sábado, 29 de dezembro de 2012

Natal só!

Uma colega pediu-me onde passara o Natal. Disse-lhe:
 - Em casa, só.
Ela ficou penalizada. Como eu conseguia fazer uma coisa dessas logo no Natal que é a data da confraternização universal, da reunião da família. Aquele discurso todo...
.....
A propósito de pessoas sós,  lí esse artigo da Danuza na Folha (23.12) - Estar Só -  do qual transcrevo  alguns parágrafos.
......
Do que mais se precisa na vida para ser feliz? De calor humano, dizem; por calor humano entenda-se, para começar, de alguém com quem se compartilha a vida, uma família bem estruturada e amigos, muitos amigos. Trocando em miúdos: para não correr o risco de ficar só - nunca.
Mas, quanto mais gente em volta, mais problemas. Houve um tempo em que se dizia que os casamentos seriam felizes para sempre; mais tarde, que durariam sete anos. Mas o mundo mudou, a ciência moderna constata que o amor dura no máximo dois anos e, como ninguém suporta ser infeliz por mais de um fim de semana, o divórcio está em alta.
E a família como vai? Ninguém conta, mas raras são as que se dão e, quanto maiores elas são, mais brigas. Por ciúmes, inveja e, sobretudo, por dinheiro. Aliás, dinheiro é o grande  responsável por quase tudo; ouso dizer (mas sem muita certeza) que existem mais brigas por dinheiro do que por amor.
Quando se vê um homem ou uma mulher (sobretudo) com mais de 50 vivendo só, tem sempre uma amiga que diz - com a melhor das intenções - ah, você precisa encontrar alguém. Ás vezes a pessoa está bem, melhor do que jamais esteve, mas,  como existe essa certeza de que os seres humanos não podem viver sós, ninguém acredita - ou não quer acreditar ou não entende. Todos devem estar namorando, casando, ou qualquer outro nome que se queira dar, e se estiverem com um parceiro, mesmo triste, infelizes, sem assunto, à beira de cometer um suicídio ou assassinato, qual o problema? O importante é estar acompanhada...
.....
Aliás, o que as pessoas fazem para que isso não aconteça? Elas se cercam de pessoas com quem não tem nada em comum, das quais frequentemente não gostam e até falam mal. Numa mesa de restaurante com seis, oito pessoas, ninguém ouve o que o outro está dizendo, ninguém consegue trocar uma idéia com quem está a seu lado; mas essas são as pessoas que falam mais alto, que mais dão gargalhadas, que mais parecem estar felizes.
Quem está só parece - parece - ser a mais infeliz das criaturas, sem ter um amigo para o jantar e, em datas tipo Natal ou Ano Novo, dá até vontade de chorar de pena.
Mas é curioso como nos relacionamos com nossos amigos - com a maioria deles, digamos - estamos sempre  tentando contar uma boa novidade ou sendo inteligente ou falando coisas muito interessantes, para que nos tornemos muito interessantes e assim possamos conservá-los. É bom ter um amigo animado, que entra em nossa casa falando alto, perguntando o que vamos beber e fazendo planos fantásticos para o próximo fim de semana.
Mais curioso ainda é que não há amigo melhor nesse mundo do que aquele em cuja companhia você se sente tão bem, mas tão bem, que pode até ficar calado, pois parece que está só.
Vai entender.
......
PS - Não foi de maneira  tão só que passei o Natal. Preparei e cozinhei uma paleta de cordeiro uruguaia de maneira tão perfeita (se fizer outras 1000 vezes não repetirei o feito...) e comi-a no almoço combinada com um espumante nacional e um Reccioto della Valpolicella adequados para a ocasião  na companhia de um velho amigo meu. Tudo depois de ter caminhado 22 km  pela Floresta da Tijuca, Jardim Botânico e Parque Lage- fotos no post Flores, cores e muito calor... Caminhar me leva aos limites do corpo e me deixa mais leve!

Nenhum comentário:

Postar um comentário