sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Auto-engano carioca.

 Rio, vocação para capital global

É o título de uma matéria de O Globo de hoje.  Sempre admirei o otimismo desvairado que o carioca tem pela sua cidade, e que aumenta ainda mais depois do sucesso de eventos como o do G20. Para viabilizá-lo, no entanto,  a cidade foi posta para hibernar por 5 dias e o Exército colocou sua tropa na rua.  Quem mora aqui e vive fora da orla da Zona Sul,  seu dia-a-dia sem feriados em sequência, com o Exército nos quartéis,  sabe que o título da matéria não passa de um auto-engano delirante.

Alguns fatos para  jogar por terra o afirmação ufanista:

  • Ontem foram reportados arrastões na Rua Princesa Isabel, próximo a minha moradia. Nem final de semana era, mas bastou a temperatura rondar os 40 gráus , para os arrastões - figurinhas fáceis do verão carioca - darem a cara na Zona Sul.
  • Saio cedo para minhas longas caminhadas de final de semana - entre 5:00 e 6:00h da manhã. Encontro vários mendigos dormindo debaixo das marquises num trecho de 200m da rua Rodolfo Dantas - nem de longe,  mauma das principais do bairro! -  entre Barata Ribeiro e Av. Atlântica. 
  • Depois da pandemia, o Centro da cidade está moribundo,  confessa-me um colega de desgustações da ABS, proprietário de uma ótica localizada no Terminal Menezes Cortes. Ele desespera-se com a quantidade de camelôs ocupando a rua em frente a sua ótica. 
  • Comprei um apartamento em um bairro considerado zona nobre da Barra da Tijuca, pensando em fugir da muvuca de Copacabana nos finais de semana. Duas pessoas já me passaram a informação que a Milícia controla a segurança de várias ruas do bairro. 
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O Rio teria sim vocação para capital global, caso não fosse uma cidade refém da violência, da desordem urbana, com os serviços públicos funcionando precariamente e, - pior! - com crime e corrupção carcomendo seu tecido institucional. Entre a realidade e os delírios de seus governantes existe um salto quântico para ser dado. Tarefa de pelo menos uma geração, pois terá que começar por reformatar corações e mentes da maior parte dos que vivem aqui.

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

A ressignificante Janja

Dado o apetite da moça por protagonismo, aguardei ansioso o que ela aprontaria no G20, mas confesso que minha imaginação foi derrotada pelos fatos. Nem vou abordar o que ela disse no G20 Social - evento prévio ao encontro principal -  e que tanta repercussão alcançou na imprensa.  

Vê-la ocupando uma das vagas dos assessores que todos os mandatários colocam logo atrás de posição que ocupam na mesa central do G20 foi o máximo. Qual seria mesmo a qualificação profissional que ela teria nos temas a serem discutidos no evento, para ocupar tal lugar, a não ser a de esposa do presidente da República? 

Ver a primeira-dama tomando o lugar de um assessor qualificado do presidente para os assuntos abordados pela conferência, lembrou-me o lado  república bananeira que teimamos manter. Sua trajetória profissional, a julgar por uma matéria especial sobre ela, publicada no UOL, resume-se a ter ocupado um cargo em Itaipu Binacional, admitida por indicação. É socióloga formada pela UFPR.

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Rosângela Silva (Janja) mostra com o seu protagonismo como aquela frase constantemente repetida por apresentadoras/comentaristas da Globo News, a rede woke do país, comandadas pela madrinha Miriam Leitão. 

- Toda mulher tem o direito de ser o que quiser, fazer o que ela quiser.

é irreal e infantil. Ninguém, - de qualquer gênero, raça  ou classificação qualquer - vivendo em sociedade ou mesmo isolado na natureza pode fazer o que quiser e ser o que quiser. Ninguém é a medida de todas as coisas, ninguém é portador de liberdade absoluta. Foi para (sobre)viver em sociedade e na natureza que fomos - docemente ou não -  constrangidos a  nos submeter a regras. 

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...e suprema ironia! Ela que se considera uma feminista empoderada, deve todo seu protagonismo a um homem, ao fato de ser sua esposa e, claro também a seu voluntarismo, que ela tem prá dar e vender.   Qual o seu currículo em política para justificar tamanha desenvoltura? Para ressignificar não basta apenas voluntarismo ou ser esposa de alguém importante. É preciso ter luz própria conquistada com muita ralação nos bancos escolares, no trabalho e que demanda anos de vida; características para as quais ela parece estar em débito.

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Nativismo dos Pampas

Gaudêncio Sete Luas

 Composição - Luiz Coronel/ Marco Aurélio Vasconcellos; Interpretação - Leopoldo Rassier.

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Um boneco, um robô...

Não. Pelo que lí por aí é uma das filhas do Trump no discurso da vitória dele. Já impressiona em uma única foto, com aquele sorriso de plástico, os olhos no infinito, a maquiagem pesada, os peitos escondidos mas à mostra - look da moda! Reparem a outra foto;  nada mudou na expressão facial. 





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Rostos e sorrisos de plástico - empalhados como diria minha geração - podem ser vistos todo o dia nas fotos das celebs e famosas que infestam nossa mídia mesmo aquela que se considera da melhor qualidade. Como a que não tem nenhuma, vive de curtidas e dos anunciantes. Sinal dos tempos!



sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Para acabar com uma paixão...

divida o mesmo teto, quarto, banheiro, ou como diriam os mais velhos... case. Foi o diagnóstico dado pela mãe de uma professora de filosofia em entrevista a um programa sobre o Amor - ora,ora... - que ouvi recentemente na rádio MEC.

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Vem a propósito,  pois tornei-me muro das lamentações de uma pessoa próxima que enviuvou e cansado da solidão, reatou um velho romance da juventude. Passaram a dividir um apartamento, mas a convivência acabou sendo ingrata. Revelou as idiossincrasias de um e outro, que o ardor da juventude sobrelevou no passado. Perdeu ele que acabou levando o indesejado e doído pontapé na bunda. Agora lambe as feridas.

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Não tive experiências duradouras com mulheres para opinar a respeito, mas experiências recentes em viagens que fiz com pessoas próximas, propiciaram-me  a experiência da conviver sob um mesmo teto e devo confessar, o preço pago por ela foi muito alto. Talvez a velhice tenha me tornado mais idiossincrático e menos compreensivo com as deficiências alheias. Haja afeto, boa vontade e empatia - palavrinha da moda. Dividir o teto com outra pessoa é uma hipótese remotíssima. E olha que ficar só em idade avançada, deve ser um prato bem indigesto. Mesmo com tal perspectiva sombria,  continuo dando asas à solidão.

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- Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem

já dizia o bom e velho Millor. 

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Deixe seu ego à porta.

 Foi o que maestro/produtor/arranjador Quincy Jones, falecido dia 04, afixou na porta do estúdio em Los Angeles por ocasião da gravação de We are the World para o célebre concerto Live Aid em 1985, organizado para combater a fome na Etiópia. Pudera, talvez na maior noite do pop de todos os tempos, controlar em torno de 40 astros da música americana (Bob Dylan, Ray Charles, Michael Jackson, Steve Wonder  e por aí vai...), não era para qualquer um. 

Bem que esta frase poderia estar à porta de todas as salas de reunião do mundo.

Extraido do filme de divulgação do documentário  A noite que mudou o Pop da Netflix.