domingo, 24 de junho de 2012


Frufu, marola, pajelança e papo furado (5)

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De consenso mesmo só o fato de que os paises mais ricos e poderosos estão dispostos a salvar o planeta, desde que não tenham que enfiar a mão no bolso. Por isso, o momento mais significativo oi o do discurso da jovem neozelandesa de 17 anos Brittany Trifford, puxando a orelha dos chefes de estado, ao cobrar ação e mudanças urgentes: Vocês tem 72 horas para decidir o destino de nossas crianças, dos meus filhos,dos filhos dos meus filhos. Parece que não lhe deram ouvidos.
Mas, enquanto lá no Riocentro era aquele chove e não molha, em outras partes da cidade, principalmente no Centro, que que se via era uma grande e divertida efervescência, lembrando os desfiles dos blocos carnavalescos. Nunca houve tantas e tão variadas manifestações de protesto em tão pouco tempo. Passeatas, marcha global, marcha da maconha. Rapazes com nariz de palhaço e bocas tapadas com fita adesiva protestavam contra os muros da conferência. Índios com tacape, arcos e flechas deixavam a polícia sem saber o que fazer, já que podiam representar ameaça. Na Cinelândia, o senador Eduardo Suplicy, com chapéu de Robin Hood, cantava Bob Dylan para propor a criação de um imposto financeiro. Uma bonita moça com seios à mostra, como se representasse as femens da Ucrânia, a Riquezinha, tocava tambor em defesa das lésbicas, das negras e da liberdade feminina. Um frequentador do aterro que num dia viu os lindos seios nus  da jovem e no outro esbarrou com as bundas nuas dos participantes do movimento Ocupa Rio, disse que aquilo parecia ser não a Cúpula , mas a Cópula dos Povos.
A Rio+20 pode ter sido um fracasso, mas os movimentos sociais fizeram seu carnaval.

Zuenir Ventura  O Globo, 23.06.2012

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