domingo, 29 de março de 2015

Simples assim.

O Rio não é uma cidade maravilhosa, é apenas um cenário maravilhoso  para uma cidade.

Elisabeth Bishop
(morou por aqui muitos anos, mas tinha opinião bem pouco lisonjeira sobre o Brasil e os brasileiros)


Maravilhoso cenário continua a ser, mas a cidade maravilhosa se foi. E lá se vão anos. Elisabeth andou por aqui na década de 50 do século passado. De lá prá cá o  pior levou quase sempre vantagem sobre o melhor.  O bicho-homem fez dela  uma urbe violenta, desleixada.
Paisagem recorrente porque caminho para o trabalho, as águas negras repletas de dejetos  e com odor nauseabundo do Canal do Cunha mostram o lado B daquela que num passado remoto mereceu o nome de maravilhosa. Quadro desolador  mas - ironia! - emoldurado pelo maciço da Tijuca e o  Corcovado quando avistado da  ponte do Saber. É a surra continuada que a geografia humana aplica à geografia física.

Pobreza de espírito, de alma, de tudo!

Lí por aí que....

VIP é o cara que nasceu prá ter.

Estou impressionado. Tem gente que pensa assim e ainda o escreve! Começo a acreditar que estamos à beira do abismo.

sexta-feira, 27 de março de 2015

País do futuro

Com o Renan Calheiros e o Eduardo Cunha dando as cartas e dizendo prá que lado o vento sopra não tenho dúvidas; o futuro desse país é o ralo.
Concordo com o que Michel Laub escreveu hoje na Folha no seu artigo Resumo do Circo a respeito do nosso futuro como país:  algo entre a Itália, a Rússia e a Argentina, com toques de "House of Cards" e revisita (sempre) a José Sarney.
Infelizmente é o nosso DNA.

segunda-feira, 23 de março de 2015

domingo, 22 de março de 2015

Você é o cara, negão!

O trabalho se encarrega de cuidar da alma. Do resto se encarrega a vida.
.
James Robertson (56), negro, morador de Detroit, que diariamente caminha 32 km para ir e
voltar de trabalho, além dos dois ônibus que utiliza. Tudo por U$320,00 semanais.
O cara de Detroit - Dorrit  Harrazim - O Globo - 22.03.2015

Hold on!

É a história da minha vida.
Resistir!

sábado, 21 de março de 2015

Museu da Corrupção

Com todas essas obras de arte apreendidas bem que o governo podia pensar em arrumar um prédio, ou quem sabe aproveitar aquele da Fundação Lula, acrescentando-lhe  um puxadinho. Nada mais oportuno, já que elas são fruto de delitos cometidos nesses anos de (des)governo petista.
Já são 203 obras que incluem trabalhos de Miró, Dali, Di Cavalcanti, Iberê Camargo, Guignard, Heitor dos Prazeres... Nessa toada em breve alcançaremos o milhar.
Só na casa do coleguinha Renato Duque foram apreendidas 139 obras. E ele disse que vai provar que comprou-as legalmente. Estou curioso para ver a fábula que os advogados irão montar prá ele se safar.
Morro de inveja desse meu antigo vizinho de prédio em Macaé da década de 80 no já distante século passado. Morava melhor do que ele porque no segundo andar; ele vivia com mulher e filho num apê de dois quartos no térreo. Os tempos se passaram e ele acabou numa casa em um condomínio da Barra abarrotada de obras de arte que se espalhavam pela sala, escritório e sala de jogos segundo os jornais.  Eu, louco pra ter um quadro daqueles caras nas paredes nuas da minha sala, desconsolado sei que isso jamais será possível dado os caraminguás do meu salário. Alguém duvida de que no Brasil o crime não compensa?

sexta-feira, 20 de março de 2015

Harmônica ( gaitinha-de-boca para o vulgo)

Ah... como gostaria de tocá-la. É uma das minhas frustrações.
Sou, entretanto, um homem sem qualidades; provavelmente mesmo com um  sino eu sentiria dificuldades.
Resta-me ouvi-la e apreciá-la até onde minha sensibilidade permite.
Prá começar um bam bam bam internacional:  Toots Thielemans. Aqui com Pat Metheny.


terça-feira, 17 de março de 2015

Panelaço

Não é o rufar dos tambores,
nem o ecoar dos clarins
anunciando novos tempos.
Ouço assustado,
o som disforme,
desafinado
das panelas
anunciando  o fim dos tempos.
Há raiva, revolta,
desencanto.
O povo está cansado
de lero-lero, lorota.
Nossos homens públicos,
prometem, não cumprem.
Mentem.
Até quando?

domingo, 15 de março de 2015

É muita cretinice!


Não estou na lista. Em 48 anos de vida pública, sempre fui correto. Estou com Janot: se alguém deve, tem de pagar.
 
DE PAULO MALUF (PP-SP), deputado federal, diante da citação de 30 políticos de seu partido, o maior número entre todas as siglas, na lista da Lava Jato. Painel - Folha, 08.03.2015

Será que ele não participou da manifestação ontem?  livre, leve e solto......No Brasil, por supuesto!
Esse é o exemplar típico do  bem resolvido desses tempos sem eira nem beira onde certo e errado andam misturados numa geléia geral de arrepiar. Cadê os end points? Mesmo existindo apenas teoricamente,  eles devem estar sempre presentes no imaginário de cada um.

quarta-feira, 4 de março de 2015

Lisbon Revisited

LISBON REVISITED
(1923)

Não: não quero nada.

Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!

Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!

Ó céu azul — o mesmo da minha infância —
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.

Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!
Álvaro de Campos