2024 se foi e não via tanto desalento com o novo ano e com o nosso futuro.
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Em relação ao mundo, cresce a sensação de que a invasão da Ucrânia pela Russia, pela sua duração, pode se tornar o embrião da 3a Guerra Mundial dada a crescente internacionalização que o conflito vai assumindo e das ambições expansionistas russas, embora negadas sistematicamente.
Outra ameaça iminente é uma guerra comercial. Trump promete taxar as importações, particularmente as chinesas e certamente sofrerá retaliação. A história ensina que guerras econômicas tem implicações geopolíticas que podem degenerar em conflitos armados a exemplo do que aconteceu na 1a Guerra Mundial.
Há um desencanto generalizado com as democracias liberais materializado na eleição de candidatos com claras tendências autocráticas em diversos países, como nos Estados Unidos, o berço desse regime. Paul Krugman no seu artigo de despedida do NYT , fala em raiva e ressentimento das massas, contra um sistema político dominado pela retórica, com governantes não entregando o que prometem.
Não poderia ser diferente na América Latina, que teima em não dar certo desde sua descoberta. O Informe 2023 do Latinobarômetro leva por título La Recesión Democrática de América Latina. Apenas 48% da população apoiava a democracia, o registro mais baixo desde o início da pesquisa em 1995. São apontados como causas: o personalismo, a corrupção, a interrupção de mandatos e a interinidade dos substitutos. Como pano de fundo a crise das elites que gera uma crise de representatividade expressa na miríade de partidos políticos. Menos mal que em 2024 o número cresceu para 52%. Será que podemos comemorar?
O Brasil com sua democracia mambembe, não desafinaria o coro do desencanto. Chamou minha atenção um artigo do Nelson Motta para o Globo - Adeus às Ilusões - em que ele praticamente desiste do país. Abre com a frase que o exime da pecha de Cassandra pelo que escreverá em seguida: - Sempre tive muita fé no Brasil... perdida com o passar dos anos e a desenrolar dos fatos :
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Sessenta anos depois com vários governos e congressos e impeachments e vergonhas e roubalheiras e impunidades inomináveis pode-se dizer com certeza: não vai dar certo.
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Parlamentares e historiadores mais antigos sabem: nunca foi tão ruim. E vai piorar...
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O que dizer do futuro do planeta na questão do meio-ambiente?
O Brasil em 2024 registrou o ano mais quente da série histórica que começou em 1961 de acordo com o INMET. As temperaturas ficaram 0,79 gráus C acima da média 1991/2020.
No planeta, 2024 dificilmente deixará de ser o ano mais quente da história. Segundo a OMM (Organização Meteorológia Mundial) dados até setembro/24, mostram a temperatura média global 1,54 gráus C acima da média histórica entre 1850/1900. Como os cientistas no Acordo de Paris em 2015 estimaram que 1,50 gráus C acima dessa média seria a deadline para deflagar mudanças climáticas com consequências ainda mais devastadoras para o planeta, resta-nos confiar na misericórdia divina. Vale lembrar que a partir daquele ano as temperaturas médias do planeta tem batido recordes sucessivos.
Prá variar... a retórica é muita, as ações poucas. Quatro grandes bancos americanos comunicaram neste início de ano, sua retirada da maior aliança mundial climática para bancos: Net Zero Banking Alliance ( NZBA). Por outro lado, as COP's são anuais, suas resoluções são tíbias e não respeitadas. O resultado está aí; a meta de 1,50 gráus C prevista para 2050 deve ser alcançada em 2024.