sexta-feira, 24 de abril de 2015

Nada de novo entre o Céu e a Terra

Uma é empresária (43 anos), outra, estudante de moda e stylist (23 anos), a terceira, designer e artista gráfica (44 anos) e a quarta, nutricionista (25 anos). Todas moram em São Paulo, com exceção da última que mora em Salvador. Um marmanjo cinquentão, certamente sedutor, tomava conta das quatro bonitonas  até que uma delas descobriu. Seria impensável que mulheres com sua história e posição social estivessem envolvidas na historinha  contada na reportagem de capa do caderno Ela de O Globo de 18.04.2015. Afinal  todas são independentes financeiramente, tem alto grau de instrução; fazem o tipo mulher moderna.
 É a constatação de que  o velho papo - quando preparava um jantar dizia: Nunca fiz isso para ninguém -  e um mis-un-scène adequado - levou duas para a Itália. Pagava tudo! - funciona em qualquer tempo, lugar e com qualquer exemplar do gênero feminino, feitas as óbvias ressalvas.
Uma  frase - com todo jeito daquelas de pára-choque de caminhão -   diz que não existem  mulheres difíceis, existem - sim -  mulheres mal-cantadas. Elas - é claro - a odeiam e me acusarão de machista por lembrá-la. Sou forçado a reconhecer, entretanto,  que esses caminhoneiros são profundos conhecedores da alma feminina.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

segunda-feira, 20 de abril de 2015

A ficha estaria caindo?

O Rio de Janeiro é uma piada triste. Uma cidade deslumbrante, cercada por um mar de cocô por todos os lados.

Mariliz Pereira Borges escreveu isso  na Folha do dia 18- O Rio é um Mar de Cocô -  comentando a situação das águas da bahia e lagoas que banham a cidade. Ela é carioca, e cariocas não gostam de ser criticados nem de que critiquem sua cidade. Tem um particular afeto por seu umbigo.
A agressão à natureza deslumbrante que o Rio possui, embora ela tenha atribuído o adjetivo à cidade - prefiro a opinião mais sensata da Elisabeth Bishop -  é tão gritante e profunda que está levando mesmo um carioca a autocrítica. Menos oba-oba e mais seriedade e compromisso é do que essa cidade precisa. Talvez aí ela volte a ser a maravilha que dizem ter sido.

domingo, 19 de abril de 2015

De sonhos e utopias

Faço uma enorme diferença enorme entre sonho e utopia. Utopias sempre desembocam em exemplos negativos. Qualquer que sejam sua natureza ou origem, elas acabam em catástrofe. Já um indivíduo sem sonhos para si ou para a sociedade em que vive não está à altura de sua vocação de ser humano. É preciso sonhar com algum futuro. Mesmo sabendo que o futuro é como a linha do horizonte: ela recua a medida que avançamos.

François Maspéro, dono da livraria La Joie de Lire, Rue Saint- Séverin, Paris
Citado em Sonho, Utopia e Realidade (Dorrit Harrazim) O Globo, 19.04.2015

Oh tempora, oh mores!

A versão mais e mais se impõe aos fatos.

Que o digam advogados, políticos e marqueteiros. Suporto-os! Por uma questão de urbanidade é o melhor sentimento que tenho por essa fauna que deixa uma sensação de dejà vu, de coisa de segunda mão para esse país.
P.S. - Não estou incriminando as profissões em sí, uma vez que a reputação é construida por seus representantes mas justo nas citadas é imensa a concentração de liliputianos.

terça-feira, 14 de abril de 2015

É mais nobre sofrer na alma... ou pegar em armas ?

To be, or not to be: that is the question:
Whether 'tis nobler in the mind to suffer
The slings and arrows of outrageous fortune,
Or to take arms against a sea of troubles,
And by opposing end them? To die: to sleep;
No more; and by a sleep to say we end
The heart-ache and the thousand natural shocks
That flesh is heir to, 'tis a consummation
Devoutly to be wish'd. To die, to sleep;
To sleep: perchance to dream: ay, there's the rub;
For in that sleep of death what dreams may come
When we have shuffled off this mortal coil,
Must give us pause: there's the respect
That makes calamity of so long life;
For who would bear the whips and scorns of time,
The oppressor's wrong, the proud man's contumely,
The pangs of despised love, the law's delay,
The insolence of office and the spurns
That patient merit of the unworthy takes,
When he himself might his quietus make
With a bare bodkin? who would fardels bear,
To grunt and sweat under a weary life,
But that the dread of something after death,
The undiscover'd country from whose bourn
No traveller returns, puzzles the will
And makes us rather bear those ills we have
Than fly to others that we know not of?
Thus conscience does make cowards of us all;
And thus the native hue of resolution
Is sicklied o'er with the pale cast of thought,
And enterprises of great pith and moment
With this regard their currents turn awry,
And lose the name of action. - Soft you now!
The fair Ophelia! Nymph, in thy orisons
Be all my sins remember'd.
 
William Shakespeare 
Hamlet, Ato III, Cena I 
 





Ser ou não ser eis a questão.
Será mais nobre sofrer na alma
Pedradas e flechadas do destino feroz
Ou pegar em armas contra o mar de angústias
E, combatendo-o, dar-lhe fim? Morrer; dormir;
Só isso. E com o sono, dizem,extinguir
Dores do coração e as mil mazelas naturais
A que a carne é sujeita; eis uma consumação
Ardentemente desejável. Morrer - dormir -
Dormir! Talvez sonhar.Aí está o obstáculo!
Os sonhos que hão de vir no sono da morte
Quando tivermos escapado ao tumulto vital
Nos obrigam a hesitar: e é essa reflexão
Que dá à desventura uma vida tão longa.
Pois quem suportaria o açoite e os insultos do mundo,
A afronta do opressor, o desdém do orgulhoso,
As pontadas do amor humilhado, as delongas da lei,
A prepotência do mando, e o achincalhe
Que o mérito paciente recebe dos inúteis,
Podendo, ele próprio, encontrar seu repouso
Com um simples punhal? Quem agüentaria fardos,
Gemendo e suando numa vida servil,
Senão porque o terror de alguma coisa após a morte
O país não descoberto, de cujos confins
Jamais voltou nenhum viajante
nos confunde a vontade,
Nos faz preferir e suportar os males que já temos,
A fugirmos pra outros que desconhecemos?
E assim a reflexão faz todos nós covardes.
E assim o matiz natural da decisão
Se transforma no doentio pálido do pensamento.
E empreitadas de vigor e coragem,
Refletidas demais, saem de seu caminho,
Perdem o nome de ação. 

Tradução de Millor Fernandes


quarta-feira, 8 de abril de 2015

Nos 100 anos...

... daquela que é - para muitos - a  maior cantora negra norte-americana de todos os tempos.
Foi frequentadora assídua das sarjetas da vida. Sua voz e suas interpretações traduzem bem sua sofrida passagem por esse mundo.
Haverá outro(s)?


terça-feira, 7 de abril de 2015

Rigorosamente verdadeiro

O PT  apenas defende os pobres, mas se dedica radicalmente a ampliar a própria riqueza.

Fernando Gabeira - O Partido dos Últimos Dias
O Globo, 05.04.2015