domingo, 28 de setembro de 2014

Do imaginário (torto) desse país

O Brasil não cabe dentro de um poço de petróleo, nem deve esperar por ele.
Cristovam Buarque - O Tamanho do Pré-Sal - O Globo, 20.09.2014
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No país onde o atalho é sempre o melhor caminho; malandragem é virtude; amigos e parentes são os melhores; o bico da pena impõe-se à realidade,  arrumaram mais uma. O petróleo como salvação da Pátria e a Petrobras como uma questão  nacional. O Brasil é muito maior do que a Petrobrás e há muitas outras prioridades além do petróleo.

Já preparou sua delação premiada?

Foi a pergunta que me endereçaram os colegas da turma de degustação da ABS no nosso último encontro. 
É extremamente penoso ouvir isso, mesmo que em tom de galhofa, depois de dar os melhores anos da sua vida -  37 anos de trabalho sem nunca ter pedido promoção, consultoria a gerente algum -  e de conduzir sua vida como um pacato cidadão de classe média, dentro das possibilidades que o salário lhe permitia.
Sempre ouvia-se falar de irregularidades deste ou daquele diretor, mas eram casos pontuais. Com esse governo as acusações de  irregularidades aumentaram geometricamente - e olha - das que ouvi, nenhuma referia-se ao  diretor hoje preso. Entramos no mesmo ano na empresa e por muitos anos trabalhamos na mesma unidade embora em gerências diferentes. Somos da mesma geração. Aquela... que ia mudar o mundo. Deu nisso aí!
Mais doloroso é saber que outros há, além do que está na berlinda. Oxalá, a justiça os apanhe também.

sábado, 27 de setembro de 2014

Cogito, ergo sum.

Penso,
logo hesito,
desisto.
Reconsidero,
insisto, persisto.
...me entrego.
Penso,
logo existo.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O mundo fez de mim uma puta. Vou fazer desse mundo um bordel.

É a frase de uma velha prostituta de uma peça de Friedrich Dürrenmath - A Velha Senhora - citada por Fernando Gabeira na sua coluna de O Globo, de 07.09.2014 para ilustrar o que aconteceu com a esquerda no poder nesses 12 últimos anos. Os escândalos na Petrobras e a reação asquerosa à ameaça da perda das eleições presidenciais são um retrato perfeito do clima de bordel que vive o país. As putas... bem... essas todos sabem quem são. Invadiram-nos  nos últimos 12 anos com um discurso regressivo, uma postura fascista que temperadas com a clara perda de compostura dos últimos dias, assusta. As outras opções são PSOL, PSTU,  PCO  que Reinaldo de Azevedo chama - com razão - de  pterodáctilos na sua coluna da Folha de hoje. São mesmo, em economia especialmente.
Ficou na saudade a velha esquerda que acreditava - equivocadamente - na onipresença do Estado na nossa vida mas não refocilava na lama como a nova esquerda petista. Um dos seus representantes é Ildo Sauer, que afastado da Gerência de Gás e Energia da Petrobras revelou que uma das razões seria a fato de ele não estar ajudando  muito o Lula; já o Paulinho o fazia - segundo declarações do próprio a um deputado da base. (Demétrio Magnoli - O Petróleo é deles - O Globo, 12.09.2014)  Agora sabe-se muito bem o que esse ajudar significava. O Paulinho (Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobrás) está  preso, com seu nome ligado a desvios que giram em torno de 10 bi de reais na companhia.

PS - Nem todos os petistas podem ser comparados àquela velha senhora da peça. Há as exceções, Aquelas de praxe, para confirmar a regra.

Livre pensar é só pensar...

...como escrevia o saudoso Millor.

A  diferença está na qualidade do barro com que  fomos feitos.

sábado, 13 de setembro de 2014

Marinei

Se até alguém com confessados pendores éticos consequencialistas está achando que está demais, é porque está mesmo. Eu acho tudo isso  nojento! 
Desculpem-me os simpatizantes desse governo mas votar no que está aí  é de alguma maneira compactuar com essa nojeira. É justificar os meios empregados para atingir um fim. É o fim da picada.
Faço pacto até com o diabo prá desapear esse pessoal do poder.
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Decência perdida


SÃO PAULO - Dilma Rousseff, até prova em contrário, não é vilã de filme de Hollywood. Como, então, autorizou sua campanha a desferir ataques tão baixos e politicamente inconsistentes contra Marina Silva?

A racionalização mais óbvia para esse tipo de situação recorre à ética consequencialista. Não se faz omelete sem quebrar os ovos. Se Dilma está convencida de que tem o melhor projeto para o país, precisa necessariamente vencer o pleito para poder implantá-lo. Fazê-lo pode cobrar alguns danos colaterais.
Há outros fatores ligados à "Realpolitik", mas que não convém ao PT explicitar. O mais crítico é que, se o partido for derrotado, milhares de militantes e aliados perderão empregos, cargos de chefia e esquemas.
É verdade que a política não é para anjos. Quem se dispuser a fazê-la com base na obediência cega a preceitos morais irá quebrar a cara, ou, pior, flertar com distopias do tipo do Estado Islâmico. Se a política tem um princípio irredutível, é o de que é quase sempre possível forjar soluções negociadas que, se não contentam a todos, ao menos poupam a sociedade de traumas maiores.
A questão que se coloca para o eleitor normal, isto é, sem interesses materiais diretos na vitória deste ou daquele candidato, é até que ponto deve tolerar que os chamados imperativos de realidade prevaleçam sobre princípios morais caros à coletividade, como não mentir (pelo menos não muito descaradamente), combater adversários com lealdade etc.
A maldição ética da humanidade é que estamos condenados a saltitar eternamente entre as lógicas consequencialista e principista, que, em estado puro, se revelam ambas inutilizáveis. A proporção exata desses dois ingredientes que cada um está disposto a admitir é receita pessoal e intransferível. Sinto-me, porém, obrigado a dizer que, mesmo com confessados pendores consequencialistas, penso que o PT abandonou o necessário senso de decência.


HÉLIO SCHWARTSMAN
Folha, 13.09.2014

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Afinidades

Presidenta
é uma palavra feia.
Soa mal.
Suprema ironia,
rima muito bem  com anta,
palavra com sentido pejorativo
que seus adversários lhe atribuem.
É musical!