar de cima a respeito, pois a posse de um ou mais desses brinquedinhos até bem pouco tempo balizava a diferença deles para nós simples mortais. Pois nos novos tempos, a ralé moral/existencial da nossa sociedade  também resolveu adotá-los como símbolos de status.

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Deve ser duro acordar  pela manhã e ver um séquito de carros da PF estacionados ao lado da sua casa, ou na portaria do seu prédio de apartamentos. Afinal, seu vizinho não passava de  um traficante/miliciano/influencer/golpista de renome na praça. Madames  devem ficar em polvorosa.

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Divirto-me a beça. Ranço dos velhos tempos em que acreditava  na máxima baudelariana:   épater la burgeoisie. 

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Penso, logo é isso.

Vou retomar um post feito no passado em que apresentava variações/trocadilhos para o Cogito cartesiano, depois de ter lido um artigo da colunista que aborda temas de midia para a UOL  Rosana Hermann. Neste artigo, entretanto, ela resolveu pensar um pouco sobre o momento em que vivemos e lá encontrei a pérola do título. Muito pertinente.

Nestes tempos em que as grandes narrativas soçobraram, e que a internet e redes sociais  deram palanque para todos,  o debate público tornou-se uma grande Babel, expressão utilizada por Rosana. Descartes e seu cogito - pilar de uma grande narrativa que fundou a época moderna -  deram lugar para o Penso, logo é isso, - não deixa de ser um trocadilho! -  retrato de uma atualidade estilhaçada. 

Humberto Eco, pegou pesado, ao dizer que a - A internet deu voz a uma legião de imbecis. De fato, ela democratizou o debate público, porém, trouxe para a ribalta o nível, antes restrito ao espaço dos botequins. Fez do papo de boteco, uma atividade online.

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- Serei eu mais um na legião?