terça-feira, 5 de novembro de 2024

Deixe seu ego à porta.

 Foi o que maestro/produtor/arranjador Quincy Jones, falecido dia 04, afixou na porta do estúdio em Los Angeles por ocasião da gravação de We are the World para o célebre concerto Live Aid em 1985, organizado para combater a fome na Etiópia. Pudera, talvez na maior noite do pop de todos os tempos, controlar 36 astros da música americana (Bob Dylan, Ray Charles, Michael Jackson, Steve Wonder  e por aí vai...), não era para qualquer um. 

Bem que esta frase poderia estar à porta de todas as salas de reunião do mundo.

Extraido do filme de divulgação do documentário  A noite que mudou o Pop da Netflix.






domingo, 27 de outubro de 2024

Solidão

 ...é a liberdade de todo o contato social. Você está livre para fazer o que quiser, pensar o que quiser e ser quem quiser

(Robert Coplan, psicólogo do desenvolvimento e professor do Depto de Psicologia da Universidade Carleton, Ottawa)

Ele refere-se à solitude, termo bacaninha que inventaram para designar aquela solidão positiva (!?!), que permite restaurar e reiniciar o seu cérebro, segundo o mesmo doutor. Não gosto dessa distinção pois para o fato de estar só, concorrem diversas razões, muitas delas imbricadas.

Talvez o termo tenha surgido porque solidão tem uma conotação negativa e todo mundo foge dela como o diabo foge da cruz, com raras exceções, nem tanto pelo medo de encará-la, mas  pelo preço que um solitário paga ao ser avaliado socialmente. Uma pessoa solteira ocupa os últimos degraus da escala social; é tida como de 2a classe mesmo nos círculos mais progressistas. Hipócritas que todos são, obviamente negarão publicamente. Adoraria ouvir o que falam na turma. Quantos solteiros - não quem está, mas quem é - tem posição de destaque em qualquer atividade, mesmo aquelas dominadas por pessoas de mente evoluida, progressista?

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Não é necessário ser doutor para sair-se com a frase que abre o post. Um solteiro, de carteirinha, como eu, sabe que é isso mesmo. Ser dono do seu nariz psicológica e financeiramente, dá a você esta liberdade. Problema é que custa caro. 

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Viver só e bem é a melhor vingança. 

Já ví essa frase por aí.  Pode ser encarada como um arroubo de alma ressentida, mas é uma boa resposta ao preconceito da sociedade no seu trato com pessoas solteiras.

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Fala sério...

 O Rio não é lugar de baderna.

postou nas redes sociais, o governador  Claudio Castro, depois que torcedores uruguaios do Peñarol tocaram o terror na praia do Pontal no Recreio dos Bandeirantes na quarta-feira.

Ontem foi o que se viu na Av. Brasil, com a via interditada e todos escondendo-se por detrás das muretas da via, ônibus e carros,  quando policia e crime se enfrentaram no Complexo de Israel. O saldo? Três civis trabalhando ou a caminho do trabalho, mortos com tiros na cabeça.

Há dias vi uma cena que me deixou estarrecido. Na Muzema, que nem favela é, milicianos armados com fuzis circulavam livremente pelas ruas em pleno dia com sol a pino. Inicialmente pensei que seriam policiais do Bope, mas a realidade sempre supera a ficção por aqui... Há filmes com alguns deles tomando café em uma padaria. 

Tá tudo dominado, mas o nosso governador que não governa - Bernardo Mello Franco escreve no Globo de hoje  que ele é refém da  Assembléia Legislativa (Ai, Jesus!) - bravateia que isso aqui é lugar de respeito.

Nem os uruguaios tidos e havidos como um povo civilizado, talvez o mais em Latino-América, acreditam no governador. Deram-se o direito de fazer aqui, o que nem em sonho fariam por lá. 

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De acordo com mapeamento do Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos da UFF, de 2006 até o ano passado, o território sob o controle de grupos armados no Grande Rio, aumentou de 9 para 19%. Estou achando um número baixo demais para o que se vê na midia.

terça-feira, 22 de outubro de 2024

Ler é meu melhor remédio.

O temperamento introvertido deve ser fator preponderante para que tivesse escolhido como atividades prediletas: caminhada... que poderia ser corrida caso não tivesse sofrido o acidente, leitura, cinema. Sempre diversão  mais afeita a tipos que evitam andar em bandos. Sou dessa estirpe.

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Leandro Karnal na sua crônica de domingo para o Estadão escreveu sobre o hábito de ler:

Uma das coisas mais poderosas para alterar o cérebro é a leitura. Ela implica foco, conhecimento, abstração e capacidade de refletir.

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Ler cura nossas dores? Jamais. Apenas a morte possui esse poder. Os bons livros conferem consciência, nomeiam fantasmas, ampliam horizontes. Ler não muda o mundo, muda minha maneira de percebê-lo. Ler transforma solidão em solitude e, acompanhando literatos esu especialistas em saúde mental, o mundo fica menos isolado. Ler é uma revolução de esperança.

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Ler nos torna melhores? Não. Ler nos torna mais refinados, mais sensíveis, mais abertos para o mundo. Você conhecerá pessoas que lêem muito, arrogantes, cheias de si, mas dificilmente você encontrará um boçal, um sujeito tosco, tacanho,  grande leitor. É minha experiência. 

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Gostaria de ser um leitor melhor. Ler mais livros que  jornais. Livros -  bons, per supuesto! -  são  mais densos, profundos. Jornais são mais superficiais, pontuais, prendem-se à rotina do dia-a-dia, porisso  mais fácies e atrativos para leitura. O preço? uma cultura de almanaque. 

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...e as redes? Não sou usuário. Falam mal, mas ninguém vive sem elas. Pelo que se diz e escreve,  enredam-te num mundinho confortável, em que tudo se passa, acorde com o que o teu imaginário elabora. O preço? Uma cultura de bolha.


Romance

De acordo com a crítica o tema já foi abordado outras vezes pelo cinema e até de maneira mais inteligente em alguns dos filmes, segundo alguns. Como não vi nenhum deles, fiquei encantado com Como Eu Era Antes de Você (Me Before You) uma produção britânico-americana de 2016,  que  assisti ontem na Sessão da Tarde, da Globo.

É um filme romântico, com uma verdade inconveniente - um problema bem atual -  como pano de fundo. A garota que não dá para se chamar de bonita, além de pobre perto da riqueza do galã,  é de uma simplicidade e autencidade que beiram a ingenuidade e de uma luminosidade impar. Apesar de alguns trejeitos que a tornam caricata em algumas situações, não há como por ela não se apaixonar. O choque entre duas personalidades que cresceram em situação social tão diferente, nos arquétipos mentais criados a partir daí e na sua maneira de reagir aos fatos, potencializada pelo fato do protagonista masculino ter se tornado extremamente rude - vá lá, antissocial - depois que um acidente o deixou paraplégico, rende um filme com direção delicada e agradável de ser visto. 

Li por aí de que está disponível em uma plataforma - Prime - se bem me lembro. Assista. De quebra,  com uma caixa de lencinhos ao lado. Você pode precisar.





segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Bolsopetismo

 ... é uma praga que o país conheceu nos últimos 15 anos. Tome todas as precauções para não ser por ela contaminado. O caminho do meio é o mais adequado. É sabedoria milenar budista.  Foi proposto por Aristóteles na Grécia Clássica, A.C.... mas Pindorama tem seus próprios caminhos. Tortuosos, prá variar...

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As últimas eleições mostraram que ambos os extremos começam a dar sinais de esgotamento; o petismo, entretanto, mesmo com a surra de rebenque que levou, encerrado  em sua torre de marfim de convicções ultrapassadas, parece não tomar tento.

Surra de rebenque

Rebenque é um pequeno relho usado pelo gaúcho para açoitar o cavalo. Deve infringir grande dor porque a expressão: dar uma surra de rebenque, na querência, significa infringir um castigo severo a alguém.

Foi o que aconteceu com o chamado arco progressista que compõe a esquerda tupiniquim - PT, PSOL, PC do B e seus acólitos: PSB, PDT,  PV e Rede -  nestas eleições. O grupo colheu a menor votação nas eleições deste século: 19,6%, de acordo com  V. T. Freire na Folha do dia 8. Foram 724 prefeituras conquistadas, número menor que as 878 do PSD, campeoníssimo da eleição. O PT até aumentou seu número; de 183 para 248 prefeituras, mas não conquistou nenhuma capital; suas maiores chances no turno final estão em Fortaleza. PDT e PC do B sofreram uma redução superior a 50%  e  o PSOL perdeu todas suas prefeituras. Exceção foi o  PSB, que aumentou em 20% sua participação, além da reeleição no Recife.

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O arco perde votos, prefeituras,  mas não perde a empáfia. Basta analisar as respostas dadas para os números, feitas por boa parte de seus líderes e intelectuais, cito dois - Jessé Souza em O Globo, Vladimir Safatle para o UOL. Destoando, apenas o prefeito do Recife, não por acaso reeleito com 78% dos votos válidos. Atribuem ao orçamento secreto, emendas Pix, o sucesso dos partidos de centro-direita. Certamente influenciaram, entretanto, é a incapacidade de ler o imaginário do eleitor particularmente de baixa e média renda e de apresentar soluções adequadas aos problemas desta segmento de eleitores, a razão determinante para essa vertiginosa queda. - Mais picanha, menos Venezuela - como colocou Reinaldo Meirelles do Instituto Locomotiva.   Fazem política para bolhas (minorias e identitarismo) e insistem em soluções econômicas que nunca resolveram os gargalos estruturais dos países latino-americanos. Comportam-se como os portadores da Boa Nova, não a dos Evangelhos, mas da doxa progressista. Quem não reza pela cartilha quando não é tachado de fascista, é reaça, ignorante, alienado e por aí vai.

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Colhem o que plantaram.