domingo, 27 de maio de 2012

Nada agradável para um domingo que amanhece...

Vai-me
um vazio pela alma,
uma aridez do deserto,
um sentimento de impotência.
Tudo se foi pelo ralo,
ética...fé...esperança.
Amor...
existes por acaso?
Não há transcendência,
apenas imanência.
Restam...
a beleza das flores,
os olhos (ainda) puros das crianças,
a suavidade das canções medievais e da Renascença.
...e uma grande questão:
Viver vale a pena?

(Fernando Pessoa diz que vale! ... se a alma não é pequena.)

Vale!

... prá ouvir Andreas Scholl cantando Now, oh, now I needs must part de John Dowland.




segunda-feira, 21 de maio de 2012


...e já que estamos falando de beleza... vai aí esse trecho do Pondé publicado na sua coluna de hoje da Folha.
Avalizo!
.......
E por falar em Chanel (que para mim significa "mulher bonita"), recentemente tivemos mais uma prova de que a natureza humana é atávica em suas mazelas, sendo a inveja uma das piores.
Já disse várias vezes nesta coluna que as mulheres bonitas são vítimas de perseguição por parte das feias -a velha inveja da beleza.
Em recente pesquisa sobre mercado de trabalho, publicada no caderno "Mercado" desta Folha (13/5), israelenses provaram que mulheres bonitas que colocam suas fotos no CV são constantemente eliminadas, não tendo chance de chegar nem a uma primeira entrevista.
E por quê? O fato é que o RH é comumente dominado pelas mulheres, e estas, aparentemente, temem que mulheres bonitas assumam cargos em suas empresas.
Incrível, não? Depois dizem que são os homens que atrapalham a vida profissional das mulheres bonitas. A verdade parece ser o contrário: se aumenta o número de homens envolvidos no processo decisório, a seleção pode deixar de ser injusta para as mais bonitas.
Já que estamos em época de cotas para minorias oprimidas, proponho cotas para mulheres bonitas nas faculdades, nas empresas e no governo. O mundo respira melhor quando tem mulher bonita por perto. Elas são o pulmão do mundo. 

Folha, 21.05.2012

domingo, 20 de maio de 2012



Tanta beleza!
Enquanto houver dela,
pelearemos!



(16a Exposição de Orquídeas de Niterói em Camboínhas - 19 de maio)

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Me voy a bailar...

Atentem para  a expressão corporal,
os olhos...
o brilho deles!
o jeito contido de acompanhar a música!
a timidez e a graça daquela cabecinha loura...
... e isso era UCLA...
claro... anos 60!
Depois...
o sonho acabou,
foi pro brejo!
Os bandidos ficaram com a grana!

A música?
Prá sair dançando por aí...



Tá tudo blue na baía...

All things must pass

Flores mortas,
pétalas ressequidas,
cores fanadas,
traços de uma opulência perdida
para o tempo voraz.
Lembram
a fugacidade dos dias,
a fatuidade da vida.

domingo, 13 de maio de 2012


Bebo, logo existo!

É título de um livro (Roger Scrunton - Ed. Octavo - 2011) que um amigo emprestou para ler. Deve  ter suas razôes para fazê-lo!
Trocadilho, tem lá seu encanto mas é banal e remete ao manjado Penso, logo existo cartesiano.
Cheia de ironia  é: Bebo para tornar os outros interessantes!  atribuida ao jornalista H.L.Mencken ( na realidade é de um amigo seu,Nathan) ( ah... o que o Google não faz!).
Ambas, páreo pequeno para as razões dadas para a bebida por Marmieládov a Raskolnikov em Crime e Castigo, depois de já ter bebido todas em uma taberna:

... E quanto mais bebo, mais sinto as coisas. É por isso que bebo, porque na bebida encontro o sofrimento... Bebo porque quero sofrer em dobro!




quinta-feira, 10 de maio de 2012


Música...
para uma alma que se despedaça,
que sobrevive aos destroços,
que padece!

Bergman e a banalidade da dor.

Slavoj Zizek, num ensaio sobre o Livro de Jó, faz uma leitura original da narrativa bíblica. No mito, os amigos de Jó insistem em responsabilizá-lo pelos infortúnios que lhe acontecem. Jó repudia com violência a explicação. Nada do que tenha pensado, dito ou feito, diz ele, justifica a enormidade de sua desdita. Zizek conclui que a sabedoria de Jó está em admitir que o sofrimento humano não faz sentido. Entre o que pensamos, dizemos ou fazemos e os sofrimentos que padecemos há uma lacuna instransponível. Em geral, a dor nasce de gestos e intenções banais, incomensuráveis em relação aos efeitos que produzem. Ao aceitarmos essa realidade, desoneramos nossa consciência da neurose e do narcisismo da falsa implicação. O peso da existência se torna mais leve.
Essa é a tese da banalidade da dor, sustentada por Zizek com o apoio de argumentos estoicos e lacanianos revistos à luz de Hegel. A retórica é, sem dúvida, sedutora e inteligente. Mas é para quem pode e não para quem quer. Ou melhor, para quem aceita calar sobre o que não se pode falar. Mas, e o que dizer dos outros; dos que insistem em continuar perguntando insensatamete por quê? Nesse caso, se a pergunta for feita por um artista excepcional, movido por um senso estético exorbitante e com os meios que só a magia do cinema pode proporcionar, tem-se como resultado Ingmar Bergman.
Bergman não aceita a saída do Jó zizekiano. Seus enredos começam pelo fim. Começam no momento em que a maioria de nós, sensatamente , desiste de explicar e entender. Nesse ponto, ele dá início ao processo de julgamento da dor. Tamanha desmedida, parece dizer Bergman, só é entendível se pularmos na escuridão dos mais íntimos sentimentos. Com um rigorismo luterano, ele confina os protagonistas das histórias em cenários assombrados por espectros de culpas, ressentimentos, remorsos e infelicidades. Em seguida, obriga-os a confessar o que ignoravam saber; a secar lágrimas e memórias em busca do tempo perdido e, por fim, a deixar no ar a crença freudiana dos órfãos de redenção: A intenção de que o homem seja feliz não entrou nos planos da Criação.
Engana-se, porém, quem vê no cinema de Bergman um elogio à melancolia ou ao desencantamento do mundo. O que há é o destemor e vontade de afirmar obstinadamente o valor da dignidade humana. Pois se a dor pode ser banal, nós não somos. O sujeito, em Bergman, persiste em querer o impossível; em sonhar com o inalcançável e em enfrentar de cara limpa a inadequação, o desengonçamento, o jeito gauche de que somos feitos. Da precária marca humana, ele extrai um universo de beleza extasiante e, de sobra, relembra a dimensão celestial ou infernal da grandeza humana, isenta de leviandade, superfluidade ou espírito de rebanho.
Algo mais sobre Bergman? Sim. Tudo que você quiser saber sobre ele, jamais poderá ser dito. Tem que ser visto.

Jurandir Freire Costa é psicanalista. (O Globo, 05.05.2012)
... no CCBB até 10 de junho.

quarta-feira, 2 de maio de 2012


Entre orquídeas,
táxis argentinos,
crisântemos e margaridas,
ganho a companhia de morcegos,
quem diria!
Dupla (casal ?)  simpática!
Cruza silenciosa a sala,
entra pela área de serviço,
sai pela porta da varanda.
Fazem o périplo,
evoluem prá mim,
alegres!
Estou em boa companhia.
( ... se esquecermos os táxis argentinos!)
Táxi argentino
...
A loura entrou no Aboim, o bunda de fora da Souza Lima. Comprou um refrigerante e quando saiu foi acompanhada até a calçada pelos olhares embevecidos de todos, menos de um sujeito que no balcão estava e ali ficou. Disse: Essa loura  é táxi argentino. Amarelo em cima, preto embaixo.
(Gente Boa - Joaquim Ferreira dos Santos - O Globo 21.04.2012)
....
Depois de um dia horrível no trabalho, com mil brigas com chefes (prá variar!), essa história me lembra que nas estradas da vida a toda hora nos deparamos com táxis argentinos. Duro é distinguir quem não o é,  para não cometer injustiça.
  • Classe é classe!
  • O  império (velha e pérfida Albion...para quem não gosta!) não perde o charme mesmo na adversidade!

 Enchente na cidade de Worcester, no sudoeste da Inglaterra, provocaram essa cena: cisnes nadando onde era uma rua da cidade David Jones
(Folha 01.05.2012)

terça-feira, 1 de maio de 2012


Livre pensar é só pensar... (dizia o Millor)

Nunca desista do seu sonho!
(proclamam os mercadores de ilusão.)

É... pode ser...desde que ele seja factível.

Há beleza sim...

na Natureza.
Serena e discreta
na vitória-régia.
Exuberante,
quase delirante,
nas cores e formas
das orquídeas.


(fotos tomadas no Jardim Botânico, em 29.04.2012)