domingo, 17 de janeiro de 2016

Sem advogados, não há democracia.

Leio isso amiúde em adesivos colocados em carros de representantes da classe, provavelmente, e me pergunto que democracia é essa que é avalizada pela atuação dos advogados. Agora o gato subiu no telhado com essa carta publicada na imprensa, em que qualificam lá pelas tantas a Lava-Jato como uma espécie de inquisição:
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O que se tem visto nos últimos tempos é uma espécie de inquisição (ou neoinquisição), em que já se sabe, antes mesmo de começarem os processos, qual será o seu resultado, servindo as etapas processuais que se seguem entre a denúncia e a sentença apenas para cumprir ‘indesejáveis’ formalidades.
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Uma boa parte dos signatários é advogado de réus do processo e foi advogado de réus do mensalão. Estão entre os mais caros do país e sempre são convocados  para defender as causas da turma do dinheiro grosso, dos políticos mais notórios dessa nossa republiqueta bananeira. Devem estar entre eles os defensores dos coleguinhas Duque, Paulinho, Cerveró, Zelada e tutti quanti...Meu salário não permitiria contratá-los. Certamente o dinheiro que paga esses causídicos vem das roubalheiras em que estiveram envolvidos os coleguinhas e seus notáveis comparsas. Como é mesmo ser avalista da democracia , vivendo com a grana obtida com  roubo, fraude, corrupção, montando lorotas prá boi dormir prá justificar legalmente os mal-feitos como a justificativa apresentada por Eduardo Cunha de que o dinheiro das contas suiças era fruto de exportação de carne para a África? Por favor, respeitem a inteligência alheia!
Odeiam a delação premiada porque destrói as fabulações que constroem a partir do que é relatado nos autos. Odeiam a Lava-Jato porque pela primeira vez encontram dificuldades para  livrar a cara da turma do dinheiro grosso. 
Esse é um país  para poucos onde vigora um faroeste que estranhamente se ampara no legal. O mais forte  não se estabelece  com um cano de revólver ou Winchester mas por tramoias e  chicanas amparadas por leis que permitem que mesmo roubando, corrompendo, matando, a turma do dinheiro grosso,  nunca seja alcançada pelos rigores da lei. Basta ter dinheiro suficiente para pagar a um desses notáveis causídicos. Está aí o Sr. Paulo Maluf livre, leve e solto pelo país. Entretanto, se puser os pés fora dele provavelmente pegue uma cana dura pois tem mandato de prisão expedido pela Interpol, que vale para mais de 100 países.
Devem existir exageros na Lava-Jato, mas o real propósito dessa carta ao denunciar a ameaça ao estado de direito que a operação representa,  é retirar o juiz Moro e sua equipe da parada. Levar o processo para outras varas onde certamente há juízes que observem os preceitos legais e democráticos defendidos na carta, que abrirão as portas da cadeia para seus clientes.
A carta desses advogados é o grito de desespero  desse país caquético e bolorento, dominado pelos coronéis e oligarcas de sempre, hoje representado pelos grandes empresários em conluio com o mundo  político,  que se vê acuado por um grupo corajoso e pequeno de promotores, investigadores e um juiz, que temo não resistam a tanta pressão. Essa troupe,  dona do dinheiro grosso e das engrenagens que movem esse podre país, defendida por esses advogados,  avalistas não de uma democracia mas de uma plutocracia que nos massacra fazem 500 anos,  não vai deixar barato.
Eu estou me divertindo com o espetáculo e torcendo, desesperançado,  pelo mocinho, um tipo demodé nos tempos que correm. Afinal, ser  bandido é mais charmoso. Assistam as novelas da Globo e verão. Aliás, esse episódio da prisão de Joaquim El Chapo Guzmán só faz comprovar o que escreví.

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