domingo, 30 de dezembro de 2012

A mulher não ama, tem propósito.

Lí isso ontem no avião e era atribuido à Marta Medeiros (Coluna do Ancelmo Góis - O Globo, 30.12.2012).
Pensando bem ela tem razão. Mulheres são práticas. O amor está longe de ser prático. Logo...

sábado, 29 de dezembro de 2012

Caminhar, Trabalhar, Ler...


Quando o fardo da existência passa a incomodar..,
e a dor de viver  torna-se  insuportável....
Tente...
Prá mim funciona!

Natal só!

Uma colega pediu-me onde passara o Natal. Disse-lhe:
 - Em casa, só.
Ela ficou penalizada. Como eu conseguia fazer uma coisa dessas logo no Natal que é a data da confraternização universal, da reunião da família. Aquele discurso todo...
.....
A propósito de pessoas sós,  lí esse artigo da Danuza na Folha (23.12) - Estar Só -  do qual transcrevo  alguns parágrafos.
......
Do que mais se precisa na vida para ser feliz? De calor humano, dizem; por calor humano entenda-se, para começar, de alguém com quem se compartilha a vida, uma família bem estruturada e amigos, muitos amigos. Trocando em miúdos: para não correr o risco de ficar só - nunca.
Mas, quanto mais gente em volta, mais problemas. Houve um tempo em que se dizia que os casamentos seriam felizes para sempre; mais tarde, que durariam sete anos. Mas o mundo mudou, a ciência moderna constata que o amor dura no máximo dois anos e, como ninguém suporta ser infeliz por mais de um fim de semana, o divórcio está em alta.
E a família como vai? Ninguém conta, mas raras são as que se dão e, quanto maiores elas são, mais brigas. Por ciúmes, inveja e, sobretudo, por dinheiro. Aliás, dinheiro é o grande  responsável por quase tudo; ouso dizer (mas sem muita certeza) que existem mais brigas por dinheiro do que por amor.
Quando se vê um homem ou uma mulher (sobretudo) com mais de 50 vivendo só, tem sempre uma amiga que diz - com a melhor das intenções - ah, você precisa encontrar alguém. Ás vezes a pessoa está bem, melhor do que jamais esteve, mas,  como existe essa certeza de que os seres humanos não podem viver sós, ninguém acredita - ou não quer acreditar ou não entende. Todos devem estar namorando, casando, ou qualquer outro nome que se queira dar, e se estiverem com um parceiro, mesmo triste, infelizes, sem assunto, à beira de cometer um suicídio ou assassinato, qual o problema? O importante é estar acompanhada...
.....
Aliás, o que as pessoas fazem para que isso não aconteça? Elas se cercam de pessoas com quem não tem nada em comum, das quais frequentemente não gostam e até falam mal. Numa mesa de restaurante com seis, oito pessoas, ninguém ouve o que o outro está dizendo, ninguém consegue trocar uma idéia com quem está a seu lado; mas essas são as pessoas que falam mais alto, que mais dão gargalhadas, que mais parecem estar felizes.
Quem está só parece - parece - ser a mais infeliz das criaturas, sem ter um amigo para o jantar e, em datas tipo Natal ou Ano Novo, dá até vontade de chorar de pena.
Mas é curioso como nos relacionamos com nossos amigos - com a maioria deles, digamos - estamos sempre  tentando contar uma boa novidade ou sendo inteligente ou falando coisas muito interessantes, para que nos tornemos muito interessantes e assim possamos conservá-los. É bom ter um amigo animado, que entra em nossa casa falando alto, perguntando o que vamos beber e fazendo planos fantásticos para o próximo fim de semana.
Mais curioso ainda é que não há amigo melhor nesse mundo do que aquele em cuja companhia você se sente tão bem, mas tão bem, que pode até ficar calado, pois parece que está só.
Vai entender.
......
PS - Não foi de maneira  tão só que passei o Natal. Preparei e cozinhei uma paleta de cordeiro uruguaia de maneira tão perfeita (se fizer outras 1000 vezes não repetirei o feito...) e comi-a no almoço combinada com um espumante nacional e um Reccioto della Valpolicella adequados para a ocasião  na companhia de um velho amigo meu. Tudo depois de ter caminhado 22 km  pela Floresta da Tijuca, Jardim Botânico e Parque Lage- fotos no post Flores, cores e muito calor... Caminhar me leva aos limites do corpo e me deixa mais leve!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Feliz Natal!



O Natal é uma fantástica alegoria que ultrapassa os tempos e revela a força incomum do cristianismo, hoje mal cotado na bolsa das religiões, devido em parte, aos erros de seus líderes e pelo fato de exigir um pouco mais do que outros credos. Ser católico é para quem pode, não para quem quer, diz o Carlos Heitor Cony que foi seminarista como eu e que sabe onde o calo aperta. Hoje o sujeito classe média típico, geralmente de mentalidade pedestre, declara orgulhosamente seu ateísmo ou quando crente escolhe religiões que não passam de agências de auto-ajuda, refrigério para as dores do mundo e com baixa demanda em termos éticos.
O fato de um Deus escolher como porta de entrada para  a humanidade a mangedoura de um estábulo, deixa  claro que ele não estaria a serviço dos poderosos, um guerreiro heróico a lutar pelo resgate de uma nação. Seu reino seria aquele dos destituidos e despossuidos, da escória da sociedade - os anawin, de acordo com S. Paulo - feito para aqueles que habitam os bolsões escuros do mundo - os outsiders, damnés de la terre - as pessoas distantes do poder, riqueza, educação,  alto nascimento, alta cultura.
No seu Reino, os últimos serão os primeiros.  Ao seu banquete acorreram  os leprosos, os mendigos, os surdos, os cegos, os paralíticos, as prostitutas, pois os bem de vida recusaram.
Ele prega uma moralidade temerária, estravagante, imprevidente, que escandaliza o pessoal da grana, os donos do pedaço: perdoa teus inimigos, dá tua capa e teu casaco a quem necessita, oferece a outra face, ama aqueles que te insultam, não pense no amanhã.
Foi essa Boa Nova que fez do cristianismo uma força que concorreu para a derrubada do Império Romano. Depois a Igreja virou instituição e juntou-se muitas vezes aos poderosos. Mas aí é outro papo!
(Essa abordagem é inspirada nos livros - Reason, Faith and Revolution de Terry Eagleton -Yale University Press -  que detona os  bestsellers de Christopher Hitchens e Richard Dawkins que colocaram o ateísmo no centro do debate, acho que no ano passado e  O ponto de vista do Outro de Jurandir Freire Costa - Garamond).

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Adoro esse tempo de  Natal, suas canções... os presépios... Vai aí de presente o meu, simplerésimo  como o cristianismo quando começou!




PS - Tenho minhas dúvidas quanto á existência de Deus mas tenho uma carência enorme por transcendência. Fico indignado com os argumentos pedestres e rasteiros normalmente utilizados para desacreditar a Igreja Católica que tem um papel fundamental na história do Ocidente. Respeito-a profundamente e alguns de seus pensadores estão entre os maiores da história de filosofia. A análise da alma humana feita por Santo Agostinho, entre outros, é memorável.

domingo, 23 de dezembro de 2012

....

Pois se há emails que despedaçam, há telefonemas que rejuntam.
Recebi-o no final de semana passada de um colega de turma, hoje seguramente amigo, alarmado com meus últimos posts. Queria saber como andava  a paisagem da alma (os cínicos dirão... ligou foi prá fazer uma boa fofoca!). Foi reconfortante. Era alguém  comparecendo numa  hora difícil. Amigo. Só posso agradecer. 
Não queria voltar a esse assunto,  mas o telefonema faz que o retome. Até para despreocupar os que me lêem. Afinal, fiz desse blog um pouco o confessionário da minha vida, que como  já deu prá perceber, nesses dias, me fez  passageiro da agonia; isso tem lá suas vantagens, uma delas, suportar bem os reveses. Além disso, sou rigorosamente só, não tenho ombro nem colo amigo para chorar. É tudo comigo mesmo... O blog me permite fazer um pouco essa catarse.
O que despedaçou nesse email - na verdade, a história conturbada da vida de uma pessoa neste últimos meses - foi constatar naquele texto  o oceano da minha irrelevância; e vinha justo de quem virara de pernas pro ar minha alma  nestes  dois/três últimos anos. De maneira indireta, naive ou cruel, vai saber... ficava claro naquele atribulado enredo minha condição de reles figurante, acidente de percurso se tanto.   Perder a aposta que fizera no amor era risco calculado,  pois sabia que apostara contra a banca; como Prometeu, afrontara os deuses, e o mainstream que não permite afrontas,  apresentava a conta.  Mais doloroso era constatar que para significar na vida dessa pessoa, enfrentara  mares  bravios, escalara picos alcantilados, percorrera os vales mais sombrios. Tudo para continuar  à margem, mantido ao  largo. Tão estranho quanto entrara.  Como Sísifo, carregara aquela pedra milhares de vezes para o topo da montanha e ela teimosamente retornara  ao sopé.
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O tempo, como esperado, faz a dor ceder. Em seu lugar,  uma, ora atormentada, ora serena, resignação.
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 Quanto a mim ?
Como Prometeu, continuarei afrontando os deuses...
Como Sísifo, continuarei a carregar a pedra para o topo da montanha...
É minha sina.
A vida fez de mim um resistente.
Sou maratonista, gosto dos longos percursos.

domingo, 16 de dezembro de 2012


Ouvia meu jazz básico ontem à tarde, e essa música me chamou a atenção.



...tem aquele backing vocals dos anos 50 que adoro. Fui atrás dela no YouTube e me deparo com essa letra... algumas rimas  esquisitas e... muito a ver com o que me passa pela alma  nesses dias. Caprichosa essa vida!

I'm thru with love,
I'll never fall again.
Said I do to love,
Don't ever call again.
For I must have you
Or no one.
That's why I'm thru with love.

I've locked my heart.
I keep my feelings there.
I have stopped my heart
Like an icy frigidaire.
For I need to care for no one.
That's why I'm thru with love.

Why did you leave me
To think that you care
You didn't need me.
You have your share
of slaves around you
To hound you and swear
Their deep devotion.
Emotion.

Goodbye to spring
And all it meant to me
It can never bring
The things that used to be.
For I must have you or no one.
That's why I'm thru with love.
That's why I'm thru with love.

As belezuras da casa...

Orquídeas...
  Como se vestem bem!

\

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Homenagem

      um
       movi
       mento
   compondo
   além
                 da
nuvem
       um
      campo 
             de
      combate
          mira
      gem
             ira
                  de
         um
             horizonte
    puro
        num
             mo
             mento
       vivo

Décio Pignatari (1927-2012)

Escritas prá mim, nesses dias de tempestade...

Arrastava consigo um vácuo imenso na cabeça e no peito. Se aí batessem, imaginava, soaria metálico.

(Clarice Lispector)

domingo, 9 de dezembro de 2012

Vida bandida!

Ter que conviver a maior parte do tempo, no trabalho em especial, com malas de toda ordem, quando não com cretinos, vigaristas, medíocres ( eles pululam...) de todos os matizes;  volta e meia até com canalhas... e ser obrigado a me afastar do convívio de quem me faz bem e de quem quero bem.
O que fiz prá merecer isso, meu Deus?

Golondrinas suelas no hacen verano!


A vida é caprichosa. Escrevia ontem sobre a dor e da possibilidade de aceitá-la e entendê-la e ontem mesmo o destino joga-me uma situação limítrofe dessas no colo.
Um email fez isso. Não era um email simples, era extenso, caudaloso, pelo menos digno da ocasião. Fez-me ver que um investimento imenso de minha vida emocional e afetiva prá onde joguei todos os recursos nesses 2-3 últimos anos tinham sido vãos. Tudo se desmanchou feito bolha de sabão, castelo de cartas.  Apostara alto e contra a banca. Sabia que minhas chances beiravam zero mas  meu atavismo de ir contra o que está aí,de afrontar o rumo natural das coisas me jogava para a frente. Se vencesse, seria memorável. Teria ganho a vitória da minha vida. Mas... Perdeu, malandro! decretou o destino, bandido como ele só. 
Agora estou feito Jó, caniço agitado pelo vento, corpo dobrado pela dor, alvo da chacota dos adversários. Pensando no email anterior, é a hora propícia pro espírito se erguer.
O ano terminou ontem como começou... mal! Eu tive o estranho pressentimento de que esse ano seria um mau ano, quando batí  meu carro ao raiar o dia do Ano Novo. E foram as operações e incríveis complicações do meu descolamento de retina, os problemas de saúde com minha mãe e seu abandono branco por parte de alguns irmãos meus. E agora esse desfecho.  
Com tanta desgraça acontecendo, só falta o Apocalipse maia se cumprir. Depois de tudo o que passei estou com o passaporte visado! Espero que não seja para o inferno!

sábado, 8 de dezembro de 2012

A volta do filho pródigo


...depois do baque em termos de crença que foi a morte de meu pai - ver alguém tão querido sofrendo  daquela maneira, me levou a um descrédito total na transcendência e na possibilidade de uma salvação a posteriori - mais e mais refaço o caminho de volta, não para uma religião  que me traga felicidade, uma muleta de auto-ajuda, uma religião que  me livre da agonia de viver, mas para uma religião que traz à tona um sofrimento ainda maior e me permite ampliar a consciência da condição humana. Tá certo o Pondé (Folha, 3.12.2012) quando escreve:  Sofro, porisso penso, e logo, existo. 

quando o corpo se põe de joelhos, pelo peso do pecado, o espírito se ergue.
(biscoito fino da antropologia do cristianismo)

sábado, 1 de dezembro de 2012

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Pensando assim ele vai ser hexa, hepta....

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Eu penso que você nunca é tão bom como os elogios, mas também nunca é tão ruim quanto às críticas.
.......
Para mim, o mais importante é que você fique feliz quando se olha no espelho porque você é honesto com você mesmo. Não adianta pretender ser alguém que não é, porque você pode enganar os outros, mas nunca a você mesmo.
.......
Fui educado para ser honesto, para admitir que sempre posso estar errado e para me concentrar no que estou fazendo, sem me preocupar com o que fazem os outros.

(Sebastian Vettel, o mais jovem tri-campeão de Fórmula 1)

em  Celso Iteberê, Pit Stop, O Globo, 29.11.2012

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Por essas e outras... não vivo em bando.

Ler isso hoje foi música prá mim. Vivo só, separado, à parte  desse mundo. Pago caro por isso!  ... mas tem lá suas vantagens. Livro-me da banalidade e mediocridade.
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Recentemente, numa conversa profissional, surgiu a questão do porquê o mundo hoje tenderia à banalidade e ao ridículo. A resposta me parece simples: porque a banalidade e o ridículo foram dados a nós seres humanos em grandes quantidades e, por isso, quando muitos de nós se juntam, a banalidade e o ridículo se impõem como paisagem da alma. O ridículo é uma das caras da democracia.
O poeta russo Joseph Brodsky no seu ensaio "Discurso Inaugural", parte da coletânea "Menos que Um" (Cia. das Letras; esgotado), diz que os maus sentimentos são os mais comuns na humanidade; por isso, quando a humanidade se reúne em bandos, a tendência é a de que os maus sentimentos nos sufoquem. Eu digo a mesma coisa da banalidade e do ridículo. A mediocridade só anda em bando.
............

Luiz Filipe Pondé - Folha, 19.11.2012

domingo, 11 de novembro de 2012

Franciscanas, espartanas!

Orquídeas
são franciscanas,
minimal,
espartanas,
vivem com pouco.
Medram nas pedras.
A natureza
põe  beleza
onde lhe aprouver.

(Exemplares da Exposição da ASSON ( Associação de Orquidófilos de Niterói)








domingo, 4 de novembro de 2012

sábado, 3 de novembro de 2012

Post-mortem

Passadas as águas caudalosas da paixão;
a anodinia das estepes,
o Nirvana oriental,
a secura dos desertos,
o torpor existencial.
Não há dor,
ressentimento,
apenas a melancolia
do sonho desfeito,
a desolação
dos restos calcinados.
Há que recomeçar,
navegar é preciso.
Para o alto mar!

Vida bandida!

Volto da uma visita a minha mãe - velhinha, tem 87 anos! - convencidíssimo de que nada mais apropriado para exprimir nossa existência quanto o mito de Sísifo. Os gregos entendiam do riscado, mesmo! e Camus foi buscar nesse mito a justificativa para a revolta do homem.  Eu fui sortudo porque ao me introduzir na filosofia comecei por eles. Está tudo lá. O que veio depois foram alegorias e adereços.
Mamãe - que chamo carinhosamente de Rido -  está com imensas dificuldades para caminhar. Para não mandá-la para o asilo - me recuso terminantemente - teremos que montar um senhor esquema de suporte que vai nos levar uma grana preta. E aí entra o mito...você trabalha uma vida inteira, guarda uns caraminguás e vai vê-los todos sumirem no ralo das nossas existências em dois/três anos em tentativas para prolongá-las.
Um irmão de uma cunhada, onde minha mãe passa uma temporada no momento, está com um câncer praticamente terminal. Para ser mantido vivo, está-se torrando uma nota, que consumirá todo seu dinheiro em pouco tempó. Caso ele saia vivo, sairá inexoravelmente pobre. Ou fica com algum mas ao preço da vida.
... e nos queixamos das mazelas do dia-a-dia!

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

...era feliz, e não sabia...

Estudar, contemplar, trabalhar. Um ato alimenta o outro, e os três formam o espírito.

 (Basílio Magno - século IV) - Regra básica da vida monástica

sábado, 27 de outubro de 2012

Convite para Casamento

Basta-me um pequeno gesto,
Feito de longe e de leve,
Para que venhas comigo
E eu para sempre te leve.

(Cecília Meireles)

... versinho de um convite para casamento de colegas meus.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Da banalidade da corrupção!

Para completar a danação com chave de ouro ( estou ficando velho mesmo!), trechos de um artigo do Pondé - O que é uma vida decente? -  na Folha de 22.10.

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Quando se fala de corrupção, todo mundo mente. Quase todo mundo prefere um pai ou marido corrupto a um honesto, mas pobre. Para resistir à corrupção, você tem que ser radical, ou religioso, ou moral ou político. Parafraseando Hanna Arendt em seu "Eichmann em Jerusalém", quando ela disse que os nazistas estavam preocupados com a aposentadoria e chamou isso de banalidade do mal, eu diria que existe uma banalidade da corrupção inscrita na perversão do que seria uma vida decente.
Não quero "desculpar" a corrupção, quero trazer à tona uma causa ancestral de corrupção da qual não se fala no silêncio do cotidiano.
O julgamento do mensalão não significou nada para o eleitor, mesmo para aquele que se julga "crítico". Ninguém dá bola para a corrupção do seu partido do "coração". Também foi importante para ver o modo de operação da corrupção ideologicamente justificada inventada pelo PT: só faltava dizer que foi a direita de Marte que inventou tudo.
Já se falou muito que quando classes sociais mais baixas ascendem socialmente e tentam imitar os hábitos da aristocracia ficam ridículas. Isso é descrito como "novo rico". Mas o "novo corrupto" é tão ridículo quanto. Que "saudade" dos corruptos clássicos do coronelismo nordestino, que negavam, mas não apelavam para uma inocência ideologicamente justificada, ou simplesmente não se davam ao trabalho de negar. Os mensaleiros continuam a agir como um clero de puros de coração.
Mas não é disso que quero falar. Quero falar do fato de que, para além do debate político -que acho chatinho e quase sempre um circo-, a corrupção se alimenta de algo muito mais profundo.
[...]
Quase ninguém quer ter um pai ou marido pobre, e sim prefere um pai ou marido corrupto, mas que dê boas condições de vida. Esta é a verdade que não se fala. Imagine que você é uma jovem mulher que vai casar com um jovem rapaz. Antes que me acusem de "sexista" (mais um termo usado para quebrar a espinha dorsal do debate público, semelhante a acusar alguém de pedófilo), o que vou descrever pode acontecer também com um homem, mas é mais comum ser mulher, porque elas ainda são mais financeiramente dependentes e continuam execrando homem sem sucesso profissional, apesar das mentiras das feministas.
Agora imagine que seu marido será um policial honesto até o fim da vida. A chance de ele acabar pobre é enorme. O mesmo pode acontecer, ainda que num grau mais alto em termos financeiros, com qualquer um que venha ocupar um cargo nos variados escalões do governo.
Agora imagine que, no começo, ele seja honesto e com ereção e vigor, e você também seja uma jovem mulher cheia de vida e expectativas. Agora imagine que se passaram 20 anos... 30 anos... O que importa? A honestidade dele ou ele pensar "no bem-estar da família"? Espere, não responda em voz alta, guarde para si a resposta, senão você mentirá na certa.
Por "pensar no bem-estar da família", quero dizer: roupa, comida boa, escola dos filhos, melhor casa para morar, ajudar os sogros doentes e idosos, viajar para Miami e Paris, apartamento na praia, iPhone, no mínimo para as crianças, carro novo, uma bolsa de marca, ainda que "em conta", sair com amigos para jantar, levar as crianças para comer pizza no domingo, poder mostrar para os cunhados que você está melhor de vida (isso às vezes vale mais do que tudo na escala da miséria moral de todos nós), viajar de avião, comprar coisas nos EUA, ter TV de 200 polegadas, iPads, enfim, "ter uma vida".
Em situações de risco, em guerras, a covardia é a regra -ao contrário dos mentirosos que até hoje se dizem filhos de "la résistance française".
No dia a dia, isso tem outro nome: honestidade não vale nada, o que vale é ter uma "vida decente": segurança para os filhos, uma esposa feliz porque pode comprar o que quiser (dentro do orçamento, claro, mas quanto menor o orçamento menor o amor...), enfim, um "futuro melhor".

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Da inevitável canalhice!

No Brasil,  quem não é canalha na véspera,
é canalha no dia seguinte.
+++++++++
Hoje em dia é muito difícil não ser canalha.
Todas as pressões trabalham para nosso aviltamento pessoal e coletivo.

(Nelson Rodrigues)

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Do - nada discreto - charme da vigarice

...ou da falta de graça  da virtude!
Falta ao virtuoso a feérica, a irisada, a multicolorida variedade do vigarista.
(Nelson Rodrigues)

sábado, 20 de outubro de 2012

Das minhas leituras

Gosto desse cara! 
Vemos o mundo com os mesmos olhos e quase tudo que ele escreve,  é  bálsamo para minha alma.

Vivemos em um mundo maciçamente profano, ou, então, emotivamente religioso. E,na era da religião emotiva, sofrimento não é mais  a sombra na alma do pecado original; é sintoma de neurose. A religião foi privatizada pelo individualismo sentimental. Dela, retivemos o que serve de consolação para os infortúnios e o que nos desobriga dos deveres morais. O resto, o que faz coçar a cabeça, é deixado para amanhã ou para os mais afeitos a anjos, santos e bizarrices do gênero. Crenças religiosas, diz-se, existem para nos tornar felizes e não para nos acabrunhar. Dever moral? Tudo bem. Mas com conforto e bem-estar.

Jurandir Freire Costa ,  O Ponto de Vista do Outro, p. 83, Garamond, 2010

1962 - O ano que bombou! (III)

... e Marilyn nos deixava - aos 36 anos, esplendorosa! Mulher-fetiche. A  it girl  suprema. (as outras ficam no chinelo!)
Ainda não houve  mulher como Marilyn!



quarta-feira, 17 de outubro de 2012

1962 - O ano que bombou (II)

...e os Beatles vinham ao mundo com  Love me Do. Tinham 22 aninhos!

1962 - O ano que bombou (I)

O agora velho bardo  dava ao mundo Blowin´ in the wind. Tinha 21 aninhos o frangote.

Blowin' In The Wind

How many roads must a man walk down
Before you can call him a man?
How many seas must a white dove sail
Before she can sleep in the sand?
Yes and how many times must cannonballs fly
Before they're forever banned?


The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind


Yes and how many years can a mountain exist
Before it's washed to the seas (sea)
Yes and how many years can some people exist
Before they're allowed to be free?
Yes and how many times can a man turn his head
Pretend that he just doesn't see?


The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind


Yeah and how many times must a man look up
Before he can see the sky?
Yes and how many ears must one man have
Before he can hear people cry?
Yes and how many deaths will it take till he knows
That too many people have died


The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind?


Essa versão é cover

Fé é um salto no escuro (Kierkegaard e Pascal)

Aqueles que crêem em Deus, mas sem paixão no coração, sem angústia na alma, sem incerteza, sem dúvida, sem um elemento de desespero mesmo na consolação, acreditam apenas no Deus idéia e não no Deus ele mesmo.

(Miguel de Unamumo in Sharrock, Roger,1984, Saints, Sinners and Comedians, Kent & Notre Dame/Burns & Oates and University of Notre Dame Press, p.23)

Depois dessa, passo de agnóstico a crente outra vez. Crente não! Homem de fé.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O amor dói...

....
Tomo y obligo mándese um trago
de las mujeres mejor no hay que hablar
todas amigo dan muy mal pago
y hoy mi experiencia lo puede afirmar.
Siga un consejo no se enamore
y si una vuelta le toca hacicar
fuerza, canejo, sufra y no llore
que un hombre macho no debe llorar.

Tomo y obligo - Carlos Gardel

domingo, 14 de outubro de 2012

Atualíssima!

Os melhores carecem de qualquer convicção;
os piores estão cheios de passional intensidade.

(Tradução das duas linhas  finais do primeiro verso desse poema escrito em 1919 ao final da Primeira Guerra Mundial. É uma visão desolada com a devastação provocada pela guerra.  Abaixo a versão completa.)

Pode bem ser aplicada aos nossos dias. Basta ver a turma do mensalão, mesmo condenada pela Corte Suprema do país, querendo recorrer a tribunais internacionais.
...e o Cachoeira com todos no bolso... Legislativo, Executivo e Judiciário. Desolador.

Tristes tempos...
Tristes homens...

William Butler Yeats (1865-1939)

       THE SECOND COMING    

 Turning and turning in the widening gyre
    The falcon cannot hear the falconer;
    Things fall apart; the centre cannot hold;
    Mere anarchy is loosed upon the world,
    The blood-dimmed tide is loosed, and everywhere
    The ceremony of innocence is drowned;
    The best lack all conviction, while the worst
    Are full of passionate intensity.  

  Surely some revelation is at hand;
    Surely the Second Coming is at hand.
    The Second Coming! Hardly are those words out
    When a vast image out of Spiritus Mundi
    Troubles my sight: a waste of desert sand;
    A shape with lion body and the head of a man,
    A gaze blank and pitiless as the sun,
    Is moving its slow thighs, while all about it
    Wind shadows of the indignant desert birds.      

The darkness drops again but now I know
    That twenty centuries of stony sleep
    Were vexed to nightmare by a rocking cradle,
    And what rough beast, its hour come round at last,
    Slouches towards Bethlehem to be born?

Réquiem para um amor

Vieste com a lua cheia,
vais antes dela minguar.
Cada vez mais acidente,
fogo fátuo,
tempestade tropical.
Te quis substância,
fogo perene,
chuva permanente.
Os fatos esmagam meu desejos,
o tempo vai enterrá-los
definitivamente.

(encontrado em meus alfarrábios. De  passado recente...)

sábado, 13 de outubro de 2012

Rio em dois tempos...

Festival de cinema em curto circuito. ( o Globo, 11.10.2012)

Falhas nas projeções digitais que ocasionaram interrupções e até mesmo cancelamento de sessões, foram comuns
[...] a venda de ingressos, na central de vendas de ingressos, [...] sofreu várias panes.    
[...] - Em Berlim, onde todo o programa oficial é repetido para o público, em várias sessões espalhadas pela cidade, você não vê espectadores revoltados com o festival - explica um jornalista habituado a acompanhar as mostras estrangeiras
[...]A venda de ingressos é outro grande nó estrutural do festival; falta integração entre o banco de dados da central e o das demais salas.
[...] Tais inconveniências podem fazer o público largar de mão o festival, escreveu um leitor. Essas já afetaram seu prestígio lá fora: há alguns anos, a mostra carioca deixou de figurar no calendário dos festivais de outono da Variety, a bíblia do mercado americano.

Clima quente no Posto 9 ( O Globo, 11.10.2012)

Um dia após o confronto entre banhistas e guardas municipais na Praia de Ipanema, com direito a lançamento de cocos, cadeiras e guarda-sóis, a areia voltou a esquentar no Posto 9 [...]Por volta das 14h, alguns frequentadores desafiaram a proibição de jogar altinho na beira da praia[...] Quando agentes da Guarda Municipal,[...] pediram a eles que interrompessem a atividade, os jogadores disseram que não iam parar e foram apoiados por quem estava na areia.
- Vocês não mandam na gente, a praia é nossa! - gritou um banhista.
[...]
- Qual o problema de jogar altinho perto da água? A gente não pode aparecer com a bola que já vem um guarda pedir para parar. [...]
- A gente chega com educação, pede ao morador que tire o cachorro da areia e escuta logo um não - contou um guarda municipal.
- Aqui é meu quintal, posso fazer o que quero. A praia não é um espaço democrático?
Essa é a frase que mais escutamos aqui.
[...]
Um barraqueiro de Ipanema[...] foi ontem à base onde estavam os guardas municipais pedir desculpas pela ação dos banhistas. Segundo ele, alguns dos frequentadores do trecho consomem drogas e se dizem filhos de pessoas influentes para agir de forma violenta.
......
Episódios como esses me deixam a certeza de que a cidade vive um processo terminal que dificilmente a dinheirama que Copa e Olimpíadas trarão, vão  conseguir reverter. O buraco, definitivamente, é mais embaixo. Os depoimentos do segundo episódio dizem tudo.
O Rio realiza o que Lévi-Strauss temia para o país; passar direto da barbárie para a decadência.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Para os adoradores de Mamon

...para quem acredita que o dinheiro é a medida de todo o valor...

...dinheiro é apenas uma maneira de se pagar as contas.

(Julian Nossiter - O preço do prazer - O Globo - 06.10.2012)

Nos umbrais da velhice...

Há 61 anos eu dei as caras.
Endereço: Coqueiro Alto, distrito de Nova Bréscia, RS (não conheço. Saí com ano e meio e jamais voltei!)
Pais - Edessio (alfaiate, talvez o único naquele fim de mundo! Um gauche como eu!) e Leontina (doméstica. Da casa mesmo...só saia para ir a missa! Criou 5 filhos sem empregada!)
A forte tradição católica da família me colocou num seminário aos 11 anos. Só saí de lá com 25 anos, prestes a fazer votos de pobreza, obediência e castidade.
Uma viagem. Melhor...A viagem!
 Lá perdi muitas coisas da vida mundana, valorizadíssimas por meus contemporâneos e que me deixaram em desvantagem em relação a  eles,  mas ganhei tantas outras, talvez as melhores, as que mais preze: um sentido ético da vida, uma preocupação constante, uma busca perene por retidão de caráter, uma carência por transcendência, moedas que pouco valem para a nossa cultura pós-moderna - os scholars de buteco da república livre de Ipanema e Leblon  consideram gente  assim: moralista, conservadora, careta!.
Às vezes penso que fiz mais do que devia. Afinal, não é para qualquer filho de família classe média/média - numa avaliação otimista - que nasceu num quase fim de mundo chegar onde cheguei. Quem nasceu por lá, migrou como eu mas acabou churrasqueiro no Porcão, Fogo de Chão, prá falar dos mais famosos...
 Às vezes penso que fracassei....
...porque não tive a ventura de ser pai... não deixei meu DNA para  posteridade.  Ao mesmo tempo me pergunto se isso não atenderia mais a um desejo egoísta meu, uma vez que o legado seria um mundo  mais inóspito e devastado  do que aquele que encontrei.
...porque não merecí o amor das mulheres que amei. Sim, porque as que eu quis -foram poucas! - não me quiseram. Outras tantas - poucas também! -  me quiseram e aí fui eu quem não as quis.
Fica  fácil entender porque  a vida, se tornou, prá mim, a arte do desencontro.
...e o mundo?
... bem, nesse sou estrangeiro, exilado, marginal. Gauche, prá roubar a palavra do poeta xará. Anti-herói.
Também...com uma vocação herdada não sei de quem, sempre comprei briga com o dono do pedaço, o rei da cocada preta, em qualquer ambiente. Essa vocação de Quixote  criou-me eternos problemas  com a autoridade.
Só havia uma saida. Viver à margem. Posso dizer, nunca pertenci a bando algum. Sou um Quixote sem Sancho Pança nem Dulcinéia. Um Quixote só.
...
O balanço?
Parafraseando outro poeta:
Caminhar é preciso,  
...buscando, não,  a luz no fundo do túnel, que eu até acho não existe, mas guiado por uma luz interior, que enquanto brilhar,  manter-me-á caminhando. O que me move não está lá fora. Está aqui dentro.
....
Chegará a hora, -  sinto-a  cada vez mais próxima - em que terei de interromper essa caminhada. Então,
...subirei para o topo da montanha, para junto da morada dos mortos, como o faziam os velhos guerreiros das tribos americanas... sioux...apache... - sei lá...não lembro mais...- para suavemente, espero, entregar meu espírito. Resta saber a quem.

PS - Era para postar no dia 7, data do meu aniversário - já tinha perpetrado a maior parte do texto! -  mas aí a velhice não deixou. Uma forte gripe que vinha me tomando já por uma semana, me levou ao hospital. Por lá fiquei a tarde toda. Cheguei em casa baqueado, com uma disposição apenas. Cair na cama!

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Ganha um pirulito quem acertar!

.......
No estado do Rio de Janeiro,..., são  mais de 21 mil candidatos a vereador para 1132 vagas. A relação de 17.8 candidatos por vaga é superior à do vestibular deste ano para a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) no curso de Direito.
.......
( Gil Castello Branco - Siga o Dinheiro - O Globo, 02.10.2012)

Por que será, hein?

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Tô fora...

Lulismo, brizolismo, malufismo, janismo, ademarismo, getulismo....
Precisamos de um paizão... de um demiurgo... de um pai dos pobres... ou da pátria... enfim de um fiador...
não conseguimos andar com  nossas próprias pernas, com nossas convicções...sós...
logo...
estamos ainda distante de um estado democrático, que propicie igualdade de direitos e oportunidades para todos.
Somos primitivos,
bordejamos a barbárie,
e somos felizes.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Ufa... um oásis no meio do deserto!


'Alegre era a gente viver devagarinho, miudinho, não se importando demais com coisa nenhuma.
Felicidade se acha é só em horinhas de descuido...'  


João Guimarães Rosa (Grande Sertão Veredas)

(repasso de um amigo)

domingo, 23 de setembro de 2012

É setembro...

Ao final das frias madrugadas,
o passaredo
em cantoria animada
que irrompe da mata,
orvalha de alegria
a alvorada.
A chuva, sumida,
após longo estio,
repõe o viço da natureza,
restaura cheiros ausentes.
Florescem as orquídeas na  sacada.
Algumas de suas flores,
as apressadas,
já fenecem.
Permanece sua beleza.
Paira como um céu sereno
sobre o mar bravio
em que navega
minha existência.

( As orquídeas da sacada!)





Programão

O horário político na TV.O melhor do país está aí.
 Num dia os candidatos a prefeito, engomadinhos, se vendendo como sabão em pó, mentindo, prometendo o que não farão... tudo obra e graça de uma raça emblemática, especializada em produzir meias verdades e que, infelizmente, mais e mais dá as cartas em nossos dias: os marqueteiros.
No outro, os candidatos a vereador. E aí... sei lá, se tragédia ou comédia... um desfile desse imenso caldo de cultura que é nosso país. Os mais ricos edulcorados como os candidatos a prefeito...mas os mais pobres... dos partidos nanicos... esses fazem o show... tipo  A vida como ela é do Nelson Rodrigues... Aí não tem marketing nem empulhação... São eles apenas... de cara lavada... Zé do Posto... Luiz da Lucinha... Rosália da Creche... Em 30 segundos passam o Brasil a limpo... com muito mais propriedade do que qualquer sociólogo ou intelectual o faria.
Se é hilário, preocupa também. Será que eles nos tiram dessa miséria moral e intelectual em que chafurdamos?

sábado, 8 de setembro de 2012

Um escândalo...

de beleza!
 A exposição do OrquidaRio no Jardim Botânico. Não deixe de ir. Só até amanhã.
São interessantes  as orquídeas. Tão belas, e precisam de tão pouco para sê-lo. Duas regas por semana, um NPK 10:10:10 ou 20 a cada 15 dias e basta. Vivem sobre pedras se necessário. Até hoje nunca ví, nenhuma perua, mesmo depois de longos banhos de leite de cabra, spas caríssimos e... bem... sei lá o que... jamais se igualar em beleza a uma delas. Jamais se igualará.
Sorry, periferia da beleza!











domingo, 26 de agosto de 2012

Poemeto transcendental


A metafísica me atrai,
nem tanto a física.
Metafísica é a dor masculina,
física é a dor feminina.
Física é a paixão masculina;
metafísica,  a paixão feminina.
Prá que te quero, Física?
Por que te quero, Metafísica?
Sou metafísico
prá pensar,
prá querer,
prá amar.
Por isso,
sou
só.

sábado, 25 de agosto de 2012

Nunca uma guitarra chorou tanto...


Daquele tempo de amor, flor e da ilusão...vã!  de querer mudar o mundo.
Viu-se no que deu...
As cabeleiras se foram, mas ficaram as canções.
Essa aí é Baby won´t you let me rock´n´roll you.
Ladys and Gentlemen! 
Alvin Lee and  Ten Years After.
(já se foram cinquenta!)



Nelson Rodrigues, 100 anos.

Quem diria...
Prá quem disse que toda unanimidade é burra, ser agora unanimidade nacional, como é que fica?
Nada como um dia depois do outro....
........
Lí, acho que na Folha, uma frase a ele atribuida, mas que nunca encontrei entre as inúmeras listas de suas frases mais polêmicas (será que é dele mesmo?) , mas que de qualquer maneira, é o supra-sumo da alma rodrigueana. É, mais ou menos, assim:

Numa relação onde o amor impera, o sexo é irrelevante.

Caramba! Só ele prá dizer isso (...se é que disse...)! Já pensou fosse outro? Bate de frente contra o hedonismo militante dos bem-pensantes, das hordas que povoam os baixos da vida e da fauna que enriquece as redações dos nossos jornalões. Eu não encararia essa turma  up-to-date da inteligentzia tupí,  que se não tem o poder de fogo da Invencível Armada prá destruir reputações, fica próximo!

O vício exportado.


George Bush Intercontinental Airport (Houston, Tx).
 (huumm....) Intercontinental ? Será que o texano tem a mania de grandeza feita a do brasileiro?
......

Aguardava minha vez,  atrás da linha amarela que mantém a fila  afastada do guichê, para ser chamado pelas atendentes responsáveis pelo embarque do vôo UA129 (Houston-Rio).  Devolveria, como é de praxe, meu documento de permanência nos States.
De repente... surge do nada um grupo buliçoso, alegre... adivinhem de quem? Sim...eles mesmo... brasileiros! (afinal, alegria não é com a gente mesmo?) Instalaram-se  sem cerimônia  no espaço entre a faixa amarela e o guichê (afinal não somos informais?)  e... ao chamado das funcionárias se apresentaram para o atendimento. Passaram  na minha cara sua esperteza.
Perdera outra vez. Fora furado na fila... no exterior!...  e por quem?
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Será que nossa inventividade estará exportando essa instituição nacional de desrespeito à fila? Seria, sem dúvida, mais uma valiosa contribuição verde-amarela aos habitantes desse planeta. Enfim, não fomos na última década, alçados ao papel de protagonistas no cenário internacional?
......
...mas estamos melhorando! Já conseguimos manter certa disciplina e respeitar os grupos de embarque. Apesar de uma funcionária ainda ter sido obrigada a berrar para manter alguns apressadinhos (ou seriam malandros?)  no lugar, pois tentavam entrar logo após os vips.
 Lembro-me de que, quando a medida foi instituida, ela não era respeitada nos vôos de volta ao Brasil. Formava-se uma aglomeração na porta de embarque que impedia qualquer organização de grupos (lembrava-me  uma manada tentando pular a cerca...) E os mais espertos, se acotovelavam na frente tentando se dar bem...
 Será que um dia a gente chegaremos lá?

Coda

A propósito o Roberto da Matta ( O Globo, 8.8.2012) tem uma teoria interessante para explicar essa nossa incapacidade atávica de lidar com a igualdade:
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Digo semirrepública porque a expressão reitera o que, em 1979, no livro Carnaval, malandros e heróis, eu chamei de dilema brasileiro. A oscilação de uma nação que quer igualdade perante a lei, mas na qual o Estado jamais deixou de isentar alguns de seus cargos de responsabilidade pública, abandonando para a sociedade o papel de burro de carga de um sofisticado drama no qual ela sempre desempenhou um papel subordinado.
Quando passamos do Império para a República, continuamos hierárquicos e aristocráticos, mas até um certo ponto; e já republicanos adotamos a igualdade, mas com uma tonelada de sal, inventando todas as excepcionalidades que impedem a punição dos poderosos e condenam os subordinados ao castigo.
....
Temos não muitas formas de igualdade e diversos estilos de aristocratizar. Nosso maior problema não é a desigualdade; é, isso sim, a nossa mais cabal alergia e repulsa à igualdade! Quando sabemos quem é o dono, ficamos tranquilos, mas quando todos são nivelados e postos em julgamento, entramos em crise. Em toda a situação reinventamos a hierarquia, mostrando quem é inferior. Nas tão odiadas (e igualitárias!) filas, isso é mais que patente. No trânsito uma igualdade estrutural é, infelizmente, como digo em Fé em Deus e pé na tábua, e o resultado é esse escândalo de acidentes e imprudências, todos capitulados na mestiçagem das leis que igualam de um lado para excepcionalizar de outro.
Não foi fácil nesse Brasil de Pedros (de Avis e Bragança), criar um padrão de troca único, nivelador e confiável, e, por isso, as nossas doutrinas políticas mais chiques até hoje odeiam o mercado e a sua igualdade competitiva que implica em meritocracia.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012



Esse riff  vai atravessar os tempos!

...é um orgasmo! (escreveu alguém)
(vá pro meio da sala e solta teus bichos...)


segunda-feira, 20 de agosto de 2012


Marisa Monte: Esqueça!

Era o som ambiente no Sam's Club na manhã de sábado.
Mais improvável, impossível.
Entre bananas, maçãs, geladeiras e sabão em pó...viajei de volta ao passado, mas divaguei pelo presente também.



terça-feira, 14 de agosto de 2012


De usos... costumes... e imaginário!

Nos States, leio uma reportagem na Forbes a respeito do preço estratosférico de um Jeep Grand Cherokee vendido aí no Brasil - U$80000 (com esse dinheiro você compra um BMW X5 aqui) e do seu destino: os endinheirados, os bacanas que no seu pobre imaginário, o vêem como um símbolo de status. Aqui, onde ele custa $28000, revela a reportagem, ele é carro, por exemplo, de um professor de escola secundária. 
Aí me lembrei de uma constatação na mesma linha,  que havia feito em uma viagem anterior, enquanto aguardava colegas meus na área de desembarque do aeroporto de Houston. Observei que uma Starbucks ocupava um espaço  debaixo de  uma escada rolante e era frequentada por qualquer um que passasse por aí  ...e  pensei... No Rio de Janeiro, Starbucks é coisa de gente fina. Só tem em bairro e shopping center chique. No Centro, tem até recepcionista na porta!

domingo, 12 de agosto de 2012


O Macunaima da vez da política brasileira

Essa entrevista, repasso-a de um amigo meu,  lava a minha alma porque o entrevistado emite conceitos e tem uma visão de Brasil, muito próxima da que eu fui construindo ao longo dos anos. Fico feliz de ver alguém que me parece tão íntegro (não pediu indenização pelas torturas que sofreu...), animal raro na fauna atual,  emitir conceitos tão concordes com os meus.
Com vocês Chico de Oliveira e o bloco 1 de sua entrevista ao Roda Viva.
Pena que haja tão poucos feitos à sua imagem e semelhança. Reserve um tempo de 45 minutos para assisti-la. Interessantíssimos os comentários à entrevista feitos no You Tube! Revelam um pouco do nosso estágio mental.


Benvindos ao inferno! (6)

( ... é tanta a miséria que a gente acaba rindo...)

O golpe do falso sequestro por telefone anda tão banal que, quinta, o marido da faxineira de um casal parceiro da coluna teve o seguinte diálogo com o bandido:
- Sequestramos o seu filho! - disse o golpista, com choro de criança ao fundo.
- Esquece, não tenho filho. Sei que é golpe... - reagiu nosso herói.
- Foi mal. A gente tenta. Vai que pega, né !? - respondeu o bandido.

Ancelmo Góis - O Globo - 04.08.2012