País torto! (5)
Parecia que iria ser diferente dessa vez. Estava a três passos do que seria enfrentar uma respeitável fila (estava no Mundial num sábado próximo ao meio-dia!) sem que nenhuma irregularidade, daquelas que todos nós brasileiros conhecemos bem, nela tivesse ocorrido.
...uma vez mais me enganava...
Do nada, surge uma senhorinha que pede à pessoa que me antecedia na fila que desse a ela a vez pois tinha apenas um ítem para ser debitado. Surpreendentemente (por todas as razões do mundo e para minha alegria, ela teve seu pedido recusado). Já ia se afastando, cinicamente, agradecendo a compreensão que essa correta colega de fila com ela tivera, desejando-lhe e a todos nós da fila, um bom dia quando a pessoa prestes a ser atendida a convida para passar à sua frente dando-lhe a oportunidade de ser atendida imediatamente.
Ora...Idosos tem filas destinadas especialmente para eles, certamente enormes naquela hora. Entretanto, a esperteza no DNA dessa senhorinha fez com que ela fosse tentar a sorte noutras paragens. Inicialmente teve seu pedido recusado. Deu-se ao luxo de abusar do cinismo... mesmo assim uma alma bondosa (apenas no nosso torto imaginário...) se apieda da situação da pobre senhora e dá um final feliz para o episódio.
- Se deu bem!...Velhinha esperta! dirão os apóstolos desse brazilian way of life sempre condescendente com o infrator.
Outra vez minha fila terminou mal...outra vez o bandido vencera.
Não venceu, porém, na segunda-feira no consultório médico. Conseguí ser encaixado como primeiro atendimento da tarde pois surgira um problema de saúde inesperado que poderia ter consequências graves. Para isso cheguei ao consultório médico, antes de todos, com quase uma hora de antecedência. As pessoas começaram a aparecer e o médico, desafortunadamente, chegou com 45min de atraso. Ao entrar foi logo chamando o primeiro da fila e uma senhorinha (sempre elas...) que tinha chegado após duas ou três pessoas se adiantou e já entrava no sala de atendimento quando foi obrigada a retornar para seu lugar na sala de espera pela secretária. Pediu desculpas, entendia ser ela a primeira a ser atendida, pois sua consulta fora marcada para as 14:00h e já se haviam passado 45 minutos. Enfim aquele velho papo...sempre a melhor parte da pantomima porque as razões apresentadas para o mal-feito são sempre inacreditáveis pela desfaçatez dos argumentos.
Por que será que, atavicamente, não aceitamos qualquer situação que nos obrigue a ser tratados como iguais?
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