16:00h de ontem. Brasil x México em Fortaleza.
Estivesse no Rio, veria raríssimos carros circulando. Algumas almas penadas perambulariam pelas calçadas vazias; gente haveria apenas nos bares ou telões esparramados pelos lugares públicos, todos fantasiados de verde-amarelo. Ouviría uma única voz: aquela do Galvão Bueno, sumo-sacerdote desse tempos totalitários de futebol.
Estou em Lajeado, uma cidade gaúcha de 80000 habitantes, dominada por imigrantes alemães e italianos, 145 IDH do país. Os carros continuam nas ruas, em menor número obviamente que em dia normal; apenas as lojas menores fecharam suas portas; poucas pessoas vestem verde-amarelo e - quanta alegria - não ouve-se o onipresente Galvão. Na loja de venda de pneus em frente, os vendedores conversam animadamente com uma cliente. Não há televisão, não há Copa para eles.
Essa pequena e provinciana cidade tem uma atitude mais cosmopolita de quem pensa sê-lo: o Rio de Janeiro. É preocupante assistir a pelo menos 10 milhões de pessoas sentadas devotamente em frente a uma tela de televisão que exibe uma partida de futebol da seleção nacional. Há algo de mal-cheiroso nessa paranóia que beira a obsessão.
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