quinta-feira, 26 de agosto de 2021

55 x 10.

É o placar da vergonha. Foi com esses números que o Senado reconduziu  Augusto Aras, para mais um mandato de 2 anos como PGR. Arrisco-me a afirmar que percentualmente também define quem é confiável e quem não é para fazer desse país um lugar decente para se viver. Desconfio que 15% seja ainda um número otimista mas vá lá... Pode-se extrapolar o que se passou ontem na Comissão de Justiça e no plenário do Senado para o país inteiro e para qualquer questão. É um retrato desalentador do que somos na hora do frigir dos ovos. Fica difícil realizar as reformas que o país necessita com  um número tão pequeno de gente genuinamente comprometida.

O episódio é um encontro do Brasil com ele mesmo, com suas entranhas. O país de verdade que a hipocrisia e dissimulação dos discursos oficiais,  as juras de amor pelo estado democrático de direito escondem. Aras, que com suas decisões desqualifica a função da PGR, porque a faz um braço auxiliar dos interesses do governo e porisso, chamado de Poste Geral da República,  esculhambado por todos aqueles que acompanham de perto a realidade nacional,  mas na hora do vamos ver! ele é reconduzido com esses números acachapantes. O país  verdadeiro - dos conchavos, dos interesses nada republicanos, dos acertos nas coxias, longe das luzes da ribalta - é o que aflora  nos números da aprovação.  Com tal barro nos fizeram.

Conrado Hubner Mendes , que é do ramo, em seu artigo de hoje na Folha coloca em termos bem mais apropriados que os meus, toda essa infâmia. Ela só consegue indignar os ingênuos; para os cínicos é vida que segue.

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Meus respeitos aos 10 votos que não cooptaram com a pantomima. Em especial para o Sen. Alessandro Vieira, que abriu seu voto. Aliás, para dizer que nem tudo se perdeu, eis aí um nome de valor, que dá um show de competência na CPI da Covid, mesmo sendo suplente. Boa parte dos seus membros titulares - o relator em particular -  em um país sério, ao invés de ocupar uma cadeira no Senado da República, deveria estar dividindo uma cela no presídio da Papuda.

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