sábado, 24 de setembro de 2016

O Ópio dos Intelectuais

Marx tinha uma boa dose de razão ao dizer que a religião é o ópio do povo. Ironicamente,  a frase adaptada, é adequada  aos seus  seguidores mais intelectualizados  que na sua imensa maioria eram marxistas no século XX e que no atual - o marxismo saiu de moda -  consideram-se de esquerda. Raymond Aron no século passado já havia escrito um livro, lançado a pouco no Brasil,  em que afirmava que o marxismo era o ópio dos intelectuais. Nestes tempos de crispação política, em que a razão parece ter sido jogada no lixo, declarações de algumas estrelas da nossa inteligentzia indicam   que o esquerdismo pode ser considerado o ópio dos nossos intelectuais. 
É delirante a declaração da Marilena Chaui - estrela petista da Academia - que em video publicado em 03.07 (UOL e Folha, 04.07.2016)  afirma que o juiz Sérgio Moro foi treinado pelo FBI para através da operação  Lava Jato retirar  a soberania do país sobre as reservas do pré-sal. Seria bizarro, embora compreensível, se o que ela diz nesse vídeo tivesse  saído da boca de um militante, Ela, entretanto, é uma respeitada professora de filosofia da USP.
Padecem de descrédito no mundo atual, a Filosofia e os filósofos. Sinto na carne pois considero-me um, embora não tenha concluído o curso.   O que a professora diz nesse vídeo nos joga  ainda mais para o fundo do poço.
PS- Leio hoje (08.10) que a ilustre acadêmica declarou que quando Lula fala tudo se ilumina. O ópio realmente é uma droga poderosa.

Paraolimpíadas

Se os Jogos Olímpicos são a manifestação da excelência, os Jogos paraolímpicos são a manifestação da humanidade. Sou muito cético em relação ao ser humano, mas ler as histórias e o desempenho desses atletas paraolímpicos faz com que eu pense em reconsiderar. Eles são um testemunho vivo de que pode haver luz no fundo do túnel.  Poderia parecer grotesco - como escreveu um jornalista argentino -   ver aqueles  atletas muitas vezes disformes, sem braço e/ou perna  chegando ao bloco de largada da piscina, e nele ajeitando-se como podiam para a partida. É incrível ver o nosso nadador Daniel de Faria, com braços que não passam de tocos e apenas com a perna esquerda,  ganhar 15 medalhas em Paraolimpíadas.  O espetáculo de ver esses atletas fisicamente deficientes competindo e muitas vezes superando marcas de super-atletas - foi assim nos 1500m rasos para homens -   desperta o sentimento de que, apesar da miséria da condição humana, a redenção é possível. Por incrível que pareça são eles e não os super-atletas que mostram que o projeto homem é viável.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

É por aí.

Sinto falta de uma época em que havia futuro. Não faz muito tempo, a gente vivia em função dessa expectativa, dessa esperança. A história era um trem instalado em seus trilhos, de onde não sairia nunca, indo sempre em frente, mesmo que às vezes nos parecesse lento demais. E o amor havia de chegar na hora certa, singular e único como cada um de nós o merecia. Aliás, amor e revolução eram uma só coisa que nossa impaciência juvenil não admitia separar.
Com o tempo, descobrimos que o tempo era um pião que rodava em torno de si mesmo, que nada de fato avançava como tanto sonháramos. Tínhamos de cuidar de nós mesmos no presente, o único tempo que existia de verdade. Acho que foi por aí que o trem descarrilou, e inventamos o fim da história para nos consolarmos da falta de destino. As nações eram apenas territórios traduzidos em PIBs, a soma anual de nossa atividade financeira, independentemente do que para que ela servisse.
Desistimos da felicidade. Não existem homens felizes ou infelizes, existem apenas momentos de felicidade ou de infelicidade, temos que tentar fazer render aqueles para que esses passem logo, depressinha. E que os inevitáveis momentos de infelicidade não deixem rastro algum, a tristeza é algo que não deve existir, o que ela pode nos ensinar não serve para nada. A não ser que queiramos perder a competição com nossos semelhantes, essa paralimpíada de esforços vãos, diferente dos Jogos Paralímpicos a que estamos assistindo, bela e valente vitória sobre o destino. 
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As palmas de seu Palminha - Cacá Diegues - O Globo, 18.09.2016

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Uma lágrima para...



...Asia Ramazan Antar, militante curda de 19 anos, combatente das Unidades de Proteção das Mulheres - (YPJ), uma organização militar do Curdistão composta apenas por mulheres. Morreu  em 30 de agosto em batalha contra contra o 'Estado Islâmico'
 A militante curda morta em combate cuja luta contra o Estado Islâmico foi minimizada por conta de sua beleza 
 Jiyar Gol e Kathryn Westcott*  BBC News

@albertohrojas
Asia Ramazan Antar morreu em 30 de agosto em batalha contra contra o 'Estado Islâmico'

A mão que afaga, também apunhala ou...

... a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar.
Na votação para a cassação do deputado Eduardo Cunha, 450 votaram a favor, apenas 10 contra. Placar inimaginável 2-3 meses atrás. Cunha ao entrar no plenário foi cumprimentado por poucos deputados; 2-3 meses atrás... E não foram certamente pruridos éticos, tampouco financeiros, que provocaram essa notável reviravolta na decisão desses homens honrados. 

domingo, 11 de setembro de 2016

Boa sorte, ministra!

Religiosa, discreta e austera. É assim que descrevem a ministra Carmen Lucia que assume amanhã o Supremo Tribunal Federal. Tomara que seja verdade. Sua imagem passa um pouco das 3 qualidades.  Pessoas públicas com essas virtudes são raras no momento atual que atravessa o país.
Uma lufada de ar fresco soprará no STF. Ministra, torço pela senhora.



Agência  Folhapress.A ministra do Supremo Tribunal Federal Carmén Lúcia

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

As minhas Olimpíadas

- Em uma cerimônia de medalhas na natação enquanto todos se levantaram para a execução do hino, um grupo  de 6 a 7 cariocas - homens e mulheres -  sentados à frente, assim permaneceu, bebendo cerveja, alheios ao que se passava ao redor, conversando - alto! prá variar... -  e rindo como se estivessem num botequim...Uma vergonha só.
- Na volta para casa, aguardando na fila para tomar o BRT para o Jardim Oceânico, um casal de paulistas atrás de mim tecia comentários que esbanjavam um certo esnobismo sobre o que viam. Foi abrir a porta do ônibus e o marido pulou na minha frente, disposto a conquistar o mundo,  e jogou-se no primeiro lugar vazio que encontrou e que parece a senhora sentada no banco ao lado tinha reservado para o marido que dalí saira momentaneamente. Armou-se a maior confusão, a mulher saiu chorando, o marido que chegou logo após e outras pessoas ameaçaram o paulista abusado, que - cara de pau - não cedeu o lugar. Outro vexame.
- Era comum a cena de gente que nada tinha de idosa ou deficiente ocupar a vaga destes em Metrô e ônibus. Fazem cara de paisagem e de lá não arredam o pé. Aconteceu comigo. Era um dos primeiros da fila a entrar em uma das portas do metrô na estação Jardim Oceânico. Encaminhei-me para um desses lugares - usando minha condição de velhinho quando uma perua de uns 40 anos pula na minha frente e toma o  lugar. Sentada exibiu um ar desafiador até o final da viagem. A filha adolescente, sentada ao meu lado - ainda consegui um lugar - estava visivelmente envergonhada com o exemplo da mãe. Bons tempos aqueles em que os velhos eram exemplo para os jovens.
-Ví ganhando medalhas, super atletas como  Michael Phelps, Kate Ledecki, Usain Bolt, Simone Bayles. Rafa Nadal, gentilmente veio bater uma bolinha para a platéia  pois os jogos do dia foram cancelados devido a chuva.  Nesse dia triste, também deixei de ver, o Andy Murray.
- Ganhar medalhas para quase todos eles pareceu-me um fato corriqueiro Estão acostumados. A imprensa é quem doura a pílula e tenta colocar pompa e circunstância.
- Kate Ledecki, é definitivamente anti-estrela; além disso o physique du role não ajuda.  Lí por aí que agora vai colocar a natação em segundo plano, deixando de faturar dinheiro grosso. Em primeiro ficará a graduação em Stanford.
- Impagável ver Michael Phelps mostrando fadiga e queixando-se dela aos colegas do revezamento 4x200m medley depois de sair da piscina e de ganhar o ouro. Na TV, a imagem é sempre a do super-atleta.
- Chegava cedo ao cubo da natação para observar o aquecimento dos nadadores. Como nadam mais lentamente, fica mais fácil observar a beleza e sincronia dos movimentos do corpo do nado de peito e borboleta. O nado livre a valer em apenas uma raia, é suficiente para provocar uma respeitável onda na piscina.
- Na ginástica olímpica, o aquecimento dos atletas no solo era um espetáculo deslumbrante. Impressionante as piruetas que aqueles corpos desenham no ar simultaneamente. A antipatia mútua entre as equipes femininas de Estados Unidos e Rússia saltava aos olhos. A cerimônia de medalhas das finais individuais femininas, com duas americanas e uma russa no pódio deixou isso muito claro.
-  Estava sentado no estádio Olímpico praticamente diante da largada dos 200m masculino. Bolt esteve concentrado o tempo todo antes dela.  A presepada ele deixou prá depois para delírio do estádio.
- ...e não é que junto a estação do BRT na Vila Olímpica um  imenso canal de esgoto a céu aberto exalava  aqueles aromas que só o canal do Cunha sabe fazer? O tempero brasileiro não iria faltar na festa.