Estou me divertindo com a polêmica a respeito da liberdade de expressão que subiu no telhado especialmente depois da prisão do delinquente Roberto Jefferson e com os mandatos de busca e apreensão nos domicílios do cantante Sérgio Reis e do doublé de deputado e pastor, Ottoni de Paula.
Considero que ela não é absoluta pois vivemos em sociedade e isso nos impõe freios, goste-se disso ou não. É o tal do mal-estar da civilização freudiano. Entretanto, tem muita gente num arco amplo que vai da esquerda até a direita mais extremada que considera que assim ela deve ser encarada. Não sei se é preguiça, limitação ou mesmo desonestidade intelectual mas é sempre mais fácil colocar a questão em termos binários: zero e um, sem considerar que há oitenta tons entre esses extremos.
A direita bolsonarista usa o argumento da liberdade de expressão para justificar as barbaridades postadas nas redes pelos três citados, assim como toda a ala progressista a utilizou - para citar um exemplo - para justificar o deboche feito ao Islã pelos jornalistas do Charlie Hebdo. Convocar para o golpe no caso dos bolsonaristas e tirar sarro da crença dos outros para os progressistas, justifica-se com a decantada liberdade de expressão. Por absurdo eu até consideraria o argumento, desde que aqueles que o defendem, aceitassem o vasto leque de consequências que ele acarreta. No caso dos bolsonaristas, da prisão dos envolvidos; dos progressistas, do assassinato dos jornalistas pelos radicais islâmicos. Afinal, é jogo jogado; digo e faço o que quero e assumo o risco alto das contrapartidas. Não é o que acontece. Queremos o bônus sem arcar com o ônus.
Duro, mas duro mesmo, é ver uns tentando desqualificar a tese quando utilizada pelo outro lado, mas fazendo uso dela a seu favor quando necessário. E justificam a desfaçatez com o argumento de que são matérias não passíveis de comparação.
***********
P.S. Ia esquecendo, mas o argumento da liberdade de expressão também é usado por aqueles que querem liberação da publicação de sexo e de violência explícitos em todo e qualquer veículo de comunicação e em qualquer hora do dia.
***********
Pensando bem, é desonestidade intelectual mesmo. Um capítulo a mais da interminável novela: O bom e velho ser humano não falha jamais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário