Assisti a Ainda Estou Aqui, o filme de Walter Salles indicado para o Oscar de melhor filme estrangeiro, com Fernanda Torres concorrendo ao Oscar de melhor atriz. Um filme brasileiro de qualidade surpreendente para meu conhecimento de produção nacional na área. Acessível ao espectador médio, sem concessões ao mercado. Um filme sóbrio - virtude não muito apreciada em um país hiperbólico. Fernanda Montenegro está muito bem.
**********
Ver aquele Leblon dos anos 70 com casas na quadra da praia frequentada pelos moradores, a bola do vôlei de praia atravessando a rua com duas pistas apenas e entrando no terreno delas, crianças jogando futebol na rua e comparar com as cenas que vejo hoje quando passo por lá caminhando praticamente em todos os finais de semana, deixou-me uma impressão tão forte quanto o ambiente sombrio da repressão militar daqueles dias, muito bem retratado no filme. Aquela vida bucólica de um bairro residencial comparada com a quase selvageria que presenciara na semana anterior no Arpoador que é próximo e descrevi em postagem anterior - daí o título - chocou-me profundamente. São 50 anos apenas!
Não vivemos mais em uma ditadura, embora continuemos uma república bananeira em termos de práticas democráticas; daí que melhoramos alguma coisa no quesito. A geomorfologia da cidade não mudou e ela continua linda; os dois gigantes de pedra: Morro Dois Irmãos e a Pedra da Gávea continuam lá. No mais - urbanidade, urbanismo, comunidade, cidadania e o que você quiser em termos de relações humanas - descemos a ladeira... e continuamos descendo. Os episódios do Arpoador falam por sí.
**********
Apesar do ambiente bucólico de bairro a beira-mar, para alcançarmos a degradação atual, certamente alguns ovos a serpente deve ter colocado naqueles anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário