sábado, 30 de setembro de 2023

Da Assessora Especial do Ministério da Igualdade Racial

 

Print do perfil de Marcelle Decothé da Silva publicado no Instagram  quando estava  no Morumbi para assistir ao jogo São Paulo e Flamengo pelas finais da Copa do Brasil.

Imagine uma imagem dessas com a bandeira do Flamengo e troque as palavras  branca por preta e  europeu por africano... Seria uma comoção em certos setores da nossa nomenklatura intelectual e no coração de algumas minorias que fazem muito barulho auxiliadas pela boa parte da nossa imprensa que se considera progressista. O responsável estaria sendo acusado por crime de racismo, inafiaçável e imprescritível sujeito a pena de reclusão segundo a Constituição de 1988. Claro! se isso partir de um branco para um negro. Já quando isso parte de afrodescendente - nossa assessora parece ser mestiça nas fotos - o máximo que se conseguiu foi uma demissão do cargo comissionado que ela detinha no Ministério. Conhecendo esse país por 70 anos tenho quase a certeza de que  ela foi admitida em outro setor, ou do Ministério ou do Governo.

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Como descendente de europeu safade, sem pé na senzala sinto que do alto dos meus quase 72 anos, ainda terei que migrar para outro país, prá não sofrer um processo de limpeza étnica como o que está ocorrendo com os armênios em Nagorno-Karabash. Os tempos estão difíceis!

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Ironia suprema...  a moça - ou seria moçe da Novilingua? - que publicou essas pérolas, pertence ao Ministério da Igualdade Racial.

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

É... a hora está a chegar.

 

Em breve não estarei mais aqui/
Em breve não andarei mais de bicicleta/
Em breve não sentirei o vento acariciar meu rosto/
Em breve não pagarei mais contas absurdas/
Em breve não escutarei mais discursos de ódio/
Em breve não receberei mais abraços/
Em breve não enviarei flores para os meus amigos/
Em breve não tomarei mais suco de manga/
Em breve não irei mais ao dentista/
Em breve....eu irei descansar. 

(Texto de abertura do espetáculo Breve da coreógrafa Esther Weitzman)

terça-feira, 26 de setembro de 2023

Alguma coisa definitivamente está fora do lugar

 ...quando você vê esta foto da pequena e normalmente pouco frequentada praia da Macumba. Foi no domingo, dia 24, no segundo dia da primavera, com termômetros na casa dos 40 gráus.

Tércio Teixeira/AFP

Provocada pela onda de calor extemporânea, a massa acorreu à praia. O tom sombrio da foto - talvez tenha sido editada -  somado ao mar de guarda-sóis nas areias e ao formigueiro humano dentro d'água remetem-me a uma visão de Apocalipse. Estaria ele próximo?

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Matéria do Washington Post publicada pelo Estadão  cita um estudo da Agência Meteorológica Japonesa que mostra que as temperaturas globais registradas neste mês se afastaram 1 gráu centígrado das médias 1991/2020 o que não é pouca coisa! No período citado a média já era 0,9 gráus centígrados superior as registros pré-Revolução Industrial. Dois gráus centígrados acima desses níveis foi definido pela comunidade científica como o início de mudanças irreversíveis na vida da Terra. Estaríamos antecipando o ponto sem-retorno? 

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Você imaginou...Dias escaldantes como os do final de semana acontecendo com frequência e as pessoas acorrendo em massa às praias para se refrescar... tumultos, roubos, depredações  como as que ocorreram aqui pertinho de casa, no Leme... A natureza ferida dá o troco, atingindo a todos indistintamente.

... e nem falei das enchentes devastadoras no Rio Grande do Sul ou na seca da bacia do Amazonas.

A ver o que esta nova manifestação de El Niño que ainda não chegou ao seu auge tem a nos dizer. Até agora só notícia ruim.

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

A miséria do Judiciário Nacional

 

Da esquerda para a direita - ex-funcionário da Sabesp, entregador, produtor rural/agricultor -  em fotos obtidas das redes sociais.

Os dois primeiros foram condenados pelo STF a  17 anos de prisão, o último a 14 anos, todos em regime fechado. Além da prisão terão que pagar cem-dias multa de 1/3 do salário mínimo e uma indenização de R$30 milhões por danos morais coletivos, esta a ser paga solidariamente por todos os que vierem a ser condenados.
Os crimes: golpe de estado, associação criminosa armada,  abolição violenta do Estado Democrático de Direito, grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado e dano qualificado pela violência. O produtor rural/agricultor foi isentado do último.
Penas pesadíssimas - todos réus primários, sem antecedentes criminais, condenados duplamente pelo mesmo crime (golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito) - com uma interpretação jurídica tisnada pelo momento político que vivemos. Foram muito discretas as reações do meio jurídico à dosimetria utilizada. Walter Maierovich, um dos raros,  escreveu dois textos em seu blog publicado no  UOL pontuando alguns detalhes do julgamento.

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Como leigo fico olhando para a foto dos três;  nem nos meus  sonhos mais delirantes eu os imaginaria como golpistas, pertencentes a uma associação criminosa armada destinada a abolir violentamente o - tão decantado - Estado democrático de Direito. Não passam de pacatos cidadãos fanatizados e instrumentalizados por setores civis e militares que foram a Brasília participar de uma intentona (?)  que não passou de uma baderna. Quem os manipulou, tirou o corpo fora e eles vão pagar o pato. Nenhum dos que promoveu e financiou a sua ida a Brasilia foi preso, quanto mais julgado. É o velho Brasil se perpetuando. 
Não daria prá eles mais do que uma pena de prestação de serviços comunitários por alguns anos,  para pagarem pela baderna e quiçás uma multa factível de pagamento.

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Se a Justiça  desse o mesmo tratamento que deu a eles, certamente os peixes graudos presos e condenados pela LavaJato não estariam  circulando leves, livres e soltos por aí. Cabralzinho, por exemplo,  desfila pelos bares da cidade com namoradinha nova, Lula exerce um mandato de presidente da República. Quantos  mais?

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Nada a estranhar quando a pesquisa DataFolha realizada a poucos dias indica que a confiança nas instituições brasileiras é muito baixa: 24% na Presidência da República, 21% em juízes e desembargadores, 20% no STF, 19% no Ministério Público, 9% no Congresso Nacional e 7% nos partidos políticos.  Nossa passividade bovina, entretanto, não nos leva a uma atitude proativa face aos desmandos dessas instituições, que dela se utilizam para perpetuar seu modus operandi. Vivemos numa democracia viciada, e não estamos nem aí.

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Tempos (pós)-modernos (II)

Nas décadas 60/70 do século passado era o campo progressista ( esquerda per supuesto!) quem fazia críticas pesadas à falta de liberdade de expressão. A censura imposta pela ditadura não perdoava seus principais epígonos.

Hoje é o campo conservador quem brada contra os delitos de opinião, estatuidos - vejam só!  por ministros do  STF, que malandramente usam a defesa da democracia para justificar a aplicação de suas penas. 

Definitivamente, o mundo dá muitas voltas.

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Curioso é ver pessoas que condenavam a censura da ditadura no passado, hoje apoiarem os excessos de alguns ministros do STF nas atuais medidas repressivas. Já que o canalha é o outro, justifica-se. Nada mais do que mau-caratismo intelectual. 

quinta-feira, 14 de setembro de 2023

A falta que ele faz

Millôr teria feito 100 anos em agosto. Continua atual porisso tornou-se  um clássico do jornalismo/ cartunismo brasileiro. Certamente estaria desancando o governo atual, como teria feito naturalmente com o anterior. Nesses tempos de jornalismo militante, sua independência faz muita falta. Vou deixar apenas uma das suas incontáveis  notáveis frases porque  atualíssima; diz bem dos tempos que vivemos:

O Brasil tem um enorme passado pela frente.

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Lembro de uma charge - ou seria cartum? - que procurei, procurei... e até hoje não mais encontrei. Prá mim a melhor entre todas as que já ví. Farei um quadro se a encontrar. Foi publicada em Veja numa edição semanal em que estava inserida a data de 22 de abril - o dia do descobrimento. Mostrava uma das embarcações da esquadra de Pedro Álvares Cabral com um gajo no topo do mastro, luneta assestada no olho, gritando: -Terra a vista!   Recebeu como resposta - genial! - de um marujo no  convés: - Tô fora!

Só mesmo o Millôr!

terça-feira, 5 de setembro de 2023

Tempos (pós)-modernos

Tudo a ver com o que vivemos hoje. 

A garota presa ao celular... água pela barriga, em função da passagem de um furacão... lixo plástico boiando bem próximo. 

As feridas expostas do nosso início de século. Dependência doentia das redes sociais...  mudanças climáticas... a incontrolável produção de lixo.

Oportunamente selecionado  como imagem da semana pela Veja,  após a passagem do furacão Dalia pela Flórida.