quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Everything...

Everything but Phalaenopsis,
Everything but Chardonnay,
Everything but PT.

Você é fofo?

Eu não!

E serão 4 anos mais....Eu quero luz!

Depois da campanha sórdida em que ser bem sucedido significava aumentar a taxa de rejeição do oponente - ai meu Deus! - só me resta desejar ao poste reeleito pelo nosso demiurgo que faça a luz, uma vez que  nos 4 anos que governou, nos deixou tateando no escuro. Espero que corações e mentes se desarmem mas será tarefa difícil uma vez que  o PT faz política baseada no confronto. Se até   Marina Silva, com a história que possui, ao surgir como ameaça ao projeto de 1000 anos de hegemonia petista - 4O  Reich? - foi destruida, mais fácil foi demolir  Aécio Neves com um passivo  bem mais comprometedor.

Dou razão a Sartre - Para fazer política é preciso meter as mãos na merda ; a Thoreau em Vida sem Princípio - O que se chama de política, é algo tão superficial e desumano que eu sequer consigo que tenha a ver comigo. Concordo com Fernando Gabeira - Uma fantástica máquina de propaganda e um poderoso esquema de corrupção ocuparam o lugar da política. (O Globo, 26.10.2014)




O jeito PT de ser

Os dois episódios narrados por Elio Gaspari na sua coluna da Folha (26.10.2014) dão a dimensão exata de quem é Lula; de como age o PT. Atribuem a Petronio a frase:  Se o povo quer ser enganado, deixemo-lo ser enganado

 Em 2002, depois do debate da TV Globo, Lula foi para um restaurante do Rio e comemorou seu desempenho tomando de uma garrafa de vinho Romanée-Conti que custava R$ 9.600. A conta ficou para Duda Mendonça, o marqueteiro da ocasião. Quem achou a cena esquisita pareceu um elitista que não queria dar a um ex-metalúrgico emergente o direito de tomar vinho caro. Duda confessou que fazia suas mágicas com o ervanário do mensalão. Passaram-se doze anos e os repórteres Cleo Guimarães e Marco Grillo mostraram que, na semana passada, Lula esteve em São Gonçalo, onde disse que "a elite brasileira não queria que pobre estudasse". Seguiu da Baixada Fluminense para a avenida Atlântica e hospedou-se no Copacabana Palace, subindo para a suíte 601, de 300 metros quadrados, com direito a mordomo. Outros sete apartamentos estavam reservados para sua comitiva.

A mágica dos 3% para o PT que Paulinho arrecadava com os seus negócios na Petrobras deve ter financiado dessa vez a  suite do Copacabana Palace. Vou arrematar com  Fernando Gabeira:

Desde muito que as evidências não importam mais. Os cínicos triunfaram impondo a tese de que importam apenas as versões. À suprema vitória foi a adoção da técnica de Goebbels: repetir a mentira muitas vezes para que se confunda com a verdade . ( O Globo, 26.10.2014)

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Pondé em 5 textos.

Vaidades

Há muito que leio a Bíblia, apesar de ter nascido sem o órgão da fé. Uma ideia que, para mim, é insuperável, e muito estranha ao mundo contemporâneo, é a de que nada existe de novo embaixo do sol. Nosso mundo, tomado pela moda como ontologia (.......), tem dificuldade em apreender o que seriam grandes rotinas que se repetem desde muitos milênios e que se impõem a nós.
Claro que mudanças acontecem. As tecnologias avançam, a Medicina avança, as idéias políticas circulam. Mas a questão sobre um nível perene de realidade se coloca noutro plano, aquele de processos que se repetem e nos fazem perguntar se há algo de novo sob o sol, como nos fala o sábio bíblico do Eclesiastes. Nascer, crescer, plantar, colher, reproduzir e morrer são algumas marcas desses processos ou instantes. Diante de uma sociedade afeita a modas, pergunto-me se a experiência cotidiana não está contida numa incapacidade humana de mudar nossa condição na Terra: por que estamos aqui? Para onde vamos? Qual é o sentido de tanta labuta? Normalmente, diante de um ataque cardíaco ou da morte de um ente amado, a sensação de que a tagarelice contemporânea e sua excessiva crença em si mesma mais atrapalham do que ajudam é gritante.
Outro exemplo pontual é a tentativa de reinventar as relações entre os seres humanos, definindo-as como políticas ou construções sociais. Ridículos chegam a afirmar que podemos nos definir até no sexo. Caminhamos como se a vida fosse livre como a escolha de um desodorante, apesar de que, no silêncio do dia a dia, nos afogamos na incapacidade de dar nomes aos nossos impulsos e sentimento. Entre a crença nos instintos como símbolo de algum equilíbrio natural ( a natureza é o lugar do desequilíbrio, e não do equilíbrio!) e a utopia de um homem inventado por idéias, fracassamos diante da necessidade de comer, dormir, nascer e morrer, apesar do grito geral a favor de um mundo de luxos e direitos.
A pergunta do Eclesiastes acerca da vaidade como fundo de tudo sob o sol está ancorada no significado mais profundo da palavra latina (vanitas) que traduz neste livro bíblico a expressão do hebraico antigo  nuvem de nada, vento que passa. Vanitas, antes de ser uma luta contra o envelhecimento e a falta de beleza, significa o vazio que nos ronda e que se materializa em nossos limites tão desejados. No mundo contemporâneo, pensamos que podemos votar contra o medo, o fracasso, a inveja, a mentira e a hipocrisia. Essa negação do fato de que não existe almoço de graça prepara a negação maior de que, no limite, não somos o que a Psicanálise chama de ser da falta. Como crianças mal criadas que atingiram os 40 anos, gritamos contra a injustiça do universo contra nós e declaramos esse vazio uma falta de respeito.A maquiagem como mentira da beleza é menos enganosa do que uma cultura que gosta de se reafirmar como livre de gravidade e do trabalho de sol a sol. O suor é, assim declarado uma forma de preconceito contra nosso direito à eternidade.

Coitados

É comum nos referimos às pessoas como coitadas porque têm de enfrentar a vida. Algo que, antes, era considerado óbvio - a vida não tem garantias-, hoje se tornou um erro cósmico.  Esse equívoco se evidencia de forma mais gritante no olhar que muita gente tem sobre as contingências da vida social e econômica. Criticamos o mundo como se ele fosse responsável por sobrevivermos ou não. Em casos como esses  é que o ressentimento se torna mais evidente: a sociedade e as pessoas devem ser responsabilizadas por escolhas individuais. Se me endivido, a culpa é do banco. Se não tenho emprego, a culpa é da sociedade que me obriga a trabalhar. A questão é: quem foi o desgraçado que inventou essa história de que devemos amadurecer e enfrentar o fato de que não há garantias para nada? por que esses ressentidos acham que a a sociedade deve nos dar tudo o com isso fazer de nós uns retardados mentais em termos de moral? A necessidade de que a vida seja garantida atinge níveis metafísicos desde sempre: este é o núcleo de nosso desejo metafísico religioso, a saber, que algo ou alguém garanta nossa sobrevida, mesmo depois da morte. Morto Deus ( pelo menos tendo Ele concorrentes mais próximos, como a vida secular, científica e racionalizada), essa forma de ressentimento se escondeu nas camadas mais medíocres da existência: assumiu a forma de uma petição contínua para que eu seja uma eterna criança a ser cuidada. Se Freud dizia que amadurecer é aceitar uma orfandade, o amadurecimento passou a ser considerado um modo de opressão. Coitados de todos nós, que somos obrigados a suportar essa ladainha daqueles  que não conseguem compreender o que, desde a tragédia grega, se sabe: a vida nunca teve garantias.
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Posso ser o que eu quiser

Não, você não pode ser o que você quiser. É modinha, hoje, afirmar que posso ser o que quiser. Numa mistura bombástica entre crítica dos anos 1960 à Psiquiatria (.....) e simples preguiça mental, muitos contemporâneos afirmam que, se eu quiser ser X, posso ser.
Sim, talvez eu poderei ser médico se me esforçar muito, mas não posso ser Jesus se quiser. Se pensar que sim, serei apenas ridículo ou louco. Mas esse tipo de discurso que parece buscar uma liberdade total, apenas revela o tédio da própria identidade
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Mas o traço característico dessa forma de preguiça é confundir o peso da identidade com o sonho infantil de que me livro dela quando quiser e que, portanto, se sou X, o sou porque quis, logo, sou livre. Mais uma mentira a serviço de nossa incapacidade para lidar com o sofrimento. Coisas básicas como ser eu mesmo se tornou tamanho desafio que é melhor crermos em ficções como posso me inventar quando quiser. Talvez o maior equívoco da cultura em que afogamos nossos jovens seja essa idéia de que eles teriam descoberto modos de resolver a vida e se inventar.

Políticas do Ressentimento.

A Psicanálise afirma que somos seres da falta. Essa falta está inscrita na nossa incapacidade de sermos seres plenos. Desejamos o tempo todo porque nunca estamos satisfeitos. A cada realização de um desejo, o objeto que o realiza tomba sob o efeito do tédio. A mulher não é mais tão gostosa, o homem tampouco permanece tão sedutor.
No mundo de mimados em que vivemos, essa falta é declarada irreal. Compramos tudo para não a sentir por cinco minutos, acreditamos em teorias absurdas sobre a natureza humana (somos lindos, e a sociedade é que nos faz feios) para não experimentarmos o fracasso de nossa virtude, criamos utopias que sustentam um paraíso onde ninguém viverá o mal-estar do qual nos falava Freud. Aliás, apesar de repetirmos esse mal-estar ao longo da vida, como o sábio de Viena disse que acontece, declaramos guerra à verdade dizendo que tudo é culpa da má construção social do sujeito. Mesmo a psicologia profissional tomba diante da negação da falta. Um mundo incapaz de suportar essa falta é um mundo povoado por adultos retardados mentais, que jamais alcançam aquilo que nos define como adultos (......):a angústia de saber que jamais seremos felizes.

O Insuportável Singular

Interessante contradição da era do ressentimento: fala-se muito dos direitos do eu, da pessoa, do indivíduo, mas ninguém suporta a singularidade. Ser uma pessoa singular virou um produto de marketing do eu. Todo idiota do bem se acha uma pessoa singular, livre de preconceitos que o definam. Mas nunca foi tão impossível sustentar essa posição, porque a singularidade exige um percurso mais próximo dos exercícios espirituais dos velhos monges do deserto do que das preocupações com a felicidade típica dos mimados contemporâneos.
A contradição salta aos olhos uma vez que nós falamos muito no eu livre das tradições, e os monges buscavam o aniquilamento do eu a fim de fazê-lo dissolver-se numa tradição, a do Cristianismo. A verdade é: quanto mais quero ser eu mesmo, mais sou como um conjunto de projeções e manias herdadas dos outros ou criadas por meu próprio narcisismo. Às vezes, quando desisto de me autoafirmar, torno-me menos ridículo.
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A singularidade de uma alma não é ser bem resolvido....... mas fracassar em ser bem resolvido e viver um dia após o outro tendo que criar sua própria sinfonia, sem garantias, sem modas, sem militâncias, apenas sabendo que não pertence a um bando de vitoriosos.
 
Luiz Felipe Pondé, A Era do Ressentimento, Leya, 2014.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Nos umbrais da velhice (II)

Cacá Diegues escreveu para o Globo de 05.10.2013 sob o título de O que ainda não sabemos. Faço minhas suas palavras. Ao completar 63 anos pareceu-me um balanço apropriado para a saga da humanidade e de um homem só.
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Já disse que não sou catastrofista, não acho que estejamos vivendo o pior dos tempos. Em geral, é tão difícil viver que confundimos nossa agonia com a agonia dos tempos, como se nossa dor fosse fruto do pior momento da história da humanidade, aquele que estamos vivendo. Confundimos a angústia de nossa finitude, com o próprio fim do mundo. E, no entanto, a humanidade segue avançando; como uma senhora bêbada pelas ruas, mas avançando.
Erramos muito. Ao longo do tempo, os homens transformaram em costume crimes morais e materiais, leves ou imperdoáveis, praticados à custa do outro em nome do poder e do dinheiro. E finalmente consideramos tudo isso normal. Às vezes, penso até que a história da humanidade é a maior prova de que Deus não existe ou não tem jurisdição sobre nós. Ou ainda, se Ele existe, está pouco se lixando para o que fez.
Das soberbas pirâmides do Egito clássico ao esplendor barroco de nossas igrejas coloniais, construímos nossas maravilhas às custas da escravidão de semelhantes de outra cor, religião ou etnia. Atiramos à fogueira aqueles que nos ameaçavam porque não os compreendíamos; como degolamos diante das câmeras aqueles de quem discordamos. Sempre resolvemos com guerras e, não poucas vezes, espantosos genocídios as diferenças entre nossas tribos e nações. E, uma vez vencedores, transformamos nossos horrores em feitos heroicos, monumentos à glória de nosso povo.
Apesar de tudo, vamos em frente. Atravessamos os oceanos e voamos acima das nuvens, curamos os males do corpo, inventamos máquinas que facilitam nossa vida, pensamos sobre o nosso destino e para que servimos, ouvimos sábios que parecem saber quem somos, a que estamos destinados. Produzimos ideias em que, no fim dos confrontos finais, o homem se tornaria senhor de si mesmo, um ser divino, livre de classes, acima da natureza, num paraíso que haveríamos de construir por aqui mesmo. Mas vai chegar a hora em que teremos de contemplar com franqueza as nossas fraquezas, colher de nossos defeitos a virtude possível, construir um novo mundo do qual seremos o centro não triunfal. Nos daremos o direito de chorarmos nos ombros uns dos outros, iguais tão dessemelhantes. 
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O que importa é que ainda quero ver por aqui as manhãs que cantam, a luz do sol sobre o horizonte, a primavera chegando sem avisar.

domingo, 12 de outubro de 2014

Nos umbrais da velhice

Esse é meu primeiro aniversário como sessentão que comemoro com minha alma livre da agonia que a atormentou no período.  Os sessenta são o portal da velhice e isso nos dá a consciência de que o futuro é breve. Não bastasse isso,   enfrentei dois furacões existenciais;  um no campo do relacionamento pessoal, outro na profissão. Se foram. Continuo de pé, caminhando pelo deserto, fugindo cada vez mais desse mundo, buscando algo mais sólido, cada vez mais longe da civilização e próximo da vida rural, dos animais  - a quem respeito - de patos e gatos, cachorros também... e um papagaio prá falar - Gostosa! - toda vez que uma mulher passa por ele. Elas se derretem...
 Os seres humanos, por favor... Na empresa testemunho a luta por uma atividade entre diversas gerências em que os atores se permitem golpes de toda a natureza. Pagaria uma fortuna para vê-los falando de ética para os filhos. Lembram-me Michael Corleone, interpretado por Al Pacino em O Poderoso Chefão. Uma moral em casa, outra na rua. Aliás, isso é bem brasileiro.
 Na vida pessoal, é a debacle do relacionamento de um casal muito próximo a mim. Ouço os dois. Ninguém conta histórias que crianças possam ouvir.
É duro, mas verdadeiro o que  o Pe. Antônio Vieira escreveu há mais de 400 anos: São piores os homens que os corvos.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Perco...

... a cabeça, mas não perco o juizo. (Marina Silva)
Ela repetiu isso ontem à noite no seu pronunciamento após a confirmação do resultado do primeiro turno. Já o dissera quando saiu do Ministério do governo Lula.
Pois é, melhor  perder a cabeça mas não o juizo prá quem é decente e não suporta mais o que está aí. Queríamos algo novo, nesse país em que tudo muda para ficar do jeito que está. Não sei se ela conseguiria pois seria minoria em um Congresso onde o PMDB e seus métodos se perpetuam fazem anos.
Valeu a pena sonhar. Um dia, venceremos as duas quadrilhas que agora irão para o duelo final. Tampando o nariz e fechando os olhos, agora é Aécio. Quadrilha por quadrilha, prefiro a dele. O PT é o mal maior.

sábado, 4 de outubro de 2014

Depois dessa campanha sórdida...

... em que  até o Maligno foi convocado, ainda que metaforicamente - Podemos fazer o diabo quando é hora de eleição (Dilma Rousseff em 04.03 a prefeitos na Paraiba - UOL) -  só me resta ouvir o Divino. Que ele se apiede de nós e do país que já se cindiu ao meio e cuja divisão deve se aprofundar e radicalizar nos próximos anos, caso se concretize a vitória dessa tchurma  que tomou de assalto o país já lá se vão 12 anos.
Quadrilha por quadrilha prefiro a outra. Questão de bom-gosto.