segunda-feira, 31 de julho de 2023

Não me cai bem...

o sufixo -ista: bolsonarista, desenvolvimentista, petista, lulista, y - per supuesto! -  gremista.

Sou conservador nos costumes, um tanto liberal, outro tanto social-democrata (na linha da Doutrina Social da Igreja católica) em política e economia, y - per supuesto! -  colorado.

Fujo dos extremos, da revolução, das utopias. Intelectualmente foram minha praia na juventude e início da maturidade.  Depois dos quarenta, entretanto, a praia foi gradativamente  invadida pela sensatez da idade da Razão.

Freudianamente falando, o Princípio do Prazer cedeu espaço para o Princípio da Realidade.

domingo, 30 de julho de 2023

Futebol feminino goela abaixo.

Gosto de ver futebol. Diria até que hoje ligo a TV quase que exclusivamente para ver jogos desse esporte; campeonatos europeus, em especial a Premier League.  Considero o nível do futebol feminino, com raras exceções, básico;  um salto quântico abaixo do masculino porisso raríssimamente o assisto. 

A realização da Copa tem provocado uma mobilização incomum em torno do evento. Decretou-se ponto facultativo nas repartições públicas - onde mais seria? - na hora dos jogos. A Rede Globo enviou  uma grande equipe para o local das competições e há boletins em todos os seus noticiários. Mas até aí tudo bem... assiste aos jogos quem quiser.  

O que dizer então da coluna do Ricardo Kotshcho para a UOL com o título de: Seleção feminina não é só das mulheres: cadê os homens na nossa torcida?  surpreso com a pequena presença de homens assistindo ao jogo da seleção contra o Panamá. Será que seremos obrigados num futuro próximo a sentar diante de uma tela para assistir aos jogos da seleção feminina, sob pena de sermos  acusados de machistas e preconceituosos?

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Afora a final, continuarei alheio ao evento.  Caso haja alguma seleção que cause, talvez me motive a vê-la, sempre com um olhar cético, porque a espetacularização pela imprensa, faz parte do negócio. Terei, certamente que aturar os óbvios ativistas de gênero que na intolerância que lhes é habitual me colocarão o post-it  de machista e preconceituoso. Tempos pós-modernos!


Estamos terminando o mês mais quente da história

Incêndios na Sicilia, sul da Itália (O Globo)

...desde que os registros de temperatura tiveram inicio, por volta de 1800. Aquecimento global já era, entramos na era da fervura global como declarou o secretário-geral da ONU, Antônio Guterrez, de acordo com matéria publicada em O Globo, com dados e declarações de quem entende do riscado bem preocupantes. 

Apesar do panorama sombrio que se desenha para o futuro, as negociações entre as grandes economias do mundo (G-20) para enfrentar o problema estão paralisadas como revela matéria do Valor Econômico.  Eles colaboram com 3/4 da produção de gases-estufa do planeta e sequer chegaram a um acordo para um comunicado final sobre as questões do clima na sua última reunião; países exportadores de petróleo e gás natural não permitiram que se fizesse menção à redução de produção e consumo de combustíveis fósseis, com vários vetando, inclusive, uma meta para expansão das energias renováveis. 

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Tecnologia para combater a produção dos gases-estufa existe mas...

  • como são caras economicamente e vão deixar o planeta mais pobre,  ninguém quer assumir seus custos. 
  • como seus efeitos são de longo prazo, não são interessantes politicamente já que os profissionais da área pensam apenas a curto prazo. Afinal precisam se reeleger.

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O que não falta é palavrório sobre o tema, tanto  na mídia, onde há jornais como o Valor Econômico que publicam regularmente o Práticas ESG, um caderno especial sobre a matéria,  além de toda a embromação em torno dessas práticas nas empresas. Ontem acessei o site institucional de Vale, e a preocupação com o meio-ambiente ganha o maior destaque nas suas páginas. Até parece que os desastres ambientais de Brumadinho e Mariana foram em outro mundo!  É o velho abismo entre as palavras e a ação.

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Enquanto isso,  as temperaturas não páram de aumentar. Até onde esticaremos a corda? 

Há quem diga que estamos na antessala do Inferno de Dante.

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O que pensar desses senhores e senhoras, que dizem que a coisa mais importante do mundo são seus filhos, mas que com suas decisões na esfera da política e dos negócios passam a conta ambiental prá eles? Ou de boa parte de meus coleguinhas, geólogos do petróleo,  que se recusam a reconhecer a responsabilidade da ação antrópica no aquecimento global? 


sexta-feira, 28 de julho de 2023

Acredite se quiser...

Tem turista que faz selfie com aquele ar de toda a felicidade do mundo, tendo como pano de fundo o campo de Auchwitz.

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Prá rir, certamente não dá. Alguns podem até chorar mas creio que  o melhor seria  vomitar... Entretanto,  como vivemos  tempos  interessantes, provavelmente muitas mentes descoladas diriam:

- Por que não?

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Soube pela interessante matéria do Financial Times publicada pelo Valor a respeito da crescente insatisfação com a presença de turistas, movimento que agita particularmente cidades européias ansiosas por terem um pouco mais de tranquilidade.

terça-feira, 25 de julho de 2023

País distópico

 ...onde a corrupção corre solta, mas não há corruptos, parafraseando o Josias de Souza.

...onde a pretexto da democracia e da manutenção do Estado Democrático de Direito pratica-se o arbítrio. Os mandos e desmandos que parecem não ter fim,  do eminente Xandão, ministro do STF, estão aí para comprovar.

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Pior mesmo é o silêncio, quando não aprovação, de muita gente boa, instruida, formadora de opinião a respeito de ambas.

Que tal uma "harmonização do pênis"?

Eu já ria da capacidade do marketing - acredito tenha sido inventada por lá - de criar paráfrases fajutas para procedimentos com termos já consagrados como harmonização facial para a manjadérrima plástica, mas confesso que harmonização do pênis foi além de tudo que eu imaginava.  

Primeiro pelo procedimento que eu desconhecia: - Quer dizer, então, que podemos dar uma guaribada tanto no comprimento quanto na envergadura do nosso principal - para muitos! -  instrumento de trabalho? Ah... a evolução da ciência e da técnica, com a grana como propulsora!

Depois pela cafonice da paráfrase: harmonização do pênis! Aí nos deparamos com o marketing, outra das pragas da pós-modernidade, embora considerada ferramenta indispensável para o sucesso nos dias atuais.

Estou ficando a beira do caminho.

Maiores detalhes no artigo da UOL.

O desafio da montanha




Foi um sonho adiado pelo menos por um ano devido a várias intercorrências: problemas com o calçado, uma queda que machucou meu joelho esquerdo portador de uma artrose profunda e por fim o tempo muito chuvoso a partir de novembro que se estendeu por todo o verão. No ano atual um corte profundo no pé direito só permitiu minha caminhada em julho. 

Enfim, chegou a hora e no dia 17 ensaiei os meus primeiros passos no Caminho da Fé. Pretendia percorrer o trajeto tradicional de Aguas da Prata-SP até Aparecida-SP; em torno de 300 km. Queria testar meus limites; sou um velhinho de 72 anos com sérios problemas de artrose no joelho esquerdo. Seria também um laboratório para um caminho maior; aquele de Santiago, embora este tenha um grau de dificuldade bem maior.



Não passei da primeira etapa. Sofri um entorse no tornozelo esquerdo que me fez desistir no 2o dia de caminhada, após ter percorrido os 30 kms iniciais até Andradas-MG e um obstáculo subestimado pelas
informações que possuia: o Pico do Gavião. Mas foram muitas as lições. 

A mais importante é a humildade com a montanha. Enfrentá-la com parcimônia, dosando suas forças,  particularmente em suas subidas e descidas mais íngremes, caso contrário... Só não fiquei pelo caminho pois percorri os 7/8 kms finais sem a mochila que pegou uma carona com  um carro de apoio de outro grupo de caminhantes. 

As outras foram, o peso elevado da mochila- entre 7 e 8 kg, o máximo permitido para meu peso, mas alto devido a minha condição de ancião - e a hidratação deficiente. Boa parte do caminho, particularmente trechos íngremes são feitos com o sol fustigando seu corpo nas horas mais desfavoráveis do dia. Peso e calor, associados a trechos de subida e descida íngremes compõem uma tríade de fatores  que se não encarados com seriedade, podem retirá-lo de combate.

Sobraram  presunção e peso na mochila, faltou hidratação. Permiti que a fadiga chegasse a seu gráu máximo e após o vigésimo km ao parar para tomar água desfaleci, sendo acudido por um grupo que caminhava próximo. Hidratado, percorri o trecho final livre da mochila. Foi um dia penoso, coroado pelo entorse que ocorreu quando perdi os sentidos.

Lições aprendidas, pretendo retornar em 15 dias. Não descansarei enquanto não vencer a(s) montanha(s). São várias: Pico do Gavião, Serra dos Lima, Serra do Caçador, Serra da Luminosa além da descida íngreme das Pedrinhas entre  Campos do Jordão e Aparecida.

Haja fôlego, juizo e fé. Ou... parafraseando os gaúchos:

- Não podemo se entregá pros home! 


Um tributo para Doris

Sempre apreciei o timbre delicado e o balanço de sua voz; não  por acaso foi considerada a Rainha do Sambalanço. No auge do rock, do pop, da MPB, eu gostava de ouvir  Doris Monteiro. Ela era a única representante de um estilo musical que não me dizia nada à época, entretanto  eu a ouvia. Seu auge foram os anos 50 e 60,  na transição do samba-canção para a bossa nova. Foi grande intérprete de ambas.

Só aprendi apreciar bossa nova, e a turma da velha guarda: Eliseth Cardoso, Caubi....  depois dos meus 50 anos. Perdi meu tempo com muita bobagem antes; Jovem Guarda, por exemplo... mas sacudia os quadris!

Ontem, ela se foi; em dobradinha com Leny Andrade, marcadamente mais bossa-nova e jazz (fazia um scat como ninguém por aqui). 

 Caramba, todos estão se indo aos magotes.