Cariocas são refratários a críticas. Eles se acham e ponto. A texto de Nelson Motta, carioca-raiz, em o O Globo de 11.10 - A busca da cidade perdida - dá sinais de que algo possa estar mudando. Seleciono alguns parágrafos.
A economia está melhorando lentamente em todo o Brasil. Menos no Rio de Janeiro. O desemprego diminui em quase todos os estados. Mas aumenta no Rio. O crime está caindo no Brasil, mas no Rio está caindo menos. Todos sabem a razão da tragédia carioca: a corrupção, a incompetência e a ignorância de nossos governantes, a completa desmoralização da Alerj e da Câmara Municipal, do TCE e do TCM, e de um dos Judiciários mais corruptos do país. Não podia mesmo dar certo, até que a conta chegou.
Quem ainda acreditava na eficiência do rouba mas faz entendeu a relação do apodrecimento e do aviltamento das instituições com o ambiente para desastres administrativos e a instituição de um espírito de cinismo, descrença e descompromisso entre seus agentes. A história da decadência do Rio de Janeiro é a prova.
As melhores administrações se revelaram as mais corruptas, e as mais incompetentes deram tanto prejuízo quanto. Não há ideologia nem boas intenções que sobrevivam ao pântano moral carioca, a uma cultura permissiva, promíscua e quadrilheira que perpassa as administrações.
Virou um estilo carioca no mau sentido. O que era irreverência virou desrespeito, a graça virou grossura, a simpatia virou antagonismo, a malandragem virou crime.
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