terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Transgressões e transgressões

E no mesmo artigo lá pelas tantas ele qualifica transgressivo como o supremo adjetivo brega. Um achado. Para boa parte dos que se consideram transgressores em comportamento, ser qualificado de brega deve ser a ofensa suprema.
Tenho erisipela quando ouço essa palavra, abusada e banalizada.Uma amiga, que circula no meio artístico-cultural, usa-a como um must. Transgredir prá ela é o máximo. Somos quase contemporâneos e nossa geração associa transgressão a atitude libertária, uma desobediência aos padrões, um tapa na cara da caretice, um palavrão para os  trangressores como os entende minha amiga.
Como um pacato observador de usos e costumes dessa cidade esculhambada que é o Rio de Janeiro, atrevo-me a dizer que transgredir, hoje, seria respeitar fila, não furar sinal vermelho, não utilizar o acostamento para ultrapassar na estrada, não jogar lixo na rua ou pela janela, e por aí vai... Todas atitudes que respeitam normas e padrões, caretice para os nossos transgressores de plantão, gente que vive entediada, e, porisso mesmo, buscando insaciavelmente novas sensações.
Um pouco distante do sentido que a comunidade das artes&cultura a que pertence a minha amiga dão ao termo. Diria mesmo que um pouco da desordem em que a cidade está imersa,  tem suas origens nesse tipo de transgressão que fez de  É proibido Proibir um mantra.
Eles se pensam vanguarda. Não passam de gente  brega.

domingo, 24 de janeiro de 2016

Equívoco Ibérico

.....
Os europeus, até hoje, acham a América Latina uma descoberta desnecessária. Um equívoco ibérico.  
......
(João Pereira Coutinho, A Sociedade do Espetáculo, Folha, 18.01.2016)
Essa frase vai incomodar muito ufanista e Pachecão, espécime que se multiplicou geometricamente nos anos em que o lulopetismo deu as cartas e se viveu a ilusão de que se iria mostrar para esses gringos quem era o Brasil. Deu nisso aí, descrédito, desilusão e uma profunda falta de perspectivas para um futuro próximo.
 Vai de encontro a  algo que já tinha lido não sei onde de que a América Latina é irrelevante para quem dá as cartas na política e economia mundiais. A afirmação do Coutinho,  amplia no tempo o descrédito. Desde sempre...
Na Noruega, numa viagem a trabalho, lembro de uma frase dita por um professor do Depto de Engenharia do Petróleo da  NTNU em Trondheim com aquele tom de  trivialidade que só os nórdicos tem,  que eles, nórdicos, eram o  primeiro mundo; o segundo caberia aos alemães, americanos, ingleses, japoneses; o terceiro seria ocupado pelos europeus meridionais e o quarto, bem esse, é dos latino-americanos e africanos.
Mais e mais, concordo com ele.Com exceção, quiçá,  de Chile e Uruguai, os outros países da AL, fazendo-se as devidas ressalvas para alguns bolsões de prosperidade, no geral nivelam-se,  pelas mazelas que apresentam, aos países africanos.
A tragédia do zika virus é um atestado do nossa indigência. Lá se vão 30  anos convivendo  com o aedes aegypti que diante da incompetência dos homens,  hoje praticamente infesta o país. Insinuou-se  com a dengue, prosseguiu com a chikungunya e agora desaguou no zika. E nem falei na tragédia ambiental provocada pelo rompimento da barragem da Samarco, da pilhagem a que foi submetida a Petrobrás, da poluição das águas da baia da Guanabara...Tristes trópicos.

Malgré tout, o carnaval está chegando... A folia vai nos redimir.

domingo, 17 de janeiro de 2016

Sem advogados, não há democracia.

Leio isso amiúde em adesivos colocados em carros de representantes da classe, provavelmente, e me pergunto que democracia é essa que é avalizada pela atuação dos advogados. Agora o gato subiu no telhado com essa carta publicada na imprensa, em que qualificam lá pelas tantas a Lava-Jato como uma espécie de inquisição:
...
O que se tem visto nos últimos tempos é uma espécie de inquisição (ou neoinquisição), em que já se sabe, antes mesmo de começarem os processos, qual será o seu resultado, servindo as etapas processuais que se seguem entre a denúncia e a sentença apenas para cumprir ‘indesejáveis’ formalidades.
... 
Uma boa parte dos signatários é advogado de réus do processo e foi advogado de réus do mensalão. Estão entre os mais caros do país e sempre são convocados  para defender as causas da turma do dinheiro grosso, dos políticos mais notórios dessa nossa republiqueta bananeira. Devem estar entre eles os defensores dos coleguinhas Duque, Paulinho, Cerveró, Zelada e tutti quanti...Meu salário não permitiria contratá-los. Certamente o dinheiro que paga esses causídicos vem das roubalheiras em que estiveram envolvidos os coleguinhas e seus notáveis comparsas. Como é mesmo ser avalista da democracia , vivendo com a grana obtida com  roubo, fraude, corrupção, montando lorotas prá boi dormir prá justificar legalmente os mal-feitos como a justificativa apresentada por Eduardo Cunha de que o dinheiro das contas suiças era fruto de exportação de carne para a África? Por favor, respeitem a inteligência alheia!
Odeiam a delação premiada porque destrói as fabulações que constroem a partir do que é relatado nos autos. Odeiam a Lava-Jato porque pela primeira vez encontram dificuldades para  livrar a cara da turma do dinheiro grosso. 
Esse é um país  para poucos onde vigora um faroeste que estranhamente se ampara no legal. O mais forte  não se estabelece  com um cano de revólver ou Winchester mas por tramoias e  chicanas amparadas por leis que permitem que mesmo roubando, corrompendo, matando, a turma do dinheiro grosso,  nunca seja alcançada pelos rigores da lei. Basta ter dinheiro suficiente para pagar a um desses notáveis causídicos. Está aí o Sr. Paulo Maluf livre, leve e solto pelo país. Entretanto, se puser os pés fora dele provavelmente pegue uma cana dura pois tem mandato de prisão expedido pela Interpol, que vale para mais de 100 países.
Devem existir exageros na Lava-Jato, mas o real propósito dessa carta ao denunciar a ameaça ao estado de direito que a operação representa,  é retirar o juiz Moro e sua equipe da parada. Levar o processo para outras varas onde certamente há juízes que observem os preceitos legais e democráticos defendidos na carta, que abrirão as portas da cadeia para seus clientes.
A carta desses advogados é o grito de desespero  desse país caquético e bolorento, dominado pelos coronéis e oligarcas de sempre, hoje representado pelos grandes empresários em conluio com o mundo  político,  que se vê acuado por um grupo corajoso e pequeno de promotores, investigadores e um juiz, que temo não resistam a tanta pressão. Essa troupe,  dona do dinheiro grosso e das engrenagens que movem esse podre país, defendida por esses advogados,  avalistas não de uma democracia mas de uma plutocracia que nos massacra fazem 500 anos,  não vai deixar barato.
Eu estou me divertindo com o espetáculo e torcendo, desesperançado,  pelo mocinho, um tipo demodé nos tempos que correm. Afinal, ser  bandido é mais charmoso. Assistam as novelas da Globo e verão. Aliás, esse episódio da prisão de Joaquim El Chapo Guzmán só faz comprovar o que escreví.

Há jeito prá tudo na vida....






Surfing legend Garrett McNamara riding a 100-ft wave in Nazare, Portugal, perhaps the world's biggest wave ever surfed, Jan 2013.:
...até prá descer uma onda dessas!

(Surfing legend Garrett McNamara riding a 100-ft wave in Nazare, Portugal, perhaps the world's biggest wave ever surfed, Jan 2013)
Pinterest

2d

sábado, 2 de janeiro de 2016

Beleza pura!

 
Inigualável, inalcançável!
Olívia Hussey como Maria, mãe de Jesus em Gesú di Nazareth de Franco Zeffirelli (1997)

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Jovem Guarda (II)

 
Essa cansei de ouvir!
A música é chinfrim a letra idem,  mas tem um versinho...
Quero que sejas bem feliz junto do seu novo rapaz!


Jovem Guarda(I)

Unusual para um começo de ano, mas vendo a Regra do Jogo bateu uma saudade dos old good times ...