sábado, 28 de novembro de 2020

Um tango para Diego Armando.

Nada mais alinhado com  Diego Armando, 
desmesurado,trágico,apaixonado,
do que um tango. 

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 Um Deus humano, demasiadamente humano;
 um deus grego.
 Mesclava o admirável  com que operava dentro de um campo de futebol,
 com o deplorável que praticava fora dele.
 Perfeito dentro das quatro linhas;
 miserável  fora delas.
Uma vida trágica,
como  é trágica a Argentina,




sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Pescadores de águas turvas

Carnavalizaram o brutal espancamento seguido de morte do soldador João Alberto Silveira Freitas, o Beto, por seguranças de uma loja do Carrefour em Porto Alegre. A própria família reclamou. Assisti ao vídeo com as cenas da violência a que ele foi submetido e não vi nenhuma menção à cor da pele. Até agora, todos os antecedentes depõem contra a vítima, o que não justifica  - per supuesto! - o violência desproporcional utilizada pelos seguranças.

Entretanto, as minorias organizadas e progressistas de todos los colores, faturaram com o triste episódio.  Morte violenta de um negro/preto/afrodescendente - não sei até hoje o termo correto para não ferir suscetibilidades! -  às vésperas do dia da Consciência Negra é deveras um prato cheio. Os tambores rufaram e como....Parafraseando - quem diria! -  o general Geisel não passam de pescadores de águas turvas.

Comovente ver tanto progressista pregando  que não basta não ser racista; ser antirracista é necessário... atribuindo o crime ao tal do  racismo estrutural do país... afirmando que o racismo está na raiz da desigualdade que nos acomete... e por aí vai.

É inegável que existe racismo no Brasil; muitas vezes dissimulado, porque somos uma nação de dissimulados, mas, de imediato,  estabelecer uma relação entre o crime e a cor da pele e fazer disso um cavalo de batalha é despropositado. A opinião mais ponderada que ouvi até agora, foi a da delegada responsável pelo caso. Comungo com a corajosa opinião do grande Tinga, que fez parte daquele time do Inter que ganhou o Mundial de Clubes estampada no UOL de hoje.   Pessoalmente, entendo que mantidas todas as condições de contorno, colocássemos no lugar do Beto, algum despossuido da terra - pardo ou branco - muito provavelmente as ações de violência teriam se repetido. 

Como disse o poeta, a cor do sangue que corre nas minhas veias é a mesma do sangue que corre nas veias de um preto, pardo, amarelo, índio; até mesmo de um gremista!. Parem por favor de racializar o problema. É só mais uma maneira de dividir, fragmentar, segregar. O mundo caminha para se tornar um imenso deserto povoado por bolhas habitadas por  tribos que brotam com a velocidade dos cogumelos, irrigadas pela equivocada chuva da diversidade cultural.

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

O dique transbordou

Nesta terça-feira o esgoto que a famiglia Bolsonaro produz foi tanto que o dique transbordou. Tudo por obra e graça do chefe da clã. Começou pela manhã comemorando a suspensão dos testes com a vacina chinesa devido  à morte de uma das pessoas que participam dos testes. A imprensa carregou nas tintas, considerando-a uma celebração da morte. Enfim...

À tarde, abriu os trabalhos ameaçando substituir a saliva pela pólvora  com os  americanos caso impusessem sanções ao Brasil em função das barbaridades que ele vem patrocinando na floresta amazônica. 

...e quando a tarde se ia... declarou que somos uma nação de maricas. 

Parafraseando um comentarista político: - Uma terça-feira gorda de bolsonarices.

Pior do que o besteirol que o capitão patrocina é a passividade da nação. Por muito menos, Collor e Dilma foram impichados. Bolsonaro continua impávido, vomitando suas sandices.


segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Pequeno tratado da vergonha.

 O texto é da Rebelião das Elites e a Traição da Democracia de Christopher Lasch, do capítulo  A abolição da vergonha onde é citado o estudo psicanalítico sobre a vergonha de Leon Wurmser The Mask of Shame:

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O que as pacientes de Wurmser experimentam como sendo vergonhoso é a contingência e a finitude da vida humana, nada mais do que isso. Elas não podem se reconciliar com a intratabilidade dos limites. O registro do seu sofrimento nos faz ver por que a vergonha está tão intimamente associada com o corpo, que resiste aos esforços para controlá-la e que, portanto, nos lembra, vívida e dolorosamente, de nossas inevitáveis limitações - a inevitabilidade da morte sobre todas as coisas. É a servidão do homem à natureza, como Erich Heller disse certa vez, que o faz sentir vergonha. Tudo o que é natureza nele (...)tudo  que mostra que ele é escravo das leis e necessidades impermeáveis à sua vontade, torna-se fonte de insuportável humilhação, que pode se manifestar de maneiras aparentemente incompatíveis: no esforço para se esconder do mundo mas, também, no esforço para penetrar nos seus segredos. O que estas reações opostas tem em comum é um tipo de abominação diante de tudo que for misterioso e, portanto, resistente ao controle humano. A vergonha, escreveu Nietzche, existe sempre onde houver um "mistério".

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domingo, 8 de novembro de 2020

...bye! Mr. Trump.

 

 Uma das maiores motivações  que me fizeram torcer pela derrota de Mr. Trump foi o fato dele encarnar a imagem do winner, muito cara à cultura americana.

Pois, Mr. Trump, até agora um winner com o vento a seu favor,  não conseguiu se reeleger, juntando-se ao indigitado grupo dos presidentes que ocupando o cargo, tentaram a reeleição sem sucesso. A pecha de loser que ele terá  que carregar com essa derrota, vai marcar seu anabolizado ego para o resto dos seus dias.

Dos memes que recebi a respeito da derrota de Mr. Trump replico dois feitos com a estátua da Liberdade por sua inteligência e bom gosto, particularmente aquele em que a Senhora Liberdade - enorme! - decreta o fim de linha para Trump - pequenino! -  plagiando a expressão que fez sua fama e que - implacável - utilizava para decretar a derrota dos candidatos que participavam de um reality show onde era a estrela principal:

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domingo, 1 de novembro de 2020

Poema de Finados

 

Amanhã que é dia dos mortos

Vai ao cemitério. Vai

E procura entre as sepulturas

A sepultura de meu pai.

Leva três rosas bem bonitas.

Ajoelha e reza uma oração.

Não pelo pai, mas pelo filho:

O filho tem mais precisão.

O que resta de mim na vida

É a amargura do que sofri.

Pois nada quero, nada espero.

E em verdade estou morto ali.

BANDEIRA, Manuel. Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro: Cia. José Aguilar, 1967, p.265.

Tiro é cultura!

 Não parece uma máxima da novilingua instalada no país com a famiglia Bolsonaro? 

E é. 

Foi colocada no Instagram pelo 03 do capitão de acordo com notícia da Folha. Disse mais. Foi praticar tiro para desestressar. Mais do que cultura, prá esse tipo de gente, tiro é saúde.