quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Para o descanso final

Retornei ao sul de carro para as festas de final de ano e tive o privilégio de passar pelos Campos de Cima da Serra, um cantinho privilegiado do planeta. Não há nada similar àquela suave ondulação do terreno com o campo colorido de verde claro, entremeado pelos capões de um verde mais escuro onde as araucárias são soberanas. As altitudes, em torno de 1000m,  fazem com que seu clima seja sempre ameno no verão e frio na medida certa no inverno. Não bastasse,  tem pinhão, queijo serrano, canyons e agora descobriram a videira!

Enterrem meu coração à beira de algum de seus cursos de águas, claras, rasas e frias!

Bom Jesus - Campos de Cima da Serra  (facebook.com)
Campos de Cima da Serra (cafeviagem.com)


História do tropeirismo na região da BR-285/RS/SC- Documentário (gov.br)

Lajeado Grande - S. Francisco de Paula - RS (fotonovak.wordpress.com)
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Campos de Cima da Serra (facebook. com)


segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Prá fechar a dobradinha infernal 20/21

Nada mais apropriado do que Slightly hungover of you,  para se despedir da  dobradinha 20/21, os anos pandêmicos de nossas vidas. A música é triste - afinal é um blues! - bem a meu gosto. Para definir o biênio, slightly pega leve, porém hungover está na medida exata. Com que baita ressaca deixaremos para trás essa dupla. 

Que 2022 se apiede de nós.




sábado, 25 de dezembro de 2021

Um menino nos nasceu... (Isaias, 9;6)

 

Presépio da Igreja Sto Inácio de Loyola - Lajeado RS


Ponto de Inflexão?

A editoria de The Economist (edição especial de 23/12) tenta resumir o ano com 10 matérias de capa publicadas ao longo de 2021. Uma delas (04/09) aborda a questão da ameaça representada pelo  iliberalismo progressista ao liberalismo clássico um dos pilares das grandes democracias ocidentais. Na companhia de outro iliberalismo - o reacionário - ele é comparado ao perigo que nazismo e fascismo significaram no século XX.

Nas palavras da editora, observa-se uma fratura (crack)  no pensamento filosófico que embasa a cultura wokery. Moro ao sul do Equador, e não tenho observado arrefecimento algum no movimento por esses grotões do mundo. Os jornalões brasileiros - Folha em especial - abrigam uma representativa quantidade de colunistas alinhados com a cultura woke

Definitivamente estou à margem e torço para que a fratura observada nos excessos desse pensamento  no hemisfério norte se estenda para o hemisfério sul. Enquanto isso não acontece, haja saco para suportar os argumentos  monocórdios e estapafúrdios dessa turma a respeito de racismo, machismo e desigualdade -  para eles  responsáveis pela maior parte dos  problemas do país. Irrita profundamente a arrogância e agressividade com que defendem suas teses. Difícil enfrentar a maré progressista e seu imaginário, dominante nos meios culturais do país, mas enquanto houver bambu - parafraseando alguém -  haverá flechas.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Efeito Orloff

foi uma expressão utilizada no passado, originada de uma propaganda de bebida  que passou a significar  Eu sou você amanhã. A expressão consagrou-se para correlacionar o que acontecia  no Brasil e Argentina na época dos sucessivos planos econômicos (décadas de 80 e 90 do século passado)  com o país de los hermanos antecipando o que viria a acontecer por aqui. Dizia-se então que o Brasil sofria do efeito Orloff em relação à Argentina.

A Folha de 21.12 publica uma matéria com a preocupante constatação de que crescemos abaixo da média mundial desde 2011 e continuaremos assim provavelmente até 2026 mesclando recessão com estagnação. Em 2014,  enterramos a Lei de Responsabilidade Fiscal e acabamos de fazer o mesmo com o teto de gastos. A trajetória marcada por tantos erros, me fez lembrar da Argentina e do temido e indesejado Efeito Orloff.

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A Argentina,  nos primeiros 30 anos do século passado, frequentou a lista das dez maiores economias do mundo a ponto de em Paris se usar a expressão  riche comme un argentine.  A partir da crise de 1929, o país iniciou uma arremetida para o fundo do poço que parece não ter fim. Foram 6 golpes de Estado, com 5 resultando em ditadura, 6 calotes no pagamento da sua dívida externa (Infomoney) e cinco mudanças de moeda (El País). Em 2020, 33% da sua população vivia em situação de pobreza, e sua inflação anual superava os 50%, de acordo com o UOL. Para explicar tamanha débacle, criou-se no meio econômico a expressão paradoxo argentino. Também, nesse meio circula a afirmação, que  classifica as economias dos diferentes países  em quatro tipos: desenvolvidas, subdesenvolvidas, Japão e Argentina. 

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As causas econômicas e políticas para tamanho e incomum retrocesso são várias e já foram dissecadas por ínúmeras teses, papers e livros. Os links acima, remetem a matérias  que  permitem um overview para introduzir-se na questão. O pouco que conheço do país e dos argentinos, leva-me a concordar com as razões apontadas para a crise que não tem fim, feitas pelo Premio Nobel Paul Samuelson (El País):

 A Argentina é o clássico exemplo de uma economia cujo estancamento relativo não parece ser consequência do clima, das divisões raciais, da pobreza malthusiana e do atraso tecnológico. É sua sociedade, não sua economia, que parece estar doente.

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E voltamos ao Brasil e suas mazelas. Se você informar-se um pouco só,  a respeito das argentinas, vai constatar que muitas das nossas assemelham-se às do país vizinho. Tanto lá como aqui, temos uma sociedade doente.  Gostaria de estar errado, mas podemos estar vivenciando com a segunda década deste século, o que os argentinos viveram a partir dos anos 30 do século passado. 

Efeito Orloff, mais uma vez?


sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Alma gêmea

 Álvaro de Campos 

NUVENS 

No dia triste o meu coração mais triste que o dia... 

Obrigações morais e civis? 

Complexidade de deveres, de consequências? 

Não, nada... 

O dia triste, a pouca vontade para tudo... 

Nada... 


Outros viajam (também viajei), outros estão ao sol 

(Também estive ao sol, ou supus que estive), 

Todos têm razão, ou vida, ou ignorância simétrica, 

Vaidade, alegria e sociabilidade, 

E emigram para voltar, ou para não voltar, 

Em navios que os transportam simplesmente. 

Não sentem o que há de morte em toda a partida, 

De mistério em toda a chegada, 

De horrível em todo o novo... 


 Não sentem: por isso são deputados e financeiros, 

Dançam e são empregados no comércio, 

Vão a todos os teatros e conhecem gente... 

Não sentem: para que haveriam de sentir? 


Gado vestido dos currais dos Deuses, 

Deixá-lo passar engrinaldado para o sacrifício 

Sob o sol, alacre, vivo, contente de sentir-se... 

Deixai-o passar, mas ai, vou com ele sem grinalda 

Para o mesmo destino! 

Vou com ele sem o sol que sinto, sem a vida que tenho, 

Vou com ele sem desconhecer... 

 

No dia triste o meu coração mais triste que o dia... 

No dia triste todos os dias... 

No dia tão triste... 


13-5-1928 

Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993). 


 

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

dos porões da alma...

Músicas assim me remetem a um paraíso perdido; provavelmente os anos da minha infância pela data do seu lançamento, ou a alguma paixão que se perdeu na poeira da vida. É uma clara irrupção dos porões da alma, pois não tenho nenhum registro dela conscientemente. Basta ouvi-la, entretanto, para que uma estranha sensação de algo familiar e muito íntimo se aposse de mim. 




 

Desalento, raiva, impotência

Um misto de todos esses sentimentos me invade, ao ler na Folha de hoje que o maior dos  processos movidos contra Eduardo Cunha, foi anulado. Ele era acusado de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e violação do sigilo profissional pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira da 10a Vara em Brasília e condenado a 24 anos e 10 meses de prisão. Motivo: incompetência da Justiça Federal para julgar o processo. A ação foi anulada e os autos remetidos para a Justiça Eleitoral do RN. 

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Prá váriar... inconformidades com o processo. A forma, prevalecendo sobre o mérito. É o caminho seguro que a defesa usa para garantir a impunidade da turma do colarinho branco. O emaranhado de leis sobre as quais se edifica o nosso decantado estado democrático de direito permite que sempre se encontre uma brecha, não para anular o crime, e, sim, o processo.

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Com exemplos como o de Eduardo Cunha, que até as pedras sabem, tem culpa em cartório, vai-se minando a crença nas instituições. Há uma corrosão da democracia? Não é difícil saber o porquê.

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Não demora, e o Sérgio Cabral, o último dos mohicanos ainda enjaulado, vai desfilar livre, leve e solto, proclamando aos quatro ventos que a justiça nada conseguiu provar contra seu nome. 

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Devastadora (II)

Em post anterior, descrevi o panorama desolador de Copacabana. O Jornal do Rio do dia 2 publica matéria a respeito da decadência do Centro do Rio, ilustrada pela foto abaixo (esquina da Teófilo Ottoni com Miguel Lemos). Inimaginável para quem como eu - quando ainda trabalhava por lá -  passou muitas vezes no tumulto do meio-dia pela esquina, buscando um restaurante diferente para almoçar. 



terça-feira, 30 de novembro de 2021

domingo, 28 de novembro de 2021

Parem as máquinas!

Cessem de rufar os tambores.
Um pouco da paz, um pouco de luz!
Tamanha beleza e  delicadeza não cabem em uma versão apenas. Vão aí logo duas prá extravasar toda a emoção.
 Quem sabe uma furtiva lágrima...



 


sábado, 20 de novembro de 2021

Rodrigueana

...é minha secretária - eufemismo criado pela consciência culpada da classe média para empregada  - Lurdinha*. Com as taxas de vacinação assumindo valores que permitem uma maior circulação das pessoas ela voltou a trabalhar duas vezes na semana. Aposentado, fico mais tempo em casa e com isso as possibilidades de trocar uma ideia com ela aumentaram. Ontem ela saiu-se com essa:

- Se eu fosse bonita, trabalharia como prostituta. 

Até aí tudo bem, afinal ela é de maior, vacinada e dona do seu nariz. O detalhe é que - pelo menos nas aparências - ela é terrivelmente evangélica. Enquanto trabalha, é comum ouvi-la cantando hinos religiosos.  Conheço pouco de Nelson Rodrigues, mas certamente  a Lurdinha deve estar retratada em alguma das suas personagens. Se não, certamente poderia ser considerada uma delas.

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Ontem ajudei-a a limpar as estantes da minha biblioteca e caiu-me à mão um dos livros de Nelson:  Meu Destino é Pecar. Mostrei-o e sugeri, em tão de blague, sua leitura. Ela olhou-me com um olhar maroto, quase aceitou mas acabou recusando, com o argumento de que não gosta de ler. Depois acabou levando um livro com poucas páginas de Epicuro sobre a felicidade e - pasmem! - outro livro pequeno composto por aforismos do José Maria Escrivá, fundador da Opus Dei, que tinha ganho de um amigo meu, militante da causa. Não é tudo muito rodrigueano?

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* Nome fictício.


Milicianos da linguagem.

Em 1976, Cacá Diegues denunciou as patrulhas ideológicas, rebatendo as criticas endereçadas por certos setores puristas da esquerda a seu filme Xica da Silva

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Hoje há patrulhas - milícias, termo mais apropriado para nossos tempos - ativas, para todos os gostos. Vou ficar com a que se dedica à linguagem. Os ativistas de raça e gênero em especial, estão extremamente atentos à carga histórica associada ao vocabulário que utilizamos. 

São muitas as palavras incluídas no index carga histórica pesada. Cuidado, por exemplo, com o uso de palavras como judiar e mulato. Melhor não empregá-las em ambientes progressistas pois certamente o carimbo de antissemita ou racista será colocado na sua testa. Não conta a intencionalidade. Passa pela tua cabeça que Zeca Pagodinho seja antissemita por ter escrito o samba Judia de Mim? Ou que Martinho da Vila que cantava o refrão salve a mulatada brasileira na década de 70 seja racista? 

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É muito excesso de zelo, beligerância barata,  considerar ofensivo o uso de palavras como mulato e judiar, e a partir daí, carimbar pessoas pelo fato de as terem utilizado na maior parte das vezes por desconhecimento, distração ou sem segundas intenções. O caráter ofensivo de uma palavra  depende muito do contexto em que é usada e da intenção da pessoa que a usa. A turma do barulho, entretanto, advoga que basta sentir-se ofendido para estar com a razão. No que me toca, é fácil perceber quando alguém me chama de velho se o faz  com afeto ou maldade.  O patrulheiro - ops! miliciano -  não quer saber, passa a régua. E como os fins justificam os meios, considere-se um felizardo, se além disso você não acabar sendo alvo de cancelamento ou lacração. 

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Seria a linguagem um palco para lutas políticas como escreve Sergio Rodrigues no seu artigo para a Ilustríssima de 28.11?  Fico com a opinião - um pouco encima do muro! -  do linguista John McWorther, por ele citado,  de que a  linguagem não molda o pensamento da maneira como se supõe, mas que palavras podem empurrar idéias para certas direções. O exemplo que ele propõe, considero bem razoável: ao invés de usar escravo - substantivo  que denota condição essencial -  mais adequado seria o uso de escravizado - adjetivo que denota contingência. 

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É mais um capítulo da guerra cultural que a esquerda deflagrou na segunda metade do século passado, que está tendo a resposta da direita neste século. Não sou otimista quanto ao seu desfecho. 

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Fico aqui pensando se terei que abolir do meu vocabulário palavras como denegrir e esclarecer. Elas ainda não foram incluidas no index, mas estão fazendo força para tal.

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Por que a LavaJato incomoda?

 Aprendi com a vida e com os livros de que este é um país para poucos. Os donos do poder - tomo emprestada as palavras do título do livro de Raimundo Faoro, indispensável para entender o Brasil - são um Country Club seletíssimo, composto pelos donos do dinheiro no campo ou cidade, pelo mundo político, dobradinha que se legitima através de um tertius - nosso mundo jurídico que mata no peito o arcabouço legal, manipulando-o de acordo com as conveniências  dos outros membros do clube. É o trio de maiorais que diz para que lado o vento sopra em Pindorama. 

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A assim chamada LavaJato foi talvez a primeira iniciativa que tentou desestabilizar  esse clube de bacanas que nos  garroteia desde sempre.  Ousou colocar em cana, grandes empresários, banqueiros e políticos; investigava representantes do Judiciário quando sobreveio a reação. Desafortunadamente,  naufragou pelos próprios erros e pela reação do trio que se sentindo  ameaçado existencialmente - na feliz expressão do cientista político Luciano Da Ros na sua entrevista para a Folha em 8/11 - abriu artilharia pesada contra a operação.  Interessante notar que um dos aríetes do contra-ataque à operação foi o PT. Em seus governos a força-tarefa foi criada  com a intenção de pegar os outros, mas o feitiço acabou virando contra o feiticeiro e o próprio Lula acabou na cadeia. Em resposta, o partido dos fracos e oprimidos juntou-se ao status quo na tarefa de destruí-la. 

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Os erros imputados à operação por seus críticos no mundo jurídico referem-se em boa parte à forma como os processos foram conduzidos. O rito na jurisprudência - não sei se apenas na nossa! - é tão importante quanto o conteúdo. Estranho mundo esse, em que forma e conteúdo equivalem-se e pior, a inobservância de algum rito pode levar a anulação do conteúdo, isto é, das provas, e ao encerramento do processo.  

Se o conteúdo é irrefutável, busque uma inconformidade nos ritos!  Vale lembrar que tentou-se anular um processo - não sei se conseguiram -  de um dos envolvidos com o Petrolão, porque testemunhas de defesa  foram ouvidas em sequência considerada incorreta daquelas de acusação. 

Caso os estratagemas não se revelem efetivos na primeira instância, há a possibilidade de recorrer para a segunda, a terceira.... ao STF! Os anos vão se passando - nossa Justiça anda a passos de cágado - e  o crime  prescreve.  Basta ter dinheiro e boas relações. Prá poucos!

É o ordenamento jurídico garantindo a impunidade para os poderosos. Foi o que aconteceu com boa parte dos acusados no Petrolão, Lula incluído. É o que está acontecendo agora com Flávio Bolsonaro. Julgamento do processo em foro inadequado foi um dos motivos que levaram à anulação dos processos. Os mal-feitos do Petrolão e das rachadinhas brilham mais do que a  luz do sol mas seus autores circulam  leves, livres e soltos. Eduardo Cunha está dando seus pulinhos por aí; lançou livro, com direito a noite de autógrafos; li, não lembro onde, que planeja retornar à política como deputado por São Paulo. É mole? 

Erros processuais levaram a esse desfecho, segundo os scholars do mundo jurídico. Os ritos, sempre eles! Os fatos? Danem-se os fatos!

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Neste mês, a decisão de alguns dos integrantes da operação entrar para a política desencadeou pesado fogo de artilharia dos bacanas - status quo de 500 anos + esquerda -  e dos seus representantes na imprensa. Alguns exemplos:

O ex-juiz Moro foi acusado de ter fragilizado a Petrobras e responsabilizado pela atual política de preços da empresa por - ora, pois! - Gleisi Hoffmann, presidente do PT. 

Mathias Alencastro em sua coluna no UOL de 14.11 colocou Moro e Bolsonaro no mesma quadratura; ambos pertencem ao polo conservador e tem desprezo pelas normas republicanas. 

Bernardo Mello Franco em O Globo classificou sua candidatura  como  segunda via do bolsonarismo.

Na Folha de 18.11, Maria Herminia Tavares chama o ex-juiz de Sergio Quadros de Mello, comparando-o a Janio Quadros e Fernando Collor. 

A charge da Folha de 18.11  sintetiza a opinião dos dois colunistas: 

At least but not the last, o cruzado-mor contra a operação, Reinaldo Azevedo, na sua coluna de hoje na Folha, ataca o que chama de morocolunistas, classificando-os como um bolsonarismo com pretensões iluministas.
Em todos, com exceção do primeiro - uma declaração estapafúrdia -  há uma clara tentativa de desqualificar o ex-juiz comparando-o a Bolsonaro.  É má-fé ou ignorância. O primeiro é centro-direita com algumas bandeiras que os progressistas consideram conservadoras:  defender a família, combater a corrupção - por exemplo - é conservadorismo para esse pessoal.  O segundo é um reacionário que se utiliza das bandeiras consideradas conservadoras para aumentar seu círculo de simpatizantes. Sua vida é um testemunho vivo de que ele não pratica o que prega, pelo menos em termos de família e corrupção.

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 O porquê desse post?
Sempre pautei minha trajetória na resistência aos poderosos. Desde que consegui elaborar criticamente o pensamento - por volta dos 20 anos - nunca fui aliado na minha vida pessoal dos chamados reis da cocada preta.  Foi como um corolário de vida que passei a torcer pelo sucesso da operação. Afinal ela estava dobrando os donos do país pela primeira vez em 500 anos. Por isso, incomodou e a julgar pelas reações dos últimos dias, incomoda tanto. Pagou seu preço, como paguei o meu. Não se afronta o poder impunemente. 

sábado, 6 de novembro de 2021

Vivo em uma bolha?

É o sentimento que me invade depois da repercussão nas redes de notícias da TV da morte em acidente aviatório da cantora Marília Mendonça. Ocuparam-se o dia todo com o fato.  A Globo cancelou seu programa de grande audiência no sábado para transmitir os funerais. A sensação é de que o país havia parado. A julgar pelo destaque dado pela midia, talvez tenha mesmo! 

Nada conhecia a seu respeito. Mais informado agora, sei que era cantora sertaneja, rainha da sofrência, ícone do feminejo, e que teve uma live na pandemia que bateu o recorde de assistência no mundo: 3,3 milhões de pessoas simultaneamente. Caramba...e eu totalmente por fora. 

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Também tive essa sensação meses atrás, quando faleceu o ator Paulo Gustavo vitimado pela COVID. Foi comoção parecida, embora mais restrita ao Rio de Janeiro. Só faltaram canonizá-lo... O fato de ter constituido uma família gay,  adotado duas crianças, ajudou a midia a magnificar ainda mais os fatos. Em Niterói, onde nasceu, uma das principais ruas da cidade passou a se chamar Paulo Gustavo. 

Mal o conhecia de uma peça publicitária que fazia para o Banco do Brasil. 

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Fico a me perguntar se vivo em uma bolha, mal-informado e desconectado dos acontecimentos ou se o mundo tribalizou-se de tal maneira que  se tornou um conjunto de bolhas com raros vasos comunicantes entre elas. 

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Nelson Rodrigues,  classificava-se como um homem inatual; penso queria referir-se à visão conservadora que tinha do mundo. Queria apropriar-me do termo para definir minha condição de alheamento com o fluxo dos acontecimentos, ou pelo menos com o que a midia consumida pelos bem-pensantes considera  como tal. Vivo ainda estou, mas  sinto que não me banho no rio da vida. 

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Septuagenário (III)

 MORRER... DORMIR... 

Morrer... dormir... não mais! Termina a vida, 

E com ela terminam nossas dores; 

Um punhado de terra, algumas flores, 

E, às vezes, uma lágrima fingida! 


Sim! minha morte não será sentida; 

Não deixo amigos, e nem tive amores! 

Ou, se os tive, mostraram-se traidores, 

- Algozes vis de uma alma consumida. 


Tudo é podre no mundo! Que me importa 

Que ele amanhã se esb’roe e que desabe, 

Se a natureza para mim é morta! 


É tempo já que o meu exílio acabe... 

Vem, pois, ó Morte, ao nada me transporta... 

Morrer... dormir... talvez sonhar... quem sabe? 

Francisco Otaviano

 

Septuagenário (II)


TESTAMENTO 

O que não tenho e desejo 


É que melhor me enriquece. 


Tive uns dinheiros – perdi-os... 


Tive amores – esqueci-os. 


Mas no maior desespero 


Rezai: ganhei essa prece. 


Vi terras da minha terra. 


Por outras terras andei. 


Mas o que ficou marcado 


No meu olhar fatigado, 


Foram terras que inventei. 


Gosto muito de crianças: 


Não tive um filho de meu. 


Um filho!... Não foi de jeito... 


Mas trago dentro do peito 


Meu filho que não nasceu. 


Criou-me, desde eu menino. 


Para arquiteto meu pai. 


Foi-se-me um dia a saúde... 


Fiz-me arquiteto? Não pude! 


Sou poeta menor, perdoai! 


Não faço versos de guerra. 


Não faço porque não sei. 


Mas num torpedo-suicida 


Darei de bom grado a vida 


Na luta em que não lutei! 


BANDEIRA, Manuel. Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro: Cia. José Aguilar, 1967, p.308-309. 


 

terça-feira, 2 de novembro de 2021

Devastadora...

é a paisagem nas ruas de Copacabana.

Mendigos aboletam-se sob as marquises da  N. Sra. de Copacabana, da  Barata Ribeiro e transversais num espetáculo de arrebentar o coração. Há de tudo... famílias inteiras e pior!, jovens mães com  crianças de colo, jovens e é claro, muitos idosos... Não faltam cachorros, talvez as criaturas com os olhos menos desanuviados em todo esse cenário de miséria. 

Dói-me a consciência diante de tanto desamparo. Classe média que sou e privilegiado neste país tão desigual, sinto que terei que tomar alguma atitude, abandonar a inércia... colocar a mão na massa. Um trabalho voluntário? Colocar-me a serviço de alguma obra social...Não sei...Nada fazer é uma insensibilidade que desautoriza qualquer critica que porventura desejarmos desferir contra a situação social do país. Gostemos ou não, somos parte do problema.

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Intolerância em dois tempos.

Manifestar desacordo com uma tira de quadrinhos, agora é crime? Quando o tema é identidade de gênero ou raça, parece que é. Que o diga o criminoso Mauricio Souza, jogador de vôlei do Minas Tênis Clube e da seleção brasileira. As redes sociais e os progressistas da midia não deixaram barato a contrariedade manifesta por ele com o fato do filho do Superman ter sido caracterizado como bissexual. Foi acusado de homofóbico e homofobia é crime! Sair dos cânones do discurso dominante sobre o assunto, custa caro. Maurício já provou do veneno: perdeu seu emprego. 

Inicialmente - dada a pressão! - parecia que iria recuar, mas felizmente manteve a posição.  Opinião não é crime. Se não traçarmos uma linha para além da qual não podemos transigir, logo,  teremos um codex  para o que poderemos dizer ou não em termos de raça e gênero. Nos tempos da ditadura a imprensa também tinha um código para o que poderia escrever em termos de política. Definitivamente não há nada de novo debaixo do céu. Ora é a direita, ora é a esquerda....E elas se criticam ferozmente.

O comentário é homofóbico e portanto criminoso? (Instagram)

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A estátua de George Washington, foi retirada da sala das assembléias da Câmara Municipal de Nova Iorque a pedido de vereadores latinos e negros, pois ele chegou a possuir cerca de 600 escravos. Será transferida para outro lugar. Pelo menos não teve o destino de outras que foram simplesmente derrubadas ou então foram vandalizadas. Já aconteceu por aqui com estátuas de bandeirantes. 

... e tudo bem. Desde que esses caras que julgam com critérios do presente o que aconteceu no passado, aceitem o fato de serem julgados no futuro pelos mesmos critérios. As estátuas que erguerem no presente provavelmente virão abaixo também. Afinal... não é tudo relativo?


quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Patroinha

Ela entrou em casa por obra e graça da minha sobrinha, por alegadas razões de que não tinha compatibilidade com outra gata que resolvera adotar. É arisca, antissocial. Tudo a ver comigo. No início a relação foi conflituosa. Suas unhas fizeram-me sangrar muitas vezes. 

Pode-se dizer que hoje estamos pacificados. Ela foi minha grande companheira na pandemia. Estava sempre pronta para me ouvir na dor, na tristeza e na alegria. Mas como dá trabalho... é xixi fora da caixinha pelo menos uma vez na semana...são as bolas de pelo que vomita e até, eventualmente,  a ração que come.Prá não falar da multidão de pelos que deixa pela casa toda. 

Volta e meia dorme comigo. Se instala, junto aos meus pés e por lá passa a noite.

Pela madrugada, invariavelmente vem ao meu quarto ronronando e miando baixinho. A danada quer ração fresquinha no prato! E lá vou eu - trôpego, cambaleando de sono! - satisfazer suas vontades.

A Pretinha, - bola peludinha - tornou-se minha senhora. 





segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Ilusões da vida.

Quem passou pela vida em branca nuvem, 
E em plácido repouso adormeceu; 
Quem não sentiu o frio da desgraça, 
Quem passou pela vida e não sofreu; 
Foi espectro de homem, não foi homem, 
Só passou pela vida, não viveu. 

Francisco Otaviano 

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Septuagenário

Assusta! Há uma imensa sensação de que o tempo escorreu pelas mãos. Sete décadas... Logo, será um século.

Sou um sobrevivente porque - em termos de saúde -  sempre naveguei em mares revoltos ao longo desses 70 anos. Já frequentei os umbrais da morte pelo menos em duas oportunidades. Como tudo tem seu preço, enfrento problemas sérios com meu joelho esquerdo. Uma intervenção cirúrgica  para minimizar o problema foi vetada,  dada minha história pretérita. Essa é a vida... Em termos de saúde corporal, aqui você faz, aqui você paga.

Mesmo assim ... pelo menos fisicamente sinto-me aquém dos setenta. Mentalmente, entretanto, há um constante olhar para esse imenso campo pós-colheita que é nosso passado e muitas questões assomam dos porões da alma. As escolhas mal feitas, os desencontros do querer, o auto-engano...

Os campos foram ceifados; não há mais o que fazer. Daqui para a frente, importa seguir caminhando... até o mais amargo fim.

terça-feira, 5 de outubro de 2021

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Conservadora, de direita e terrivelmente democrática.

Foi assim que Jamil Chade definiu Angela Merkel no seu blog da UOL. A conjunção dessas três palavras soa  estranha por aqui já que nossa intelligentsia foi quase toda cevada nos cânones da esquerda. Prá eles ser democrata não combina bem com ser de direita e conservador, como se houvesse uma antinomia insuperável entre elas. A democracia é uma senhora bem mais vivida que a esquerda; na sua forma liberal, deita suas raízes no iluminismo anglo-americano, mais reformista que seu colega francês mais dado a  revoluções e a utopias e mais simpático aos nossos progressistas de esquerda. Bom lembrar que a Revolução Americana foi um sucesso, enquanto sua homônima, a francesa terminou num banho de sangue.

Digressões à parte...

Angela Merkel fará falta. Espero que não por muito tempo porque precisamos de estadistas mais do que nunca. Dorrit Harazim na sua coluna de O Globo de domingo faz elogios rasgados para Frau Merkel, certamente a única estadista mundial nestes primeiros 20 anos de século. Obama quando o sarrafo subia a consultava. Trump não gostava dela, tampouco Putin. Sintomático...

Há controvérsias, porém... The Economist  faz uma extensa reportagem sobre seus 16 anos de governo na edição de 25 de setembro em que enumera um série de problemas que ela deixa para seu sucessor. Apesar de reconhecer sua capacidade incomum para enfrentar e superar crises, critica seu legado de realizações que não é tão significativo. O título da capa diz tudo: The mess Merkel leaves behind.

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A democracia vive tempos turbulentos; Martin Wolf, editor de Economia do Financial Times, em artigo publicado pela Folha,  traça um futuro sombrio para ela na América com o Partido Republicano refém de Donald Trump.  Em mares revoltos, sensatez é atributo top. Qualidade que Frau Merkel tinha prá dar e vender. Sobrava na turma. Torço para que alguém a substitua como estadista, o mais breve possível.

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Nem só de milicias bolsonaristas vivem as redes sociais

 ...mas também daquelas que tem sólidas raízes na esquerda que - ironicamente - se considera  progressista. Os ataques sofridos nas redes pela dep. Tabata Amaral por ter trocado o PDT pelo PSB são prova eloquente. 

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...e o ator José de Abreu, hein? retuitava as ameaças. Considerado - com justiça! - o  Bolsonaro da esquerda. Tão escroto quanto...

domingo, 19 de setembro de 2021

Começam a se cumprir as profecias

No relatório O Futuro Climático da Amazônia, publicado em 2014, o cientista Antonio Nobre, fazendo uso dos conceitos de bomba biótica e rios voadores,  advertia para o fato de que o desmatamento  para além do ponto de retorno da floresta, levaria a uma mudança no clima que conduziria à sua savanização e à desertificação do celeiro produtivo da América Latina representado pelo quadrilátero demarcado a oeste pela Cordilheira dos Andes, a leste por São Paulo, a sul por Buenos Aires e a norte por Cuiabá,  responsável por 70% do seu PIB.  Alguns trechos do documento:

....a floresta mantém úmido o ar em movimento, o que leva chuvas para áreas continente adentro, distantes dos oceanos. Isso se dá pela capacidade inata das árvores de transferir grandes volumes de água do solo para a atmosfera através da transpiração.
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O quarto segredo indica a razão de a porção meridional da América do Sul, a leste dos Andes, não ser desértica, como áreas na mesma latitude, a oeste dos Andes e em outros continentes. A floresta amazônica não somente mantém o ar úmido para si mesma, mas exporta rios aéreos de vapor que, transportam a água para as chuvas fartas que irrigam regiões distantes no verão hemisférico.

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As regiões de savana na parte meridional, onde há hoje um dos maiores cinturões de produção de grãos e outros bens agrícolas, também recebe da floresta amazônica vapor formador de chuvas reguladas e benignas, o principal insumo da agricultura. Não fosse também a língua de vapor que, no verão hemisférico, pulsa da Amazônia para longe, levando chuvas essenciais e outras influencias benéficas, muito provavelmente teriam clima inóspito as regiões Sudeste e Sul do Brasil (onde hoje se encontra sua maior infraestrutura produtiva nacional) e outras áreas, como o Pantanal e o Chaco, as regiões agrícolas na Bolívia, Paraguai e Argentina.

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Um mapeamento do MapBiomas Amazônia divulgado nos últimos dias, mostra que nos último os 36 anos, a perda da cobertura vegetal da Amazônia, corresponde ao território do Chile.

Entre 1985 e 2020, a Amazônia perdeu 52% de suas geleiras e 74,6 milhões de hectares de sua cobertura vegetal natural - uma área equivalente ao território do Chile. No mesmo período, houve um crescimento de 656% na mineração, 130% na infraestrutura urbana e 151% na agricultura e pecuária. 

Em paralelo  - não sei o quanto há de causa e efeito entre os eventos - o Brasil vive a sua maior seca em 91 anos; os reservatórios das hidroeletétricas do Sudeste/Centro-Oeste no final de setembro estavam em torno de 17%, abaixo do verificado na seca de 2001 

O Pantanal ardeu nos dois últimos anos; nuvens de poeira, semelhantes às tempestades de areia do deserto, infernizam cidades do interior de São Paulo, como testemunha a foto que recebi  pelo zap.


Nas últimas 3 décadas, perdemos 15,8% da nossa água doce de acordo com o Gabeira em O Globo de ontem. 

 

Vista aérea de um braço do Rio Paraná na fronteira entre Paraguai e Argentina. (Juan Mabromata/AFP)

Estariam começando a se cumprir as profecias? As evidências acumulam-se. Mantidas as tendências atuais - segundo o relatório do MapBiomas Amazônia -  no final da década atingiríamos o ponto de não retorno para as condições atuais do ecossistema amazônico.

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Maravilha!

Acompanhei a viagem do homem ao espaço desde seu começo. Era garoto e lia tudo a respeito com avidez. Sonhava ser astronauta. A vida mostrou-me que a natureza não tinha me qualificado para tanto; era míope só para começar... um tremendo balde de água fria nas minhas pretensões. Os pioneiros do espaço - por sua vez -  eram pessoas excepcionalmente  preparadas tanto intelectual quanto fisicamente. 

A missão da Space X, parece contradizer todos aqueles protocolos de treinamento dos pioneiros. Os tripulantes são todos civis e passaram por um treinamento de apenas 6 meses. 

Diante dessa reviravolta - será que houve mistificação prá lá da conta com os pioneiros? - estou pensando em me candidatar. Adoraria ver o nosso planeta lá de cima. Aliás... adoraria vê-lo da Lua e - melhor! -  no retorno  para a Terra. Deve ser indescritível. Reza a lenda que boa parte da turma que foi prá lá, acabou mística.  É um dos meus grandes sonhos irrealizados.  

Problema é a grana...

P.S. São civis, mas com exceção de uma tripulante, os demais são ligados à aeronáutica, logo nem tão leigos assim.

Lançamento da Space X com os primeiros civis em voo orbital da Terra. (Ag. Folha)

Independência e harmonia entre os Poderes.

 Artigo 2 da Constituição: 

São poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

Já li por aí  que harmônico é mais uma jaboticaba brasileira. Nas outras constituições que regem democracias liberais a palavra estaria ausente. Independência apenas, poderia ser fonte de conflito, um palavrão para o nosso jeito de ser afeiçoado a um arreglo. Daí o discernimento (?!?) dos nossos legisladores, sabedores do barro que nos moldou para introduzir  harmonia no texto constitucional. Tem tudo a ver com Pindorama e sua  sólida tradição em acordos gestados por baixo dos panos,  pela turma do andar de cima. Até cunhamos uma expressão para definir esses arranjos: Tudo termina em pizza.  Um exemplo recente do jeito brasileiro de aparar conflitos é a participação do ex-presidente Temer no  cavalo-de-pau feito pelo capitão, desdizendo o que havia afirmado na frustrada tentativa de golpe de  7 de setembro.  Só Deus sabe o que o especialista em conchavos, expoente da velha política negociou para que a surpreendente reviravolta tivesse ocorrido.  Conrado Hubner Mendes na Folha de hoje trata com maior  acuidade de mais esta triste peculiaridade que nos distingue das demais culturas.

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

A que ponto chegamos

Dá prá dizer, ou esperar  alguma coisa de alguém que veste isso aí? É bolsonarism's way of life na veia. Observe o dedo em riste...os olhos injetados do capitão.

Manifestante pró-Bolsonaro nos protestos de 7 de setembro. (Ag. Folha)

....e o cara se apresenta como defensor dos valores cristãos. Certamente não são os mesmos que aprendi nos meus anos de seminário.  

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O que chamou minha atenção, particularmente, na tentativa fracassada de golpe (!?!) do dia 7 foi o delírio com que os seguidores do arruaceiro-mor da República aplaudiam seu discurso da Av. Paulista. Lembro ter visto o mesmo frenesi nas imagens das  massas que ovacionavam os discursos de  Hitler e Mussolini. 

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Impressionante a sequência de vídeos que circulam nas redes sociais mostrando o que aconteceu com a troupe bolsonarista que ocupou a Esplanada dos Ministérios entre 6 e 8 de outubro. Cenas que mostram o que pode acontecer com o ser humano quando a razão passa a ser figurante nas tomadas de decisão do nosso comportamento.  Lembrei-me dos fanáticos de Charles Manson, do Rev. Moon...  Afinal o capitão não é O Mito para seus seguidores? 

Para os gregos um dos grandes saltos da humanidade se deu quando os  mitos deixaram de ser a narrativa que explicava os fatos e deram lugar à razão. Com ela construímos o arcabouço intelectual e ético do que chamamos de mundo ocidental. As cenas de Brasilia mostram que estamos fazendo o caminho de volta. 

Tempos sombrios.


segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Direto da Idade Média...

 ...onde os céus ditavam o que rolava na Terra. 

Podiam ser anjos; são as vozes das 4 cantoras do Anonymous 4. 

Naqueles tempos... em  Pindorama davam as cartas,  tamoios, guaranis, goitacazes.....



terça-feira, 31 de agosto de 2021