quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Callerogate

Desse imbróglio tipicamente brasileiro e das atitudes que compõem os diferentes atos desse teatrinho que é nossa vida pública desde  Cabral, o Primeiro - per supuesto -  impressionou-me a resistência do ministro-garoto que não  jogou o jogo que se joga desde sempre por aqui - conflito de interesses, tráfico de influência, público e privado misturados, aos amigos tudo...-  agora patrocinado pela vanguarda do atraso que tomou o Poder depois do impeachment. Será que esse garoto e sua atitude sinalizam para a existência de  uma luz no fim do túnel? Só me resta torcer.
Y dále Callero! 

sábado, 26 de novembro de 2016

...e aí?

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será que existe alguém para amar? E será que existem razões para amar alguém?
Os sentimentos, sobretudo os que são considerados "bons", em geral são tentativas de desculpar nosso ódio ou de compensar sei lá qual dano passado, ou pior, de alimentar nosso narcisismo (eu te amo para que você me ame).
Ou seja, os sentimentos, vistos de perto, são quase sempre sinistros.
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Contardo Calligaris - Será que há alguém para amar? Ou será que há razões para amar alguém ?  Folha, 23.11.2016

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

...e o baile continua (II)

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Na segunda-feira, quando fui trabalhar, ouvi da cabeleireira que seu namorado havia levado três tiros num assalto coletivo a um posto de gasolina, perpetrado por 40 motoqueiros encapuzados. Duas maquiadoras ficaram ilhadas no meio do tiroteio da Cidade de Deus, onde sete jovens foram assassinados e quatro policiais mortos na queda de um helicóptero; e o figurinista, habitante de Copacabana, não saiu de casa porque o bairro está tomado por hordas de delinquentes que atacam transeuntes à luz do dia. 
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Fernanda Torres escrevendo do Rio de Janeiro - vive na Zona Sul -  para a Folha de hoje no artigo - Para prosperar na política é preciso erradicar de si qualquer moralidade.

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... e se a vida está difícil na Zona Sul, imagina na Zona Norte! No mês, aqui na empresa, um colega de gerência sofreu  um sequestro-relâmpago quando entrava com o carro no estacionamento. Dois técnicos do laboratório onde estou lotado, na volta para casa à tarde,  foram assaltados no carro, por bandidos de moto, no sinal de tráfego na  saída norte da Ilha, junto ao Hospital Universitário.

Logo, para viver fortes emoções no Rio de Janeiro,  não é preciso descolar um cafofo no Alemão, ou na  Maré. Ou quem sabe entrar inadvertidamente na Vila do João. Todos, aliás, muito próximos aqui do Fundão.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Só a inveja constrange.

Poucos da geração Y(millenials) terão ouvido falar neles. A geração Z, dos alunes e menines sequer deve saber o que é. Deveria, pois é um tema universal, perpassa religiões e épocas, profundamente entranhado que está no gênero humano. Nada mais são do que o lado negro da força, para usarmos termos bem atuais. Os gregos já falaram muito de um deles, a hubris, raiz das desventuras prometéicas. Os nossos mudernos, sempre querendo inventar a roda, ou os ignoram ou mesmo incentivam a sua prática. Muitas das vicissitudes do nosso tempo passam por seu desconhecimento. Falo de suas excelências os Pecados Capitais. João Pereira Coutinho ( Folha, 22.11.2016) comentando o ensaio Envy, Oxford, de Joseph Epstein faz um retrato de como eles são (pouco) considerados atualmente que endosso sem restrição:
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"Orgulho"? Todos temos –e com muito orgulho. "Ganância"? Uma outra forma de dizer ambição. "Luxúria"? Ah, nas sociedades hiper-sexualizadas em que vivemos, o verdadeiro pecado é não ter. "Gula"? Todos gostamos de um "bon vivant", sobretudo na era brega dos "chefs". "Fúria"? Um homem de verdade não é um banana.
E, sobre a "preguiça", há indústrias inteiras –do turismo à publicidade– a vender o produto com vocação evangélica.
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Apenas um  causa mal-estar para os  nossos mudernos:
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Inveja é outra história. Uma confissão de inferioridade, uma revelação torpe de caráter. O meu vizinho tem o trabalho, a casa, a mulher e os filhos que poderiam ser meus; que deveriam ser meus; que têm de ser meus.
E nós, observando a alegria alheia, naufragando na infelicidade própria, tentando reprimir esse sentimento viscoso que cresce como um magma infernal.
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Tenho os meus momentos de inveja, confesso. Mas também confesso que eles são cada vez mais raros e, pormenor fundamental, plenamente conscientes: observo o Diabo na sua visita sazonal e contemplo a forma infantil como ele bagunça o meu ego.
Joseph Epstein não consegue explicar de onde ele vem. Mas eu desconfio que a origem está no medo humano, demasiado humano, do fracasso, da solidão e do esquecimento.
Esse talvez seja um princípio de salvação: saber que aquilo que nos humilha não é o sucesso dos outros, mas o covarde que há em nós.
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Gula, Avareza, Luxúria, Ira, Inveja, Preguiça, Orgulho (a hubris dos gregos) são os 7 Pecados Capitais. Aprendí-os no Catecismo. Sempre fui melhor, quando  consegui enganar o Diabo nas suas visitas sazonais.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

...e o baile continua!

Cheguei - como sempre - cedo ao trabalho aqui no Fundão. Eram 6:00h. O silêncio e aquele ar bucólico  da manhã foi logo interrompido pelo  intermitente ra-ta-ta-tá de fuzis, revólveres, pistolas, sei lá... Vinham  da Favela da Maré, que fica do outro lado da Linha Vermelha, no continente, a não mais de 1 km em linha reta. É incrível, não sei por quais razões de geometria, mas os tiros  parece que estão sendo disparados ao lado. É tudo tão claro e tão alto...Assustador.
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Acabo de ler que houve uma operação pela manhã do BOPE, da Polícia de Choque e do Batalhão de Ação com Cães aqui na Maré, como desdobramento daquela que aconteceu no final da semana na Cidade de Deus. O saldo de lá foram 4 policiais mortos e outros sete corpos encontrados na mata - executados pelo BOPE, de acordo com parentes.  Aqui, por ora, são dois bandidos mortos.
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Para quem aprecia viver perigosamente, sugiro o Rio de Janeiro. Tente um B&B na Cidade de Deus ou  no complexo de favelas da Maré, ou ainda no complexo de favelas do Morro do Alemão. Um prato cheio para aqueles que se queixam que a vida é um tédio.

domingo, 20 de novembro de 2016

A orquestra continua a tocar no convés...

...enquanto o barco afunda.
Será que finalmente a ficha vai cair? Quase aconteceu, na Olimpíada, mas seu  sucesso aparente fez a resiliente auto-estima carioca se manter em alta. Digo aparente porque há vários problemas com os Jogos que foram colocados prá baixo do tapete. Cito três: problemas  financeiros - até agora luto para receber reembolso de ingressos devolvidos;  problemas de segurança - a revista do público era para inglês ver, constatei in loco; para sorte nossa o terror não deu as caras.  E provavelmente podem ter havido muitos casos de doping - segundo a agência internacional responsável por seu controle, muitos exames ou não foram feitos ou foram de mentirinha. Como a infra-estrutura - grande temor de todos - funcionou e o povo - sempre ele - fez a sua parte, o  resultado final foi positivo e a turma do bumbo voltou a atacar, dizendo que o Rio era maior que seus detratores e que as críticas eram dor de cotovelo.
Rapidíssimo aconteceu o choque de realidade com a divulgação  da falência do Estado. Suspeita-se que ela tenha ocorrido na Prefeitura também , mas a verdade aparecerá em janeiro na troca dos prefeitos. Dois ex-governadores foram presos na semana que acabou ontem,  com cenas que revelam a profunda degradação de tudo o que você quiser pensar. Assistir a um video - mistura de farsa, pantomima e tragédia - onde o  ex-governador Garotinho é imobilizado em uma maca, depois de tentar livrar-se de agentes federais - mesmo estando internado -   e ouvir como  fundo musical, o  choro e os gritos desesperados da filha que é deputada federal trazem um profundo desconforto e a sensação  de que o fundo do poço nunca chega. 
O estado mescla situações com traços encontráveis em países como Venezuela, Nigéria e Grécia de acordo com Vinícius Torre Freire na sua coluna de hoje na Folha - O Rio de Janeiro continua indo
Será que dessa vez, cai o aplomb dos cariocas? Temo que tudo se resolva com medidas paliativas e  se empurre o problema com a barriga para as gerações futuras.
O acerto de contas virá e haverá choro e ranger de dentes.

PS - Nem falei na violência. Ontem e hoje a bala está comendo solta na Cidade de Deus entre milicianos e traficantes, as duas pragas que infestam as nossas comunidades. Já fecharam a Linha Amarela duas vezes. Um helicóptero da PM que cobria a operação caiu, suspeita-se que atingido por balas dos bandidos.  Morreram 4 policiais. E la nave vá!

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Superlua



A superlua sobre Quinhuangdao, na Província de Hebei, norte da China - UOL.

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E nessa terra ensolarada, enluarada, estrelada....  ficaremos a ver navios entre muitas nuvens.  Ocorre um fato raro. Chove quase que ininterruptamente desde sábado a noite.