terça-feira, 2 de setembro de 2025

Penso, logo é isso.

Vou retomar um post feito no passado em que apresentava variações/trocadilhos para o Cogito cartesiano, depois de ter lido um artigo da colunista que aborda temas de midia para a UOL  Rosana Hermann. Neste artigo, entretanto, ela resolveu pensar um pouco sobre o momento em que vivemos e lá encontrei a pérola do título. Muito pertinente.

Nestes tempos em que as grandes narrativas soçobraram, e que a internet e redes sociais  deram palanque para todos,  o debate público tornou-se uma grande Babel, expressão utilizada por Rosana. Descartes e seu cogito - pilar de uma grande narrativa que fundou a época moderna -  deram lugar para o Penso, logo é isso, - não deixa de ser um trocadilho! -  retrato de uma atualidade estilhaçada. 

Humberto Eco, pegou pesado, ao dizer que a - A internet deu voz a uma legião de imbecis. De fato, ela democratizou o debate público, porém, trouxe para a ribalta o nível, antes restrito ao espaço dos botequins. Fez do papo de boteco, uma atividade online.

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- Serei eu mais um na legião?

sábado, 30 de agosto de 2025

...e a América curva-se para a Latinoamérica (II)

Curiosamente dias após eu ter postado a matéria sobre o fato da América estar copiando as mazelas que condenam ao atraso a América Latina a Economist publica uma reportagem que parece ir na contramão do que escreví. A matéria de capa afirma que o Brasil está dando aulas de maturidade democrática aos Estados Unidos no caso da apuração e julgamento da tentativa de golpe do 8 de janeiro, comparando-o  com o da invasão do Capitólio feita pelos seguidores de Trump um ano antes.

Considerando pontualmente o evento, tendo a concordar com a afirmação, a América estaria aprendendo com a Latinoamérica, mas suspeito que  o(s) autor(es) da matéria não devem conhecer suficientemente os detalhes de funcionamento de nossa democracia.  Para tal, é necessário viver em Pindorama por algum tempo. Somos muito bons no atacado, temos legislações avançadíssimas, por exemplo, em meio-ambiente, no combate à violência doméstica, à inclusão de deficientes, mas tropeçamos no varejo,  na  aplicação da legislação no dia-a-dia. A independência entre os poderes, existe no papel; na vida como ela é, funciona precariamente. 

O Judiciário é atravessado pela política e a atravessa, só para citar um dos poderes. Dentro do próprio processo jurídico instaurado contra os participantes da desastrada operação, boa parte das condenações já impostas à infantaria (arraia miúda) que promoveu a invasão/baderna nos prédios públicos,  foi de uma exagerada dosimetria, fato defendido por muitos juristas.

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Quem diria...

 Greta Garbo não acabou no Irajá? 

E não é que...hoje a Polícia Federal acaba de bater na Faria Lima?

(Os fatos nada tem a ver um com o outro, a não ser pelo inusitado, embora com o sentido inverso. A sofisticação de Holywood indo ao encontro do subúrbio carioca na peça teatral que fez muito sucesso no Rio na década de 70, e agora com o submundo do crime infiltrando-se no centro financeiro do país.)

O tempo passa... o inusitado continua sempre batendo à nossa porta. O crime organizado já não lava  o dinheiro lá fora. A operação é feita aqui mesmo,  no coração financeiro do país. 

Estagnados no que interessa, evoluimos em matéria de crime. Já podemos nos ombrear com a Itália. Temos a nossa máfia. Atende pelo nome de PCC.

...e a América curva-se para a Latinoamérica

Não era um sonho de todo latinoamericano de esquerda? Lamento, mas as razões não são nada boas. Não foi porque  evoluimos virtuosamente nas práticas políticas que tornam nossa democracia tão precária, mas porque a America involuiu adotando vícios que caracterizam nosso atraso. O agente laranja que ora ocupa a Presidência americana não se cansa de nos copiar.

Ontem diversos diretores da CDC (Centers for Desease Control and Prevention), órgão do governo americano pediram demissão alegando que a saúde pública americana vem sendo aparelhada pelo atual governo. Tudo a ver com a contínua interferência/aparelhamento dos nossos governos nas agências reguladoras federais, estaduais e municipais criadas exatamente para evitar interferências políticas; são órgãos de estado e não de governo.

No dia anterior, o temível agente laranja demitiu uma diretora do FED, fato inédito na história da instituição. É apenas mais um capítulo da sua indisfarçável  tentativa de controlar o órgão, porisso vive às turras com seu presidente, que também deseja demitir. Qualquer sujeito razoavelmente esclarecido, sabe o quanto nosso atual presidente importunou o ex-presidente do BC, querendo interferir nas decisões da política de juros. Na Argentina, em 2010, a hermana Cristina Kirchner quando presidia o país, demitiu o presidente do BC local.

A cerca de um mês, o déspota nada esclarecido, demitiu a líder de estatísticas do BLS (Bureau of Labor Statistics),  acusando-a de manipular dados a respeito de dados de emprego com fins políticos; os números por ela apresentados ficaram bem abaixo das expectativas. Em Latinoamerica, Cristina Kirchner, em 2007 quando presidia a  Argentina, ordenou uma intervenção no Indec (o IBGE deles); 700 funcionários foram afastados ou renunciaram, centenas de técnicos foram substituidos por militantes políticos. Até 2016, o país viveu um apagão de dados,  uma vez que os divulgados pelo Indec, evidentemente manipulados,  perderam toda a credibilidade. 

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É uma ironia da história, que justo a nação fundadora da primeira república moderna  esteja a copiar práticas políticas de repúblicas bananeiras. É a América latinoamericanizando-se.

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

VTNC

Num primeiro momento,não entendi. Só depois de concluir a leitura do texto  é que cheguei ao significado profundo da sigla...e  dirigida ao próprio progenitor! Confesso que fiquei abismado. Nem nos meus piores sonhos dispararia um VTNC contra meu pai, e,olha, tive sérias discussões com ele. É baixaria prá ninguém botar defeito. 

É inacreditável que uma família tão rastaquera, mobilize corações e mentes de um país, ao ponto do progenitor ter sido presidente da República, um filho, senador, um terceiro, deputado federal, que, pasmem, foi o mais votado do estado mais importante da nação e os outros dois, vereadores.

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- O Bolsonaro não carrega feridos. 

(frase cunhada no meio militar a respeito do capitão)

- Ele próprio atira nos seus soldados. E pelas costas.

...referindo-se a Jair Bolsonaro. 

(Gustavo Bebbiano, ex-ministro de Bolsonaro)

O próprio já fez  apologia da tortura feita pelo em diversas ocasiões.

Prontuário prá acabar com a reputação de qualquer ser humano. 

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Ser o que são, é um direito que assiste a Bolsonaro e seus filhos em uma democracia liberal. O que espanta é terem tantos seguidores/eleitores/simpatizantes. Há algo de podre neste reino. Onde foi que erramos?

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Vaticino que VTNC será a palavra/sigla do ano. Eu votaria nela. 


domingo, 17 de agosto de 2025

É falcatrua prá todo o lado.

Os últimos meses tem sido pródigos na descoberta de fraudes e golpes pelo país. O mais vistoso foi a tunga dada em aposentados - fui vítima também. Coisa de 6/8 bilhões de reais. Na semana que passou, veio à tona um caso de corrupção envolvendo auditores paulistas, que só de propinas receberam mais de um bilhão de reais, conseguindo agilizar ressarcimentos de impostos pagos ao governo  paulista por empresas  algumas delas conhecidas nacionalmente. Atentem que apenas falei de bilhões... Milhões são cifras de golpista/corrupto de segunda categoria.

A internet tem facilitado a ação dos golpistas a tal ponto que nos últimos 12 meses um terço da população sofreu algum golpe digital de acordo com matéria publica em O Globo do dia 14. A evolução é de tal ordem que os crimes contra o patrimônio com interação física vem caindo nos últimos anos, em favor dos crimes praticados virtualmente, de acordo com pesquisa DataFolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, publicada no artigo.  Eu mesmo tive um cartão de crédito clonado com débitos indevidos na fatura que me infernizaram a vida por meses.  À desonestidade soma-se a desumanidade. Golpistas aproveitando a comoção causada pela tragédia ocorrida com a moça que morreu quando fazia trilha na Indonésia no mês de julho, lançaran pedidos de dinheiro nas redes sociais para custear o translado e os funerais da moça, usando o nome da família.
As causas para o número de  golpes e fraudes terem assumido tamanha proporção não se devem apenas à falta de fiscalização e repressão. Sou obrigado a concordar com a tese do pensador pop Peninha - quem diria! -  que ao comentar a altíssima taxa de desconfiança para com o outro que existe entre brasileiros - já comentei o assunto em um post anterior - saiu-se com esta pérola:
O brasileiro faz falcatrua, aceita falcatrua e não denuncia falcatrua

Esta permissividade/condescendência  que perpassa nossa cultura é uma das causas que nos coloca no atoleiro em que nos metemos desde a colônia e do qual teimamos em não sair.