terça-feira, 30 de março de 2021

Não há maior solidão que o medo da solidão.

É o que escreve J.P. Coutinho no seu artigo para a Folha de hoje. Tenho lá minhas dúvidas, mas de qualquer maneira insuflou meu ego, porque de solidão - sem falsa modéstia - eu entendo. As circunstâncias obrigaram-me a conviver com ela. a fazer dela minha amiga e consequentemente a não temê-la.  Vai ver sou menos solitário que muita gente  que vive rodeada da gente por aí.

Também cita Pascal, para quem todos os problemas da humanidade se devem ao fato dos homens não conseguirem estar sozinhos no quarto. Como é só que consumo a maior parte do meu tempo, posso admitir que não poderei ser responsabilizado pelos desvarios - cada vez mais frequentes -  a que a humanidade se presta. 

Ser solitário, tem lá suas vantagens....

quinta-feira, 25 de março de 2021

República roída.

Assisti ontem a peça de oratória de quase duas horas de Gilmar Mendes no julgamento da suspeição do juiz Sérgio Moro. Comparo-a à de Roberto Jefferson no Congresso contra José Dirceu, quando abriu-se o caminho para o Petrolão. Ambas são memoráveis.

Gilmar espumava, esculhambou com o novato Kassio que o contrariou votando contra a suspeição, faltou com a verdade quando falou do Petrolão que também tentou desqualificar, fazendo dobradinha com o Lewandowski. Tentou cooptar o voto da Carmen Lucia, citou audios obtidos ilegamente e sequer periciados... Portava-se como o rei da cocada preta, o tom da sua fala tinha a arrogância de um capo. Sem nenhum pudor com a imparcialidade, com a fala embargada - no melhor estilo capo -  elogiou o comportamento da defesa e  atacou a parcialidade da República de Curitiba. Quanto cinismo... quanta cara de pau...Foi um show onde ficou provado que nosso Est.ado Democrático de Direito  está mais para pequi roído do que para um regime em que todos tem chances iguais diante da lei. 

Aliás, todo o episódio da LavaJato é uma mostra de que - pelo menos no Brasil! - a justiça não é cega. Vale para a República de Curitiba, vale para qualquer instância da Justiça.

Você compraria um carro usado do Gilmar Mendes, doublé de juiz do STF e empresário? Pensando bem... de boa parte dos juízes do STF? 

E saber que estamos na mão dessa gente!

P.S. - O lugar de pequi roído é o lixo.

segunda-feira, 22 de março de 2021

Porto Final

Por elas encarei,

mares tempestuosos,

ventos uivantes.

Em vão.

No ocaso,

refaço as rotas do afeto,

retorno para as águas calmas,

da minha Ítaca interior,

onde as alegrias são contidas,

as dores menos sentidas.

Estóico que sou,

busco a  ataraxia,

fatigado da algaravia 

do que se passou.

sábado, 20 de março de 2021

...e não vale mesmo...

 


Se o capitão quando era a escumalha do baixo clero assombrava o país apoiando o regime militar de 64  e defendendo a tortura, o que fazia dele uma figura impar e muitas vezes  descrita como exótica pelos bem pensantes da nossa inteligentsia, imagina o que ele pode aprontar agora, que é presidente da República, eleito por quase 60 milhões de brasileiros. Se antes na sua insignificância ele assombrava o país, agora ele assombra o mundo, sabotando toda e qualquer medida que impeça a propagação do vírus em Pindorama. Faz do país um matadouro. Nem o ditador da Coréia do Norte cometeria tamanho disparate.

Não tenho dúvidas de que ele é portador de graves distúrbios de personalidade dada sua invulgar capacidade de se portar como um outsider defendendo posições radicais, normalmente de extrema  direita em relação ao mainstream, aliadas à propensão para estimular  o conflito ao invés do diálogo entre as partes. É dele que sua personalidade se alimenta e ganha corpo. Fica confortável operando na contra-mão; nega ditaduras, apoia torturadores, nega o isolamento social, é anti-vacina. Deixo o veredicto para psicólogos e psiquiatras. Duro mesmo é admitir que foi a um tipo com essa quadratura que entregamos os destinos da nação por quatro anos que teimam em não passar.

A eleição democrática de um traste - sim, um traste! - desse calibre, justo num período de pandemia universal, não me deixa dúvidas quanto a nossa impossibilidade de construir uma nação pelo menos a curto prazo. Desisto. Vou viver minha vidinha de aposentado, far away desse insensato mundo.