terça-feira, 31 de agosto de 2021

domingo, 29 de agosto de 2021

sábado, 28 de agosto de 2021

Solitário...

 ....e bravo! 

(surfista encarando o mar tempestuoso da costa australiana próximo a Sidney)

Jenny Evans/Getty 

Velhice...

 ...é o tempo em que os fantasmas que você varreu prá baixo do tapete durante sua vida pretérita, retornam pra assombrar sua vida. Ou você negocia com eles ou então eles acabam com você.

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

A tragédia afegã

 Um fiasco americano memorável. Rezo pelos que de lá não conseguirem se evadir. A foto tem o crédito da Força Aérea Americana (Senior Airman Taylor Crul/U.S. Air Force) e foi escolhida como uma das fotos da semana pela Atlantic


quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Ele era o monge do grupo...

 ...os demais, eram os faunos. É o que reza a lenda (...e a midia!).

 Traduziu sua postura para a bateria. A cozinha de Watts  era enxuta. Não havia excessos aí.


In memoriam.

 ..... e vamos ficando cada vez mais sós. Ontem foi a vez do Charlie Watts.



55 x 10.

É o placar da vergonha. Foi com esses números que o Senado reconduziu  Augusto Aras, para mais um mandato de 2 anos como PGR. Arrisco-me a afirmar que percentualmente também define quem é confiável e quem não é para fazer desse país um lugar decente para se viver. Desconfio que 15% seja ainda um número otimista mas vá lá... Pode-se extrapolar o que se passou ontem na Comissão de Justiça e no plenário do Senado para o país inteiro e para qualquer questão. É um retrato desalentador do que somos na hora do frigir dos ovos. Fica difícil realizar as reformas que o país necessita com  um número tão pequeno de gente genuinamente comprometida.

O episódio é um encontro do Brasil com ele mesmo, com suas entranhas. O país de verdade que a hipocrisia e dissimulação dos discursos oficiais,  as juras de amor pelo estado democrático de direito escondem. Aras, que com suas decisões desqualifica a função da PGR, porque a faz um braço auxiliar dos interesses do governo e porisso, chamado de Poste Geral da República,  esculhambado por todos aqueles que acompanham de perto a realidade nacional,  mas na hora do vamos ver! ele é reconduzido com esses números acachapantes. O país  verdadeiro - dos conchavos, dos interesses nada republicanos, dos acertos nas coxias, longe das luzes da ribalta - é o que aflora  nos números da aprovação.  Com tal barro nos fizeram.

Conrado Hubner Mendes , que é do ramo, em seu artigo de hoje na Folha coloca em termos bem mais apropriados que os meus, toda essa infâmia. Ela só consegue indignar os ingênuos; para os cínicos é vida que segue.

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Meus respeitos aos 10 votos que não cooptaram com a pantomima. Em especial para o Sen. Alessandro Vieira, que abriu seu voto. Aliás, para dizer que nem tudo se perdeu, eis aí um nome de valor, que dá um show de competência na CPI da Covid, mesmo sendo suplente. Boa parte dos seus membros titulares - o relator em particular -  em um país sério, ao invés de ocupar uma cadeira no Senado da República, deveria estar dividindo uma cela no presídio da Papuda.

sábado, 21 de agosto de 2021

Liberdade de expressão

Estou me divertindo com a polêmica a respeito da liberdade de expressão que subiu no telhado especialmente depois da prisão do delinquente Roberto Jefferson e com os mandatos de busca e apreensão nos domicílios do cantante Sérgio Reis e do doublé de deputado e pastor, Ottoni de Paula.

Considero que ela não é absoluta pois vivemos em sociedade e isso nos impõe freios, goste-se disso ou não. É o tal do mal-estar da civilização freudiano. Entretanto, tem muita gente num arco amplo que vai da esquerda até a direita mais extremada que considera que assim ela deve ser encarada. Não sei se é preguiça, limitação ou mesmo desonestidade  intelectual mas é sempre mais fácil colocar a questão em termos binários: zero e um, sem considerar que há oitenta tons entre esses extremos.

A direita bolsonarista usa o argumento da liberdade de expressão para justificar as barbaridades postadas nas redes pelos três citados, assim como toda a ala progressista a utilizou - para citar um exemplo -  para justificar o deboche feito ao Islã pelos jornalistas do Charlie Hebdo. Convocar para o golpe no caso dos bolsonaristas e tirar sarro da crença dos outros para os progressistas,  justifica-se com a decantada liberdade de expressão. Por absurdo eu até  consideraria o argumento, desde que aqueles que o defendem, aceitassem o vasto leque de consequências que ele acarreta. No caso dos bolsonaristas,  da prisão dos envolvidos; dos progressistas, do assassinato dos jornalistas pelos radicais islâmicos. Afinal, é jogo jogado; digo e faço o que quero e assumo o risco alto das contrapartidas. Não é o que acontece. Queremos o bônus sem arcar com o ônus. 

Duro, mas duro mesmo, é ver uns tentando desqualificar a tese quando utilizada pelo outro lado, mas fazendo uso dela a seu favor quando necessário. E justificam a desfaçatez com o argumento de que são matérias não passíveis de comparação. 

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P.S. Ia esquecendo, mas o argumento da liberdade de expressão também é usado por aqueles que querem liberação da publicação de sexo e de violência explícitos  em todo e qualquer veículo de comunicação e em qualquer hora do dia. 

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Pensando bem, é desonestidade intelectual mesmo. Um capítulo a mais da interminável novela: O bom e velho ser humano   não falha jamais.


domingo, 15 de agosto de 2021

Singlism

Tomei conhecimento do termo, lendo o artigo da Ana Maria Canosa no UOL. Com a profundidade esperada para o veículo de comunicação narra o preconceito e as desventuras que cercam a solteirice, em particular para as mulheres. Paga-se caro pela única vantagem que oferece: a independência.  Graças a ele também  descobri que hoje é o dia do solteiro. Meu dia!

Se há um grupo  discriminado tanto por progressistas quanto por reacionários, ricos ou pobres, pretos ou brancos, cis ou transgêneros  tanto no local como no mercado de trabalho, na midia, na vida quotidiana enfim...  esse é o grupo dos solteiros. Não sei se o  fenômeno é universal, mas em Pindorama eles são párias.

Mesmo em tempos onde a diversidade é cantada em prosa e verso - e inclusive - por progressistas-raíz, aqueles que se orgulham de ser imunes - como se fosse possível - a preconceitos e discriminações de qualquer natureza. Quando não expressam em palavras, deixam implícito por atitudes de comiseração com os solteiros;  pessoas problemáticas, coitados ... Sei bem o que é. Quem não discrimina, é  exceção;  seu número conta-se nos dedos.

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Cheers....Solteiros e solteiras desse mundo! Somos discriminados mas nem porisso vitimizados. Pelo menos na parte que me toca.


Um advogado, e vá lá... um médico na família.

Ouvia isso na minha adolescência e juventude e a compreensão quanto ao médico era quase imediata  mas não entendia muito bem a referência ao advogado. Na graduação de Filosofia, até hoje inacabada, cursei Filosofia do Direito; sai dela com mais dúvidas do que quando optei por ela. A principal era porque se deveria  defender alguém que era culpado com todas as evidências. O professor argumentou que havia necessidade de um defensor mesmo nesses casos para proteger o réu dos Torquemadas da vida. Fazia sentido.

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Muitos anos foram necessários para entender que subjacente a esse argumento há um bocado de lama que nos dias de hoje corre a céu aberto. 

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Ouço com frequência 8 em ponto um programa da Cultura FM103.3 de S. Paulo apresentado por um advogado criminalista que me fez entender um pouco a lógica que há por trás do argumento do título. Frequentemente ele é instado por algum ouvinte a responder a mesma dúvida que me assaltava nas aulas de Filosofia do Direito. A resposta é quase a mesma mas usando um argumento - digamos - curioso. 

- Atropele alguém no trânsito e você vai sentir a importância do papel do advogado.

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É mais ou menos como ... faça alguma merda  na vida e aí você entenderá porque um advogado é necessário. Ele é o cara para te tirar das enrascadas em que você se mete. Prá isso vai usar o arcabouço jurídico à disposição, que além de meandrante ad infinitum está sujeito, também, a infinitas interpretações. Logo,  se você tiver bala na agulha - money! - dificilmente será punido. É muito difícil colocar alguém endinheirado ou poderoso na cadeia no país. O nosso Eduardo Cunha - homem de malfeitorias mil! - circula leve, livre e solto por Brasília. Lula condenado em mais de uma instância na Justiça está livre e desimpedido para concorrer à Presidência no próximo ano.  Não tarda a hora para ler ou ouvir a notícia de que Sérgio Cabral está liberado, para desfrutar da fortuna amealhada dos trouxas pagadores de imposto no país.

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A materialidade dos delitos é fartamente documentada mas um bom advogado/escritório de advocacia vai buscar alguma inconformidade no processo, em grande parte devida à natureza meandrante e à complacência das nossas leis, para livrar a turma do andar de cima de penas maiores, ou até mesmo o arquivamento ou anulação do processo. Querem um exemplo? Está no Diário do Rio do dia 12:

A defesa do ex-governador Wilson Witzel (PSC) ingressou com pedido de anulação do seu impeachment ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ). De acordo com os advogados de Witzel, teriam ocorrido irregularidades no rito do processo, que culminaram com seu afastamento.

Irregularidades no rito do processo.... é por aí. Tribunal de julgamento inadequado... argumento comum na defesa de Flavio Bolsonaro no caso das rachadinhas. Lula teve boa parte de seus processos anulados pois as garantias processuais não foram observadas....  É sempre na vertente dos ritos e processos.

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Deve haver algo de podre no reino da Dinamarca... Ops! nesse tal de Estado de Direito para que um sujeito julgado em várias instâncias da justiça tenha suas condenações anuladas porque  exaradas em um tribunal de justiça em que os crimes não foram cometidos. Em que questões processuais prevaleçam sobre questões de mérito.

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Definitivamente a justiça por aqui tem um olho bem aberto... para os endinheirados e poderosos. Se você for um deles, gozará desse privilégio tão brasileiro como a jaboticaba: a impunidade. Para isso, tenha sempre um advogado à mão....e muito, mas muito... dinheiro.

domingo, 8 de agosto de 2021

Adeus Tóquio.

Jogos Olímpicos sempre são um momento especial. São 15 dias de imersão  quase que total para mim, ainda mais depois da participação como espectador, daqueles realizados no Rio em 2016.

Além do esforço de todos os atletas, do brilho de muitos e da excepcionalidade de poucos, citados em posts anteriores ficou marcada a imagem daquele globo formado por drones  viajando na noite escura  de Toquio  na cerimônia de abertura. Science fiction - como escrevia-se nas antigas -  tornada real. Aquele globo nos céus deu-me a sensação de ser uma daquelas naves precursoras da abordagem de outra civilização à Terra. Deslumbrante!


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O arremate final fica por conta dos atletas do skate, também estrelas dos Jogos. Eles não pareciam competir e sim se divertir. Mesmo no erro,  o sorriso não os abandonava. 

As estrelas dos Jogos Olímpicos (III)

Estrela de ouro  é a chinesinha de 14 anos, de família humilde de agricultores  do interior da China - Quang Hongchan. Levou   nota 10 (10 perfeito) em execução de todos os juízes em  2 saltos ornamentais que fez na prova final da piscina de 10 metros. 

Ver a beleza dos movimentos daquele corpo pequeno e esguio desde a saída da plataforma até sua  entrada na água - o splash era tão discreto que se parecia com aquele de um peixinho solitário que salta prá fora d'água - é um alumbramento que só a perfeição provoca.  Vejam a maravilha e ouçam a reação da platéia.



Perfeição, que para quem acredita na precariedade do ser humano como eu,  é algo tão distante e difícil de atingir. Estar diante dela - como nos saltos desta chinesinha - é tão raro. De repente, você se vê  sorrindo, gritando extasiado... 

De seu treinador :

Ela tem como características explosão física e muscular impressionantes, além de possuir um grande espírito de luta e um desejo de conquistas muito grande.

Em momentos especiais como esse, pergunto-me em que parcelas o componente genético, a ambição, disciplina e a força de vontade  foram determinantes para alcançar tamanha perfeição. Sem o primeiro, imagino que seja impossível alcançá-la, mesmo com altas doses das demais. Infelizmente a genética  é para poucos; é um pouco como a Graça o é para os católicos. E aí entramos no terreno da desigualdade e da injustiça, uma realidade colocada para cada um ainda nos bancos da escola, quando seu colega resolvia uma integral assoviando, enquanto você não tinha a menor idéia de como atacaria o problema. E pior...não chegaria a lugar algum, sem a ajuda de alguém. 

Da vida salva-se a beleza,  porque - definitivamente - ela é injusta.

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

As estrelas dos Jogos Olímpicos (II)

As entrevistas dadas à TV pela maior parte dos atletas brasileiros depois de competirem  é uma das cerejas do bolo destes  Jogos. São depoimentos sinceros, emocionados de gente simples, genuinamente do povo, e que - ainda - nada tem de estrelas.  Boa parte  chora e até pede desculpas por não ter correspondido, como um participante da marcha atlética que abandonou a prova nesta madrugada. 

Em meio a tantos picaretas, estrelas de araque da CPI da Covid - um BBB de delinquentes engravatados que acontece em Brasília - faz  bem ver gente que deixa transparecer no corpo sua entrega para  representar seu país com dignidade e depois deixar seu depoimento. São as grandes estrelas dos Jogos.

terça-feira, 3 de agosto de 2021

...ou, quem sabe, jazz!

 Na voz de Ella Fitzgerald uma canção de George e Ira Gershwing vira um presente dos céus.



...ou blues

 Nina Simone está matadora nessa canção originalmente interpretada por Billie Holliday.



Hoje é dia de rock

 Foi o última grande banda que acompanhei, antes de passar para os clássicos,  lá pelos anos 90. O trabalho é posterior a essa data e não o conhecia. Ouvi ontem, por acaso,  e gostei; rock do bom, mexe com a alma... e ainda tem o aspecto político! Vai ver eu volto...



domingo, 1 de agosto de 2021

As estrelas dos Jogos Olímpicos

Nestes 15 dias de Jogos Olímpicos, entrei em modo sobrevivência; o espírito olímpico baixou em mim. Tenho dormido menos ainda que o habitual que já é frugal,  vendo competições que começam à noite e se estendem até as 10:00h da manhã seguinte devido à diferença do fuso horário. Mergulhei fundo na ginástica artística e  natação na semana inicial; agora ocupo-me basicamente com atletismo. Vela, vôlei, basquete e até surfe....  complementam o cardápio preferido.

Além do desempenho dos atletas, o que tem chamado minha atenção até o momento é a atitude de alguns deles face ao desafio da competição. Simone Biles,  pré-anunciada com pompa e cirscunstância a  superstar dos Jogos,  abandonou-os no inicio do segundo dia de competição. Mental health foi a justificativa que apresentou para sua atitude. Depois de um desempenho abaixo das expectativas no salto sobre a mesa na competição por equipes, afirmou que perdera as referências espaciais durante a execução do exercício; um argumento considerável.  A maior parte do mundo/imprensa  esportiva  a apoiou...não haveria um  sentimento de culpa aí?  The Atlantic fez várias matérias a respeito. Em uma delas, acusa os críticos da ginasta de não entenderem a geração atual de atletas.

Posso estar sendo duro demais na minha análise... desconheço seu envolvimento em todo o quase demente de processo de glamourização que se criou em torno de sua participação nos Jogos; uma onda gigante que ela não foi capaz de surfar - prá usar uma imagem de outro esporte. Há as razões técnicas para a desistência, como o fato da ginástica ser um esporte de elevado grau de risco mas permito-me especular se o medo do fracasso, de não corresponder às expectativas, magnificadas resta saber a partir de quais interesses não foram o gatilho que conduziu à desistência. 

Apenas para falar em alguns nomes da natação ... Katie Ledecki - ganhou mais medalhas de ouro em Olimpíadas e Campeonatos Mundiais do que qualquer outra  nadadora - competiu sem tanto fru-fru; medalhou em algumas provas, em outras não e nem por isso está com sua saúde mental abalada. Katinka Hosszu - nem tão discreta assim - enfrentou com dignidade sua decadência nas piscinas. Por outro lado, a nadadora australiana Emma McKeon  empilhou 7 medalhas em uma única edição dos Jogos, feito só alcançado por outra mulher em Helsinki em 1952. Mesmo assim não está nas headlines de todos os jornais e programas esportivos das TVs. Ela só gosta de milkshake de caramelo! Vai ver lhe falta carisma ... (taí uma palavrinha que detesto!)

Enfim gente como a gente, sujeita ao fracasso e talvez um pouco mais ao sucesso do que nós simples mortais. Não morderam a isca da badalação, nem deixaram se envolver pelo turbilhão que a midia alimenta; uma simbiose tóxica que pode destruir carreiras profissionais. Discreção é artigo em extinção nos dias atuais. O  mundinho Marvel que infantiliza millenials e zenials exige super-heróis, sucesso todo o tempo. Simone Biles até tentou surfar a onda, mas não segurou a barra

Felizmente, seus pés, como os nossos, são pés de barro.