quinta-feira, 20 de junho de 2019

Desencanto


Eu faço versos como quem chora
 De desalento. . . de desencanto. . .
 Fecha o meu livro, se por agora
 Não tens motivo nenhum de pranto.
 Meu verso é sangue. Volúpia ardente. .
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
 Cai, gota a gota, do coração.
 E nestes versos de angústia rouca,
 Assim dos lábios a vida corre,
 Deixando um acre sabor na boca.
– Eu faço versos como quem morre.
Manuel Bandeira 

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