quinta-feira, 21 de setembro de 2023

A miséria do Judiciário Nacional

 

Da esquerda para a direita - ex-funcionário da Sabesp, entregador, produtor rural/agricultor -  em fotos obtidas das redes sociais.

Os dois primeiros foram condenados pelo STF a  17 anos de prisão, o último a 14 anos, todos em regime fechado. Além da prisão terão que pagar cem-dias multa de 1/3 do salário mínimo e uma indenização de R$30 milhões por danos morais coletivos, esta a ser paga solidariamente por todos os que vierem a ser condenados.
Os crimes: golpe de estado, associação criminosa armada,  abolição violenta do Estado Democrático de Direito, grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado e dano qualificado pela violência. O produtor rural/agricultor foi isentado do último.
Penas pesadíssimas - todos réus primários, sem antecedentes criminais, condenados duplamente pelo mesmo crime (golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito) - com uma interpretação jurídica tisnada pelo momento político que vivemos. Foram muito discretas as reações do meio jurídico à dosimetria utilizada. Walter Maierovich, um dos raros,  escreveu dois textos em seu blog publicado no  UOL pontuando alguns detalhes do julgamento.

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Como leigo fico olhando para a foto dos três;  nem nos meus  sonhos mais delirantes eu os imaginaria como golpistas, pertencentes a uma associação criminosa armada destinada a abolir violentamente o - tão decantado - Estado democrático de Direito. Não passam de pacatos cidadãos fanatizados e instrumentalizados por setores civis e militares que foram a Brasília participar de uma intentona (?)  que não passou de uma baderna. Quem os manipulou, tirou o corpo fora e eles vão pagar o pato. Nenhum dos que promoveu e financiou a sua ida a Brasilia foi preso, quanto mais julgado. É o velho Brasil se perpetuando. 
Não daria prá eles mais do que uma pena de prestação de serviços comunitários por alguns anos,  para pagarem pela baderna e quiçás uma multa factível de pagamento.

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Se a Justiça  desse o mesmo tratamento que deu a eles, certamente os peixes graudos presos e condenados pela LavaJato não estariam  circulando leves, livres e soltos por aí. Cabralzinho, por exemplo,  desfila pelos bares da cidade com namoradinha nova, Lula exerce um mandato de presidente da República. Quantos  mais?

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Nada a estranhar quando a pesquisa DataFolha realizada a poucos dias indica que a confiança nas instituições brasileiras é muito baixa: 24% na Presidência da República, 21% em juízes e desembargadores, 20% no STF, 19% no Ministério Público, 9% no Congresso Nacional e 7% nos partidos políticos.  Nossa passividade bovina, entretanto, não nos leva a uma atitude proativa face aos desmandos dessas instituições, que dela se utilizam para perpetuar seu modus operandi. Vivemos numa democracia viciada, e não estamos nem aí.

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