domingo, 26 de agosto de 2012

Poemeto transcendental


A metafísica me atrai,
nem tanto a física.
Metafísica é a dor masculina,
física é a dor feminina.
Física é a paixão masculina;
metafísica,  a paixão feminina.
Prá que te quero, Física?
Por que te quero, Metafísica?
Sou metafísico
prá pensar,
prá querer,
prá amar.
Por isso,
sou
só.

sábado, 25 de agosto de 2012

Nunca uma guitarra chorou tanto...


Daquele tempo de amor, flor e da ilusão...vã!  de querer mudar o mundo.
Viu-se no que deu...
As cabeleiras se foram, mas ficaram as canções.
Essa aí é Baby won´t you let me rock´n´roll you.
Ladys and Gentlemen! 
Alvin Lee and  Ten Years After.
(já se foram cinquenta!)



Nelson Rodrigues, 100 anos.

Quem diria...
Prá quem disse que toda unanimidade é burra, ser agora unanimidade nacional, como é que fica?
Nada como um dia depois do outro....
........
Lí, acho que na Folha, uma frase a ele atribuida, mas que nunca encontrei entre as inúmeras listas de suas frases mais polêmicas (será que é dele mesmo?) , mas que de qualquer maneira, é o supra-sumo da alma rodrigueana. É, mais ou menos, assim:

Numa relação onde o amor impera, o sexo é irrelevante.

Caramba! Só ele prá dizer isso (...se é que disse...)! Já pensou fosse outro? Bate de frente contra o hedonismo militante dos bem-pensantes, das hordas que povoam os baixos da vida e da fauna que enriquece as redações dos nossos jornalões. Eu não encararia essa turma  up-to-date da inteligentzia tupí,  que se não tem o poder de fogo da Invencível Armada prá destruir reputações, fica próximo!

O vício exportado.


George Bush Intercontinental Airport (Houston, Tx).
 (huumm....) Intercontinental ? Será que o texano tem a mania de grandeza feita a do brasileiro?
......

Aguardava minha vez,  atrás da linha amarela que mantém a fila  afastada do guichê, para ser chamado pelas atendentes responsáveis pelo embarque do vôo UA129 (Houston-Rio).  Devolveria, como é de praxe, meu documento de permanência nos States.
De repente... surge do nada um grupo buliçoso, alegre... adivinhem de quem? Sim...eles mesmo... brasileiros! (afinal, alegria não é com a gente mesmo?) Instalaram-se  sem cerimônia  no espaço entre a faixa amarela e o guichê (afinal não somos informais?)  e... ao chamado das funcionárias se apresentaram para o atendimento. Passaram  na minha cara sua esperteza.
Perdera outra vez. Fora furado na fila... no exterior!...  e por quem?
......
Será que nossa inventividade estará exportando essa instituição nacional de desrespeito à fila? Seria, sem dúvida, mais uma valiosa contribuição verde-amarela aos habitantes desse planeta. Enfim, não fomos na última década, alçados ao papel de protagonistas no cenário internacional?
......
...mas estamos melhorando! Já conseguimos manter certa disciplina e respeitar os grupos de embarque. Apesar de uma funcionária ainda ter sido obrigada a berrar para manter alguns apressadinhos (ou seriam malandros?)  no lugar, pois tentavam entrar logo após os vips.
 Lembro-me de que, quando a medida foi instituida, ela não era respeitada nos vôos de volta ao Brasil. Formava-se uma aglomeração na porta de embarque que impedia qualquer organização de grupos (lembrava-me  uma manada tentando pular a cerca...) E os mais espertos, se acotovelavam na frente tentando se dar bem...
 Será que um dia a gente chegaremos lá?

Coda

A propósito o Roberto da Matta ( O Globo, 8.8.2012) tem uma teoria interessante para explicar essa nossa incapacidade atávica de lidar com a igualdade:
....
Digo semirrepública porque a expressão reitera o que, em 1979, no livro Carnaval, malandros e heróis, eu chamei de dilema brasileiro. A oscilação de uma nação que quer igualdade perante a lei, mas na qual o Estado jamais deixou de isentar alguns de seus cargos de responsabilidade pública, abandonando para a sociedade o papel de burro de carga de um sofisticado drama no qual ela sempre desempenhou um papel subordinado.
Quando passamos do Império para a República, continuamos hierárquicos e aristocráticos, mas até um certo ponto; e já republicanos adotamos a igualdade, mas com uma tonelada de sal, inventando todas as excepcionalidades que impedem a punição dos poderosos e condenam os subordinados ao castigo.
....
Temos não muitas formas de igualdade e diversos estilos de aristocratizar. Nosso maior problema não é a desigualdade; é, isso sim, a nossa mais cabal alergia e repulsa à igualdade! Quando sabemos quem é o dono, ficamos tranquilos, mas quando todos são nivelados e postos em julgamento, entramos em crise. Em toda a situação reinventamos a hierarquia, mostrando quem é inferior. Nas tão odiadas (e igualitárias!) filas, isso é mais que patente. No trânsito uma igualdade estrutural é, infelizmente, como digo em Fé em Deus e pé na tábua, e o resultado é esse escândalo de acidentes e imprudências, todos capitulados na mestiçagem das leis que igualam de um lado para excepcionalizar de outro.
Não foi fácil nesse Brasil de Pedros (de Avis e Bragança), criar um padrão de troca único, nivelador e confiável, e, por isso, as nossas doutrinas políticas mais chiques até hoje odeiam o mercado e a sua igualdade competitiva que implica em meritocracia.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012



Esse riff  vai atravessar os tempos!

...é um orgasmo! (escreveu alguém)
(vá pro meio da sala e solta teus bichos...)


segunda-feira, 20 de agosto de 2012


Marisa Monte: Esqueça!

Era o som ambiente no Sam's Club na manhã de sábado.
Mais improvável, impossível.
Entre bananas, maçãs, geladeiras e sabão em pó...viajei de volta ao passado, mas divaguei pelo presente também.



terça-feira, 14 de agosto de 2012


De usos... costumes... e imaginário!

Nos States, leio uma reportagem na Forbes a respeito do preço estratosférico de um Jeep Grand Cherokee vendido aí no Brasil - U$80000 (com esse dinheiro você compra um BMW X5 aqui) e do seu destino: os endinheirados, os bacanas que no seu pobre imaginário, o vêem como um símbolo de status. Aqui, onde ele custa $28000, revela a reportagem, ele é carro, por exemplo, de um professor de escola secundária. 
Aí me lembrei de uma constatação na mesma linha,  que havia feito em uma viagem anterior, enquanto aguardava colegas meus na área de desembarque do aeroporto de Houston. Observei que uma Starbucks ocupava um espaço  debaixo de  uma escada rolante e era frequentada por qualquer um que passasse por aí  ...e  pensei... No Rio de Janeiro, Starbucks é coisa de gente fina. Só tem em bairro e shopping center chique. No Centro, tem até recepcionista na porta!

domingo, 12 de agosto de 2012


O Macunaima da vez da política brasileira

Essa entrevista, repasso-a de um amigo meu,  lava a minha alma porque o entrevistado emite conceitos e tem uma visão de Brasil, muito próxima da que eu fui construindo ao longo dos anos. Fico feliz de ver alguém que me parece tão íntegro (não pediu indenização pelas torturas que sofreu...), animal raro na fauna atual,  emitir conceitos tão concordes com os meus.
Com vocês Chico de Oliveira e o bloco 1 de sua entrevista ao Roda Viva.
Pena que haja tão poucos feitos à sua imagem e semelhança. Reserve um tempo de 45 minutos para assisti-la. Interessantíssimos os comentários à entrevista feitos no You Tube! Revelam um pouco do nosso estágio mental.


Benvindos ao inferno! (6)

( ... é tanta a miséria que a gente acaba rindo...)

O golpe do falso sequestro por telefone anda tão banal que, quinta, o marido da faxineira de um casal parceiro da coluna teve o seguinte diálogo com o bandido:
- Sequestramos o seu filho! - disse o golpista, com choro de criança ao fundo.
- Esquece, não tenho filho. Sei que é golpe... - reagiu nosso herói.
- Foi mal. A gente tenta. Vai que pega, né !? - respondeu o bandido.

Ancelmo Góis - O Globo - 04.08.2012

País torto! (5)

Parecia que iria ser diferente dessa vez. Estava a três passos do que seria enfrentar uma respeitável fila (estava no Mundial num sábado próximo ao meio-dia!) sem que nenhuma irregularidade, daquelas que todos nós brasileiros conhecemos bem,  nela tivesse ocorrido.
...uma vez mais me enganava...
Do nada, surge uma senhorinha  que pede à pessoa que me antecedia na fila que desse a ela a vez pois tinha apenas um ítem para ser debitado. Surpreendentemente (por todas as razões do mundo e para minha alegria, ela teve seu pedido recusado). Já ia se afastando, cinicamente, agradecendo  a compreensão que essa correta colega de fila  com ela tivera, desejando-lhe  e a todos nós da fila,  um bom dia quando a pessoa prestes a ser atendida a convida para passar à sua frente dando-lhe a oportunidade de ser atendida imediatamente.
Ora...Idosos tem filas destinadas especialmente para eles, certamente  enormes naquela hora. Entretanto, a esperteza no DNA dessa senhorinha fez com que ela fosse tentar a sorte noutras paragens. Inicialmente teve seu pedido recusado. Deu-se ao luxo de abusar do cinismo... mesmo assim uma alma bondosa (apenas no nosso torto imaginário...) se apieda da situação da pobre senhora e dá um final feliz para o episódio.
- Se deu bem!...Velhinha esperta!  dirão os apóstolos desse brazilian way of life  sempre condescendente com o infrator.
Outra vez minha fila terminou mal...outra vez o bandido vencera.
Não venceu, porém, na segunda-feira no consultório médico. Conseguí ser encaixado como primeiro atendimento da tarde pois surgira  um problema de saúde inesperado que poderia ter consequências graves. Para isso cheguei ao consultório médico, antes de todos, com quase uma hora de antecedência. As pessoas começaram a aparecer e o médico, desafortunadamente, chegou com 45min de atraso. Ao entrar foi logo chamando o primeiro da fila e uma senhorinha (sempre elas...) que tinha chegado após duas ou três pessoas se adiantou e já entrava no sala de atendimento quando foi obrigada a retornar para seu lugar na sala de espera pela secretária. Pediu desculpas, entendia ser ela a primeira a ser atendida, pois sua consulta fora marcada para as 14:00h e já se haviam passado 45 minutos. Enfim aquele velho papo...sempre a melhor parte da pantomima porque as razões apresentadas para o mal-feito são sempre inacreditáveis pela desfaçatez dos argumentos.
Por que será que, atavicamente, não aceitamos qualquer situação que nos obrigue a ser tratados como iguais? 


sábado, 11 de agosto de 2012


Só Biscoito fino...

Tá a toa na vida, ou pior, ela te deu um ponta pé na bunda... Vá a Internet... baixe uma dessas preciosidades e... dê um  ponta pé no mundo.
(O British Institute of Films reuniu 846 críticos de cinema, acadêmicos, programadores e distribuidores que escolheram os melhores filmes de todos os tempos. Vá ao site deles e descubra os outros 50)

1. Vertigo
Alfred Hitchcock, 1958 (191 votes)
2. Citizen Kane
Orson Welles, 1941 (157 votes)
3. Tokyo Story
Ozu Yasujiro, 1953 (107 votes)
4. La Règle du jeu
Jean Renoir, 1939 (100 votes)
5. Sunrise: A Song of Two Humans

FW Murnau, 1927 (93 votes)

6. 2001: A Space Odyssey
Stanley Kubrick, 1968 (90 votes)
7. The Searchers
John Ford, 1956 (78 votes)
8. Man with a Movie Camera
Dziga Vertov, 1929 (68 votes)
9. The Passion of Joan of Arc
Carl Dreyer, 1927 (65 votes)
10.
Federico Fellini, 1963 (64 votes)
11. Battleship Potemkin
Sergei Eisenstein, 1925 (63 votes)
12. L’Atalante
Jean Vigo, 1934 (58 votes)
13. Breathless
Jean-Luc Godard, 1960 (57 votes)
14. Apocalypse Now
Francis Ford Coppola, 1979 (53 votes)
15. Late Spring
Ozu Yasujiro, 1949 (50 votes)
16. Au hasard Balthazar
Robert Bresson, 1966 (49 votes)
17. Seven Samurai
Kurosawa Akira, 1954 (48 votes)
17. Persona
Ingmar Bergman, 1966 (48 votes)
19. Mirror
Andrei Tarkovsky, 1974 (47 votes)
20. Singin’ in the Rain
Stanley Donen & Gene Kelly, 1951 (46 votes)
21. L’avventura
Michelangelo Antonioni, 1960 (43 votes)
22. Le Mépris
Jean-Luc Godard, 1963 (43 votes)
23. The Godfather
Francis Ford Coppola, 1972 (43 votes)
24. Ordet
Carl Dreyer, 1955 (42 votes)
25.  In the Mood for Love
Wong Kar-Wai, 2000 (42 votes)
26.  Rashomon
Kurosawa Akira, 1950 (41 votes)
27. Andrei Rublev
Andrei Tarkovsky, 1966 (41 votes)
28. Mulholland Dr.
David Lynch, 2001 (40 votes)
29. Stalker
Andrei Tarkovsky, 1979 (39 votes)
30.  Shoah
Claude Lanzmann, 1985 (39 votes)
31. The Godfather Part II
Francis Ford Coppola, 1974 (38 votes)
32. Taxi Driver
Martin Scorsese, 1976 (38 votes)
33. Bicycle Thieves
Vittoria De Sica, 1948 (37 votes)
34. The General
Buster Keaton & Clyde Bruckman, 1926 (35 votes)
35. Metropolis
Fritz Lang, 1927 (34 votes)
36. Psycho
Alfred Hitchcock, 1960 (34 votes)
37. Jeanne Dielman, 23 quai du Commerce 1080 Bruxelles
Chantal Akerman, 1975 (34 votes)
38. Sátántangó
Béla Tarr, 1994 (34 votes)
40. The 400 Blows
François Truffaut, 1959 (33 votes)
41. La dolce vita
Federico Fellini, 1960 (33 votes)
42. Journey to Italy
Roberto Rossellini, 1954 (32 votes)
43. Pather Panchali
Satyajit Ray, 1955 (31 votes)
44.  Some Like It Hot
Billy Wilder, 1959 (31 votes)
45.  Gertrud
Carl Dreyer, 1964 (31 votes)
46. Pierrot le fou
Jean-Luc Godard, 1965 (31 votes)
47. Play Time
Jacques Tati, 1967 (31 votes)
48. Close-Up
Abbas Kiarostami, 1990 (31 votes)
49. The Battle of Algiers
Gillo Pontecorvo, 1966 (30 votes)
50. Histoire(s) du cinéma
Jean-Luc Godard, 1998 (30 votes)
51. City Lights
Charlie Chaplin, 1931 (29 votes)
52. Ugetsu monogatari
Mizoguchi Kenji, 1953 (29 votes)
53. La Jetée
Chris Marker, 1962 (29 votes


Quem já não foi capacho onde o amor limpou suas botas?

(parafraseando Joaquim Ferreira dos Santos em Leros e Boleros, O Globo, 06.08.2012)