terça-feira, 29 de novembro de 2022

LBGTQIA+

 ...e não é que descobri o significado do acrônimo?

lésbicas, bissexuais,gays, transsexuais, queer, interssexuais, assexuais e outras possíveis classificações (+)

O sinal (+) talvez seja a parte mais importante, pois não há  obra em aberto maior no mundo do que este acrônimo.  

Talvez eu deva me informar mais mas foge da minha compreensão, o que cada  grupo minoritário oprimido, abrigado debaixo do acrônimo, representa. Por tudo, com tudo e acima de tudo,  que viva a diversidade! 

(está em uma matéria da Folha a respeito da palavra do ano para o Webster: gaslighting *)

* manipulação psicológica de uma pessoa, geralmente por um longo período de tempo, o que faz com que a vítima questione a validade de seus próprios pensamentos.

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Lá pelas tantas a matéria  associa a palavra a violência de gênero, relacionando-a  a manipulação das mulheres por seus parceiros...prá fazer uma média com a maioria dos  seus leitores progressistas. Apenas mais um exemplo do proselitismo cada vez mais escancarado da mídia tradicional.

A pátria de chuteiras... ou "sinto o cheiro de hexa"!

Confesso que estes dias de Copa além de me darem o prazer de ver  como anda a futebol pelo mundo - nos demais, sou um fiel aficcionado de Premier League  e de futebol bem jogado -  trazem-me o desconforto de conviver com o ufanismo que viceja como erva daninha nas peças publicitárias, no acompanhamento obsessivo que a imprensa faz da seleção  e nas transmissões e comentários da maior parte da nosso jornalismo esportivo - Galvão Bueno, primum inter pares.  É o vamo qui vamo, agora é nóis;  um verdadeiro pé-no-saco

Torço contra low profile, pois qualquer manifestação mais efusiva ou opinião mais contundente  pode dar motivos a que me qualifiquem de antipatriota, como se torcer pelo sucesso da seleção de futebol do país fosse um atestado de amor e respeito por ele. 

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Tudo começou na Copa de 70 quando o governo da época usou politicamente o tricampeonato da seleção. Daí para a frente, meu antipatriotismo só faz aumentar. Mais do que torcer pelo insucesso dos canarinhos tem a ver com o porre que damos ao nosso imaginário a cada campeonato mundial conquistado. Funciona como uma compensação para nosso desempenho de seleção de segunda ou terceira categoria naqueles quesitos que nos colocariam na prateleira de um país desenvolvido e mesmo uma potência mundial. Já que não dá para sermos campeões no que importa, que seja no futebol. Assim podemos tirar uma casquinha dos europeus e dos americanos. E vamos nos auto-enganando. Seremos um eterno país em desenvolvimento, mas potências mundiais no futebol.

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Adoraria saber quando se estabeleceu esse sentimento entre o povo. Desde sempre? Creio que não. Começou em 58, depois da primeira Copa... ou depois de 70, quando lembro que o tricampeonato foi explorado exaustivamente para outros fins além dos futebolísticos? A pesquisar...

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Somos tão auto-referenciados na matéria que há quem atribua o insucesso da seleção alemã depois da Copa de 2014 e o atual insucesso da  seleção belga à maldição brasileira. Ousaram  tirar o título do Brasil nas Copas de 14 e 18.

- Com brasileiros não há quem possa!

domingo, 20 de novembro de 2022

80 anos de Paulinho da Viola (II)

Paulinho-sambista, em uma das suas composiçõe preferidas, na voz de Nara Leão, uma das minhas preferidas, como mulher, como cantora...:




Paulinho chorão:






quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Conflito de interesses...Qual o problema?

O imaginário nacional jogou prá debaixo do tapete desde sempre. Já vivenciei na empresa e - não lembro! - devo ter feito pelo menos um post anteriormente sobre casos do passado, creio que envolvendo Gilmar Mendes - sempre ele! -  que não se declarou impedido de julgar um caso de Jacob Barata Filho,  empresário - capo? -  do  transporte coletivo do RJ, mesmo tendo sido padrinho de casamento de uma das suas filhas.

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Lula viajou para a COP27 nas asas de um jatinho de um empresário amigo, dono de uma importante empresa que vende planos de saúde no país - setor que tem lobby poderosíssimo no Congresso. Já andou enrolado com a Justiça e dela se escapou através de uma delação premiada.

Vai que apareça ao longo do seu mandato alguma medida que beneficie o setor - ou pior! - a própria empresa? As suspeitas logo irão aflorar. E com razão...

Duro é ver muito jornalista defendendo o futuro presidente, não vendo nenhum problema com o fato. Aliás, a imprensa chapa branca dos tempos dos governos petistas voltou, agora com colunistas defendendo desabridamente o presidente recém-eleito.

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Cinco ministros do STF participaram em NY de uma conferência de dois dias para mais de 260 empresários brasileiros. Viajaram com TODAS as despesas pagas pela LIDE, empresa de João Dória que organizou o evento.

Desta vez não apareceu jornalista para defendê-los - o Judicionário anda em baixa na opinião pública . Além de xingados por manifestantes, foram ridicularizados por Conrado Hubner Mendes na Folha de hoje que qualificou o evento como uma micareta 5 estrelas. Não deixa de ser. Qual a razão para uma conferência para a elite econômica brasileira com a participação de ministros do STF -  tudo junto e misturado - discutindo problemas nacionais ser realizada em uma cidade do exterior? 

É um exemplo claro de promiscuidade entre um poder da República - res publica -  e um grupo privado do andar de cima do país. Nenhum ministro viu  conflito de interesses em participar do evento. Vá lá tivessem custeado suas despesas...

O descrédito nas instituições do país e a ira dos bolsonaristas contra o STF não são portanto gratuitos.

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Corria na Europa, durante o século 17, a crença de que aquém da linha do Equador não existe nenhum pecado: Ultra aequinoxialem non peccari. Barleaus, que menciona o ditado, comenta-o, dizendo: "Como se a linha que divide o mundo em dois hemisférios também separasse a virtude do vício" 

Sérgio Buarque de Holanda (1932), Raizes do Brasil  - Notas de Rodapé.

terça-feira, 15 de novembro de 2022

De tédio, o carioca não morre.

 ...e não é que, ontem à tarde, um daqueles navios que fica atracado na parte mais interna da baia de Guanabara em um local que é chamado cemitério de navios e que fica à esquerda de quem segue do Rio para Niterói pela ponte,  soltou-se das amarras e veio bater na própria? Era um graneleiro com 200m de comprimento e 30m de largura. Imagina o susto de quem passava por lá na hora. 

Menos mal que os danos tenham sido superficiais sem abalo na estrutura da ponte. Já pensou na tragédia caso ela se partisse, por exemplo.... Mas desde sempre tivemos mais sorte do que juizo. Resta saber até quando...

A história da embarcação, fundeada na baia desde 2016, tem prá todos os gostos... morosidade da justiça, omissão e descaso das autoridades; até trabalho escravo foi constatado. De acordo com matéria de O Globo há outras 58 embarcações  em condições similares abandonadas no dito  cemitério. O Brasil em todo o seu esplendor.

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Se você é um cara rodado e pensa que já viu de tudo na vida, venha morar no Rio de Janeiro e logo constatará o equívoco que cometeu.  Estabeleça-se por aqui por um período de tempo que não precisa ser muito extenso. Venha com um estoque extra de adrenalina porque você vai precisar. O Rio de Janeiro oferece atrações inusitadas e um carrossel de emoções diárias. Não é qualquer cidade afinal que oferece a possibilidade de ter um navio de 200m de comprimento e 30m de largura à deriva numa baía cortada por uma ponte.

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Pregam, mas não praticam.

O que dizer da verdadeira caça às bruxas promovida pelos autoproclamados setores culturais progressistas contra a atriz Cássia Kiss pelo fato de ser uma católica conservadora e defender suas posições com veemência? Cogitou-se em retirá-la do elenco da novela, em demití-la da Globo. O ator  Juliano Cazarré já havia declarado ao  programa matinal da Ana Maria Braga da  emissora que não é fácil ser católico no meio artístico.

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É incrível a cara-de-pau desse pessoal. Criticam com veemência a intolerância e boçalidade do reacionarismo bolsonarista, pregam o respeito à diversidade com o fervor de cruzados, mas na hora de praticá-la, tomam atitudes que fariam corar aqueles que criticam. Vai ver que a tolerância a que se referem só deve ser praticada para quem é da tchurma, bem ao espírito da frase, a quem se atribuem diversos autores:  - Todos sabíamos que era um canalha, mas ele era o nosso canalha.

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Endosso em boa parte o texto de Eduardo Affonso para o Globo, uma das raras vozes a se levantar em defesa da atriz no meio jornalistico, alinhadíssimo ao cultural.


80 anos de Paulinho da Viola

A grande - talvez a maior -  geração da música brasileira ou está morrendo -  Gal Costa  se foi na  semana que passou! - ou ficando octogenária como Paulinho que completou 80 anos dia 12. Ele se junta à constelação de Chico, Caetano, Gil e Milton, todos também com 80 anos. É de se supor que baianos da Tropicália e mineiros do Clube da Esquina também devam estar vizinhos a ela. Todos começaram a brilhar nos  anos 60 do século passado; uma década que deixou marcas profundas na cultura do Brasil e do mundo inteiro. E pensar que vivi esses anos em um seminário. Acompanhava de longe pelos jornais. Foi o que me coube.

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Paulinho sempre trilhou caminhos próprios. A fidelidade às suas raizes do samba e do choro, entretanto, não  impediu que  trocasse figurinhas com os outros  expoentes da sua época - alguns deles citados acima - e que trilhavam outros caminhos musicais. Ele, que  mesmo não tendo nascido no morro - tijucano que acabou se fixando em Botafogo -  convivia, cantava  e compunha com o pessoal que lá morava. 

Discreto, afável, deixa a impressão de ter aquilo que os gaúchos chamam de  lhaneza no trato. Deve ter sido uma das tantas razões que o levaram a  ser considerado o  Príncipe do Samba; ele que nem do morro é.

Mesmo não sendo muito afeito ao samba passei a considerá-lo muito, depois de um episódio ocorrido num desses mega-shows que a Prefeitura do Rio promovia nos finais de ano em Copacabana para o qual foi contratada a nata da MPB; sei que Gil e Caetano estavam. Não lembro por qual motivo, foram revelados os cachês astronômicos pagos a esses caras e que todos à excessão de Paulinho - tinha um cachê menor -  declararam valores mais baixos para fugir do fisco. Paulinho, elegante até na cobiça pelo vil metal.

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Em uma entrevista dada à Ilustrissima no dia 11, mostrou que é um sábio também:

...quando você é mais jovem, tem projetos e erra muito. Não quer dizer que aos 80 anos você não vá errar, mas tem coisas que escreveu ou fez ou disse que você não diria mais. Aos poucos, vai amadurecendo até o ponto em que descobre que não sabe nada 

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É de Paulinho uma das 10 músicas brasileiras que eu elencaria sempre: Sinal Fechado, aqui com Elis Regina, no antológico Transversal do Tempo. É um hino da incomunicabilidade e solidão humanas. Bem que podia fazer parte da trilha sonora de um filme de Bergman.

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Mas isso não é o Paulinho-raíz. Prá marcar esse lado, vai aí um choro com Paulinho no cavaquinho, seu pai Cezar Faria no violão, Copinha na flauta, Elton Medeiros no pandeiro e por aí vai (créditos ao final). Só bambas...



segunda-feira, 7 de novembro de 2022

120 anos de Drummond

 

Poema das sete faces

Quando nasci, um anjo torto

desses que vivem na sombra

disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

 

As casas espiam os homens

que correm atrás de mulheres.

A tarde talvez fosse azul,

não houvesse tantos desejos.


O bonde passa cheio de pernas:

pernas brancas pretas amarelas.

Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.

Porém meus olhos

não perguntam nada.


O homem atrás do bigode

é sério, simples e forte.

Quase não conversa.

Tem poucos, raros amigos

o homem atrás dos óculos e do bigode.


Meu Deus, por que me abandonaste

se sabias que eu não era Deus

se sabias que eu era fraco.


Mundo mundo vasto mundo,

se eu me chamasse Raimundo

seria uma rima, não seria uma solução.

Mundo mundo vasto mundo,

mais vasto é meu coração.


Eu não devia te dizer

mas essa lua

mas esse conhaque

botam a gente comovido como o diabo.

Alguma Poesia - 1930 

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Acho que ele pensava em mim quando escreveu esse poema. Até o nome ele acertou. 

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Drummond em Copa ( das minhas caminhadas)


domingo, 6 de novembro de 2022

Passando por aqui para lembrar

 ... ao Exmo Sr. Presidente da República eleito no domingo que passou que ele só chegou ao terceiro mandato, graças aos votos daqueles que o escolheram para evitar um mal maior, representado pela reeleição do capitão. Seu número - entre os quais me incluo - certamente é muito maior do que a vantagem que o senhor alcançou nas urnas. 

Compõem o bloco majoritário do eleitorado do país os votos dados ao capitão acrescidos dos votos de eleitores mais ao centro do espectro político que apesar de terem optado pelo senhor no 2o turno,  discordam da maior parte do programa político e econômico do arco de  partidos de esquerda que o apoiou no 1o turno. 

Seu núcleo partidário-raiz é minoria, Sr. Presidente. Não pense em governar apenas para a militância que somente com seus votos não o elegeria. Provavelmente o senhor estaria contratando a volta de uma tragédia: a ameaça da volta do capitão.  

....e não é apenas a imprensa

 ...que me dá motivos para aguçar o espírito crítico; também as traduções, que alguém já traduziu (!?!) como traições.  A julgar por este exemplo ...

No artigo de Mario Sergio Conti para a Folha de ontem - peça laudatória à entidade eleita presidente da República no domingo que passou -  é citada uma frase recitada pelo coro ao final da  peça Édipo Rei de Sófocles:

Não se diga que um homem é feliz até ele estar morto.

Fui consultar o livro Tragédias da coleção Grandes Clássicos da extinta Abril Cultural, em que Edipo Rei está incluida e vejam a tradução que Geir Campos deu para a frase: 

Por esta razão, enquanto uma pessoa não deixar esta vida sem conhecer a dor, não se pode dizer que foi feliz.

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Qual é a correta? O ideal seria o acesso à obra original. No exemplo, o grego. Quantos o conhecem a fundo para se habilitarem a traduzir?

Boa parte dos clássicos da antiguidade foram  escritos em linguas mortas, como o grego e o latim, ou em versões arcaicas do inglês como as obras de Shakespeare, por exemplo. Muito provavelmente a maior parte delas são traduzidas para o português, a partir de  uma versão dos originais para o francês ou o inglês, na sua forma atual.

Mais preocupante ainda é o fato de que a partir de uma tradução de uma tradução - bota traição aí...- defendem-se teses, escrevem-se artigos para jornais e revistas. 

Cum grano salis, já diziam os latínos.  Não compra como verdade o que te vendem pelo seu valor de face. 


sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Acredita quem quiser...

Mais avanço nos anos e mais e mais vou desmontando minhas crenças; uma delas é a de obter informação isenta a partir de uma única fonte da imprensa. Vejam  esta matéria da Folha a respeito do campeonato mundial de ginástica artística, título inédito para o Brasil conquistado por  Rebeca Andrade ontem em Liverpool. Fala apenas na garota de Guarulhos (SP), sem fazer qualquer referência ao fato dela ser atleta do Flamengo desde 2011, quando lá chegou aos 12 anos de idade. 

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Fala-se muito e mal - com razão! - das fake news propagadas pelas redes sociais, entretanto, o que dizer dessa notícia? É uma meia verdade como toda fake news, apenas mais elaborada. Pode-se dizer que é o modus operandi da nossa midia mainstream que omite fatos relevantes que deseja esconder do leitor/espectador, denuncia à exaustão quem a desagrada  e  põe em destaque aqueles que lhe são simpáticos; e nem estou falando do inocente bairrismo que sofre, como mostra o  exemplo citado acima. Vá lá, fosse uma matéria assinada, mas é uma notícia. Cadê a imparcialidade?

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A polarização parece ter exacerbado o problema e valer-se de apenas uma fonte de informação é atitude temerária. Cada vez mais as publicações tornam-se representantes de nicho. Basta assistir o video que circula por aí com a comemoração nos estúdios da Globo após a virada de Lula na apuração dos votos do 2o turno no domingo que passou. Curioso é que tem muito progressista que atribue à emissora a condição  de anti-petista. 

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 Assino eletronicamente quatro jornais, além de outras fontes que acesso gratuitamente. Haja tempo para tentar consolidar as diferentes abordagens e elaborar a uma visão mais próxima da realidade.

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.... e tem gente que defende com unhas e dentes a primazia dessa entidade pós-moderna chamada  lugar de fala. Ou são mal-informados ou então mal-intencionados. 

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Estou procurando alguém que tenha compromisso com a verdade na imprensa brasileira, à semelhança de Diógenes, filósofo grego da escola cínica, que saia às ruas de Atenas com uma lanterna à procura de alguém decente.