É o quarto post sobre o tema em menos de um ano. Sintomático para um tempo e o país em que vivemos.
Em termos de tragédia, Ésquilo, Sófocles e Eurípides teriam farto e vasto material para se inspirar assim como Kafka para sua literatura sobre o absurdo. Somos, deveras, insuperáveis. Manter o Caminho do Meio budista no Brasil é uma tarefa reservada somente e tão somente aos Lamas.
Alguns comentários que repasso depois do que ocorreu em Brumadinho na sexta-feira que passou:
Vinicius Torre Freire , Brasil na Lama e nas Ruinas, Folha, 27.01Faz mais de cinco anos, a gente tem a impressão de que o Brasil está em ruína progressiva.
..........
o problema central do Brasil “é uma deformidade cultural", caracterizada, diz Navarro, por uma “invencível complacência, em relação a tudo e com todos, ainda que suas manifestações variem de acordo com as classes sociais. Trata-se de uma construção histórica e, por isso, estrutural, talvez impossível de ser mudada. E, não sendo mudada, nos condena às trevas para sempre".
...........Zander Navarro in Clovis Rossi, Uma Ruína chamada Brasil, Folha, 28.01
Fernando Henrique Cardoso gosta de relembrar uma cena na qual o historiador Sérgio Buarque de Holanda discutia o tamanho de algumas figuras do Império e ensinou: “Doutora, eles eram atrasados. Nós não temos conservadores no Brasil. Nós temos gente atrasada.”Foi a gente atrasada que levou o Brasil a ser um dos últimos países a abolir a escravidão e a adotar o sistema de milhagem para os passageiros de aviões, deixando a rota Rio-São Paulo de fora.É a gente atrasada quem trava os projetos de segurança das barragensque tramitam no Senado, na Câmara e na Assembleia de Minas Gerais.Essa gente atrasada estagnou a economia durante o século 19 e, no 20, faliu as grandes companhias de aviação brasileiras. No 21, produziu os desastres de Mariana e Brumadinho.
............Elio Gaspari, O conservador e o atrasado, O Globo, 30.01.
Nenhum comentário:
Postar um comentário