quarta-feira, 31 de outubro de 2012

...era feliz, e não sabia...

Estudar, contemplar, trabalhar. Um ato alimenta o outro, e os três formam o espírito.

 (Basílio Magno - século IV) - Regra básica da vida monástica

sábado, 27 de outubro de 2012

Convite para Casamento

Basta-me um pequeno gesto,
Feito de longe e de leve,
Para que venhas comigo
E eu para sempre te leve.

(Cecília Meireles)

... versinho de um convite para casamento de colegas meus.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Da banalidade da corrupção!

Para completar a danação com chave de ouro ( estou ficando velho mesmo!), trechos de um artigo do Pondé - O que é uma vida decente? -  na Folha de 22.10.

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Quando se fala de corrupção, todo mundo mente. Quase todo mundo prefere um pai ou marido corrupto a um honesto, mas pobre. Para resistir à corrupção, você tem que ser radical, ou religioso, ou moral ou político. Parafraseando Hanna Arendt em seu "Eichmann em Jerusalém", quando ela disse que os nazistas estavam preocupados com a aposentadoria e chamou isso de banalidade do mal, eu diria que existe uma banalidade da corrupção inscrita na perversão do que seria uma vida decente.
Não quero "desculpar" a corrupção, quero trazer à tona uma causa ancestral de corrupção da qual não se fala no silêncio do cotidiano.
O julgamento do mensalão não significou nada para o eleitor, mesmo para aquele que se julga "crítico". Ninguém dá bola para a corrupção do seu partido do "coração". Também foi importante para ver o modo de operação da corrupção ideologicamente justificada inventada pelo PT: só faltava dizer que foi a direita de Marte que inventou tudo.
Já se falou muito que quando classes sociais mais baixas ascendem socialmente e tentam imitar os hábitos da aristocracia ficam ridículas. Isso é descrito como "novo rico". Mas o "novo corrupto" é tão ridículo quanto. Que "saudade" dos corruptos clássicos do coronelismo nordestino, que negavam, mas não apelavam para uma inocência ideologicamente justificada, ou simplesmente não se davam ao trabalho de negar. Os mensaleiros continuam a agir como um clero de puros de coração.
Mas não é disso que quero falar. Quero falar do fato de que, para além do debate político -que acho chatinho e quase sempre um circo-, a corrupção se alimenta de algo muito mais profundo.
[...]
Quase ninguém quer ter um pai ou marido pobre, e sim prefere um pai ou marido corrupto, mas que dê boas condições de vida. Esta é a verdade que não se fala. Imagine que você é uma jovem mulher que vai casar com um jovem rapaz. Antes que me acusem de "sexista" (mais um termo usado para quebrar a espinha dorsal do debate público, semelhante a acusar alguém de pedófilo), o que vou descrever pode acontecer também com um homem, mas é mais comum ser mulher, porque elas ainda são mais financeiramente dependentes e continuam execrando homem sem sucesso profissional, apesar das mentiras das feministas.
Agora imagine que seu marido será um policial honesto até o fim da vida. A chance de ele acabar pobre é enorme. O mesmo pode acontecer, ainda que num grau mais alto em termos financeiros, com qualquer um que venha ocupar um cargo nos variados escalões do governo.
Agora imagine que, no começo, ele seja honesto e com ereção e vigor, e você também seja uma jovem mulher cheia de vida e expectativas. Agora imagine que se passaram 20 anos... 30 anos... O que importa? A honestidade dele ou ele pensar "no bem-estar da família"? Espere, não responda em voz alta, guarde para si a resposta, senão você mentirá na certa.
Por "pensar no bem-estar da família", quero dizer: roupa, comida boa, escola dos filhos, melhor casa para morar, ajudar os sogros doentes e idosos, viajar para Miami e Paris, apartamento na praia, iPhone, no mínimo para as crianças, carro novo, uma bolsa de marca, ainda que "em conta", sair com amigos para jantar, levar as crianças para comer pizza no domingo, poder mostrar para os cunhados que você está melhor de vida (isso às vezes vale mais do que tudo na escala da miséria moral de todos nós), viajar de avião, comprar coisas nos EUA, ter TV de 200 polegadas, iPads, enfim, "ter uma vida".
Em situações de risco, em guerras, a covardia é a regra -ao contrário dos mentirosos que até hoje se dizem filhos de "la résistance française".
No dia a dia, isso tem outro nome: honestidade não vale nada, o que vale é ter uma "vida decente": segurança para os filhos, uma esposa feliz porque pode comprar o que quiser (dentro do orçamento, claro, mas quanto menor o orçamento menor o amor...), enfim, um "futuro melhor".

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Da inevitável canalhice!

No Brasil,  quem não é canalha na véspera,
é canalha no dia seguinte.
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Hoje em dia é muito difícil não ser canalha.
Todas as pressões trabalham para nosso aviltamento pessoal e coletivo.

(Nelson Rodrigues)

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Do - nada discreto - charme da vigarice

...ou da falta de graça  da virtude!
Falta ao virtuoso a feérica, a irisada, a multicolorida variedade do vigarista.
(Nelson Rodrigues)

sábado, 20 de outubro de 2012

Das minhas leituras

Gosto desse cara! 
Vemos o mundo com os mesmos olhos e quase tudo que ele escreve,  é  bálsamo para minha alma.

Vivemos em um mundo maciçamente profano, ou, então, emotivamente religioso. E,na era da religião emotiva, sofrimento não é mais  a sombra na alma do pecado original; é sintoma de neurose. A religião foi privatizada pelo individualismo sentimental. Dela, retivemos o que serve de consolação para os infortúnios e o que nos desobriga dos deveres morais. O resto, o que faz coçar a cabeça, é deixado para amanhã ou para os mais afeitos a anjos, santos e bizarrices do gênero. Crenças religiosas, diz-se, existem para nos tornar felizes e não para nos acabrunhar. Dever moral? Tudo bem. Mas com conforto e bem-estar.

Jurandir Freire Costa ,  O Ponto de Vista do Outro, p. 83, Garamond, 2010

1962 - O ano que bombou! (III)

... e Marilyn nos deixava - aos 36 anos, esplendorosa! Mulher-fetiche. A  it girl  suprema. (as outras ficam no chinelo!)
Ainda não houve  mulher como Marilyn!



quarta-feira, 17 de outubro de 2012

1962 - O ano que bombou (II)

...e os Beatles vinham ao mundo com  Love me Do. Tinham 22 aninhos!

1962 - O ano que bombou (I)

O agora velho bardo  dava ao mundo Blowin´ in the wind. Tinha 21 aninhos o frangote.

Blowin' In The Wind

How many roads must a man walk down
Before you can call him a man?
How many seas must a white dove sail
Before she can sleep in the sand?
Yes and how many times must cannonballs fly
Before they're forever banned?


The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind


Yes and how many years can a mountain exist
Before it's washed to the seas (sea)
Yes and how many years can some people exist
Before they're allowed to be free?
Yes and how many times can a man turn his head
Pretend that he just doesn't see?


The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind


Yeah and how many times must a man look up
Before he can see the sky?
Yes and how many ears must one man have
Before he can hear people cry?
Yes and how many deaths will it take till he knows
That too many people have died


The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind?


Essa versão é cover

Fé é um salto no escuro (Kierkegaard e Pascal)

Aqueles que crêem em Deus, mas sem paixão no coração, sem angústia na alma, sem incerteza, sem dúvida, sem um elemento de desespero mesmo na consolação, acreditam apenas no Deus idéia e não no Deus ele mesmo.

(Miguel de Unamumo in Sharrock, Roger,1984, Saints, Sinners and Comedians, Kent & Notre Dame/Burns & Oates and University of Notre Dame Press, p.23)

Depois dessa, passo de agnóstico a crente outra vez. Crente não! Homem de fé.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O amor dói...

....
Tomo y obligo mándese um trago
de las mujeres mejor no hay que hablar
todas amigo dan muy mal pago
y hoy mi experiencia lo puede afirmar.
Siga un consejo no se enamore
y si una vuelta le toca hacicar
fuerza, canejo, sufra y no llore
que un hombre macho no debe llorar.

Tomo y obligo - Carlos Gardel

domingo, 14 de outubro de 2012

Atualíssima!

Os melhores carecem de qualquer convicção;
os piores estão cheios de passional intensidade.

(Tradução das duas linhas  finais do primeiro verso desse poema escrito em 1919 ao final da Primeira Guerra Mundial. É uma visão desolada com a devastação provocada pela guerra.  Abaixo a versão completa.)

Pode bem ser aplicada aos nossos dias. Basta ver a turma do mensalão, mesmo condenada pela Corte Suprema do país, querendo recorrer a tribunais internacionais.
...e o Cachoeira com todos no bolso... Legislativo, Executivo e Judiciário. Desolador.

Tristes tempos...
Tristes homens...

William Butler Yeats (1865-1939)

       THE SECOND COMING    

 Turning and turning in the widening gyre
    The falcon cannot hear the falconer;
    Things fall apart; the centre cannot hold;
    Mere anarchy is loosed upon the world,
    The blood-dimmed tide is loosed, and everywhere
    The ceremony of innocence is drowned;
    The best lack all conviction, while the worst
    Are full of passionate intensity.  

  Surely some revelation is at hand;
    Surely the Second Coming is at hand.
    The Second Coming! Hardly are those words out
    When a vast image out of Spiritus Mundi
    Troubles my sight: a waste of desert sand;
    A shape with lion body and the head of a man,
    A gaze blank and pitiless as the sun,
    Is moving its slow thighs, while all about it
    Wind shadows of the indignant desert birds.      

The darkness drops again but now I know
    That twenty centuries of stony sleep
    Were vexed to nightmare by a rocking cradle,
    And what rough beast, its hour come round at last,
    Slouches towards Bethlehem to be born?

Réquiem para um amor

Vieste com a lua cheia,
vais antes dela minguar.
Cada vez mais acidente,
fogo fátuo,
tempestade tropical.
Te quis substância,
fogo perene,
chuva permanente.
Os fatos esmagam meu desejos,
o tempo vai enterrá-los
definitivamente.

(encontrado em meus alfarrábios. De  passado recente...)

sábado, 13 de outubro de 2012

Rio em dois tempos...

Festival de cinema em curto circuito. ( o Globo, 11.10.2012)

Falhas nas projeções digitais que ocasionaram interrupções e até mesmo cancelamento de sessões, foram comuns
[...] a venda de ingressos, na central de vendas de ingressos, [...] sofreu várias panes.    
[...] - Em Berlim, onde todo o programa oficial é repetido para o público, em várias sessões espalhadas pela cidade, você não vê espectadores revoltados com o festival - explica um jornalista habituado a acompanhar as mostras estrangeiras
[...]A venda de ingressos é outro grande nó estrutural do festival; falta integração entre o banco de dados da central e o das demais salas.
[...] Tais inconveniências podem fazer o público largar de mão o festival, escreveu um leitor. Essas já afetaram seu prestígio lá fora: há alguns anos, a mostra carioca deixou de figurar no calendário dos festivais de outono da Variety, a bíblia do mercado americano.

Clima quente no Posto 9 ( O Globo, 11.10.2012)

Um dia após o confronto entre banhistas e guardas municipais na Praia de Ipanema, com direito a lançamento de cocos, cadeiras e guarda-sóis, a areia voltou a esquentar no Posto 9 [...]Por volta das 14h, alguns frequentadores desafiaram a proibição de jogar altinho na beira da praia[...] Quando agentes da Guarda Municipal,[...] pediram a eles que interrompessem a atividade, os jogadores disseram que não iam parar e foram apoiados por quem estava na areia.
- Vocês não mandam na gente, a praia é nossa! - gritou um banhista.
[...]
- Qual o problema de jogar altinho perto da água? A gente não pode aparecer com a bola que já vem um guarda pedir para parar. [...]
- A gente chega com educação, pede ao morador que tire o cachorro da areia e escuta logo um não - contou um guarda municipal.
- Aqui é meu quintal, posso fazer o que quero. A praia não é um espaço democrático?
Essa é a frase que mais escutamos aqui.
[...]
Um barraqueiro de Ipanema[...] foi ontem à base onde estavam os guardas municipais pedir desculpas pela ação dos banhistas. Segundo ele, alguns dos frequentadores do trecho consomem drogas e se dizem filhos de pessoas influentes para agir de forma violenta.
......
Episódios como esses me deixam a certeza de que a cidade vive um processo terminal que dificilmente a dinheirama que Copa e Olimpíadas trarão, vão  conseguir reverter. O buraco, definitivamente, é mais embaixo. Os depoimentos do segundo episódio dizem tudo.
O Rio realiza o que Lévi-Strauss temia para o país; passar direto da barbárie para a decadência.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Para os adoradores de Mamon

...para quem acredita que o dinheiro é a medida de todo o valor...

...dinheiro é apenas uma maneira de se pagar as contas.

(Julian Nossiter - O preço do prazer - O Globo - 06.10.2012)

Nos umbrais da velhice...

Há 61 anos eu dei as caras.
Endereço: Coqueiro Alto, distrito de Nova Bréscia, RS (não conheço. Saí com ano e meio e jamais voltei!)
Pais - Edessio (alfaiate, talvez o único naquele fim de mundo! Um gauche como eu!) e Leontina (doméstica. Da casa mesmo...só saia para ir a missa! Criou 5 filhos sem empregada!)
A forte tradição católica da família me colocou num seminário aos 11 anos. Só saí de lá com 25 anos, prestes a fazer votos de pobreza, obediência e castidade.
Uma viagem. Melhor...A viagem!
 Lá perdi muitas coisas da vida mundana, valorizadíssimas por meus contemporâneos e que me deixaram em desvantagem em relação a  eles,  mas ganhei tantas outras, talvez as melhores, as que mais preze: um sentido ético da vida, uma preocupação constante, uma busca perene por retidão de caráter, uma carência por transcendência, moedas que pouco valem para a nossa cultura pós-moderna - os scholars de buteco da república livre de Ipanema e Leblon  consideram gente  assim: moralista, conservadora, careta!.
Às vezes penso que fiz mais do que devia. Afinal, não é para qualquer filho de família classe média/média - numa avaliação otimista - que nasceu num quase fim de mundo chegar onde cheguei. Quem nasceu por lá, migrou como eu mas acabou churrasqueiro no Porcão, Fogo de Chão, prá falar dos mais famosos...
 Às vezes penso que fracassei....
...porque não tive a ventura de ser pai... não deixei meu DNA para  posteridade.  Ao mesmo tempo me pergunto se isso não atenderia mais a um desejo egoísta meu, uma vez que o legado seria um mundo  mais inóspito e devastado  do que aquele que encontrei.
...porque não merecí o amor das mulheres que amei. Sim, porque as que eu quis -foram poucas! - não me quiseram. Outras tantas - poucas também! -  me quiseram e aí fui eu quem não as quis.
Fica  fácil entender porque  a vida, se tornou, prá mim, a arte do desencontro.
...e o mundo?
... bem, nesse sou estrangeiro, exilado, marginal. Gauche, prá roubar a palavra do poeta xará. Anti-herói.
Também...com uma vocação herdada não sei de quem, sempre comprei briga com o dono do pedaço, o rei da cocada preta, em qualquer ambiente. Essa vocação de Quixote  criou-me eternos problemas  com a autoridade.
Só havia uma saida. Viver à margem. Posso dizer, nunca pertenci a bando algum. Sou um Quixote sem Sancho Pança nem Dulcinéia. Um Quixote só.
...
O balanço?
Parafraseando outro poeta:
Caminhar é preciso,  
...buscando, não,  a luz no fundo do túnel, que eu até acho não existe, mas guiado por uma luz interior, que enquanto brilhar,  manter-me-á caminhando. O que me move não está lá fora. Está aqui dentro.
....
Chegará a hora, -  sinto-a  cada vez mais próxima - em que terei de interromper essa caminhada. Então,
...subirei para o topo da montanha, para junto da morada dos mortos, como o faziam os velhos guerreiros das tribos americanas... sioux...apache... - sei lá...não lembro mais...- para suavemente, espero, entregar meu espírito. Resta saber a quem.

PS - Era para postar no dia 7, data do meu aniversário - já tinha perpetrado a maior parte do texto! -  mas aí a velhice não deixou. Uma forte gripe que vinha me tomando já por uma semana, me levou ao hospital. Por lá fiquei a tarde toda. Cheguei em casa baqueado, com uma disposição apenas. Cair na cama!

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Ganha um pirulito quem acertar!

.......
No estado do Rio de Janeiro,..., são  mais de 21 mil candidatos a vereador para 1132 vagas. A relação de 17.8 candidatos por vaga é superior à do vestibular deste ano para a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) no curso de Direito.
.......
( Gil Castello Branco - Siga o Dinheiro - O Globo, 02.10.2012)

Por que será, hein?

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Tô fora...

Lulismo, brizolismo, malufismo, janismo, ademarismo, getulismo....
Precisamos de um paizão... de um demiurgo... de um pai dos pobres... ou da pátria... enfim de um fiador...
não conseguimos andar com  nossas próprias pernas, com nossas convicções...sós...
logo...
estamos ainda distante de um estado democrático, que propicie igualdade de direitos e oportunidades para todos.
Somos primitivos,
bordejamos a barbárie,
e somos felizes.