segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Brasil Olímpico II

Existe uma piada, chiste sei lá, que faz blague com os diversos tipos que compõem o Brasil usando o churrasco como pano de fundo. Ele seria um sucesso em uma praia nordestina, com um assador gaúcho, organizado por um paulista e animado por um carioca; um fracasso se programado para uma praia gaúcha, assado por um nordestino, organizado por um carioca e animado por um paulista. Tudo o que se passou com a Olimpíada reflete bem a caricatura que a piada faz do carioca. Antes dela, a desorganização ficou evidenciada no incidente com o alojamento destinado à delegação australiana, na utilização do Metrô da Linha 4 sem os testes feitos usualmente antes de sua liberação para o público, a incúria e incompetência apareceram na  queda de parte da ciclovia Tim Maia entre São Conrado e o Leblon. A violência de pré-guerra civil na cidade a que estamos acostumados a todos assustava; somava-se a possibilidade da violência que poderia vir de fora com o terrorismo.
Foram os Jogos  começar e aí apareceu o que o carioca talvez tenha de melhor, sua animação e calor humano além da capacidade de receber bem acabaram jogando todo o alarmismo prá baixo do tapete. A presença ostensiva da Força Nacional e da tropa de elite do Exército fizeram a bandidagem baixar a bola.  A rotina das competições e administração dos palcos das competições é da responsabilidade de uma companhia que gerencia o evento desde Atenas; cobra horrores mas fez tudo  funcionar a contento. A peteca não caiu. O resultado superou as expectativas.
Participei de diversos eventos e encontrei o transporte funcionando, voluntários atenciosos embora mal preparados e mal distribuidos, a animação e má-educação da torcida que não hesitava em vaiar e a ofender a quem se interpusesse no caminho de um atleta nacional, os preços abusivos e a qualidade sofrível da comida nos locais das competições, uma segurança no estilo prá inglês ver - só não houveram atentados porque a turma resolveu não dar o ar da graça, caso quisesse estava fácil. Uma Olimpíada brasileira da gema com todos os ingredientes que fazem desse país ser o que é, naqueles serviços que estiveram sob nossa responsabilidade. 
Há também as obras que certamente vão melhorar a cidade como a revitalização do Centro. Temia que a derrubada da Perimetral viesse complicar ainda mais a passagem pelo Centro mas reconheço que até agora as evidências são promissoras. O túnel que a substituiu caiu do céu. Minha volta para casa a noite se faz no máximo em 30 minutos.
... e os tocadores de bumbo já estão apregoando que agora o Rio vai dar certo. Outra chance? Torço para que isso ocorra, mas se o carioca não fizer um mea culpa e mudar radicalmente seus muitos e  maus hábitos voltaremos mais cedo do que pensamos ao tormento que foi viver por aqui nos meses que antecederam a Olimpíada. O trânsito, certamente irá melhorar com a conclusão das obras, mas e a violência, a falta de urbanidade, a desorganização, a sujeira... desaparecerão como em um conto de fadas? 

domingo, 21 de agosto de 2016

Brasil Olímpico

E conseguimos alcançar o número de 30 medalhas de ouro em 22 participações nos Jogos Olímpicos. Michael Phelps conquistou  23 em 5 participações; na primeira tinha 15 anos e por razões óbvias não ganhou nenhuma (Wikipedia).
Nesta edição, conquistamos 7 medalhas de ouro, 6 medalhas de prata e 6 medalhas de bronze. Ficamos na 13a colocação. Gastamos R$ 3.1 bilhões na preparação dos atletas. A Inglaterra, 2a colocada, conquistou 27 medalhas de ouro, 23 medalhas de prata e 17 medalhas de bronze. Gastou R$ 1.5 bilhão na preparação dos atletas. Lí também que o Canadá que ocupou o décimo lugar - nosso objetivo - também gastou menos do que nós.
É óbvio que Phelps é um ponto fora da reta e que  Inglaterra e Canadá pouco devem ter gasto com instalações pois lá a prática de esportes é mais disseminada, mas os números são tão díspares que assustam. Mostram a distância que nos separa do primeiro mundo dos esportes tanto na abrangência das práticas desportivas quanto da eficiência nos gastos. Com muito mais dinheiro do que em edições anteriores e do que os dois países citados, os resultados ficaram aquém do esperado, apesar de melhores daqueles de Olimpíadas passadas.
Cresce a percepção de que toda essa grana aplicada em atletas de alto desempenho visando a conquista de medalhas seria muito mais bem utilizada se investida numa política de massificação do esporte. Os talentos seriam revelados naturalmente. Depois bastaria lapidá-los.
Quantos Isaquias Queiroz estão perdidos na imensidão desse país? Foi revelado por um projeto social e não através de uma política do desenvolvimento praticada pela federação de seu esporte ou de qualquer órgão oficial. Oxalá, um dia cheguemos lá.

sábado, 20 de agosto de 2016

A mentira dos nadadores americanos

Esse episódio - no que se pode depreender do que a imprensa publicou - mostra traços peculiares dos atores envolvidos e dos países em que vivem. 
Dos americanos, o quebra-quebra promovido no posto de gasolina e a versão inicial dada ao episódio mostra a arrogância com que tratam latino-americanos, reforçando o estereótipo de quintal a que nos relegam. Dificilmente teriam esse comportamento - por exemplo - na Suécia ou Dinamarca. Já a Sul do Equador... Ela é comum em boa parte deles e facilmente observável nas Olimpíadas. Quase não confraternizam com outras pessoas, grupos e mesmo atletas. É uma arrogância contida, anglo-saxônica. 
Dos brasileiros, a arma apresentada pelo segurança do posto e o dinheiro extorquido dos nadadores mostra  a violência e corrupção que permeia nossa sociedade. A espetaculosa retirada do avião dos nadadores patrocinada pelo Judiciário revela  a boçalidade das nossas instituições e - especificamente para o episódio - reacende o antiamericanismo latente nos latino-americanos em geral. 
Antiamericanos de carteirinha - a esquerda em geral -  e aqueles que acham que o Brasil é top no mundo comemoraram a mancada. Várias autoridades declararam que o episódio mostra que somos um país em que as instituições funcionam e onde a lei é a mesma para todos. Poderiam se dar ao respeito. Sabemos muito bem como as coisas se passam por aqui, particularmente quando se trata da impessoalidade da lei.

"Tirando onda..."

Usain Bolt é idolatrado pelos cariocas. Na TV, vi uma criança sendo questionada a respeito. A resposta: Ele sabe tirar onda... 
Pois é, sabe mesmo. Ele entrega o que promete. 
Cariocas também tiram muita onda, mas quase nunca entregam o que prometem. Os argentinos, tão malvistos pelos brasileiros - e vice-versa - também tiram muita onda e também entregam muito pouco do que prometem.
É perigoso ficar tirando onda. Se  você não entrega o que promete, corre o sério risco de cair no ridículo.