Impressiona o grau de indignação que uns e outros - em particular o turma da área jurídica - apresenta com as conversas entre procuradores e deles com o então juiz Moro obtidas, sei lá de que maneira, pelo site Intercept.
Pergunte a qualquer advogado que frequenta a alta-roda jurídica, a respeito das relações entre promotores, advogados e juízes. Beiram a promiscuidade. Se correto ou não... é outra história. Então por que tamanha indignação? Além do interesse político em explorar o fato por parte dos acusados e seus advogados, existem carradas de hipocrisia. Abram o Whatsapp, Telegram, sei lá... de uma figura como o Gilmar Mendes, por exemplo. A República certamente viria abaixo. Aliás, não é preciso ir muito longe...abram esses aplicativos com as conversas entre nós e dentro dos grupos que participamos. Tenho certeza que muitos desses fake-indignados, pregadores da ética e da moral poriam o rabo entre as pernas e sairiam de fininho.
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Outra indignação hipócrita diz respeito à reação apresentada por muita gente boa à confissão do ex-Procurador Geral da República, Rodrigo Janot que afirma ter entrado armado no tribunal para assassinar o ministro Gilmar Mendes. A atitude é deplorável ainda mais vindo de um Ex-Procurador Geral da República mas devo admitir que Janot reagiu humana, embora não corretamente, às provocações do Gilmar e seus áulicos na imprensa. Colocaram a família no meio e a partir daí o céu é o limite ainda mais em um país com um imaginário onde a questão de sangue é uma questão de honra.
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... e saber que a maior parte desses atores viveu 68. E naquele tempo como se bradava contra a hipocrisia dos mais velhos e da sociedade. O bardo Melchior já havia cantado a pedra, na década de 70:
Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais.
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