Foi argumento frequentemente utilizado para justificar a aventura da moça de Niterói que morreu tragicamente na Indonésia ontem. Comumente utilizado quando se questiona os riscos envolvidos na aventura e o conhecimento a respeito deles pelas pessoas decididas a fazê-la. Todos são unânimes em afirmar de que se trata de uma trilha com grau de dificuldade elevado, não apenas pela geografia do terreno, mas também das condições de clima, preparo dos guias, além da falta de informação ou falsa informação a respeito da aventura. Prefere-se, entretanto, jogar prá baixo do tapete as verdades inconvenientes e louvar o espírito aventureiro daqueles que o fazem.
Viver o seu sonho fica bem na boca de um adolescente, mas na boca de um adulto, de um educador deveria ser sempre seguida de uma adversativa. Tentar realizar um sonho sem estar equipado para alcançá-lo ou quando as condições são francamente adversas é temerário e pode ser fonte de frustrações, quando não de tragédias. Para cada João Carlos Martins - pianista e maestro que hoje completa 85 anos e um dos maiores intérpretes de Bach no mundo, e que chegou lá mesmo após ter perdido o movimento das mãos devido a uma doença rara - quantos ficam pelo caminho?
Entretanto, argumentar com o viver o seu sonho, vai te dar um carimbo de cara legal, otimista, que acredita na força do ser humano, além de elevar teu conceito no círculo engagé. Difícil é pontuar os riscos da aventura, posição mais responsável e adulta. Entretanto, vivemos em um mundo infantilizado como pontuou Amós Oz em uma entrevista para a Folha .
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Uma pessoa próxima tem uma filha que deseja ser médica e já se foram 3 anos tentando passar em vestibular de universidade pública sem sucesso. Universidade paga não pode cursar, porque implicaria em investimento financeiro que a família teria dificuldade para custear. E aí...vai continuar a viver o seu sonho já tendo perdido anos de vida profissional?
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