sábado, 20 de abril de 2019

A cabeça do brasileiro.

O Brasil e o brasileiro passaram a me fascinar depois que tomei consciência da  nossa teimosia em não dar certo. Somos donos de um imaginário sui generis, e  sou extremamente cético quando apontam soluções que funcionaram lá fora, para resolver nossos impasses. Se não levarem em consideração nossos barrocos arquétipos mentais terão uma possibilidade muito grande de darem errado.
Querem dois exemplos da tortuosidade do nosso imaginário? Leiam os artigos de Contardo Calligaris escrito para a Folha em 18.04 e Hélio Schwartsman para a Folha de ontem. No primeiro vocês ficarão perplexos com a a pesquisa pessoal que o psicanalista fez a respeito do comportamento de um brasileiro diante daqueles dois botões com seta prá cima e prá baixo que comumente são colocados ao lado da porta do elevador.  No segundo, a perplexidade crescerá ainda mais com os resultados de uma pesquisa da Folha de 2010 que constatou que 7% dos que se diziam ateus, acreditavam em Adão e Eva e que 23%  eram partidários da evolução mas supervisionada por Deus. 
Para um analista  prudente, desaconselho opiniões apressadas sobre o Brasil e os brasileiros.  Não é tema para leigos.

terça-feira, 16 de abril de 2019

Supremos horrores.



Toda essa cruzada dos ministros do Supremo, Dias Toffoli e Alexandre de Morais contra os supostos ataques ao STF, agudizada agora com a censura ao site O Antagonista e à revista Crusoé, mostra bem do que é feito esse país. Vive-se dizendo que apesar do circo de horrores que somos obrigados a assistir diariamente,  esse é um país democrático em que as instituições funcionam. Eu nunca acreditei nisso. Funcionam sim, desde que os donos do poder não sejam contrariados em seus interesses. Faça isso e você conhecerá o DNA dos autoproclamados guardiões da Constituição. Basta analisar as atitudes tomadas pela dupla de ministros para coibir o que eles consideram ataques ao Supremo. 
Abaixo o que o advogado Horácio Neiva, escreveu no Twitter  - extraído da coluna de hoje do Joel Pinheiro da Fonseca para a Folha -  a respeito da iniciativa do ministro Dias Toffoli de abrir um inquérito para apurar os supostos ataques ao STF:
...........
o STF é, ao mesmo tempo,
 i) o autor da denúncia;
 ii) o responsável pela investigação;
 iii) quem decide os fatos relacionados à investigação;
 iv) quem determina atos judiciais no curso da investigação;
 v) quem define o escopo da investigação.
   .........
Só aqui!
e ...la nave va... Resta saber até quando e para onde....

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Será que o país aguenta?

...duas toupeiras, uma de esquerda: Dilma Roussef; outra de direita: Jair Messias - também conhecido como Dilmo. Entre elas um  representante do que há de melhor da velha política: Michel Temer. É um ciclo vicioso que nos leva irremediavelmente para o abismo.
Há quem diga que o país é maior do que ele. Começo a acreditar. Somos a nau da insensatez que vaga à deriva fazem 500 anos. Até agora  sem  afundar. 

Prá relaxar...


sábado, 13 de abril de 2019

Por favor, diga então, quem foi...Capitão!

"O Exército não matou ninguém, não. O Exército é do povo e não pode acusar o povo de ser assassino, não. Houve um incidente, uma morte."
O Presidente da nossa República cada vez mais bananeira, eleito democraticamente, saiu-se com essa ao ser perguntado pelos repórteres a respeito do episódio de domingo passado quando uma patrulha do Exército fuzilou o carro de uma família que iria para uma festinha de criança. A ruindade dos atiradores - dispararam em torno de 80 tiros - evitou tragédia maior. Mataram apenas o pai; sobreviveram a esposa, o filho e o sogro.
Foi essa declaração que motivou-me a publicar a charge de hoje da Folha. Definitivamente, estamos vivendo um filme de terror - menos pela ação desastrada do Exército; mais pelas palavras do Capitão!



Folha, 13.04.2019

terça-feira, 2 de abril de 2019

O caldeirão da bruxa.

Abaixo um trecho do Prefácio do livro The Goodness Paradox de Richard Wrangham, Phanteon Books, New York que tomei da Amazon.
 Fica muito clara a ambivalência do ser humano, um tema que me é muito caro e  já abordado em posts anteriores onde utilizei exemplos que estão no texto do Prefácio. Fico feliz de saber que minha maneira de ver o mundo, tem paralelo nos estudos desse conceituado primatologista de Harvard.
Somos uma mescla de bondade e maldade, de ternura e crueldade; anjos e demônios...
Pureza de sentimentos é utopia. End points são apenas end points. Somos um sopão onde esses end points misturam-se ao sabor das circunstâncias, da ambiente em que fomos criados, da nossa formação individual com os vícios e virtudes que internalizamos.


O paradoxo da bondade... ou seria da maldade?

Depois que fui atacado irracionalmente na Internet tempos atrás - um exemplo de maldade planejada - por uma pessoa a quem, por incrível que pareça, não consigo querer mal, passei a me interessar quase que obsessivamente pelo tema; comprei vários livros que abordam o assunto e leio tudo o que me cai nas mãos. É o caso do artigo do Helio Schwartsman na Folha de 03.03.2019. Confesso que sou mais simpático à hipótese hobbesiana - maldade planejada - mas a postura que também leva em consideração a abordagem rousseauista - maldade reativa - parece-me ser mais abrangente. A integração de ambas as visões  consegue explicar satisfatoriamente as erupções do mal - nas quais ora somos agentes, ora pacientes - e que fazem parte da realidade de nossas vidas e da história da humanidade.

Cidade Maravilhosa....


Todo mundo sabe que altinho na beira da praia é proibido no Rio. O esporte pode ser pratica do na areia fofa, na altura das redes, não na areia dura. Mas quem vai à praia sabe que a lei é absolutamente ignorada. Os jogadores de altinho se lixam para a lei e muitos são ríspidos com quem reclama do perigo que representam, sobretudo para crianças. Mas o absurdo total é o tratamento que dão aos guardas municipais. Seguidamente, os guardas são enxotados pelos jogadores quando tentam dissolver uma rodinha. Ou apanham.
Ascânio Seleme, O Globo, 31.03.2019