terça-feira, 22 de novembro de 2016

Só a inveja constrange.

Poucos da geração Y(millenials) terão ouvido falar neles. A geração Z, dos alunes e menines sequer deve saber o que é. Deveria, pois é um tema universal, perpassa religiões e épocas, profundamente entranhado que está no gênero humano. Nada mais são do que o lado negro da força, para usarmos termos bem atuais. Os gregos já falaram muito de um deles, a hubris, raiz das desventuras prometéicas. Os nossos mudernos, sempre querendo inventar a roda, ou os ignoram ou mesmo incentivam a sua prática. Muitas das vicissitudes do nosso tempo passam por seu desconhecimento. Falo de suas excelências os Pecados Capitais. João Pereira Coutinho ( Folha, 22.11.2016) comentando o ensaio Envy, Oxford, de Joseph Epstein faz um retrato de como eles são (pouco) considerados atualmente que endosso sem restrição:
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"Orgulho"? Todos temos –e com muito orgulho. "Ganância"? Uma outra forma de dizer ambição. "Luxúria"? Ah, nas sociedades hiper-sexualizadas em que vivemos, o verdadeiro pecado é não ter. "Gula"? Todos gostamos de um "bon vivant", sobretudo na era brega dos "chefs". "Fúria"? Um homem de verdade não é um banana.
E, sobre a "preguiça", há indústrias inteiras –do turismo à publicidade– a vender o produto com vocação evangélica.
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Apenas um  causa mal-estar para os  nossos mudernos:
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Inveja é outra história. Uma confissão de inferioridade, uma revelação torpe de caráter. O meu vizinho tem o trabalho, a casa, a mulher e os filhos que poderiam ser meus; que deveriam ser meus; que têm de ser meus.
E nós, observando a alegria alheia, naufragando na infelicidade própria, tentando reprimir esse sentimento viscoso que cresce como um magma infernal.
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Tenho os meus momentos de inveja, confesso. Mas também confesso que eles são cada vez mais raros e, pormenor fundamental, plenamente conscientes: observo o Diabo na sua visita sazonal e contemplo a forma infantil como ele bagunça o meu ego.
Joseph Epstein não consegue explicar de onde ele vem. Mas eu desconfio que a origem está no medo humano, demasiado humano, do fracasso, da solidão e do esquecimento.
Esse talvez seja um princípio de salvação: saber que aquilo que nos humilha não é o sucesso dos outros, mas o covarde que há em nós.
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Gula, Avareza, Luxúria, Ira, Inveja, Preguiça, Orgulho (a hubris dos gregos) são os 7 Pecados Capitais. Aprendí-os no Catecismo. Sempre fui melhor, quando  consegui enganar o Diabo nas suas visitas sazonais.

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