Rio, vocação para capital global
É o título de uma matéria de O Globo de hoje. Sempre admirei o otimismo desvairado que o carioca tem pela sua cidade, e que aumenta ainda mais depois do sucesso de eventos como o do G20. Para viabilizá-lo, no entanto, a cidade foi posta para hibernar por 5 dias e o Exército colocou sua tropa na rua. Quem mora aqui e vive fora da orla da Zona Sul, seu dia-a-dia sem feriados em sequência, com o Exército nos quartéis, sabe que o título da matéria não passa de um auto-engano delirante.
Alguns fatos para jogar por terra o afirmação ufanista:
- Ontem foram reportados arrastões na Rua Princesa Isabel, próximo a minha moradia. Nem final de semana era, mas bastou a temperatura rondar os 40 gráus , para os arrastões - figurinhas fáceis do verão carioca - darem a cara na Zona Sul.
- Saio cedo para minhas longas caminhadas de final de semana - entre 5:00 e 6:00h da manhã. Encontro vários mendigos dormindo debaixo das marquises num trecho de 200m da rua Rodolfo Dantas - nem de longe, mauma das principais do bairro! - entre Barata Ribeiro e Av. Atlântica.
- Depois da pandemia, o Centro da cidade está moribundo, confessa-me um colega de desgustações da ABS, proprietário de uma ótica localizada no Terminal Menezes Cortes. Ele desespera-se com a quantidade de camelôs ocupando a rua em frente a sua ótica.
- Comprei um apartamento em um bairro considerado zona nobre da Barra da Tijuca, pensando em fugir da muvuca de Copacabana nos finais de semana. Duas pessoas já me passaram a informação que a Milícia controla a segurança de várias ruas do bairro.