sexta-feira, 31 de março de 2017

Notícias do Rio.




Trecho da nova ciclovia Tim Maia, inaugurada recentemente, na Avenida Niemeyer em São Conrado na zona sul do Rio de Janeiro, desabou após ser atingida pela ressaca do mar, nesta quinta-feira (21). Duas pessoas morreram.Trecho da ciclovia Tim Maia, no Rio, que desabou após ser atingida pela ressaca do mar, em 2016 (Folha, 30.03.2017)

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Parte da ciclovia esteve interditada desde o acidente em abril do ano passado. Agora um relatório do CREA, acaba de interditá-la completamente até que  se concluam obras para correção de falhas de construção e desgastes provocados por corrosão e fissuras na sua estrutura. 
 O Rio de Janeiro é um lugar belo que a  mão humana não se cansa de enfear. Prova disso é a construção dessa ciclovia - mal-planejada, mal-executada e mal-fiscalizada -  que os humanos projetaram sobre o costão da Niemeyer. Deu no que deu...

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A partir de agora, as reuniões da Tribunal de Contas  do Estado serão feitas na cadeia. Dos 7 conselheiros, 5 foram presos hoje. O sexto conseguiu se safar pois apelou prá delação premiada; entregou o resto. Sobrou um.
Cabe lembrar que o ex-governador está preso e o Presidente de Assembléia foi hoje prestar depoimento ao MP coercitivamente.

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Vejam a sequência de notícias - tudo em menos de 5 minutos - mostrada a pouco no  jornal das 8:00h da GloboNews. Começa com um vídeo amador mostrando dois policiais atirando e matando dois supostos bandidos deitados e sem ação próximo a uma escola onde - pouco antes -  uma adolescente de 13 anos tinha sido vítima de bala perdida em um confronto entre policiais e bandidos. A cena seguinte mostra a população indignada, fechando a Av. Brasil. Como se não bastasse, a bandidagem aproveitou a ocasião e promoveu um arrastão no trânsito parado devido ao protesto.

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É ou não, um circo de horrores?

terça-feira, 28 de março de 2017

Verdade verdadeira.

Não se esqueça do seguinte: o Brasil não gosta do sistema capitalista. Os congressistas, os jornalistas, os universitários não gostam do capitalismo. E no capitalismo têm horror aos bancos, ao sistema financeiro e aos especuladores. (...) Eles gostam do Estado, eles gostam de intervenção, de controle de câmbio, enfim, ser conservador é melhor do que liberal.

Fernando Henrique Cardoso - Diários da Presidência - vol. 3 (1999/2000)  citado por Ancelmo Gois  em O Globo, 25.03.2017

segunda-feira, 27 de março de 2017

República do quê, afinal?

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A campanha presidencial de 2014, ela foi inventada primeiro por mim, tá?
disse Marcelo ao ser questionado sobre sua relação com a reeleição de Dilma. Os valores (de doações) foram definidos por mim , afirmou o empresário, preso em Curitiba desde junho de 2015, em razão de investigações da Operação Lava Jato, que apura esquema de corrupção na Petrobrás.
(O Estado de São Paulo, Política, 23.03.2017)
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Marcelo é Marcelo Odebrecht, CEO da Odebrecht, multinacional brasileira da corrupção. Nossa expertise na matéria é comprovada around all over.

domingo, 26 de março de 2017

Mulherão!

Imagem relacionada
Não é bonita, nem sexy. Não tem carisma, mas é a única  estadista no mundo atual. Física de formação, sobra na turma dos líderes mundiais. Obama ia pedir colinho quando precisava. Reconhecia  onde estava a competência. Dias atrás, Donald Trump, depois do encontro que teve com ela em sua visita aos States, apareceu para as fotos com a imprensa, visivelmente contrariado e recusou-se a cumprimentá-la. Deve ter ouvido  poucas e boas.
Existe uma historinha de uma  maldade que Putin - especialista no assunto -  fez com ela em uma conferência na Rússia. Vejam como ela se saiu : 

Um episódio ocorrido em 2007, durante uma minicúpula na residência de verão de Putin em Sochi, no Mar Negro, marcou ambos.  O anfitrião montara uma armadilha. Ciente de que a chanceler tem um medo quase incontrolável de cães, ele fez adentrar no salão em que estavam sentados para a foto oficial o majestoso Konni, um labrador negro de tamanho descomunal que, comandado ou não pelo olhar do dono, foi se acomodar aos pés da visitante. Pânico. Mas Merkel não se moveu. Ainda ensaiou um gélido sorriso. Na viagem de volta, indagada sobre a calculada provocação, respondeu que apenas pessoas inseguras recorrem a expedientes dessa natureza. E que eles acabam revelando as vulnerabilidades do interlocutor.
( Discutindo a Relação, Dorrit Harazim - O Globo - 20.03.2017).

PS - Lembro bem que  na época das vacas gordas brasileiras,  aí por  2010, a nossa Dilma mostrando do que é feita,  disse que iria ensinar a Merkel como se faz uma economia crescer. Merkel, milita no CDU, um partido de centro-direita,  com uma visão da economia que passa longe daquela da nossa esquerda democrática, popular e progressista que nos governou por 12 anos. Os fatos mostram quem deveria aprender com quem; enfrentamos uma depressão econômica, como nunca houve nesse país (parafraseando o nosso grande morubixaba). A Alemanha, por sua vez, vai muito bem obrigado. É o carro-chefe da Europa.
É por essa e por outras que estamos pelo menos a um ciclo logarítmico deles.  Aqueles 7x1 dão a dimensão dessa distância. Não cairam do céu!

terça-feira, 21 de março de 2017

Verão... Adeus!

Uma alma trágica (Dostoievsky),
ou uma alma épica (Tolstoi)?
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Era a questão da madrugada
exaurida pelo calor,
que ávida bebia
da chuva generosa que caia;
o aceno de adeus para o verão.
No rádio, um piano vibrante
 bulia com suas notas
a calmaria do quarto em que dormia.
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Sou trágico,
caminhante solitário,
passageiro da agonia,
bravo desde sempre.
Iluminado...épico...
salvador do mundo.
Raramente.

Inspirado  em  As almas se dividem entre as próximas de Tolstói ou de Dostoievsky - L.F. Pondé (Folha, 20.03.2017)
Começava o Outono.

domingo, 19 de março de 2017

... o nosso Palocci..

Foi esse o tratamento dado por Emilio Odebrecht, em seu depoimento para o juiz Sérgio Moro na semana que passou ao se referir ao todo-poderoso ministro da Economia do governo Lula.
O ato falho é uma pérola para descrever a que  nível  chegaram as relações entre a política e o grande empresariado brasileiro. Afinal Palocci, além de  Ministro da Fazenda, foi - não sei se em paralelo - operador do PT. Emílio, por sua vez,  é o dono da maior construtora do país.
...  e nós aqui na planície pagando a conta dos arranjos costurados no Planalto.

quinta-feira, 16 de março de 2017

As músicas eram melhores em 68.

  

Está lá no começo de  Aquarius. Na minha opinião uma das boas coisas desse hipervalorizado filme - O Silêncio ao Redor é bem superior - e de uma supervalorizada atuação de Sônia Braga que interpreta ela própria. Um colega meu do Recife diz que pouco daquela interpretação remete ao  personagem que ela se propõe representar: uma senhora classe média média do Recife de 60 anos que viveu seus 30 anos nos agitados anos 60 do século que passou. Não incorporou o personagem. Sônia é hoje  uma new yorker aculturada. A crítica, entretanto, foi pródiga nos elogios. Vai ver eu não entendo nada de cinema.

quarta-feira, 15 de março de 2017

Descaminhos (III)

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Como estudo e trabalho, faço um revezamento. Fico na fila toda 2ª e 4ª, das seis da tarde às seis da manhã. No princípio, dormia numa barraca de camping, na rua. A prefeitura passou lá e disse que é proibido. Então passei a dormir ao relento, num colchãozinho. No carnaval, tive que sair da entrada da pista premium (preciso estar lá quando os portões abrirem para correr e pegar um lugar na frente) e fui então para uma ruazinha lateral, na descida do viaduto. Janto ali perto e fico a noite toda.
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Depoimento de uma garota de 18 anos para a coluna Gente Boa - O Globo, 12/02/2017.
Faz isso desde janeiro. Tudo prá não perder o primeiro lugar da fila para comprar um ingresso para o show do Justin Bieber.
Fosse prá ver ou ouvir Jesus Cristo, ou Bach, Beethoven, Mozart ... mas Justin Bieber?

sábado, 11 de março de 2017

Retrato perfeito do país.


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 Fomos forjados sob o signo da escravidão e da exclusão, da concentração de renda e da segregação educacional, usando políticas fisiológicas e patrimonialistas de uma aristocracia que sobrevive ao Imperio. Não somos ainda uma República com coesão nacional. Por falta de coesão, usamos inflação e endividamento público para atender interesses divergentes. Quando isso se esgotava, usamos ditaduras para impor coesão forçada.
Basta olhar ao redor para ver que há um clima de desagregação no ar: corrupção endêmica; violência urbana generalizada como uma guerra civil sem ideologias nem religiões; partidos sem propostas nem identidades: políticos sem credibilidade; decisões judiciais precipitadas, legislando no lugar do Congresso e sendo desrespeitadas por parlamentares. Some-se a isso a baixa produtividade e baixa propensão à poupança, a permanência da desigualdade social, a recessão econômica, o desemprego catastrófico, o endividamento do Estado, das famílias e das empresas; a miséria do quadro educacional. Sobretudo um país dividido em corporações, sem preocupação com os interesses nacionais de longo prazo, e um quadro de sectarização dogmática, sem debate em busca de alternativas. Um país sem amálgama de longo prazo, perdido no imediatismo de promessas impossíveis para o futuro e sem qualquer aceitação para os necessários sacrifícios no presente.

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Cristóvam Buarque;  Tentemos em 2017, O Globo, 24.12.2016

Sempre lúcido esse senador. Um homem de idéias que respeitoe um dos raros políticos  prá quem daria meu voto. Dizem, entretanto, que  não é muito bom administrador.  Rien c´est parfait já dizia a raposa pro principezinho.

sexta-feira, 10 de março de 2017

Existe algum herói que não tenha pés de barro?

A vitória do Barcelona (6x1) contra o Paris St Germain, ontem foi considerada heróica pois garantiu a passagem do time catalão à fase seguinte da Champions,  mas há um bocado de vilania nela. Ví o jogo. Dois pênaltis foram cavados a favor do Barcelona e o juiz caiu na conversa - ora de quem! - de dois sul-americanos  com know-how de sobra  nas artes do ilusionismo (Neymar e Luizito Suarez).  Hoje os jornais ressaltam o caráter épico da vitória  e os heróis da jornada. Os erros do juiz são notas de rodapé.  Não fossem eles, o Barcelona estaria amargando a ressaca de uma desclassificação precoce.

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Outro exemplo recente no futebol foi a que se convencionou chamar de Batalha dos Aflitos em que o Grêmio venceu o Náutico com 7 jogadores e obteve sua classificação para a divisão principal do Campeonato Brasileiro. Também ví aquele jogo. É um dos episódios mais tristes do futebol brasileiro pelo que ocorreu em campo: houve briga generalizada entre jogadores, agressão ao juiz, até a grama foi arrancada para que um pênalti não fosse batido. O juiz deveria ter expulso praticamente todo o time do Grêmio pelo que aprontou no campo, mas afinou porque isso obrigaria a realização de uma nova partida. O episódio é considerado uma epopéia na história do clube gaúcho. Até filme fizeram sobre o heroísmo daquela jornada. Não fosse o juiz, o Grêmio teria enfrentado uma das maiores crises da sua história. Ameaçava inclusive fechar suas portas.

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Assistí muita corrida de F1 até há poucos anos e muita vilania de pilotos naquelas centenas de manhãs de domingo que passei diante da TV. Ayrton Senna foi protagonista de muitas delas - Michael Schumacher também, diga-se de passagem. Pois Ayrton Senna talvez seja o último grande herói brasileiro. Muita prosa e verso foi derramada pelo nosso último herói. Prá mim, de fancaria...

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A velhice nos traz péssimas notícias a respeito de muitos mitos e heróis da nossa infância e juventude. Revela que a história está longe de ser o relato fiel do que se passou - há muitos interesses subjacentes à versão que chega até nós - além de confirmar que mesmo os heróis carregam com eles  a miserabilidade e falibilidade do ser humano. Gostaria de conviver com algum deles. Em poucos dias, desfaria-se a aura.

quarta-feira, 8 de março de 2017

Porque me ufano desse país.

No seu depoimento a Herman Benjamin, do TSE, Hilberto Mascarenhas da Silva Filho fez um relato da evolução dos valores movimentados pelo setor de operações estruturadas da Odebrecht (o departamento da propina), de 2006 a 2014.
Veja:
2006: 60 milhões de dólares
2007: 80 milhões de dólares
2008: 120 milhões de dólares
2009: 260 milhões de dólares
2010: 420 milhões de dólares
2011: 520 milhões de dólares
2012: 730 milhões de dólares
2013: 750 milhões de dólares
2014: 450 milhões de dólares
Total: 3 bilhões e 390 milhões de dólares.
O Antagonista, 07.03.2017
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É um número das galáxias.Corrupção prá corporação mundial alguma botar defeito!
Prá quem vive procurando fatos prá se achar o maior do mundo, este não deixa dúvida.No quesito parece que somos insuperáveis e irrecuperáveis.
Vergonha!

domingo, 5 de março de 2017

A vida seria estupenda....


...fossem todos os dias passados com essa loura burrinha que caiu do céu (Dorothy Patrick), ouvindo Louis Armstrong e Billie Holiday e esse timaço de negões da  banda de apoio num club de New Orleans.
 As cenas são do filme New Orleans dirigido por Arthur Lubin e rodado em 1947. É o único filme de Billie Holiday que mostra estar em estado de graça nessa cena.
E Louis Armstrong?  Arrasa! Algum rapper atual faria melhor do que ele fez ao apresentar os músicos da banda? E que músicos... Por isso ele é eterno, já os nossos rappers vão ter que comer muita grama para tornarem-se um...



quinta-feira, 2 de março de 2017

Descaminhos (II)

Strange Fruit  - canção emblemática na luta   contra o racismo - e considerada uma das canções do século XX pela revista Time,foi escrita por um judeu: Abel Meeropol. (Retirei a informação da coluna do Helio Schartzman, citada no post anterior)
Seria uma apropriação indébita os negros a terem tomado como um hino contra o racismo dos brancos?
Com a palavra os nossos mudernos (culturalistas, defensores das minorias, tutti quanti...)



quarta-feira, 1 de março de 2017

Descaminhos (I)

Lí na coluna do Hélio Schartzman - Frutos muito estranhos - na Folha de ontem:

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Movimentos de defesa de minorias agora estrilam quando um membro dos chamados grupos dominantes se utiliza ("se apropria", na linguagem dos militantes) de um elemento icônico de sua cultura. No Brasil, uma adolescente branca que havia perdido seus cabelos por causa de um tratamento contra o câncer foi duramente repreendida por ativistas negros por ter se exibido com um turbante afro.
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"Vou contar o que houve ontem, pra entenderem o porquê de eu estar brava com esse lance de apropriação cultural:Eu estava na estação com o turbante toda linda, me sentindo diva. E eu comecei a reparar que tinha bastante mulheres negras, lindas aliás, que tavam me olhando torto, tipo " olha lá a branquinha se apropriando dá nossa cultura", enfim, veio uma falar comigo e dizer que eu não deveria usar turbante porque eu era branca. Tirei o turbante e falei "tá vendo essa careca, isso se chama câncer, então eu uso o que eu quero! Adeus.", Peguei e sai e ela ficou com cara de tacho. E sinceramente, não vejo qual o PROBLEMA dessa nossa sociedade em, meu Deus!#VaiTerTodosDeTurbanteSimFoto dá negra branca mais chave que vocês conhecem, Juro que tentei tirar uma foto decente, mas não deu. Foi mal!"


Thauane Cordeiro, a mocinha do turbante (Foto publicada nas redes sociais)
Pela estampa da moça a briga deve ter sido feia!

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Eu topo a interdição.
Não uso os turbantes afro nem roupa alguma criada pela cultura negra e apropriada por nós, mas eles que parem de usar calças, camisas, casacos... enfim... todas as roupas criadas por culturas que não a deles. Afinal é  apropriação indébita.
Garanto que não topam.