quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Prá desmentir o mês do desgosto.

 ... essa beleza do Pixinguinha com o Jacó do Bandolim.



O girar da roda do tempo...

 fez com que de jacobino eu me tornasse girondino; que de bolchevique eu me fizesse menchevique.

Há um momento para tudo e um tempo para todo propósito debaixo do céu. Tempo de nascer e tempo de morrer; .... tempo de destruir e construir....Tempo de atirar pedras e tempo de recolher pedras...     

(Eclesiastes, 3, 1-5) 



Associações...


A mug shot (foto do rosto usada para registro oficial, usada pela polícia) de Donald Trump quando foi fichado em uma prisão da Georgia a poucos dias, como réu pelas estrepulias que cometeu nas últimas eleições presidenciais,  remeteu-me a uma velha foto familiar na juventude quando namorava as teses da esquerda, e que estava associada ao imperialismo americano. Aquela do Tio Sam, particularmente na expressão facial.

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Nos Estados Unidos a imagem tem outra conotação. Tornou-se personificação do país e o Congresso a declarou  um símbolo nacional;  tem até um dia comemorativo: 13 de setembro. Representa o poder americano no mundo. 

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Pensando bem,  as duas associações tem lá sua razão de ser; as duas imagens também. 

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Olha eu aí (II)

A primeira da série, data de 2013/2014. Saia atordoado de um amor platônico que naufragara miseravelmente na rejeição da outra metade. 

Esta, a começar pelo elefantinho - um dos meus bichos de estimação - reflete uma fase resignada com o que a vida me proporcionou. Parafraseando um ex-colega de empresa:

- Foi o que me coube!

Não há créditos para a figura. 
Ilustra a matéria O amor em tempos de solidão do Brazil Journal.

domingo, 6 de agosto de 2023

Sequestro intelectual

Torna-se cada vez mais penosa uma crítica a produções, obras e posturas de  negros, mulheres, turma LBGTQI+. Muito provavelmente ela será  (des)qualificada como racista, machista, misógina, homofóbica... por aí vai. 

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O escritor José Eduardo Agualusa - identifica-se  como angolano, prá lá da paranóia racial de negro ou branco - que maluco algum ousaria classificar como de direita ou conservador; suas posições são muito mais simpáticas às minorias progressistas, basta ler sua entrevista ao UOL - ousou  em uma resenha tecer críticas ao badalado livro Torto Arado do baiano Itamar Vieira Junior. Recebeu de volta a  acusação de praticar whistesplaining - branco abordando uma questão que é da conta dos negros. Agualusa, que é colunista do O Globo, rebateu com o oportuno artigo Fiscais da Raça, criticando Itamar por sua insistência em classificar qualquer crítico de sua obra como racista. Ele é o terceiro da fila; duas outras críticas, uma delas feita por pessoa negra,  já tinham sido agraciadas com a distinção.

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A assertiva Milly Lacombe, é colunista de futebol do  UOL - mas mete a colher em tudo, especialmente em causas de raça, gênero... - comentando a eliminação da exageramente inflada seleção brasileira feminina de futebol escreveu que machismo e misoginia rolaram em campo depois da eliminação. As críticas que lí -  não foram todas per supuesto - foram respeitosas com a equipe e com a treinadora. Qualquer pessoa que acompanhe futebol minimamente, sabe da baixaria que rola quando a seleção brasileira masculina termina uma Copa sem o caneco. Jogadores, comissão técnica e dirigentes são frequentemente enxovalhados. Não vi, nem li nada parecido com a seleção  feminina - e olha que foi grande o oba-oba em torno dela! - fato que teria favorecido a assertividade nas críticas, mas a nossa Milly estava lá colocando a questão de gênero na mesa. 

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...e até a Natália Pasternak, mulher inteligente e com respeitável currículo acadêmico, justifica como machismo e misoginia as críticas pesadas que está sofrendo pelo que escreveu no seu livro Que bobagem!.... em que questiona  algumas vacas sagradas - acunpuntura, homeopatia e até a psicanálise! do nosso imaginário popular e acadêmico. Na minha opinião ela recebeu a carga pesada muito mais porque é a mentora intelectual do que está escrito; o jornalista-homem apenas tornou palatável ao leitor leigo o que ela pesquisou. A protagonista é ela, o jornalista é o personagem. Mas até o que poderia ser exibido com orgulho, deu margem para a vitimização.

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A boa e velha razão que nos distingue na natureza está sendo sequestrada por questões menores.

sábado, 5 de agosto de 2023

NYT wannabe!

Foi a devastadora qualificação que um leitor da Folha deu para o jornal em comentário à coluna do Demétrio Magnoli, cujo tema é o novo livro do Antônio Risério, um herói negro solitário a esgrimir contra os equívocos das politicas identitárias do seu povo.

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Assino ambos os jornais e devo dizer que o termo escolhido para compará-los é de fina ironia. Os progressistas  que  dominam  as redações dos jornalões de Pindorama, com raras exceções,  devem ter odiado. Rí à beça.

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A página da UOL é  um feirão de assuntos ricos em irrelevância e futilidade; são infindáveis as notícias sobre celebridades e suas intimidades, particularmente as sexuais, do dia-a-dia de reality shows quando acontecem, além da presença de inúmeros colunistas monocórdios na defesa de pautas identitárias e de gênero; há pelo menos uma dezena de especialistas em futebol, mas estes estão lá desde sempre. Agora deram espaço para contos erótico/pornográficos ao estilo dos publicados na jurássica Ele&Ela. Lembram dela?

 É - tudo junto, incluido - um porre!

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Ruy Castro escreveu coluna interessante para esta mesma Folha, a respeito dessa turma que salta das redes sociais para ocupar o espaço nobre das  pautas jornalísticas. Tem um aí que quer se candidatar à Presidência da República. Pensando bem, talvez ele possa dar um jeito no país, face as gestões calamitosas dos  últimos presidentes.

terça-feira, 1 de agosto de 2023

No mês do desgosto, vamos começar nas alturas...

Claudio Monteverdi (1567/1643) é tido como um dos fundadores da ópera; há quem o compare à trinca de maiorais: Bach, Mozart e Beethoven. 

De acordo com a extensa matéria elaborada pelo site português Observador, foi o artífice-mor da transição da música polifônica renascentista - de extraordinária perfeição, erudição e beleza, de superfície impecavelmente polida e homogênea e engrenagem milimetricamente ajustada, mas pouco reativa ao texto -  para o Barroco.  Ele fez com que  a monodia se projetasse  frente à polifonia, tornou popular a ópera e a cantata. Os instrumentos musicais,  de meros coadjuvantes musicais passaram a ter vida própria e o canto passou a expressar as emoções do texto. 

O dueto abaixo, - Pur ti miro, pur ti godo - tido como um dos mais belos duetos de amor da história da ópera faz parte de uma de suas poucas óperas preservadas: L'incoronazione di Poppea que estreou em Veneza em 1643.


Não sei o quanto Monteverdi era popular na sua época - daí talvez a impropriedade da minha comparação, pois estaria estabelecendo paralelo entre gêneros diferentes -  mas ouvindo algo tão delicado e comparando com o é produzido musicalmente hoje a sensação que tenho é de estamos involuindo. Lembro de ter lido muito tempo atrás, lá pelo final do século XX, alguém comparando a música produzida à época - o rock era a estrela! - ,  com a produzida  em épocas anteriores - começava com o período clássico -  e ter concluido que a julgar pelo andar da carruagem  estaríamos retornando ao grito primal.  Estava certo.  O que se anda produzindo, ou pelo menos ouvindo,  20/30 anos depois só confirma suas sombrias previsões.