terça-feira, 1 de janeiro de 2019

O ano em que a esquerda levou uma surra.

E o Pondé pegou pesado com a esquerda hoje em sua crônica na Folha.
2018 foi o ano em que a direita depois de muitos anos por baixo deu o troco na nossa esquerda que manteve a hegemonia desde que me considero gente, portanto desde os anos 60, nas universidades - em especial nos departamentos de humanas - na cultura, nas artes, na midia e que com a chegada do PT ao poder tomou conta do pedaço.
A partir dos anos 2000, começa a se estruturar um pensamento liberal através de institutos como o Millenium e o Van Mises. e alguns articulistas começam a aparecer na mídia confrontando o pensamento que reinou absoluto nos últimos 50 anos; Pondé é um deles. O embate de idéias revelou o que se suspeitava da esquerda. A tolerância, a aceitação da diversidade defendidos com veemência no seu discurso, não tem contrapartida na prática muitas vezes antidemocrática, autoritária e até desonesta intelectualmente.
Mas o que me incomoda mesmo nela é sua arrogância, sua aura de superioridade ética dada a primazia que dá a justiça social, a certeza de que são suas as soluções para os problemas crônicos do país, mesmo tendo fracassado algumas vezes aplicando-as não apenas aqui mas em  outros países. Confrontada, não argumenta, desqualifica o adversário.  Para comprovar, basta ler  um artigo na Época de 21/12- O ideólogo sem ideologia - em que o antes astrólogo e agora filósofo Orlando Carvalho é comparado ao ornitorrinco. De fato ele tem algumas fixações que fogem do razoável mas a maior parte  do que escreve faz sentido. A comparação é despropositada e mostra como vive numa bolha o  nosso articulista, o roteirista e documentarista Renato Terra. Deve viver o mundo dos cânones que estruturam o imaginário da esquerda que parece não se dar conta de que a vitória do Bolsonaro não é um retrocesso civilizacional e que nem todos seus ideólogos se tratam de pessoas disfuncionais. Há brucutus por lá normalmente pautados pela força e grosseria, mas não se trata da vitória da barbárie contra a civilização. Quem votou em Bolsonaro estava primeiramente farto da obra de 14 anos da esquerda.   Ele talvez represente a face mais radical dessa direita que começa a se expor no debate cultural brasileiro mas é uma escolha democrática e civilizadamente temos que desejar-lhe boa sorte e torcer para que não cometa as insanidades que por vezes proclama.
Ficaria feliz se a emersão da direita mais do que estabelecer o contraponto ao monocórdio - tudo pelo social - da esquerda,  na discussão dos nossos impasses civilizacionais, permita que se passe a  debater e a incorporar valores liberais e conservadores que sempre foram abominados por aqui mas que são prática corrente de povos mais rodados civilizacionalmente, como o valor do indivíduo, da realização pelo esforço individual, o reconhecimento pelo mérito, o ceticismo e a prudência diante dos fatos.
A esquerda mais reativa, entretanto, continua a dar sinais de que nada aprendeu com a surra. Fiel a sua tradição de impermeabilidade aos projetos de quem pensa diferente,  não compareceu à posse do novo presidente e promete um governo paralelo de resistência. 

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