Foi assim que Jamil Chade definiu Angela Merkel no seu blog da UOL. A conjunção dessas três palavras soa estranha por aqui já que nossa intelligentsia foi quase toda cevada nos cânones da esquerda. Prá eles ser democrata não combina bem com ser de direita e conservador, como se houvesse uma antinomia insuperável entre elas. A democracia é uma senhora bem mais vivida que a esquerda; na sua forma liberal, deita suas raízes no iluminismo anglo-americano, mais reformista que seu colega francês mais dado a revoluções e a utopias e mais simpático aos nossos progressistas de esquerda. Bom lembrar que a Revolução Americana foi um sucesso, enquanto sua homônima, a francesa terminou num banho de sangue.
Digressões à parte...
Angela Merkel fará falta. Espero que não por muito tempo porque precisamos de estadistas mais do que nunca. Dorrit Harazim na sua coluna de O Globo de domingo faz elogios rasgados para Frau Merkel, certamente a única estadista mundial nestes primeiros 20 anos de século. Obama quando o sarrafo subia a consultava. Trump não gostava dela, tampouco Putin. Sintomático...
Há controvérsias, porém... The Economist faz uma extensa reportagem sobre seus 16 anos de governo na edição de 25 de setembro em que enumera um série de problemas que ela deixa para seu sucessor. Apesar de reconhecer sua capacidade incomum para enfrentar e superar crises, critica seu legado de realizações que não é tão significativo. O título da capa diz tudo: The mess Merkel leaves behind.
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A democracia vive tempos turbulentos; Martin Wolf, editor de Economia do Financial Times, em artigo publicado pela Folha, traça um futuro sombrio para ela na América com o Partido Republicano refém de Donald Trump. Em mares revoltos, sensatez é atributo top. Qualidade que Frau Merkel tinha prá dar e vender. Sobrava na turma. Torço para que alguém a substitua como estadista, o mais breve possível.
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