quinta-feira, 22 de abril de 2021

Dinheiro público = Dinheiro do Contribuinte

Já tem tempo que circula pelas redes o video de um discurso de Margareth Tatcher - odiada por 10 entre 10 progressistas - que deveria ser programa obrigatório de uma matéria que já foi - não sei se hoje é - parte do currículo das nossas escolas de nível médio. Algo parecido com Estudos de Problemas Brasileiros que tínhamos no primeiro semestre  da Universidade e que infelizmente abominávamos por preconceito. Uma visão de como funciona o Estado nos seus diversos entes, como se fazem as leis e, muito especialmente, como ele se financia. Forneceria subsídios necessários e fundamentais para a escolha dos jovens nas eleições e para seu posicionamento no espectro político do país. 

Tudo o que ela diz é de suprema importância, mas lapidar é a frase: 

Não existe essa coisa de dinheiro público, existe o dinheiro do pagador de impostos.



terça-feira, 20 de abril de 2021

O mal-estar da cultura

 ....de Freud está condensado nesta frase de S. Paulo (1Cor, 6,12):

Tudo me é permitido, mas nem tudo convém.

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O mal estar na cultura é um mito fundacional, um argumento a respeito da origem da atual ordem social, e na verdade, do aparecimento da humanidade, uma teoria antropogenética. É também uma versão do contrato social, uma teoria sobre o que justifica a ordem moral - reconhecidamente uma história um tanto indiferente e menos do que entusiástica, um endosso menos que apaixonado. Contém uma sugestão  para modificação do contrato, para uma diminuição da sua severidade, embora isso se faça acompanhar de um medo visível das possíveis consequências  da suavização de seus termos. A ambivalência pouco entusiasmada do contrato social de Freud é um dos seus aspectos mais notáveis. O tom é: isto é o melhor que poderíamos fazer... Talvez possamos nos sair um pouco melhor sendo menos severos conosco; mas estou apavorado com minha própria audácia em fazer tal proposta. Há alguns entre nós que poderiam tirar proveito disso. Isso poderia conduzir a uma catástrofe.

Gellner, E., Antropologia e Política, Zahar, 1995.

Grifei a parte final do texto que deixa bem claro os temores de Freud com sua proposta que poderia nos conduzir  para um beco sem saída (catástrofe)... Penso que já estamos metidos nele até o pescoço.

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Impressionante a cultura do autor de Antropologia e Política. Trafega tranquilamente pelas ciências sociais e humanas. Lembro de outro: Terry Eagleton. Seguramente não temos mais intelectuais desse porte atualmente.  São necessárias muita horas de leitura para adquirir tal sofisticação. O século XXI rescende a néon e  imagens. 

Voltarei mais tarde ao livro que dormitava na minha modesta biblioteca.


segunda-feira, 19 de abril de 2021

Párias do meio-ambiente, leprosos na saúde.

 É assim que o mundo nos vê e nos trata. Graças ao governo desastroso e desastrado do Capitão Cloroquina que reina mas não governa na frase feliz do cientista político Marcus Andre Melo.

Da velhice

É época de Oscar - hoje a premiação mais badalada do cinema; em outros tempos  havia Cannes, Berlim, Veneza - e dois filmes sobre a velhice estão em evidência:

Meu Pai com Anthony Hopkins, em interpretação memorável - segundo os entendidos merece fácil o Oscar, mas não vai levar - de um octagenário que aos poucos vai perdendo a memória. 

Druk - Mais uma rodada, do dinamarquês Thomas Vinterberg, aborda a meia-idade - um grupo de professores quarentões em crise existencial . Chamou minha atenção pois eles enveredam pela bebida para tentar superar suas frustrações de acordo com o artigo do  L.F. Pondé na Folha de hoje. 

Vê-los, pelos mais diversos motivos que me atingem diretamente - Hopkins, a velhice, a condição de bebedor além do razoável - tornou-se uma obrigação. Minha condição de rato de cinema no passado, me tornou um desadaptado para Netflix e similares.  Quem sabe o apelo desses dois filmes me motive a sentar duas horas diante de uma tela de TV ou do computador. Bom mesmo era o escurinho do cinema.

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No artigo, impagável o termo - analfabeto existencial - para definir a condição assumida por muitos  heterosexuais para se distinguir dos gays. Ousaria dizer que em nossos dias os indigentes existenciais são legião. Superam em muito os heteros do Pondé.


domingo, 18 de abril de 2021

Uma escolha de Sofia

 ...é o que nos reserva 2022.  Ao fim e ao cabo do processo eleitoral, teremos que optar entre um corrupto (Lula) e um genocida (Bolsonaro) para a Presidência da República,  como escreveu  Helio Schwartsman na sua coluna da Folha de ontem.

Infortúnio pouco é besteira. No Brasil, o pecado original parece que foi maior.

terça-feira, 6 de abril de 2021

Lulo-petismo

 A coluna da Folha,  Entendendo Bolsonaro de ontem, bem que poderia ser Entendendo a Esquerda - brasileira - diga-se de passagem. A entrevista com o professor de literatura Idelber Avelar que leciona nos Estados Unidos,  é um prato cheio para quem quer conhecer um pouco do way of life da esquerda nacional.

Pertinentes as considerações à postura maniqueísta e arrogante que ela adota face a quem a critica. Idelber ousou fazer isso e logo foi acusado de ser de direita - o que parece tê-lo abalado -  pois desenvolve parágrafos inteiros tentando justificar sua trajetória de esquerda. 

Para quem vive por aqui, a visão binária/dualista e a arrogância de saber qual é o lado certo e de ocupá-lo, nada tem de inusitado. Nossa esquerda, mal acostumada com os longos anos em que reinou nos meios acadêmicos e culturais do país, reage feito criança mimada quando contrariada. Faz uso do recurso que era letal na segunda metade do século XX quando dava as cartas nestas terras d'além-mar lançando um - é de direita! - para quem ouse contradizer suas teses. A pecha de direita funcionava como um anátema na visão de mundo daqueles tempos em que os mocinhos eram de esquerda e os bandidos de direita. 

Naqueles tempos bastava criticar a visão de mundo que reduzia tudo a esquerda e direita para ser considerado de direita. Diz tudo.  



sexta-feira, 2 de abril de 2021

O Abril mais triste de nossas vidas

 é o que prevê a pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo em entrevista para a GloboNews. Acabo de ouvir do prof. Miguel Nicolelis na mesma emissora que a situação está tão fora de controle que até as previsões se tornaram difíceis, mas que mantidas as condições de contorno chegaremos a 5000 mortes diárias em abril/maio. Disse mais, no período, o número de mortes poderá superar o número de nascimentos no país, um fato inédito.

Há um mês, pouco mais... quando andávamos na casa dos 200 mil mortos, ouvi do Secretário de Saúde do Maranhão que coordena o comitê de controle de pandemia dos estados de que poderíamos chegar a 500 mil mortos no final de junho. Achei absurdo; não acho mais. Se não em junho, muito provavelmente em julho, caso tudo se mantenha inalterado. 

Já há companhias aéreas  recusando-se a voar para o Brasil. Até a Bolívia, que sempre olhamos com ares de superioridade, está fechando as fronteiras para nós. Estamos adquirindo a condição atribuída aos leprosos na Idade Média.