quinta-feira, 19 de junho de 2014

Tempos bicudos

.........
.... os brasileiros não têm educação nenhuma. A que tiveram, e não há dúvida de que a tiveram, perderam toda. Como e por quê, não está identificado nem procurado, o que por si já é prova da falta de educação. Mas nada a ver com a educação escolar, que a outra independe desta.
A cafajestice é a regra, sem diferenciação entre as classes econômicas. Na vulgaridade da linguagem, na indumentária "descontraída", na ganância que faz de tudo um modo de usurpar algo do alheio, na boçalidade do trânsito, nos divertimentos escrachados, na total falta de respeito de produtores e comerciantes pelo consumidor, enganado na qualidade e furtado no valor --em tudo é o reinado do primarismo mental e dos modos da falta de educação.
O baixíssimo nível moral e intelectual do Congresso, o comercialismo dos dirigentes políticos e dos partidos, o negocismo que corrompe as administrações públicas, tudo isso é a própria falta de educação, invasiva e ilimitada. E crescente.
........
Jânio de Freitas - O que se perdeu - Folha, 17.06.2014

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Copa do Mundo

16:00h de ontem. Brasil x México em Fortaleza.
Estivesse no Rio, veria raríssimos carros  circulando. Algumas almas penadas perambulariam pelas calçadas vazias; gente haveria apenas nos bares  ou telões esparramados pelos lugares públicos, todos fantasiados de verde-amarelo. Ouviría  uma única voz: aquela do Galvão Bueno, sumo-sacerdote desse tempos totalitários de futebol.
Estou em Lajeado, uma cidade gaúcha de 80000 habitantes,  dominada por imigrantes alemães e italianos,  145 IDH do país. Os carros continuam nas ruas, em menor número obviamente que em dia normal; apenas as lojas menores fecharam suas portas; poucas pessoas vestem  verde-amarelo e - quanta alegria -  não ouve-se o onipresente Galvão. Na loja de venda de pneus em frente, os vendedores conversam animadamente com uma cliente. Não há televisão, não há Copa para eles.
Essa pequena e provinciana cidade tem uma atitude mais cosmopolita de quem pensa sê-lo: o Rio de Janeiro. É preocupante assistir a pelo menos 10 milhões de pessoas sentadas devotamente em frente a uma tela de televisão que exibe uma partida de futebol da seleção nacional. Há algo de mal-cheiroso nessa paranóia que beira a obsessão.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Jeito japonês de ser.

Enquanto isso...
A torcida japonesa, mesmo depois do time perder para a Costa do Marfim, limpou o que sujou e o dos outros também nas arquibancadas da arena Pernambuco. Por essa e por outras eles são o que são.

domingo, 15 de junho de 2014

Jeito brasileiro de ser.

Fred cavou um pênalti no jogo com a Croácia. Trapaceou, em simples e bom português. Ao levantar-se ainda ergueu os  braços ao céu em  agradecimento ao Todo-Poderoso pelo sucesso da operação. Diego Costa, brasileiro mas que joga pela Espanha repetiu a encenação no jogo contra a Holanda no dia seguinte. Neymar já foi vaiado em campos europeus por ser considerado um jogador cai-cai,   É o jeito brasileiro de ser. No fundo, no fundo, apreciado por toda a torcida do Flamengo, do Corinthians, do Inter.... Só não vale quando é contra o nosso time. Somos o que somos. E pagamos caro por isso - condenados à mediocridade -  mas não nos emendamos.