sexta-feira, 27 de julho de 2012


Que viva a noninha!

Ninguém vive impunemente 88 anos! (completou  dia 20...)
O médico diagnosticou  lesão isquêmica arterial;isso leva a uma alteração no rítmo cardíaco e a dificuldades de circulação especialmente nas extremidades o que provoca suas úlceras no tornozelo da perna direita.
É... a morte, essa nada amável senhora que a todos quer em seu regaço, está seriamente interessada nela. Mas a noninha, na sua quietude que a todos encanta,  vai sair dessa!
Força noninha!


quarta-feira, 25 de julho de 2012

Por outro lado...

 Há lugar para a coragem da individualidade humana. Entretanto, o final feliz, pelo menos nessa história, é ficção.

 João Pereira Coutinho

 A dignidade dos feios

 ERNEST BORGNINE morreu há três semanas e nem uma palavra minha nesta Folha. Que injustiça: para mim e para Borgnine, um dos meus atores de eleição
. .....
Mas, para a posteridade, ficará a sua composição em "Marty", obra de Delbert Mann que valeu o Oscar de melhor ator em 1955. Nada mais justo: "Marty" é um tratado precioso sobre a dignidade dos feios e a coragem da individualidade humana.
Para começar, o mundo é dos belos. Negar para quê? Faz parte da retórica bem pensante dizer que a beleza não é fundamental. Há quem fale até em "beleza interior" para compensar o estrago e atribuir uma espécie de indenização ética ao sujeito.
Não vale a pena mascarar a verdade ou confundir as verdades: a "beleza interior" pode ser relevante, e até mais relevante, do que a superficialidade da carne.
 Mas é para essa superficialidade que se olha primeiro -ou que se rejeita primeiro. A ideia pode não ser agradável para quem pensa que todas as desvantagens da vida são produto de uma "construção social" defeituosa.
 Infelizmente, a realidade não se ajusta a fantasias. A natureza é um cassino. E nem tudo obedece aos caprichos igualitários do nosso tempo: alguns foram bafejados pelo escopo da beleza -e outros, simplesmente, não.
Marty não foi: ele é gordo e feio. E nem sequer tem fortuna pessoal para cumprir o demolidor aforismo de Nelson Rodrigues sobre o assunto ("Dinheiro compra tudo, até amor verdadeiro").
Aos 34 anos, Marty é um solitário. E todos lhe perguntam, ao balcão do açougue onde trabalha: "Quando casas, Marty?". Pior: todos cobram esse feito, como se existisse um prazer perverso na humilhação perversa dos feios.
Marty escuta e sofre: em silêncio. Os irmãos arrumaram a vida: têm filhos, mulheres, famílias. Casas nos subúrbios.
Ele, Marty, continua a morar com a mãe. Que também lhe pergunta: "Quando casas, Marty?". De vez em quando, ele sai com os amigos aos sábados à noite.
Para ver o mercado e testar a sua baixa cotação na praça. Mas Marty está cansado de procurar companhia. Porque está cansado da rejeição.
 "Marty" começa por ser uma pequena pérola sobre esse grande tabu: a rejeição dos feios, a angústia que existe nessa rejeição, e o cansaço de quem tentou uma vez, e outra, e outra ainda, para receber apenas desprezo ou repulsa de volta.
Poucos filmes captaram de forma tão digna e pungente a tristeza da feiura.
 Mas "Marty" vai mais longe e mostra como a vida adulta é sobretudo definida pelas escolhas que fazemos: escolhas nossas, radicalmente nossas, mas tantas vezes ensombradas pela opinião dos outros.
Isso sucede quando Marty conhece finalmente um par. Clara (Betsy Blair, no filme) é uma "outsider" como ele -feições modestas, igual desesperança no afeto alheio. Mas é doce, atenta e presente, alguém com quem ele fala sem parar na primeira noite.
Marty encontrou alguém. Marty sabe que encontrou alguém. Mas o exército dos solitários inicia as suas operações: a mãe viúva que teme o abandono do filho, os amigos celibatários que invejam a sorte de um membro do clube, todos eles começam a encontrar defeitos na escolha de Marty. E a dar palpites ou sugestões para o desviar da sua rota.
Marty fica confuso, medroso, melindrado. Mas é quando se encontra novamente só que a epifania acontece: a vida só lhe pertence a ele, não ao coro grego que pretende determinar o seu destino.

Moral da história?

 Enganam-se os que pensam que a afirmação da individualidade é sempre um ato heroico e prometeico, como nas óperas de Wagner ou nos textos de Nietzsche. Grande parte da nossa individualidade joga-se todos os dias nas pequenas decisões anônimas que tomamos. Joga-se, no fundo, nesses momentos em que pesamos a nossa covardia e a nossa coragem.

E decidimos depois seguir em frente.

Folha, 24.07.2012
Apaixonante esse tema. Também tenho essa visão trágica da vida, apesar de ter me educado e ser fortemente influenciado pelo projeto moral cristão. A vida e a natureza nos ultrapassam. Na realidade elas dão de goleada ! Nossa hybris muitas vezes tenta enfrentá-las mas o castigo sempre vem. É duro viver!

Luiz Felipe Pondé 

Nêmesis

Nêmesis era a deusa grega da vingança. Ela tinha especial prazer em torturar heróis que caíam em "hybris" (desmedida) e pensavam ser outra coisa que mortais sob o domínio dos deuses e das moiras, senhoras divinas quase cegas que teciam o destino de todos.
Fosse eu religioso, minha espiritualidade seria a trágica dos gregos, apesar da grandiosa beleza do sistema bíblico. Não que eu ache "legal" o politeísmo, mas porque eu acho que a visão de mundo dos trágicos é a melhor. A piedade trágica, aquela despertada pela empatia entre nós e os infelizes heróis do teatro grego, é que levou Nelson Rodrigues a dizer que devíamos assistir ao teatro de joelhos.
A acusação feita aos trágicos é que eles negam o sentido último da vida, porque os deuses gregos eram uns loucos apaixonados e sem projeto moral para o mundo (o destino é sempre cego). Isso é verdade. O Deus de Israel, que para os cristãos encarnou no judeu Jesus, tem um projeto moral para o mundo, mesmo que não saibamos ao certo qual é. E isso nos acalma.
A tragédia marcou a cultura de forma profunda, os exemplos são inúmeros: Shakespeare, Gracian, Schopenhauer, Nietzsche, Camus, Cioran, Nelson Rodrigues, Philip Roth.
É desse último que quero falar hoje. Especificamente de seu livro mais recente, "Nêmesis", a história do jovem professor de educação física Bucky Cantor atravessando o grande surto de pólio nos EUA no verão de 1944.
Os heróis de Roth sempre são esmagados entre a vida pessoal, os vínculos afetivos e ideias, e grandes processos históricos ou "cósmicos" que têm um efeito aleatório na vida deles -e sempre destrutivo.
Como exemplos históricos, vemos a Guerra da Coreia, o macarthismo versus comunismo nos anos 1950 nos EUA, a contracultura, a canalhice do politicamente correto nas universidades americanas. Como exemplo cósmico, o envelhecimento, a perda das funções sexuais ou de memória, as pragas (como a pólio em "Nêmesis").
No caso desse romance, a praga da pólio ocupa o lugar de pragas atávicas que sempre significaram para nossos ancestrais a fúria dos deuses. E é contra Deus que Cantor se revoltará.
Mas Roth é um grande escritor, e a revolta do jovem Cantor será teologicamente sofisticada, e não mero ateísmo militante, porque o ateísmo militante é sempre infantil.
O cruzamento entre as intenções pessoais e o destino, histórico ou cósmico, dá o efeito de esmagamento e negação de projeto moral, na medida em que os heróis de Roth não conseguem discernir qualquer sentido que não seja a cegueira terrível do acaso ou o "terror da contingência", tal como diz o narrador de "Nêmesis".
A expressão "terror da contingência" é comum nos textos do historiador das religiões Mircea Eliade para descrever o que nos moveria ao desejo religioso de um sentido maior. Tememos o acaso porque ele nega qualquer providência sábia por trás das coisas. O acaso é cego.
Para Cantor, Deus é um "demiurgo". Essa expressão era comum em alguns textos heréticos do início do cristianismo (textos gnósticos) e significava que Deus é mal. E se Deus for mal, não há qualquer esperança.
Mas o narrador do romance pensa diferente. Sua hipótese sobre a vida e as decisões que Cantor tomará é mais psicanalítica (ele sofreria de uma "neurose de responsabilidade"), mas nem por isso menos teológica. Para o narrador, Cantor é excessivo em julgar a si mesmo responsável pela desgraça que destrói seus alunos. E por isso sofrerá, porque nenhum homem pode se julgar senhor do destino, já que esse não nos pertence.
Como a deusa em questão é a da vingança, Nêmesis, a desmedida de Cantor em se julgar responsável pelo destino de seus alunos será vista de outra forma: Cantor se julga um justo e um dedicado professor e, por isso, pagará um preço alto pela autoimagem de homem reto. Aí está sua desmedida.
Cantor é o Jó de Roth (o judeu Levov, protagonista de "Pastoral Americana", é outro Jó de Roth): Cantor e Jó se julgam justos. Mas Cantor é um Jó que não encontra, ao final, a piedade de Deus, mas a vingança de uma deusa cega à misericórdia.

Folha, 23.07.2012
O Rio continua lindo! (da Ponte Aérea...)

Deslumbrante a vista do Pão de Açúcar!

(apenas para os happy few que chegam ao Rio aterrissando pela cabeceira sul da pista de pouso do Santos Dumont)
Aliás o Rio é lindo nas tomadas aéreas que aparecem na abertura e fechamento dos episódios da novela Cheias de Charme. É o que de melhor ela tem... eo Rio também!

terça-feira, 24 de julho de 2012


Reminiscência

Na manhã fria de inverno, 
o som surdo
dos passos sós
rompe solerte
o silêncio das ruas.
Passos marcados,
passos pesados,
passos cansados,
que retornam
depois de um périplo
pela existência.
(O bom filho sempre à casa torna!) 
Fazem-lhe companhia,
o canto alegre do bem-te-vi,
desafinado do joão-de-barro,
 dolente do quero-quero.
De contraponto,
O repique pungente de um sino
que  atravessa indolente o vale.
Compõem uma estranha sinfonia,
Que me perpassa e afoga em melancolia.
Alegorias  de um tempo que se foi,
daquilo que nesse tempo não foi,
...os amores perdidos,
... os sonhos   despedaçados,
... as feridas,
algumas cicatrizadas,
outras  ainda vivas
 recendendo em dor.


domingo, 22 de julho de 2012


Um pouco de bom humor,  entre tanta miséria!

... esses advogados erram na abordagem que dão à corrupção entre nós. De fato ela não faz parte do salário da maioria da população  mas uma boa parte dela a-do-ra-ria  que fizesse!

Quem não é?

O Tribunal Federal da Suiça afirmou, num documento recém-publicado, que João Havelange e Ricardo Teixeira receberam suborno para transmissão das Copas do Mundo de 2002 e 2006 e em outros acordos da Fifa e da CBF. O documento custou a ser publicado porque os advogados da Fifa argumentaram em defesa de Havelange e Teixeira que o pagamento de suborno é prática comum na América do Sul e na África, onde a propina faz parte do salário da maioria da população. Foi publicado agora porque o presidente da Fifa, Joseph Blatter, que deve seu cargo a João Havelange resolveu usar seu ex-chefe e Teixeira como exemplos de que está combatendo a corrupção. Antes abraçava os dois e seu esquema, agora os apunhala pelas costas com o relatório finalmente liberado pela justiça suiça. Gente fina.
Você, eu e a maioria da população brasileira teríamos motivos para nos indignar com a afirmação de que nosso salário é normalmente reforçado por propina, vinda sabe-se  lá de onde, e que Havelange e Teixeira só estariam sendo um pouco mais  brasileiros do que o normal. Mas nos mesmos jornais que trazem a notícia da denúncia de Havelange e Teixeira e a dos corruptos lemos que o suplente do Demóstenes Torres, cassado pelas suas ligações com Carlinhos Cachoeira, também tem ligações com o Carlinhos Cachoeira, além de precisar explicar por que deixou de declarar boa parte do seu patrimônio ao fisco. Fica-se com a impressão de que a Fifa tem razão.
Me lembrei do texto que escrevi certa vez sobre a visita de uma comissão a um manicômio. A comissão é recebida por uma recepcionista, que passa a dar instruções desencontradas sobre  como chegar ao gabinete do diretor - Entrem por aquele corredor marchando de costas e cantando a Marselhesa - até que vem um médico buscá-la, explicando que se trata de uma louca que pensa que é recepcionista. Mas o médico não é médico, também é um louco passando por médico, e que é levado por um segurança. Que não é segurança, é outro louco que declara ser sobrinho-neto de Hitler, e é levado por um enfermeiro para o seu quarto. Mas o enfermeiro também não é enfermeiro, é um louco que etc., etc. A comissão finalmente chega ao gabinete do diretor - ou alguém que pode ser o diretor ou um louco que se passa pelo diretor. Como saber se é o diretor mesmo?
- Não há como saber - diz o possível diretor. - Nem eu sei. Mas temos que supor que sou diretor e não outro louco. Senão isto aqui vira um caos!
Temos que supor que nem todos são corruptos, ou afilhados reais ou simbólicos do Carlinhos Cachoeira. Senão isto aqui fica ingovernável.

Luiz Fernando Veríssimo - O Globo - 15.07.2012

Livre pensar é só pensar  (como dizia o Millor...) (4)

Tenho medo de gente muito prática. De repente até a mãe entra no negócio...mas aí eles não entregam... Não são práticos, afinal?

domingo, 15 de julho de 2012

País torto (4)



Lendo o editorial abaixo, e como baby boomer (waal... isso é coisa de rico!) , prestes a me afastar do mercado de trabalho, primeiro invejo os problemas dos americanos e depois fico aqui a pensar em como vamos nos inventar economicamente como país. Não podemos nem ser equiparados àqueles paises fornecedores de produtos industrializados prá eles porque hoje somos muito caros. A tragédia que é nossa educação não nos permite fazer mais do que isso; ser um país apenas industrializado produtor de manufaturas, e eles já estão lá na frente, na alta tecnologia. Virá dia, espero que não demore tanto em que esse mito do Lula seja desmascarado. Prá mim apenas mais um impostor. Mas tem carisma... e carisma é tudo por aqui... Com oito anos poderia ter mudado muita coisa nesse país e se firmar como um estadista. Tinha aprovação maciça... a economia ajudou. Tudo o que fez foi aumentar o poder de compra de uma determinada faixa da população para adquirir TVs de plasma, geladeiras de inox, ter um carro na garagem... Melhorar os serviços do estado, saúde, educação, segurança... não... fazer reformas na política, nos tributos, na infraestrutura, não... Além de se amasiar com a escória da política nacional. Lula é sim... um grande conservador! (os termos seriam outros mas...noblesse oblige!)

Editorial Folha, 15.07.2012 

A reinvenção dos EUA 

Apesar das seguidas frustrações das expectativas de que, enfim, a economia dos EUA retomava seu ritmo normal, após a tragédia de 2008, o desempenho é melhor que o de outras economias avançadas. Descartou-se nova catástrofe, risco ao qual a Europa se sujeita a cada semestre. Tampouco se cogita uma estagnação à moda japonesa. Mais versátil, flexível e competente ao lidar com problemas do seu sistema financeiro, a economia americana será ao final deste ano 2,8% maior do que era em 2007. Parece pouco, mas a produção econômica na eurozona ainda será cerca de 1% menor. Embora previsões de longo prazo sejam ainda menos confiáveis neste início de século de convulsões econômicas frequentes, estima-se que, do início da crise até o ano 2020, os Estados Unidos cresçam mais de 21%. A zona do euro, 7% -menos de um ano de crescimento do PIB chinês. Ainda assim, os americanos estão atônitos diante da mais lenta reação a uma crise desde a Segunda Guerra Mundial, excetuada a recessão de 1980, no entanto menos profunda. A taxa de desemprego de longa duração é a maior desde os anos da guerra. A depressão no setor imobiliário é a maior de que se tem registro. A venda de casas caiu a um quarto do pico de 2006, tendo baixado desde 2008 a níveis verificados nas recessões de 1982 e 1970, quando o país era bem menor. Há controvérsia acerba sobre os motivos do desemprego persistente, ainda na casa dos 8,2%. É quase o dobro do verificado nos melhores momentos da década passada. De um lado, economistas consideram que parte das profissões se tornou obsoleta. O desemprego será maior -"estruturalmente maior", diz-se- enquanto não houver mudança geracional ou requalificação dos trabalhadores. Na oposição à tese estão aqueles para os quais o desemprego é cíclico, derivado do baixo crescimento, por sua vez devido à falta de demanda, de consumo. No momento, apenas o governo poderia incentivá-la, com um aumento transitório da dívida pública. Posto desse modo, o debate se esquiva da pergunta óbvia a respeito da sustentabilidade do crescimento anterior à recessão. O desemprego então baixara de modo impressionante, com inflação e taxas de juros contidas. Mas o país financiava seu consumo com bolhas financeiras, excesso de dívidas privadas e públicas e gastos militares crescentes, além de deficit externos. Os americanos sustentavam parte importante de seu consumo com crédito estrangeiro, da China em particular. Mais americanos passaram a trabalhar em tempo parcial. O salário médio cresceu lentamente. Benefícios sociais foram cortados. Mesmo economistas mais favoráveis a uma economia aberta e flexível passaram a reconhecer, pouco antes da crise, que a globalização tinha seu preço, pago pelo trabalhador comum. Empregos industriais, e mesmo de serviços, foram e são transferidos para nações ditas emergentes. Parece evidente que parte do desemprego, do achatamento salarial e do baixo crescimento se deve à conjuntura. Governo e famílias ainda reduzem dívidas. O mundo cresce mais devagar, e as recaídas europeias abalam a confiança de empresários e consumidores. Outro fator de desemprego e redução da população economicamente ativa talvez seja mais duradouro. A geração do "baby boom" (nascimentos no pós-Guerra) se aposenta em massa; parte dela desistiu de procurar novo emprego. Os trabalhadores mais antigos restantes, mesmo que retreinados, iriam empregar-se onde? E os jovens? Qual seria o novo setor dinâmico, capaz de atrair maciços investimentos para liderar o crescimento em geral da economia? O setor mais inovador, de tecnologia, cria poucos empregos. E a industrialização da vizinhança da China, ainda mais atrasada, continuará a prejudicar fábricas americanas dos ramos convencionais. O investimento insuficiente é um fator importante da lenta recuperação. Grandes empresas relutam em investir, apesar de seus balanços saudáveis, pois temem o retraimento do consumidor. A redução dos gastos federais e os brutais cortes de despesas em Estados e cidades afetam tanto a contratação de empresas quanto o consumo das famílias. A poupança baixa desde os anos 1980. A demanda externa não se apresenta como alternativa, pois a Europa estará em crise por vários anos, e a China continuará a reduzir seu ritmo de crescimento. Fatores estruturais afetam, sim, o potencial de crescimento. O ritmo de ampliação da mão de obra cai, dados o envelhecimento da população e a redução da taxa de nascimentos. Tudo o mais constante, parece que a nova normalidade americana será de crescimento em ritmo mais baixo. Os EUA têm pela frente ao menos meia década de ajustamento das contas públicas, demografia menos favorável, gastos crescentes com idosos e concorrência externa que pode tragar empregos em setores tradicionais. A economia americana, contudo, reagiu nos anos 1980 à onda japonesa. Reinventou-se, e ao mundo, com as inovações de suas empresas de tecnologia de informação. Por ora, no entanto, a perspectiva mais normal para os EUA aponta para uma economia entrando na terceira idade: madura e mais lenta, embora ainda saudável -e extremamente rica.
Auto-Ajuda??

Estava lá no rodapé de um email que recebí de uma amiga minha e me fez pensar.  Nietzche, que acho supervalorizado na nossa época (minhas influências  em filosofia foram outras)   era um frasista de mão cheia!

The man who fights too long against dragons becomes a dragon himself
Nietzsche 

Waaal... e  e essa então....

 The higher we soar, the smaller we appear to those who cannot fly.
Nietzsche

(espero que as frases sejam realmente dele...)

quinta-feira, 12 de julho de 2012


Benvindos ao inferno (3)

Um boêmio de um bar do Rio reclamou com a administração que, depois de sair dali, com três caipirinhas no bojo, foi parado na Lei Seca. Soprou o bafômetro e... não deu nada. Reclamou que a vodca devia estar adulterada.

Gente Boa - Joaquim Ferreira dos Santos - O Globo - 06.07.2012

País torto (3)

Quando vou a um país, não examino se há boas leis, mas se as que lá existem são executadas, pois boas leis há por toda a parte.
Montesquieu
Todos nós conhecemos um país ao sul do Equador onde ocorre exatamente o que recebeu um cartão vermelho do pensador francês.

domingo, 8 de julho de 2012


Pergunta errada

a questão não é
para que serve a poesia
mas sim para que ela não serve

algumas hipóteses -

ao contrário do que se pensa
a poesia não ajuda na caça às mulheres -
no máximo elas se tornarão suas amigas -
nem é indicada para aumento do pênis

a poesia é ruim
no quesito ressurreição dos mortos
além de ser incapaz de evitar o luto

para fritar torresmos
ainda é melhor banha de porco
do que poesia

e quem escreve para ser eterno
mais cedo ou mais tarde se desapontará
até mesmo Shakespeare está com os dias contados

- para todo o resto a poesia serve
e serve muito bem.

Fabricio Corsaletti
Piauí 69 pag. 73

Adoro exposição de orquídeas.
Primeiro pela óbvia graça e beleza dessas flores, depois pela reação das pessoas. Diante de tamanha exuberância da natureza não há quem não se toque e se deixe maravilhar. E você vê isso no rosto iluminado das pessoas... uma alegria genuina... sorrisos que brotam naturalmente... diferente daqueles de plástico que recebemos na rotina diária.
Aí imagino como ficaria o semblante de um desses grandes ogros do século passado, Hitler, Stalin... depois de contemplar tanta beleza  numa exposição dessas (...seriam eles capazes?).  Ou aqueles  desse século, um Maluf, por exemplo, ou a Carminha da novela das nove (com essa então, nem o Diabo pode!).
Aposto que o Hitler e o Stalin sentir-se-iam constrangidos, mas os do nosso século, au naturel, exibiriam um sorrisão de plástico, achariam uma maravilha e parabenizariam os organizadores. Nunca antes... houve tanto cinismo e desfaçatez!
E saber que encontro esses personagens, não com tamanha clivagem, é óbvio,  todos os dias na minha rotina.
Definitivamente, viver é muito perigoso!

As fotos abaixo sâo de uma exposição de orquídeas no Museu da República nesse final de semana.

...e por falar em emoção genuína... que coisa o desabafo do tenista Andy Murray na final de Wimbledon. Tocou a quadra central inteira. Era um homem batido e sua dor, exposta a todos. Grande Andy! Com tanta gente fajuta na área você deu show, de verdade...





terça-feira, 3 de julho de 2012


Do sexo.

...a única diferença entre sexo pago e sexo grátis é que sexo grátis, normalmente, fica mais caro. 

João Pereira Coutinho - Folha, 03.07.2012


segunda-feira, 2 de julho de 2012


Do amor...

Não sei se existe, como a felicidade. Talvez seja um sedativo para suportar a dor de viver. Mesmo assim, corro atrás dele:

Insisto, o amor é uma coisa que se pode construir. Que todo mundo pode construir. Acredito que todo o ser humano pode fazer sua vida... Se uma pessoa quer viver uma relação de amor vive. Porque o amor não é o que uma pessoa recebe, é o que põe. E ninguém está impedido de amar.

Pilar del Rio - Viúva de José Saramago - O Globo 02.07.2012

Urubús e afins... invejo vocês!

Nessa época de temperaturas tão agradáveis, em que viver fica mais leve,é comum observar-se urubus ( é... eles mesmo!) e outras aves marinhas ( gaivotas(?), cormorões (?). atobás (?)), aos montes, "pegando térmicas" num balé suave pelos céus claros e límpidos de começo de inverno. Voam em círculos e deixam-se levar indolentemente, asas imóveis, ao sabor e capricho dessas correntes numa interação em que parecem imergir na própria natureza. Remetem-me à meditação oriental onde você é possuido pelo mundo que te cerca. Tua mente, teus desejos, tuas dores se apagam para que o mundo ao teu redor entre em ti. Essa comunhão com o cosmos é sublime. Te deixa tão bem! mas é tão difícil... Eu a considero a perfeição; esse nirvana oriental, a ataraxia para os gregos (..não esses... a turma do IV séc. AC). Ficar acima das paixões do mundo. Transcendê-lo. A vitória de Apolo sobre Dionísio.
 Divago aqui, no trabalho, preso a minha confortabilíssima super-cadeira alemã surrupiada, até que o chefe a solicite de volta, com a vista privilegiada que meu posto confere, morrendo de inveja dessa turminha voando lá em cima. Tenho que representar todo o dia, vender sorrisos e amabilidades falsas, suportar o insuportável, preso às convenções e fatuidades da vida social. Viver,definitivamente, não é deixar-se levar pelas térmicas. O fim, porém, está próximo .