terça-feira, 18 de agosto de 2015

Homem Bom ou Homem de Verdade....

A conjunção adversativa  soa como excludência. É típica do imaginário que domina a cabecinha dos nossos mudernos. Por que um homem bom não poderia ser um homem de verdade?
O tema foi abordado com essa dicotomia no programa Em  Pauta da Globo News de ontem  e relacionado - não lembro bem - a uma cadeira ou pesquisa de uma universidade americana que desconheço da área de Nova Iorque.
Mulheres, no discurso,  declaram sua preferência por um homem bom - o cara família, trabalhador, o caxias. Na prática, e se puderem, ficam com o homem de verdade - pegador, fodão. Dizem para o distinto público que gostam de homem sensível mas nas internas preferem o machão. O primeiro é sem graça, demodé; o segundo, um carrossel de emoções. É o cara! Dá o maior ibope com as amigas.
Não há novidade alguma na constatação. Para não ser injusto, faço as ressalvas para  as exceções de praxe. Nelson Rodrigues já havia matado a charada. O problema é que a  opção pelo homem de verdade,  pode muitas vezes ser um bilhete sem volta para o inferno. Emma Bovary que o diga!
Pelo que me cabe nesse latifundio, posso dizer que sou um cara sem graça.


segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Uber neles!

Não usei o serviço mas depois de já ter sido esnobado por muito taxista, ter que ouvir a lorota de que não há troco e ver  o preço ser arredondado prá cima, de desembolsar diferentes quantias por um  mesmo trajeto acho que está na hora de uma sacudida nesse tipo de serviço.
Entretanto, o sindicato dessa turma- não passa de uma guilda! - tem tentáculos nos podres poderes constituídos que já movem uma perseguição ao novo serviço. Ou melhoram ou que se danem esses amarelos!
PS - Não é justo generalizar. Há poucos dias um taxista não me cobrou a corrida pois estava sem troco. É verdade que o trecho era pequeno mas, vamos conceder, nem tudo está perdido.

domingo, 16 de agosto de 2015

Carioquices

Li por aí que  há cariocas querendo transformar a malandragem em patrimônio imemorial da cidade.
Não me surpreende. Há tanta sandice no ar. Afinal chegar atrasado a um compromisso por aqui é considerado  como algo natural.Apenas mais  uma carioquice.
Por que não incluir também essa outra característica carioca cantada em prosa e verso no patrimônio imemorial?  Malandragem e impontualidade,   importantes contribuições da carioquice para a brasilidade!

Poemeto

O dedo em riste,
Dedo de Deus,
aponta para o céu.
Sua silhueta negra
invade o cálido
laranja da manhã
límpida desse inverno quente,
transtornado
por  um tempo demente.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Fuja!

Nunca fiquei tanto tempo afastado desse meu cantinho no mundo. Um dos meus seis leitores enviou-me um whatsapp perguntando se tinha abandonado o blog. Ainda não, mas os tempos ficaram muito difíceis em julho. Espero que agosto, apesar de ser o mês do desgosto, não me reserve dias piores.
Desde a criação do blog enfrentei três tempestades. Nas duas anteriores - um final tumultuado de relação afetiva/amizade com direito a baixaria na Internet que fui obrigado a engolir e uma guinada de 180 graus  na minha atividade profissional que o tempo vem mostrando não ter sido a mais correta - continuei escrevendo, mesmo com as veias abertas.
Já a tempestade que enfrento - reforma total do apartamento - tem me consumido a alma, o tempo e a inspiração mais do que as outras duas.
Haviam me avisado que a tarefa seria dura. Contratei engenheiro, pois ia derrubar paredes,  e arquiteta para arredondar minhas idéias a respeito de espaços interiores. No começo tudo parecia que daria certo. Era apenas o começo... O tempo, senhor da razão, mostrou que eu estava errado. Descobri que a equipe do engenheiro é especializada em construção de apartamentos para aluguel, com raras exceções, composta por profissionais subalocados de pouco qualificação e de baixíssima produtividade. Ele próprio, é  auto-centrado no seu mundo de construção de baixa qualidade e acabamento. Nada do que faz está errado, mesmo com o erro saltando aos olhos. Interessa-lhe cumprir as etapas do projeto, não importando de que maneira.  Cobrado... discute, encara... põe a culpa nos outros. Ontem mesmo tive uma discussão séria com ele e seu mestre de obras. A arquiteta é uma moça de bom trato mas nada coloca no papel; é pouco criativa. Tem uma amiga maluquete, esta sim, cheia de idéias,  embora concorde com poucas delas.
A verdade foi-se revelando ao longo do tempo e tudo ficou muito claro na hora do acabamento, exatamente no mês que passou. Obriguei-me a passar tardes e dias inteiros na obra para que ela fosse concluida (?!), mesmo assim com duas semanas de atraso. Praticamente expulsei-os do apartamento, para a ele retornar após 4 meses e meio. Aluguei um conjugado que com o estouro do prazo, passou a ser cobrado em taxa diária. A volta deveria ser acelerada para evitar a sangria financeira.
Em casa novamente, praticamente acampado, corrijo a miríade de mal-feitos da equipe de engenharia - ralos entupidos, teto de gesso e portas de blindex fora de prumo. Uma festa! 
Balanço?
Não valeu a pena. Eu, próprio, não estava a altura do desafio, muito maior que o imaginado face à baixa qualidade dos serviços de engenharia e da pouca participação da arquiteta. Ficou um travo na garganta, um gosto amargo na boca.
- Como vocês está magro! É o que todo mundo diz. O bruxismo retornou. O sono encurtou. Pior...  começa a crescer uma barriga indigesta pois abandonei a ginástica. Nem as mulheres, nem os poderosos me abalaram tanto. A obra conseguiu esse feito. Uma  autêntica bad trip... e do inferno não se retorna sem cicatrizes.