Curiosamente dias após eu ter postado a matéria sobre o fato da América estar copiando as mazelas que condenam ao atraso a América Latina a Economist publica uma reportagem que parece ir na contramão do que escreví. A matéria de capa afirma que o Brasil está dando aulas de maturidade democrática aos Estados Unidos no caso da apuração e julgamento da tentativa de golpe do 8 de janeiro, comparando-o com o da invasão do Capitólio feita pelos seguidores de Trump um ano antes.
Considerando pontualmente o evento, tendo a concordar com a afirmação, a América estaria aprendendo com a Latinoamérica, mas suspeito que o(s) autor(es) da matéria não devem conhecer suficientemente os detalhes de funcionamento de nossa democracia. Para tal, é necessário viver em Pindorama por algum tempo. Somos muito bons no atacado, temos legislações avançadíssimas, por exemplo, em meio-ambiente, no combate à violência doméstica, à inclusão de deficientes, mas tropeçamos no varejo, na aplicação da legislação no dia-a-dia. A independência entre os poderes, existe no papel; na vida como ela é, funciona precariamente.
O Judiciário é atravessado pela política e a atravessa, só para citar um dos poderes. Dentro do próprio processo jurídico instaurado contra os participantes da desastrada operação, boa parte das condenações já impostas à infantaria (arraia miúda) que promoveu a invasão/baderna nos prédios públicos, foi de uma exagerada dosimetria, fato defendido por muitos juristas.
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